12% dos senhorios querem aumentar rendas no segundo semestre
12% dos proprietários de imóveis ponderam aumentar o valor das rendas em novos contratos a celebrar no segundo semestre, segundo estudo da Associação Lisbonense de Proprietários.
Um estudo da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP) concluiu que 12% dos inquiridos ponderam aumentar o valor das rendas de imobiliário em novos contratos a celebrar no segundo semestre, 76,5% pretendem manter e 10,9% admitiram baixar.
“Quando questionados sobre que preços vão praticar em novos contratos a celebrar no segundo semestre de 2021, três quartos (76,5%) dos proprietários inquiridos respondem que vão manter os preços inalterados. Mas a percentagem de proprietários que pretendem aumentar os preços (12,6%) é maior do que a percentagem daqueles que indicam que vão diminuir os valores praticados (10,9%)”, concluiu o Barómetro “Confiança dos Proprietários”, da ALP, divulgado esta quinta-feira.
O barómetro foi realizado entre 1 de maio e 7 de junho de 2021 e reuniu mais de duas centenas de proprietários, dos quais quase três quartos associados da ALP (75,5%).
Relativamente ao impacto da pandemia nos preços no arrendamento, 36,4% dos respondentes consideram que os preços vão estabilizar e 35,5% acreditam que irão diminuir.
No que diz respeito à compra e venda de imóveis na segunda metade do ano, 44,9% dos proprietários inquiridos são da opinião de que se vão vender menos imóveis, mas pensam que os preços se irão manter em níveis anteriores à pandemia.
Já um terço (33,6%) acredita que os investidores estrangeiros vão ser os principais compradores de imóveis em Portugal durante o segundo semestre, com outro terço (33,2%) a considerar que os preços vão cair, sobretudo no segmento não-habitacional (escritórios/comércio).
“Apenas 6,1% dos inquiridos estão convencidos de que a ‘bolha do imobiliário’ no segmento de compra e venda vai ‘rebentar’, refere a ALP.
Quanto a obras de reabilitação urbana, um terço da amostra inquirida diz pretender fazer operações deste género na segunda metade do ano, sendo que a eficiência energética é um tema que assume importância para quase três quartos dos respondentes (73,5%).
Neste sentido, dos proprietários que pretendem avançar com obras de melhoria da eficiência energética, um quarto afirma que irá recorrer a verbas do Fundo Ambiental, concretamente da segunda fase do Programa de Edifícios Mais Sustentáveis, para substituir caixilharias de janelas (82,4%), reforçar o isolamento térmico das habitações (49,3%) e um quarto a avaliar a instalação de soluções de produção de energia sustentável/renovável.
O inquérito da ALP tem expressão nacional, mas mais de metade (48,6%) dos inquiridos detêm imóveis na região da Área Metropolitana de Lisboa.
A grande maioria dos inquiridos (93,2%) são proprietários de imóveis colocados no mercado de arrendamento tradicional e 58,6% dos respondentes são proprietários de um a cinco imóveis.
Apenas 2,3% dos proprietários têm imóveis no arrendamento acessível
Apenas 2,3% dos proprietários tem imóveis colocados nos programas de arrendamento acessível e 91,7% dizem não confiar nestas medidas, sobretudo porque não podem escolher os inquilinos e por receio de que os benefícios fiscais sejam alterados unilateralmente pelo Estado.
De acordo com a terceira edição do Barómetro “Confiança dos Proprietários”, da ALP, “os proprietários desconfiam do Estado e por isso dão nota muito negativa aos programas de arrendamento acessível: 91,7% dos proprietários não confiam nestes programas do Governo/municipais e apenas 2,3% dispõem de imóveis colocados neste mercado”.
Entre os motivos para desconfiar deste tipo de programas, três quartos (75,1%) dos proprietários apontou o facto de não poderem escolher pessoalmente os inquilinos como a principal razão, seguindo-se o receio de que os benefícios fiscais destes programas e outros termos contratuais sejam alterados unilateralmente pelo Estado, apontado por cerca de 70% dos inquiridos.
Adicionalmente, 40,5% dos proprietários consideram que os valores de renda praticados nestes programas são pouco atrativos, enquanto a burocracia inerente aos programas é também apontada por 38% como um dos motivos que afasta proprietários.
“Muito relevante também para a discussão do falhanço do arrendamento acessível é o facto de mais de metade (51,4%) dos proprietários inquiridos afirmarem suportar ainda contratos de arrendamento antigos, com rendas congeladas (anteriores a 1990)”, aponta a ALP.
Quatro em cada 10 proprietários de imóveis com rendas em atraso em junho
De acordo com o estudo da ALP, quatro em cada 10 associados tinha rendas de imóveis em atraso no início de junho, dos quais 18,3% tem mais de meio ano por receber.
De acordo com a terceira edição do Barómetro, “o nível de incumprimento mantém-se inalterado face à anterior edição do estudo da ALP, referente a janeiro de 2021: 40,2% dos inquiridos – ou seja, quatro em cada dez – declaram ter rendas em atraso”.
Destes, mais de um terço (36,5%) acumula perdas de três a seis meses de rendas, outro terço (33,9%) entre duas e três rendas em falta e uma parcela de 18,3% dos inquiridos tem mais de meio ano de rendas em atraso.
Segundo a mais antiga estrutura representativa dos proprietários urbanos, “apesar destes dados preocupantes, praticamente três quartos da amostra (74,4%) não vai instruir na justiça um processo de despejo”.
Dos que têm rendas em atraso e não pretendem avançar para a justiça, 59,7% disse que o faz “por solidariedade com as dificuldades que a pandemia trouxe aos inquilinos”, enquanto 22% admitiu não recorrer aos tribunais devido à morosidade dos processos.
De acordo com a ALP, os atrasos são “uma situação crónica do estado da justiça em matéria de arrendamento, mas muito agravada pela pandemia e pelas moratórias de suspensão de denúncias e despejos”.
Dada a conjuntura, quase dois terços dos inquiridos (64,4%) demonstraram não ter confiança na evolução do mercado imobiliário no segundo semestre deste ano.
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