Empresas PME Excelência aumentaram 40% em 2020
O ano passado, foram distinguidas 2.865 empresas com o prémio PME Excelência. O ECO conversou com algumas, conheça as suas histórias e a importância deste selo.
O número de empresas PME Excelência tem vindo a aumentar de forma exponencial nos últimos onze anos. Em 2009, foram distinguidas 376 empresas, enquanto o ano passado, 2.865 conquistaram este estatuto, de acordo com os dados da Agência para a Competitividade e Inovação (IAPMEI). Na sua maioria são pequenas empresas e com atividade no comércio.
Entre as 2.865 empresas que conquistaram o Prémio PME Excelência, 601 são de média dimensão, 2.084 são pequenas empresas e 180 são microempresas, num reflexo do tecido empresarial nacional.
Em conjunto, as PME Excelência são responsáveis por 92.657 postos de trabalho e por um volume de negócios superior a 11 mil milhões de euros. A maioria das PME Excelência que se destacaram pelos melhores desempenhos económico-financeiros e de gestão, desenvolvem a sua atividade nos setores do comércio (28%), indústria (23,4%) e turismo (17,9%).
A Argacol, empresa de tintas e vernizes, localizada em Vila Nova de Famalicão, foi uma das PME distinguidas e já não é a primeira vez que conquista este galardão. O administrador conta ao ECO que já foram distinguidos com o prémio PME Excelência quatro ou cinco vezes. André Viera de Castro explica que, outrora, este galardão “facilitava o financiamento e ter este tipo de distinção era um ranking automático para crédito”, mas agora é “mais uma distinção social indutora de mérito”.
A empresa fundada em 1980, que emprega mais de 50 pessoas, viu o seu volume de negócios crescer cerca de 40% em ano de pandemia, tendo em conta que o mercado da construção apresentou uma forte procura. Os portugueses aproveitarem a crise da Covid-19 para se dedicarem à bricolage num esforço de tornar as casas mais confortáveis, onde tiveram de permanecer mais tempo devido às regras de confinamento.
A nível geográfico, com maior proeminência dos territórios litorais e do Norte do país, as regiões de maior densidade empresarial alcançam o maior número de empresas distinguidas. Em 2020, o Porto (601) ultrapassou Lisboa (576) como o distrito com mais PME Excelência, seguido de Braga (283) e Aveiro (282).
O Restaurante Oxalá, em Ovar, voltou a ser distinguido. Há oito anos consecutivos são PME Líder e PME Excelência é o quinto ano seguido. Para o sócio-gerente José Rebelo “o mais importante é o foco no trabalho”, mas admite que esta nomeação “dá mais credibilidade à empresa a nível de fornecedores e da banca”. O restaurante emprega 28 pessoas e está prestes a completar 30 anos de história, sendo uma referência dentro da restauração.
Também o concessionário automóvel Lércio Pinto, fundado há 33 anos em Santa Maria da Feira, é um repetente nestas distinções. Nem a queda abrupta que setor dos automóveis sofreu em tempos de pandemia, impediu Lércio Pinto de conquistar novamente o prémio PME Excelência, um galardão que já estão “habituados” a ganhar e tem sido recorrente ao longo dos anos. Para o proprietário esta distinção é um “orgulho” e acaba por dar “prestígio à empresa”. Lércio Pinto emprega 47 pessoas e tem um volume de negócios de 14 milhões de euros. Face ao cenário pandémico a faturação sofreu uma quebra de 27%.
É um reconhecimento do nosso trabalho. Para além de ser um reconhecimento, abre portas para outras oportunidades como a facilidade de chegar a outros mercados.
A Quinta da Lixa, localizada no concelho de Felgueiras, é outra das 2.865 empresas que conquistou o prémio de PME Excelência. O administrador conta que é com “bastante satisfação” que recebem este prémio. Esta nomeação é o “complemento do esforço que a empresa faz para atingir estes objetivos do prémio PME Excelência”, frisa Óscar Meireles, que é também representante dos comerciantes e engarrafadores de Vinhos Verdes.
Com este prémio as empresas acabam por ter “outro poder em termos negociais com o banco” e acabam por ficar mais “confortáveis na negociação”, reconhece o responsável, que já tinha sido distinguido com este galardão em 2018.
As exportações de vinhos portugueses crescem 3% no arranque de 2021, mesmo em cenário de pandemia, a Quinta da Lixa aumentou o volume de negócios em cerca de 11% e vendeu sete milhões de garrafas de vinho. Exporta para 33 países, principalmente EUA, Alemanha, Japão, Rússia e Brasil, e quer continuar a investir no futuro e um dos planos é alargar a área de vinha e futuramente qualificar o parque industrial.
No distrito de Lisboa, o ECO falou com a Ritred, uma empresa de tecnologias de informação e comunicação que recebe pela primeira vez a distinção de Excelência. “É um reconhecimento do nosso trabalho e abre portas para outras oportunidades como a facilidade de chegar a outros mercados”, destaca o administrador Ricardo Godinho. A Ritred nasceu em 2016, emprega 110 colaboradores, e mesmo em tempos de Covid-19 conseguiu terminar o ano com um volume de negócios semelhante a tempos pré pandemia. “A empresa tem vindo a crescer e a nossa expectativa é que cresça ainda mais”, explica Ricardo Godinho.
Esta nomeação de PME Excelência dá mais credibilidade à empresa a nível de fornecedores e da banca.
Todos os anos o IAPMEI atribui o selo de excelência a várias empresas. Esta iniciativa foi criada com o objetivo de reconhecer as PME nacionais, que se evidenciam pela qualidade dos seus desempenhos económico-financeiros e se mostram capazes de atingir altos padrões competitivos.
De acordo com Francisco Sá, presidente do IAPMEI, “sem prejuízo do contributo das políticas públicas, os protagonistas centrais do processo de recuperação e relançamento da atividade serão sempre os empresários, com a sua visão, a sua ambição, a sua orientação para os mercados e seus desafios, a sua capacidade de criar riqueza, de adaptação e de reinventar modelos de negócio”.
Critérios de seleção das PME Excelência 2020
As PME Excelência são selecionadas pelo IAPMEI e pelo Turismo de Portugal, com base no universo das PME Líder à data de 15 de outubro de 2020, devendo as empresas cumprir, cumulativamente, os seguintes critérios:
- Autonomia Financeira (Capitais Próprios/Ativo) >=37,5%
- Rendibilidade Líquida do Capital Próprio (R/CPr) >=12,5%
- Dívida Financeira Líquida/EBITDA (NetDebt/EBITDA) ≤ 2,5
- EBITDA/Ativo >=10%
- EBITDA/Volume de Negócios >=7,5%
- Crescimento do Volume de Negócios (de 2018 para 2019) > 0
- Notação de risco atribuída pelas Sociedades de Garantia Mútua ≤ 5
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