Líder do CDS afasta moção de censura porque quer evitar ingovernabilidade
O Parlamento "não deve mergulhar o país numa situação de ingovernabilidade pela incompetência deste Governo", disse Francisco Rodrigue dos Santos, afastando a hipótese de uma moção de censura.
O presidente do CDS afasta a apresentação de moção de censura, para que o país não caia numa situação de ingovernabilidade, e defende uma remodelação do Governo para mudar os ministros da Administração Interna e da Justiça.
Em entrevista à Lusa por altura do primeiro aniversário da sua eleição como presidente do CDS, no último congresso do partido, Francisco Rodrigues dos Santos diz não estar “otimista quanto à conclusão desta legislatura”, uma vez que “o suporte do Governo ao nível parlamentar é muito frágil, e começa a haver uma pressão social e um descontentamento muito grande”.
No entanto, o líder centrista defende que uma moção de censura não é “razoável nesta altura” e não constitui uma “hipótese que ajude o país”, argumentando que “as preocupações têm que ser outras e o país está em primeiro lugar”. “A Assembleia da República não deve mergulhar o país numa situação de ingovernabilidade pela incompetência deste Governo, o que era claramente a situação da hipótese da moção de censura”, sublinha.
Apontando que também não vê outro partido disponível para avançar com este instrumento parlamentar que visa fazer cair o Governo, o líder centrista advoga que, “se as eleições presidenciais já foram motivo de alguma contestação por se estarem a realizar numa altura em que o país está confinado, e com a pandemia descontrolada, o que seria de agora se provocar uma crise governativa enquanto Portugal está na presidência da União Europeia e a atravessar a página mais negra da história da nossa pandemia”.
O líder do CDS considera que a oposição “tem que ser crítica, tem de apontar as falhas do Governo, tem de exigir que planeie, que antecipe, que preveja, que não se atrase, não ande aos ziguezagues, não pareça desorientado e desnorteado”, e deve apresentar alternativas, e “participar num esforço de unidade nacional para que as medidas sejam acatadas”.
Nesse âmbito, o presidente do CDS aconselha o primeiro-ministro a “fazer uma remodelação urgente dentro do seu Governo” por forma a “prevenir ataques como a moção de censura”, insistindo no afastamento do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, e da ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, na sequência das polémicas que têm envolvido estes dois governantes.
Enquanto Cabrita “tem dado calinadas atrás de calinadas”, Francisca Van Dunem, não deve continuar em funções depois da “farsa e da fraude que aconteceu” com a escolha do procurador europeu José Guerra, refere o democrata-cristão.
O centrista insiste ainda nas críticas à atuação do Governo no combate à pandemia, considerando que tem feito “uma gestão desastrosa”, tendo mostrado “uma incapacidade gritante de planeamento, tem manifestado uma ausência total de previsão e, ao nível da adoção de medidas, tem pecado na sua eficácia”.
“O Governo parece um barco à deriva em plena tempestade e isso verificou-se neste último estado de emergência, que em apenas sete dias o Governo reuniu três vezes o Conselho de Ministros para corrigir as medidas que tinha adotado quando toda a gente já tinha visto o óbvio, que era necessário um confinamento a sério”, critica.
O presidente centrista critica também o fecho das escolas sem alternativa de ensino à distância, e que nem as escolas privadas o possam fazer, salientando que “entre o ensino à distância e não ter ensino rigorosamente nenhum, é preferível ter ensino à distância”. Para o CDS-PP, o alargamento às escolas particulares da suspensão total das aulas é uma “medida autoritária, inaceitável” e “inconstitucional”.
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