Groundforce em risco de atraso nos salários já em maio
Ministro Pedro Nuno Santos convocou os sindicatos da Groundforce para uma reunião esta segunda-feira, na qual informou que não há liquidez na empresa para pagar as remunerações deste mês.
Os 2.400 trabalhadores da Groundforce estão em risco de ficar novamente com salários em atraso. Apesar das garantias dadas pelo acionista maioritário Alfredo Casimiro de que as remunerações de maio estão asseguradas, o Governo informou esta segunda-feira os sindicatos de que afinal não há dinheiro. Em contrapartida, deixou claro que o pedido de insolvência entregue na segunda-feira não irá implicar despedimentos.
O ministro das Infraestruturas e da Habitação Pedro Nuno Santos convocou os sindicatos da Groundforce para uma reunião esta segunda-feira, na qual os informou de que a TAP iria avançar com o pedido de insolvência da empresa de handling. A decisão da companhia aérea foi justificada por uma série de razões, a começar pelo agravamento da situação financeira da Groundforce.
Afinal não há liquidez suficiente para os salários de maio, segundo explicou o governante aos sindicatos. Apesar de o dono da Pasogal ter garantido que havia dinheiro em caixa (graças à retoma da atividade conjugada com uma gestão reorganização de pagamentos junto de fornecedores), não será bem assim e os trabalhadores estão em risco de ficar novamente com os salários em atraso. Irão, mesmo assim, continuar a trabalhar já que a operação da Groundforce não irá parar com esta situação.
Da última vez, o que desbloqueou 7 milhões de euros para regularizar a situação foi um acordo de venda e aluguer de equipamentos à TAP. Mas a Groundforce considerou, de forma unilateral, que estes contratos são inválidos e ineficazes pelo que falhou o primeiro pagamento dos 462 mil euros de prestação mensais que devia ter sido feito dia 30 de abril.
Essa é, aliás, também uma das razões para o pedido de decreto de insolvência. Tal como a “falta de condições que, na perspetiva da TAP, o acionista maioritário da Groundforce tem para restabelecer a confiança dos seus credores” e a “inexistência de soluções credíveis” para a possibilidade de obtenção de financiamento após recusa de financiamento e de prestação de garantia por parte da Caixa Geral de Depósitos e do Banco Português de Fomento.
Foi neste cenário que a TAP, na “qualidade de credora”, fez o requerimento junto dos Juízos de Comércio de Lisboa do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, “com o objetivo, se tal for viável, de salvaguardar a viabilidade e a sustentabilidade da mesma, assegurando a sua atividade operacional nos aeroportos portugueses”, confirmou a empresa liderada por Ramiro Sequeira em comunicado. O mesmo foi transmitido pelo Governo aos trabalhadores: que não serão feitos despedimentos.
No seguimento do requerimento, será agora feita uma apreciação judicial, podendo a Groundforce apresentar uma eventual oposição. Questionada pelo ECO sobre o que irão fazer, representante do empresário disse apenas que vão “analisar a situação” antes de decidir o que fazer. Após essa avaliação do tribunal, a sentença pode ser de indeferimento do pedido apresentado pela TAP ou de declaração de insolvência da empresa de handling.
No último caso, será nomeado um administrador de insolvência. “Esta é, para a TAP, a solução transitória que melhor permite restaurar a confiança na gestão da Groundforce”, acrescentou a companhia aérea. Quanto ao futuro da empresa, o pedido de declaração de insolvência não impede a possível venda que está em cima da mesa.
Alfredo Casimiro anunciou este sábado que contratou o banco Nomura para assessorar um eventual negócio de venda dos 50,1% do capital e explicou que deu “instruções” para que seja dada “especial atenção” à operadora belga Aviapartner. Além desta, há ainda a possibilidade de a TAP (que detém os restantes 49,9% das ações) vir a reforçar a posição, caso peça a conversão dos créditos em capital, mas este processo deverá demorar vários meses.
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