Os dias felizes estão de volta à indústria dos casamentos
Os casamentos e batizados podem realizar-se com um máximo de 50% da lotação. A indústria está otimisma em relação à retoma dos casamentos e já vê a luz ao fundo do túnel.
Em 2020, a indústria dos casamentos estava a lutar para sobreviver à Covid-19, mas este ano o cenário já começa a parecer mais cor-de-rosa. Os casamentos e batizados já podem realizar-se com 50% da lotação a partir de sábado e o setor já começa a ver a luz ao fundo do túnel.
A indústria já pode começar a preparar a boda, a estender a passadeira vermelha e a rezar para que o desconfinamento não volte a recuar. Perante o cenário, os telefones já começaram a tocar com pedidos de reagendamento, as noivas começam a sentir-se mais seguras e há quem não queira esperar mais para tornar o dia de sonho em realidade.
“Já se começa a ver a luz ao fundo do túnel”. “A procura por roupa de casamento comunhão e batizados disparou”. “Tenho esperança que a luz ao fundo do túnel não se apague e mesmo devagar vamos andando em busca do prejuízo”. “A vontade das pessoas viajar está uma coisa louca”. O setor expressa otimismo face à retoma na indústria dos casamentos e batizados.
Pedro Ferreira, que detém a Quinta do Burguês, a Quinta da Ferreirinha e a Quinta da Lage, todas localizadas em Santo Tirso, explica que os casamentos já arrancaram. Na semana passada já fizeram o primeiro com 25% da capacidade e esta semana têm mais dois casamentos agendados. Para o responsável das quintas de eventos, a autorização do Governo é uma lufada de ar fresco para o setor.
O responsável das três quintas conta ao ECO que a partir de maio têm 250 casamentos agendados, 30 batizados e seis comunhões. Apesar do número ser promissor, Pedro Ferreira conta que muitos casamentos foram adiados para 2022. “Temos pessoas que não querem desconvidar pessoas, algumas vivem no estrangeiro e têm muitos convidados fora do país e não sabem se podem vir a Portugal e outros não querem realizar o casamento de sonho com restrições como a redução da lotação do espaço e o uso de máscara”, explica Pedro Ferreira.
Para além dos casamentos, Pedro Ferreira adianta que estão a sentir uma “procura bastante elevada” de pedidos para batizados e comunhões. No entanto, alerta que são eventos muito mais pequenos que o normal. “Antes eram 50 a 60 pessoas, hoje são entre 10 a 20”, refere.
Apesar de estar otimista com a retoma, Pedro Ferreira destaca que têm mais custos com a realização de eventos, tendo em conta que é necessárias alargar o staff para fazer determinado serviço até porque não é recomendado o tradicional buffet e têm que ter mais funcionários a servir a comida. Para além disso, como existe limite de pessoas por mesas, as quintas têm que ter mais pessoas para fazer o serviço a acrescentar aos custos com máscaras para o staff, aos produtos de desinfeção que “são bastantes caros” e aos “custos fixos das quintas que são os mesmos quer seja um casamento com 100 pessoas ou 300”, afirma o responsável.
“Este ano é tentar correr atrás do prejuízo e minimizar as perdas do ano passado”, afirma o responsável das quintas. No ano passado, Pedro Ferreira registou uma quebra de 70% no volume de negócios.
No dia mais feliz das suas vidas, o vestido de noiva é o ex-líbris. Princesa, rústico, sereia, com ou sem cauda, existem vestidos para todos os gostos e para todas as carteiras. A estilista portuguesa Micaela Oliveira diz que já começa a ver “a luz ao fundo do túnel” e que já sente “imensa procura” por vestidos de noiva para este ano e para o próximo.
Num ano normal sem pandemia, iriam sair das mãos da estilista mais de cem vestidos de noiva, este ano esse número fica reduzido a metade ou até menos. Micaela Oliveira conta que tem muitas noivas que decidiram adiar mais um ano, porque preferem não estar na indecisão ou aguardar a evolução da pandemia para reagendar os casamentos.
Em relação às noivas que decidiram casar este ano, a estilista conta que as noivas que adiaram o casamento o ano passado já estão a fazer as marcações para reverem o vestido e fazer as alterações necessárias. “É um momento muito complicado para as noivas porque aquele encanto do casamento acabou por desvanecer um bocadinho. Ainda existe magia, mas o entusiasmo é menor porque já é o prolongar de um sonho. Com estas novas medidas as noivas já começam a ficar mais animadas e positivas”, conta Micaela Oliveira.
Alguns vestidos já estavam praticamente concebidos e um ano depois é necessário fazer alguns ajustes, tendo em conta que algumas noivas engordaram, outras emagreceram e algumas até engravidaram. Micaela Oliveira adianta que para além destes exemplos, algumas noivas repensaram o casamento todo e vão fazer um conceito completamente diferente.
Este ano é tentar correr atrás do prejuízo e minimizar as perdas do ano passado.
“Temos noivas que tiveram que adaptar-se às condições, reduzir o número de convidados e optaram por alterar o próprio conceito. Uma noiva que seria uma princesa cheia de brilhos passou a uma noiva mais rústica. A pandemia acabou pode mudar algumas mentalidades e alguma forma de estar”, adianta a estilista.
O ano passado a estilista registou uma quebra abrupta superior a 90%. No entanto, a estilista está otimista com o plano de desconfinamento e destaca que sente as noivas “mais animadas”.
Para além dos vestidos de noiva, a estilista cria vestidos de batizados e comunhão e conta que já têm muita procura desse tipo de vestidos principalmente para junho. Micaela Oliveira confirma que este segmento também está a retomar.
À semelhança da estilista Micaela Oliveira, a loja de franchising Pili Carrerra Porto, que cria coleções de roupa para batizado e comunhões, não tem mãos a medir para os pedidos dos clientes. A funcionária Catarina Marques conta que há duas semanas “a procura por roupa de comunhão disparou”, o telefone não pára de tocar e as mensagens de Facebook estão sempre a cair. Conta que neste momento tem mais de 100 mensagens para ler com pedidos de esclarecimentos de roupa de batizados e comunhão.
Atualmente, a marca de moda infantil está a vender entre 10 a 15 roupas de batizado e comunhões por semana. A roupa de batizado pode custar entre 70 a 200 euros, enquanto a roupa de comunhão pode variar dos 150 aos 500 euros.
Em relação à retoma, apesar das vendas estarem no bom caminho, a funcionária conta que “as pessoas ainda compram a medo porque têm receio que os batizados e comunhões sejam cancelados”, apesar de manter a esperança que o cenário não vai piorar.
Para além da quinta e do vestido, o cabelo e a maquilhagem é um serviço obrigatório para as noivas que sempre projetaram um dia de sonho. Nesse dia não se olha a gastos e as noivas querem ter o melhor serviço possível. O ECO falou com a Jenny Make Up Land, que se localiza no centro do Porto, e oferece serviços de maquilhagem e cabelo ao domicílio por todo o país. A proprietária do espaço conta que já têm um serviço de maquilhagem e cabelo no dia 1 de maio.
A proprietária do espaço, Jennifer Miranda, conta que as “noivas estão numa fase que vão para a frente com os serviços que estão marcados” e que já não têm as taxas de cancelamento e de adiamentos que tinham até ao mês de fevereiro.
A Jenny Make Up Land já tem agendados entre 120 a 130 serviços de maquilhagem e cabelo ao domicílio até inícios de novembro, mas Jennifer Miranda adianta que ainda existem algumas noivas que optaram por adiar o casamento para o próximo ano. “Algumas pessoas adiaram o casamento por viverem no estrangeiro e outros porque querem um casamento grande e não estão para desconvidar algumas pessoas”, refere.
A proprietária do espaço de beleza conta que, ao contrário de outros anos que já tinham a agenda fechada, em 2021 continuam a fazer novas marcações. “As pessoas, devido à instabilidade, decidiram marcar as coisas mais em cima da hora”, explica Jennifer Miranda.
O ano passado, a quebra da Jenny Make Up Land foi “gigantesca”. A proprietária conta que tinham 150 casamentos agendados e fizeram apenas nove. Apesar de já terem mais de uma centena de serviços marcados, destaca que “não vão recuperar tudo aquilo que foi perdido”. Prevê uma recuperação entre 50% a 60% caso isto não volte a descambar”.
Do lado dos homens, “os fatos de cerimónia começa a ter bastante procura” e quem o diz é Carlos Rodrigues, manager do segmento de homem da Hugo Boss, do El Corte Inglês em Vila Nova de Gaia. O manager da marca conta ao ECO que desde que o Governo autorizou a realização dos casamentos já começa a verificar-se procura para fatos de cerimónia e explica que este “é um negócio muito forte da Hugo Boss” e que pode ser uma “alavanca” na retoma.
Para registar o dia, o fotógrafo é uma peça fundamental. O fotógrafo Humberto Barbosa tem 21 casamentos marcados e 5 batizados a partir de 19 de maio, mas confessa que muitos noivos optaram por adiar o casamento para 2022 porque não querem estar sujeitos as restrições. Num ano normal, o fotógrafo tinha cerca de 30 casamentos. Apesar da retoma, Humberto Barbosa acredita que o segmento dos casamentos só volta à “normalidade” em 2024.
No que respeita aos batizados, o fotógrafo feirense conta que começam a receber “muitos pedidos”. Ao contrário de todos os intervenientes, Humberto Barbosa registou um aumento no volume de negócios porque acabou por adaptar-se e trabalhar outros nichos de mercado, como a moda e a publicidade. No entanto, no segmento dos casamentos, a quebra rondou entre os 80% a 90%. O fotógrafo conta que em 2020 tinham 30 casamentos e acabaram por fotografar apenas três.
Agências otimistas com retoma dos casamentos. Maldivas é o destino eleito
Com o país e o mundo em pandemia, as viagens ficaram completamente interditas o ano passado. Depois de um ano fechados, as pessoas estão desejosas por voltar a viajar.
Fabiana Gomes, funcionária da agência de viagens Esmoriztur, conta ao ECO que a “vontade das pessoas em viajar está uma coisa louca” e que mesmo antes da decisão do Governo de autorizar a realização de casamentos com 25% da lotação, sentiram “imensa procura a partir do início de abril sem os receios de outrora”, diz Fabiana Gomes.
Em relação às viagens de lua-de-mel, a funcionária da agência de viagens Esmoriztur adianta que “não estão a sentir quebras” neste tipo de viagens e que já têm marcação de viagens de lua-de-mel para o fim do verão, nomeadamente setembro, outubro e novembro. Fabiana Gomes diz que os casais já estão “cansados de esperar”.
O destino de preferência dos futuros récem casados é apenas um, Maldivas. Fabiana Gomes conta que “mesmo sem ser lua-de-mel, o que as pessoas querem este ano é maioritariamente Maldivas, até porque se aperceberam que é uma ilha longínqua e os casos de Covid-19 são poucos ou nenhuns. No fundo é o que toda a gente procura, fugir do Covid”, destaca. Uma viagem às Maldivas custa, no mínimo, 4.000 euros por casal apenas uma semana.
No ano a agência de viagens, localizada em Esmoriz, registou “quebras gigantescas” na ordem dos 80%. Apesar de já se sentir o cheirinho da retoma e dos destinos paradisíacos, Fabiana Gomes confessa que têm “receio que o desconfinamento volte a recuar”, apesar de mencionar que “a esperança é sempre a ultima a morrer”. “Tenho esperança que a luz ao fundo do túnel não se apague e mesmo devagar vamos andando em busca do prejuízo”, conclui.
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