Bruxelas mais pessimista vê economia portuguesa a crescer 3,9% em 2021
Bruxelas projeta que a economia portuguesa crescerá 3,9% em 2021, uma previsão idêntica à do Banco de Portugal. O Governo é ligeiramente mais otimista e aponta para um crescimento de 4%.
Bruxelas está mais pessimista quanto à evolução da economia portuguesa para este ano, mas mais otimista no que diz respeito ao próximo ano. A Comissão Europeia estima que o Produto Interno Bruto (PIB) português crescerá 3,9% em 2021 — 0,2 pontos percentuais (p.p) abaixo da projeção anterior — e 5,1% em 2022 — mais 0,8 p.p. do que tinha anteriormente previsto. Estes números constam das previsões de primavera divulgadas esta quarta-feira.
De acordo com as projeções atualizadas, Bruxelas acredita que a economia da Zona Euro crescerá 4,3%, em 2021, e 4,4%, em 2022%, tendo revisto em alta as estimativas para ambos os anos. A Comissão Europeia está também mais otimista quanto à evolução da média da União Europeia, estimando agora que aumentará 4,2% em 2021 e 4,4% em 2022, mais 0,5 p.p. do que anteriormente indicado.
Para Portugal, o Executivo comunitário projeta um crescimento do PIB de 3,9% este ano — abaixo da média da área da moeda única e do bloco comunitário — e de 5,1% no próximo — acima da Zona Euro e da União Europeia.
Com esta atualização, Bruxelas fica em linha com o Banco de Portugal em relação à projeção para 2021, mas é ligeiramente mais pessimista do que essa instituição em relação a 2022 (o BdP estima uma recuperação de 5,2%).
Os números conhecidos esta manhã comparam, de resto, com o crescimento de 4% em 2021 e de 4,9% em 2022 previsto Executivo de António Costa, no Programa de Estabilidade 2021-2025. Ou seja, o Governo é ligeiramente mais otimista do que a Comissão Europeia no que respeita a 2021, mas menos relativamente a 2022.
De notar que, no início do mês, Valdis Dombrovskis, vice-presidente executivo da Comissão Europeia adiantou que acredita numa “recuperação bastante forte” da economia portuguesa, no segundo semestre deste ano, por efeito do alívio das restrições e dos avanços na campanha de vacinação. “À medida que a campanha de vacinação avança e uma vez que é possível aliviar e levantar gradualmente as medidas restritivas, podemos esperar uma recuperação bastante forte da economia [portuguesa] no segundo semestre do ano”, disse.
E esta quarta-feira, o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, acrescentou que o crescimento previsto para 2022 “é uma boa perspetiva para a economia portuguesa“. O responsável explicou que reconhece que a crise pandémica tem afetado de modo particular alguns setores, como o turismo internacional, o que justifica “de alguma forma” a aceleração prevista para o PIB lusa, ano após ano.
Aliás, nas previsões de primavera, a Comissão Europeia sublinha que a recuperação do setor turístico português deverá acelerar no terceiro trimestre de 2021, mas não se espera que atinja níveis pré-pandémicos até ao fim do período em análise (2022).
De acordo com as previsões de primavera, Bruxelas acredita que Espanha e França serão os países europeus cujas economias mais recuperarão em 2021, estimando um crescimento de 5,9% e 5,7%, respetivamente, acima do previsto anteriormente. Em 2022, a Comissão Europeia acredita que as economias que mais crescerão serão a espanhola (6,8%), a de Malta (6,1%), a grega (6%) e a da Letónia (6%).
“Espera-se que as economias da UE e da Zona Euro recuperem fortemente à medida que as taxas de vacinação aumentem e as restrições sejam aliviadas. Este crescimento será motivado pelo consumo privado, pelo investimento e pela subida da procura por exportações da UE por efeito de um fortalecimento da economia global“, salienta, tudo somado, a Comissão Europeia. Aos jornalistas, Paolo Gentiloni acrescentou que os riscos — nomeadamente pandémicos — são hoje considerados “de modo geral equilibrados” e alertou que a recuperação do turismo poderá demorar mais do que se prevê, por exemplo, para as exportações de mercadorias.
O comissário sublinhou, além disso, que todas as economias da União Europeia deverão atingir ou ultrapassar níveis pré pandémicos até ao final de 2022, recomendando que as medidas extraordinários criadas em resposta à Covid-19 — que deverão equivaler a 4% do PIB da UE este ano 1% em 2021 — sejam retiradas de modo gradual e prudente ou, caso contrário, a recuperação poderá ficar sob ameaça.
Gentiloni admitiu, por outro lado, que as economias europeias poderão beneficiar de um crescimento mais robusto do que o esperado da economia mundial (em particular da norte-americana) e de maior disponibilidade das empresas para gastar em consumo; Ou, num cenário mais negativo, poderão ser prejudicadas por uma retirada prematura das medidas extraordinárias.
“Pela primeira vez desde o início da pandemia, vemos algum otimismo a sobrepor-se à incerteza. A incerteza permanece e não podemos esquecê-la, mas a recuperação já não é uma miragem; Está em curso“, sublinhou o comissário.
Nas previsões divulgadas esta quarta-feira, a Comissão Europeia dá números também sobre o investimento. Para a Zona Euro, o Executivo comunitário estima que 2021 será sinónimo de uma subida de 6,7%, depois de uma quebra de 8,2% em 2020; E 2022 de um aumento de 5,3%. Já para a União Europeia, prevê um crescimento do investimento de 6,2%, este ano, e de 5,4%, no próximo. Já quando a Portugal, Bruxelas prevê que o investimento aumentará 4,6% em 2021 e 6,9% em 2022, depois de uma quebra de 1,9% em 2020.
Bruxelas prevê que desemprego fique estacionado nos 6,8%
A Comissão Europeia estima que a taxa de desemprego em Portugal fique em 6,8% em 2021, o que, a confirmar-se, significaria que se manteria inalterada face a 2020. Para 2022, Bruxelas prevê uma redução de 0,3 p.p. para 6,5%.
Estas projeções são mais otimistas do que as do Governo de António Costa, que vê a taxa de desemprego nos 7,3% em 2021 e e nos 6,7% em 2022; Também são melhores do que as do Banco de Portugal, que prevê que a taxa em causa subirá para 7,7% este ano e passará para 7,6% em 2022.
O Executivo comunitária projeta, para o conjunto da Zona Euro, que a taxa de desemprego suba para 8,4% em 2021 e recue para 7,8% em 2022; Já para a União Europeia, estima que a taxa aumentará para 7,6% este ano e descerá para 7% no próximo.
Aos jornalistas, o comissário europeu da Economia disse que os regimes equivalentes ao português lay-off simplificado permitiram aos empregadores, ao longo da crise pandémica, manter os postos de trabalho e sublinhou que o mercado laboral tem estado a recuperar já desde meados de 2020.
Ainda assim, Gentiloni frisou que a recuperação ainda se prolongará por algum tempo, estando intimamente ligada à evolução da economia e das políticas adotadas pelos Governos. A propósito, o responsável deixou um apelo a que a retirada das medidas extraordinárias seja feita de forma gradual.
(Notícia atualizada às 11h42)
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