PCP diz que PR tem de assumir a “responsabilidade” de marcar eleições “sem necessidade”
Jerónimo de Sousa afirmou ainda que o PCP não deseja eleições, “nem elas são inevitáveis”.
O secretário-geral do PCP disse esta quinta-feira que se o Presidente da República decidir marcar eleições legislativas “sem necessidade” deve “assumir essa responsabilidade” e marcá-las “rapidamente”, porque “não seria compreensível” arrastar o processo para “favorecer estratégias estranhas”.
Num comício do PCP em Évora, Jerónimo de Sousa afirmou que o partido não deseja eleições, “nem elas são inevitáveis”, porque “nada obriga a que da rejeição” do Orçamento do Estado (OE) para 2022 “resulte a necessidade de dissolução da AR e de convocação de eleições.
Mas, “se entretanto”, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, “mantiver a intenção de convocar eleições sem necessidade para o fazer, se decidir introduzir elementos de instabilidade, então tem de assumir essa responsabilidade e retirar daí também as inevitáveis consequências de forma clara e com brevidade”, defendeu.
Jerónimo de Sousa frisou que “existem soluções políticas, no quadro da Constituição da República, que não obrigam à realização precipitada de eleições”, mas “se continuar a ser essa a posição do Presidente da República, que tanto as anunciou e promoveu, então que venham rapidamente”.
“Não seria compreensível que [Marcelo Rebelo de Sousa], depois de acenar com o fantasma da instabilidade e dos prejuízos para o país que significa não ter orçamento durante meses, agora quisesse arrastar o processo, para favorecer estratégias que são estranhas aos interesses do povo português”, sublinhou, numa eventual alusão às eleições diretas para presidente da Comissão Política Nacional do PSD, marcadas para 4 de dezembro.
Não há orçamento porque PS quer maioria absoluta, defende PCP
O secretário-geral do PCP acusou ainda o PS de não ter permitido a aprovação do Orçamento do Estado (OE) para 2022 porque “quer maioria absoluta” para “poder livremente manter os seus compromissos com o défice e o grande capital”.
“Não há orçamento, porque o PS quer uma maioria absoluta para, sem condicionamentos, não responder aos problemas do país e poder livremente manter os seus compromissos com o défice e o grande capital em prejuízo do que interessa aos trabalhadores e ao povo”, disse Jerónimo de Sousa, num comício do PCP em Évora.
“Milhões de portugueses interrogam-se porque não foi possível aprovar o orçamento. O futuro dirá, mas desde já se levanta a ponta do véu”, afirmou, lembrando que, na quarta-feira, na Assembleia da República, ao fechar o debate sobre o OE2022, o primeiro-ministro, António Costa, “pediu uma maioria estável e duradoura para o PS”.
“Afinal, o que o PS quer é uma maioria absoluta”, atirou, sublinhado: “Mostra-se assim que não há orçamento, porque o PS não quis”. Segundo o líder do PCP, “o Governo recusou respostas e soluções, conduzindo a que o OE2022 não tenha sido aprovado” e, no futuro, “deve retirar ilações” do ‘chumbo” do documento.
Por outro lado, se o Governo “tiver esse sentido de dar solução aos problemas, nada impede que apresente uma nova proposta de OE2022 e assuma os compromissos necessários além dele”.
O OE2022 “não está destinado a ser rejeitado se contiver as respostas que o país precisa”, defendeu, insistindo que “se o PS e o Governo concluírem que querem continuar a recusar o que faz falta ao país, então retirem definitivamente daí as suas conclusões”.
Na quarta-feira, o parlamento ‘chumbou’, na generalidade, o OE2022, com os votos contra de PSD, BE, PCP, CDS-PP, PEV, Chega e IL, abrindo caminho a eleições legislativas antecipadas.
O PS foi o único partido a votar a favor da proposta orçamental, que mereceu as abstenções do PAN e das duas deputadas não-inscritas Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues.
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