Taxa de poupança dos portugueses sobe para máximo de 14,2% no início de 2021
A taxa de poupança dos portugueses fixou-se nos 14,2% no primeiro trimestre de 2021, um máximo histórico.
No primeiro trimestre deste ano, período marcado pelo segundo confinamento, a taxa de poupança dos portugueses subiu ainda mais, para 14,2% do rendimento disponível, de acordo com os dados divulgados esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
“A taxa de poupança fixou-se em 14,2% (12,8% no trimestre anterior), atingindo-se em ambos os casos os valores máximos nas atuais séries de Contas Nacionais, refletindo sobretudo a redução de 1,7% do consumo privado“, revela o INE. A poupança bruta aumentou 11,1%, melhorando a capacidade de financiamento dos cidadãos.
Taxa de poupança em máximos históricos
Desde pelo menos 1999, o primeiro ano para o qual há dados do INE, que os portugueses não poupavam tanto do seu rendimento disponível (quase um sexto do total). A taxa mais elevada até ao momento tinha sido registada no terceiro trimestre de 2002 (13,8%), altura da introdução do euro.
Em 2020, a taxa de poupança dos portugueses aumentou para 12,2% do rendimento disponível, o valor mais elevado desde 2002, de acordo com a série histórica do INE. A pandemia provocou um aumento de 5,7 pontos percentuais face a 2019 por causa da “poupança forçada” pelas restrições de movimentação que levou no ano passado à maior queda do consumo desde 1995, ano em que arranca a série do INE.
Na semana passada, o Banco de Portugal revelou um cálculo que aponta para uma poupança adicional, de certa forma “forçada” pela pandemia, dos portugueses de 17,5 mil milhões entre 2019 e 2023 face ao cenário pré-pandemia. Este é um fator que pode impulsionar o crescimento económico, mas só se se traduzir em consumo.
Ainda assim, apesar de atingirem um valor máximo, os portugueses continuam a poupar uma percentagem mais baixa do seu rendimento do que os europeus. Segundo os dados do Eurostat, os cidadãos da Zona Euro pouparam em média 20% do seu rendimento disponível no quarto trimestre do ano passado.
Poupança sobe por causa da redução do consumo
A taxa de poupança dos portugueses tem subido principalmente por causa da redução do consumo devido às restrições provocadas pela pandemia.
“Este resultado foi consequência da redução de 1,7% da despesa de consumo (variação de -1,5% no trimestre anterior), que mais do que compensou a ligeira diminuição de 0,1% do rendimento disponível“, nota o INE.
Contudo, também é de notar que a taxa poderia ter aumentado menos (ou até diminuído) caso o rendimento disponível dos portugueses não tivesse praticamente estabilizado ou subido, como aconteceu em 2020, em termos agregados — o que esconde realidades muito diferentes –, ao contrário do que aconteceu em crises anteriores.
Os dados do gabinete de estatísticas mostram que as remunerações e as prestações sociais contribuíram para o aumento do rendimento disponível, ao passo que as transferências correntes e os rendimentos de propriedade tiveram uma contribuição negativa no primeiro trimestre deste ano.
“Refira-se que, em Contas Nacionais, as moratórias relativas ao pagamento de juros de empréstimos concedidas pelo setor das sociedades financeiras não têm impacto no saldo de rendimentos de propriedade, uma vez que o SEC 2010 determina o registo destes fluxos no momento devido, mesmo que não tenham sido efetivamente pagos”, ressalva o INE.
A taxa de poupança das Famílias mede a parte do rendimento disponível que não é utilizado em consumo final, sendo calculada através do rácio entre a poupança bruta e o rendimento disponível (inclui ajustamento pela variação da participação líquida das famílias nos fundos de pensões).
(Notícia atualizada às 11h45 com mais informação)
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