Desemprego cai, mas ainda há mais de 50 mil sem trabalho desde a pandemia
O desconfinamento tem levado o mercado laboral a recuperar do impacto da pandemia, mas o número de desempregados inscritos no IEFP continua acima dos níveis pré Covid-19.
Julho foi sinónimo de uma quebra homóloga significativa do desemprego registado, mas o número de inscritos nos centros do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) ainda está longe dos níveis pré-pandemia. Em comparação com fevereiro de 2020, há ainda mais 50 mil desempregados.
De acordo com a síntese estatística do IEFP, o número de inscritos nos serviços de emprego do continente e das regiões autónomas baixou para 368.704 indivíduos, no sétimo mês de 2021. Em causa está um recuo de 2,4% face ao mês anterior e de 9,5% face ao mesmo período do ano passado. Ou seja, há agora menos 38.598 desempregados no IEFP do que em julho de 2020, o que é explicado nomeadamente pela retoma das atividades possibilitada pelo desconfinamento do país.
Aliás, julho foi o quarto mês consecutivo em que o universo de desempregados inscritos encolheu. O desemprego registado em Portugal continua, contudo, acima dos níveis pré-pandemia. No último mês que Portugal viveu sem a presença da Covid-19 (fevereiro de 2020), havia 315.562 desempregados registados nos serviços do IEFP, ou seja, menos 53,1 mil do que agora.
E em julho de 2019, estavam registados 297.290 desempregados nestes centros, o que significa que, apesar dos sinais positivos, o mercado laboral está longe de estar recuperado. Contas feitas, apesar da quebra, em julho de 2021 havia ainda mais 71,4 mil desempregados do que em julho de 2019.
Desemprego registado está em mínimos de março de 2020
Fonte: IEFP
A mesma dinâmica é encontrada na análise regional. Em julho, o Algarve destacou-se como a região do país que verificou o maior recuo (tanto em cadeia, como homólogo) do desemprego registado. Nesse mês, 17.932 desempregados estavam inscritos nos centros algarvios do IEFP, menos 10,5% do que em junho e menos 21,5% do que em julho de 2020. No entanto, face a julho de 2019, há a notar um salto de mais de 148%.
Na mesma linha, o setor do alojamento, restauração e similares brilhou, em julho, como um dos que registou quebras em cadeia e homólogas mais expressivas (5,4% e 19,1%, respetivamente), mas face a julho de 2019 verificou-se um aumento de cerca de 59%. Tal significa que há ainda mais 12.653 desempregados neste setor do que havia em julho de 2019.
Para mitigar o impacto da pandemia no mercado laboral, o Governo tem vindo a disponibilizar múltiplas medidas extraordinárias, como o lay-off simplificado, o apoio à retoma progressiva, o novo incentivo à normalização e o apoio simplificado para microempresas. O primeiro-ministro, António Costa, já assegurou que estes apoios serão mantidos em 2022, mas os critérios de acesso têm ficado cada vez mais apertados, o que restringe a adesão.
No turismo (setor ao qual está altamente ligado, por exemplo, o Algarve e as atividades de alojamento e restauração), acresce que os empregadores têm confessado dificuldades no recrutamento, resultado designadamente da “migração” dos profissionais para outras áreas, nos muitos meses de confinamento.
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