Pandemia tira mais de um terço aos lucros da Nos. Dividendo mantém-se
A Nos viu os lucros caírem quase 36% em 2020, para 92 milhões de euros. Administração liderada por Miguel Almeida propõe manter o dividendo em 27,8 cêntimos por ação.
A Nos obteve lucros de 92 milhões de euros em 2020, uma queda de 35,9% face ao período homólogo, num ano marcado pelo impacto da pandemia que teve um forte impacto no negócio do cinema. Apesar da quebra nos resultados, o Conselho de Administração da operadora vai propor a manutenção do dividendo de 27,8 cêntimos por ação.
Em 2019, a Nos tinha registado lucros de 143,5 milhões de euros, uma subida de mais de 4% face ao ano anterior, tendo distribuído a totalidade aos acionistas. Mas a trajetória de crescimento acabou por inverter-se num ano atípico em que o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) consolidado fixou-se em 603,2 milhões de euros, um recuo de 5,7% que acabou por pressionar o resultado líquido, indicou a empresa numa nota enviada à CMVM.
“O ano de 2020 foi particularmente desafiante para a Nos, para os nossos clientes e para a população em geral. As comunicações eletrónicas e a conectividade revelaram-se ainda mais centrais e importantes na vida dos portugueses, e a resiliência das redes e o modelo de negócio da Nos responderam plenamente aos desafios”, afirma o presidente executivo, Miguel Almeida, em comunicado.
Os resultados da Nos em 2020 foram amparados pela venda do portefólio de torres de telecomunicações, o que permitiu propor um dividendo equivalente ao do ano passado: “A manutenção do dividendo face ao ano anterior deve-se à geração de free cash flow adicional em 2020 com a venda da Nos Towering, permitindo, assim, complementar os resultados com cerca de 10% do proveito desta operação”, justifica a Nos.
A administração da Nos acredita ainda que a proposta de remuneração acionista permite “manter um equilíbrio estratégico entre a preservação de uma sólida estrutura de capital e a capacidade de enfrentar os desafios de investimento futuro em 5G”, numa altura em que o leilão já vai custar às operadoras mais 100 milhões de euros do que o preço de base definido pela Anacom.
Nos com menos 65 milhões no cinema
A pandemia da Covid-19 encerrou diversos estabelecimentos, incluindo os cinemas. E a Nos viu-se mais exposta a esta realidade: as receitas de audiovisuais e exibição cinematográfica caíram 65 milhões de euros face a 2019, recuando 54,7%.
“A atividade de exibição de cinema registou uma profunda quebra, com uma diminuição na venda de bilhetes face ao ano anterior, ainda que ligeiramente inferior à queda do mercado nacional. Além do período de encerramento durante três meses, as restrições provocadas pela pandemia e o adiamento de lançamento de novos blockbusters por parte dos principais estúdios de produção explicam este comportamento”, indica a empresa.
No caso das telecomunicações, o principal negócio da empresa, as receitas ascenderam a 1.345,7 milhões de euros. Trata-se de uma quebra de 2,6% face ao ano anterior. Feitas as contas, as receitas consolidadas da Nos caíram 6,2%, para 1.367,9 milhões de euros.
Há, porém, sinais de recuperação no core do negócio. No quarto trimestre, o resultado líquido da Nos mais do que duplicou, para 12,9 milhões de euros. “Excluindo o impacto das receitas roaming, as receitas de telecomunicações cresceram 2%”, assegura a empresa.
A caminho dos 5 milhões de casas passadas
No plano operacional, a rede da Nos conta agora com 4,8 milhões de casas passadas, um crescimento de 4,2%. Deste total, 39,5% estão ligadas com a tecnologia de fibra ótica residencial, um aumento de 7,7 pontos percentuais.
A empresa tem ainda mais 2,9% de unidades geradoras de receita (RGU, isto é, clientes em geral), ganhando 1,1% na TV por subscrição. Os subscritores de ofertas convergentes e integrados aumentaram 4,9%, enquanto os subscritores móveis cresceram 3,8% em 2020.
Todavia, a Nos está a gerar menos receita por cada utilizador residencial ou subscritor único de acesso fixo. O ARPU residencial (avegare revenue per unit) caiu 2,8%, para 43,5 euros.
Reforço no investimento com menos dívida
Num setor em que investir em redes e desenvolvimento é a palavra de ordem, a Nos não esteve parada na pandemia.
“Durante 2020, a Nos reforçou os seus investimentos, em particular na área de comunicações. O capex [capital expenditures] total do grupo, excluindo os contratos de leasing, aumentou 2,8% e atingiu 384,9 milhões de euros em 2020″, aponta a empresa liderada por Miguel Almeida.
Por fim, a venda das torres da Nos permitiu também diminuir a dívida líquida da companhia. “No final do período em análise, a dívida financeira líquida situou-se nos 802 milhões de euros, menos 26,7% do que no final de dezembro de 2019, representando 1,5 vezes o EBITDA após leasings, um rácio conservador face às congéneres do setor”, assegura a empresa.
“A redução acentuada da dívida financeira líquida relaciona-se com o recebimento do pagamento proveniente da alienação da Nos Towering no final do terceiro trimestre de 2020″, conclui a empresa portuguesa.
Na expectativa destes resultados, as ações da Nos subiram 2,53% em bolsa esta quarta-feira. A empresa foi a cotada que mais valorizou no índice principal da bolsa de Lisboa.
Evolução das ações da Nos em Lisboa:
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Pandemia tira mais de um terço aos lucros da Nos. Dividendo mantém-se
{{ noCommentsLabel }}