Exportações aumentam 21% em junho, acima do período pré-pandemia
Enquanto as exportações de bens aumentaram 21,4% em junho, as importações subiram 29,4%, revela o INE.
As exportações de bens subiram 21,4% em junho, ficando acima do registado no período antes da pandemia, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), esta segunda-feira. Já as importações aumentaram 29,4% no sexto mês do ano, fixando-se quase ao mesmo nível de junho de 2019.
Portugal já tinha começado a registar um valor mensal das exportações superior ao período antes da Covid-19, a partir de fevereiro deste ano. No entanto, em maio esta rubrica acabou por ter um “deslize”, regressando agora a valores mais expressivos do que em 2019, acima dos 5.000 milhões de euros.
No que diz respeito às categorias económicas, apenas no material de transporte se registou uma queda, em junho de 2021, face ao mesmo mês de 2020. De resto, em todas se verifica uma subida, “salientando-se o aumento de Fornecimentos industriais (+38,3%; +17,9% face a 2019), sobretudo de Produtos transformados, principalmente para Espanha”.
Quanto às importações, estas têm registado valores próximos de 2019. Em junho de 2021, o aumento face ao mesmo período desse ano pré-pandemia foi de 0,8%.
Para a subida nas importações, contribuíram “os aumentos de fornecimentos industriais (+46,6%; +28,6% face a 2019) sobretudo produtos transformados provenientes principalmente de Espanha e da Alemanha e de Combustíveis e lubrificantes (+124,3%; -23,2% em relação a 2019) originários principalmente do Brasil”, sinaliza o INE.
Já excluindo Combustíveis e lubrificantes, “em junho de 2021 registou-se um aumento de 17,6% nas exportações e de 24,0% nas importações, em termos homólogos (+49,1% e +42,2% em maio de 2021, respetivamente)”, segundo nota o INE. Comparando com o período pré-pandemia, junho de 2019, as subidas são de 8,0% e 4,1%, respetivamente.
Olhando para os países parceiros, o destaque vai para a vizinha Espanha. Em junho de 2021, sobressaem tanto nas exportações como nas importações os aumentos nas transações com Espanha (+25,5% e +24,7%, respetivamente), principalmente de fornecimentos industriais.
Défice da balança comercial agrava-se
Com as importações a aumentar mais do que as exportações, agravou-se o défice da balança comercial de bens. O aumento foi de 609 milhões de euros face ao mês homólogo de 2020, atingindo 1.523 milhões de euros em junho de 2021. Excluindo Combustíveis e lubrificantes, o défice atingiu 1.198 milhões de euros.
Quanto aos valores trimestrais, o INE indica que, “as exportações de bens aumentaram 49,0% e as importações 46,7% em relação ao mesmo período de 2020 (+51,6% e +39,3%, pela mesma ordem, no trimestre terminado em maio de 2021)”. Já comparando com o 2º trimestre de 2019, “as exportações aumentaram 2,9% e as importações diminuíram 2,9%”.
Exportações de vestuário crescem 23% no primeiro semestre
De janeiro a junho deste ano, o setor do vestuário exportou mais e registou um crescimento de 23%, em comparação com o mesmo período de 2020. Apesar de alguns sinais positivos no vestuário de tecido, esta tendência continua a ser dinamizada pelo vestuário de malha, que acumulou um crescimento de 31,7% em relação a 2020 e de 4,4% quando comparado com 2019, de acordo com dados do comércio internacional de vestuário.
No caso do vestuário de tecido registou-se um crescimento em relação a 2020 (aumento de 0,7%), mas as exportações permanecem abaixo do verificado em 2019 (descida de 27,1), verifica-se que, apesar da diminuição das quebras, determinados mercados de relevo não estão ainda a permitir um melhor desempenho generalizado das exportações, principalmente em relação à recuperação para os valores anteriores à pandemia.
“Apesar de registarmos uma melhoria substancial relativamente ao início do ano em relação à generalidade das exportações de vestuário, este continua a revelar-se muito difícil para os produtores de vestuário de tecido”, sublinha César Araújo, presidente da ANIVEC. “O vestuário de tecido é sobretudo usado em contextos mais formais, como no local de trabalho, e em contextos sociais e de festa. Os confinamentos um pouco por toda a Europa, o encerramento dos pontos de venda e a adoção generalizada do teletrabalho levaram os consumidores a reduzirem, ou até mesmo anularem, as compras deste tipo de vestuário e isso está a ter um impacto fortíssimo na atividade das empresas do setor, que se veem sem encomendas e sem clientes», justifica.
As exportações de produtos de vestuário já recuperaram mais de 273 milhões de euros em relação ao ano anterior e estão agora a cerca de 86 milhões de euros abaixo do valor registado em 2019. Em termos de mercados individuais, o setor assiste a fortes recuperações nos principais mercados de destino e a uma evolução positiva por parte do mercado espanhol.
Exportações de componentes automóveis registam queda de 1,4%
As exportações de componentes automóveis continuam a cair. Em junho, os componentes automóveis registaram uma queda de 1,4% face ao mesmo período de 2019, de acordo com a Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA). No sexto mês do ano, as exportações de componentes automóveis ficaram-se pelo 705 milhões de euros.
Já no acumulado até junho de 2021 as exportações atingiram os 4.837 milhões de euros, o que representa uma diminuição de 3,6% relativamente ao período homólogo de 2019. Ou seja, no primeiro semestre de 2021 as vendas ao exterior estão 183 milhões de euros abaixo ao verificado em igual período de 2019.
Em termos de países destino das exportações de janeiro a junho de 2021, e face ao mesmo período de 2019, Espanha mantém a primeira posição com vendas de 1.408 milhões de euros (+5,0%), seguida da Alemanha com 976 milhões de euros (-6,5%) e em 3.º lugar surge a França com um registo de 591 milhões de euros (-21,1%). No que se refere às exportações para o Reino Unido totalizaram 238 milhões de euros (-43,7%). No total, estes 4 países concentram 66% das exportações portuguesas de componentes automóveis.
Note-se ainda que as vendas de automóveis na Europa, e principal destino dos componentes fabricados em Portugal, quando comparadas com o ano de 2019, situam-se 23% abaixo, o que significa que no primeiro semestre de 2021 venderam-se menos 1,9 milhões de automóveis face ao período homólogo de 2019.
“A situação continua muito instável e a ser muito influenciada pela situação da pandemia, pela escassez de semicondutores e componentes eletrónicos, que está a afetar atividade dos construtores de automóveis. Algumas fábricas de construção automóvel na Europa atrasaram ou tiveram mesmo que parar temporariamente a produção por falta de chips, pelo que esta situação também está a afetar, obviamente, a indústria portuguesa de componentes para automóveis dadas as paragens na produção dos seus clientes”, justifica a AFIA.
(Notícia atualizada às 15h13 com dados da exportação do vestuário e componentes automóveis).
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