Estes são os grandes números da estratégia da EDP até 2025
Miguel Stilwell d'Andrade apresentou uma nova estratégia para a elétrica, que irá implicar um reforço no investimento na transição energética. Para isso, está a ser preparado um aumento de capital.
O novo CEO da EDP trouxe consigo um novo plano estratégico com metas até 2025, que o próprio Miguel Stilwell d’Andrade caracteriza como “o mais ambicioso de sempre”. O foco central mantém-se nas renováveis, que irão receber a grande maioria do investimento da empresa, que pretende ser totalmente verde. A expectativa é que aposta resulte num aumento dos lucros, mas não do dividendo mínimo.
“A EDP está a dar um passo em frente, acabámos de apresentar um dos planos mais ambiciosos do ponto de vista de investimento de sempre”, diz Miguel Stilwell d’Andrade. “Temos uma estratégia clara e ambiciosa para os próximos anos. Nós somos e vamos continuar a ser líderes nesta transição energética“.
24 mil milhões em investimento
O grande número do plano apresentado esta quinta-feira ao mercado refere-se ao investimento em transição energética: 24 mil milhões de euros. Em termos anuais, o investimento médio será de 4,8 mil milhões de euros, o que representa um aumento de 56% face às metas do anterior plano, apresentado pelo anterior CEO António Mexia, para o período entre 2019 e 2022. Do total de 24 mil milhões, 60% já estão assegurados.
80% para renováveis
A larga maioria do investimento (80%) será para energias renováveis (através de várias tecnologias: eólica, solar, hidrogénio verde e armazenamento de energia). “Temos previstos níveis de investimento sem precedentes, totalmente em linha com a transição energética”, revela. O montante restante de investimento será alocado em 15% a redes e 5% em soluções para clientes, incluindo dois mil milhões de euros para inovação e transformação digital.
1,2 mil milhões para entrar em novos mercados
Em termos geográficos, a América do Norte e a Europa vão receber 80% do total. O Brasil e a restante América Latina vão receber apenas 15% do investimento, enquanto os restantes 5% irão para os diferentes mercados em todo o mundo. Para entrar em novos mercados, como o asiático, a EDP tem 1,2 mil milhões de euros, sendo que Stilwell apontou como exemplos o Vietname, a Coreia do Sul e o Japão. “Há uma série de países que estamos a analisar e já temos alguns projetos em vista”, disse.
Instalação de mais 20 GW
A elétrica espera instalar mais 20 gigawatts (GW) nos próximos cinco anos, não só em energia eólica e solar, mas também — de forma mais reduzida — em capacidade de armazenamento. Com o desenvolvimento de 4 gigawatts (GW) por ano, está prevista a duplicação da capacidade solar e eólica da empresa até 2025. Até 2030, a energia limpa deverá situar-se em 50 GW.
20 projetos de hidrogénio verde
A aposta nas renováveis inclui o hidrogénio verde, um tipo de energia que o CEO acredita que “vai explodir na próxima década”. Acrescentou que a EDP está “bem posicionada para tirar vantagem disso”. A elétrica tem já 20 projetos de hidrogénio verde em análise e poderá investir 40 milhões de euros neste tipo de energia até 2025. O CFO Rui Teixeira explicou também que a empresa espera chegar a 2025 com 250 megawatts (MW) de eletrolisadores.
100% verde até 2030
“Este novo plano vai abrir caminho para que a empresa se torne neutra em emissões de carbono até 2030”, refere. Com 50 GW em energia limpa até 2030, a produção renovável passará dos atuais 74% para 100% em 2030. A meta prevê uma aceleração face ao anterior plano estratégico, no qual a empresa apontava para 90% de produção renovável nesse ano.
2 mil milhões no aumento de capital da EDPR
Para financiar estes investimentos, a EDP Renováveis será o veículo por excelência. O CEO anunciou que está a ser preparada uma operação de aumento de capital entre 1,5 e 2 mil milhões de euros da eólica. Apesar de considerar que “um aumento de capital iria aumentar de forma significativa o free float e a liquidez das ações da EDP Renováveis”, a empresa não irá abdicar de manter o controlo da subsidiária, com um mínimo de 70% do capital (face aos atuais 83%).
8 mil milhões em rotação de ativos
O encaixe conseguido no aumento de capital servirá para financiar o plano de investimentos, mas há outras opções. “Rotação de ativos adicionais e outras formas de financiamento também estão a ser consideradas”, sublinhou Stilwell. Explicou que a estratégia de rotação de ativos irá manter-se — “porque permite cristalizar valor antecipadamente” — mas irá desacelerar. Se nos últimos anos se tratavam de cerca de 50% dos ativos gerados, a expectativa é que passe para apenas um terço. No total deverão ser 8 mil milhões de euros.
Mil milhões em vendas
Em simultâneo, estão previstas também vendas de ativos, num processo de desinvestimento que a empresa espera que totalize cerca de mil milhões de euros. Grande parte das vendas acontecerão no Brasil, onde a EDP quer otimizar portefólio e limitar a exposição para um máximo de 20%. É também esperada uma diminuição na exposição à Península Ibérica, acompanhada de diversificação dos ativos. Até porque, até 2025, a EDP quer deixar de ter carvão.
8% de crescimento do lucro
A aposta na transição energética será o motor de crescimento da atividade e dos resultados da elétrica. Após ter fechado 2020 com lucros de 801 milhões de euros, a EDP espera um aumento de 8% ao ano para mil milhões em 2023 e 1,2 mil milhões em 2025. O EBITDA poderá crescer 6% para 4,7 mil milhões de euros. Em março de 2019, o antecessor de Stilwell, António Mexia, tinha anunciado uma meta de crescimento do lucro de 7% ao ano.
19 cêntimos em dividendo por ação
Destes lucros, a empresa antecipa distribuir entre 75% e 85% em dividendos aos acionistas (num mínimo de 0,19 euros por ação). A meta mantém-se assim inalterada face ao anterior plano estratégico, mas Stilwell admite que, dependendo do desempenho do resultado líquido, poderá vir a aumentar o dividendo. “O nosso forte compromisso tem sido com esse mínimo. Não queremos dar números específicos, mas divulgámos qual é o rácio de payout, mas há um mínimo e podemos considerar um aumento no futuro”, sublinhou.
Rácio da dívida de 3,2 vezes face ao EBITDA
É o reforço da atividade que irá permitir manter os rácios da dívida face ao EBITDA, apesar do aumento esperado no endividamento líquido. “O valor absoluto da dívida até vai aumentar, mas como os resultados aumentam vai manter-se o rácio face ao EBITDA“, explicou Stilwell. O plano indica que o rácio da dívida face ao EBITDA caia de 3,5 vezes em 2020, para 3,3 vezes em 2023 e para 3,2 vezes em 2025, graças ao reforço dos resultados.
50% de dívida verde
Além de querer continuar a limitar o peso do endividamento no negócio, a EDP pretende igualmente diminuir custos de financiamento e reforçar a aposta na dívida verde. “A estrutura de capital da EDP irá crescentemente refletir o compromisso com a sustentabilidade“, explica. A projeção da elétrica aponta para um reforço no recurso a dívida verde, que passará para 50% do total, face aos atuais 28%. Espera que o custo médio da dívida de 2,9% em 2025 (face a 3,3% em 2020).
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