“É preciso sair tão bem das moratórias como se entrou”, diz António Ramalho
António Ramalho alerta para a importância de planear atempadamente o fim das moratórias bancárias que terão inevitavelmente de terminar e cujo sucesso dependerá de como o processo for concluído.
O presidente executivo do Novo Banco, António Ramalho, alertou esta quinta-feira para a importância de planear atempadamente o fim das moratórias bancárias, que terão inevitavelmente de terminar e cujo sucesso dependerá de como o processo for concluído.
“A grande vantagem da moratória é que permitiu que todos os empresários continuassem a trabalhar, sem terem o drama do pagamento seguinte. Agora para isto resultar, é preciso sair tão bem das moratórias como se entrou”, sustentou António Ramalho durante a 9.ª Conferência “Portugal que faz”, uma iniciativa do Novo Banco e do Global Media Group dedicada, nesta edição, à região do Alentejo.
Salientando que “a moratória é sempre um adiamento, e adiar não resolve”, o CEO do Novo Banco alertou para a importância de ponderar bem e atempadamente o seu final: “Adiar só com isto muito bem definido e por isso é que eu digo: não guardemos para setembro aquilo que podemos resolver e ponderar em março”.
Considerando que o tema das moratórias “envolve toda a gente e deve ser refletido, ponderado e enquadrado nos diversos agentes económicos” – “até porque desta vez não há responsáveis” pela crise, disse – António Ramalho congratulou-se com “o apoio que a banca pôde dar nestas circunstâncias, porque está mais capitalizada e tem maior liquidez”.
Contudo, alertou para a necessidade de “distribuição do esforço pelos diversos agentes económicos”: “Temos de dividir muito bem este sacrifício, porque esta crise, é uma crise de todos, que passa por todos”, sustentou.
Para o CEO do Novo Banco, em causa não está “um instrumento de política”, mas “um instrumento de reflexão e um instrumento de trabalho conjunto”.
“E é uma partilha de risco, temos de partilhar todos o risco. Os empresários vão ter de partilhar este risco, os bancos vão ter de partilhar este risco, o Estado vai ter de partilhar este risco. Vamos todos ter de partilhar este risco no quadro do mercado”, avisou.
Desde abril do ano passado que milhares de clientes não estão a pagar os créditos aos bancos, fazendo uso do decreto-lei do Governo que permite moratórias nos empréstimos, criadas como uma ajuda a famílias e empresas penalizadas pela crise económica desencadeada pela pandemia de Covid-19.
Em 24 de setembro, o Conselho de Ministros decidiu prolongar por seis meses, até 30 de setembro de 2021, o prazo das moratórias de crédito às famílias e empresas que terminava em 31 de março.
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