Galamba assegura que exploração mineira não avança sem avaliação de impacte ambiental
Secretário de Estado da Energia assegurou que as novas explorações mineiras não vão avançar sem avaliação de impacte ambiental positiva. E se for negativa? Não há indemnização.
O secretário de Estado da Energia garantiu à Lusa que a exploração mineira não avança sem estar concluída a avaliação de impacte ambiental, que resulte numa declaração favorável, ou favorável condicionada, rejeitando acusações sobre contratos assinados recentemente.
“A concessão [para exploração mineira] decorre de uma prospeção previamente feita e portanto aquelas empresas tinham direito àquela concessão e têm que agora obviamente avançar para os processos de avaliação de impacte ambiental, sem os quais não poderá haver exploração alguma”, afirmou o secretário de Estado adjunto e da Energia, João Galamba, em declarações à Lusa à margem do 9.º Fórum Energia, organizado pelo jornal Água & Ambiente, em Lisboa.
Em causa está a assinatura pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), em 28 de outubro, de nove contratos com empresas mineiras — quatro para exploração e cinco para prospeção e pesquisa — e cinco adendas a contratos já existentes.
No sábado, a associação ambientalista Quercus repudiou a assinatura daqueles contratos de concessão da exploração de minérios, entre os quais o da mina da Argemela, sem estarem concluídos os processos de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA). Em comunicado, a associação ambientalista avançou que a notícia de que o Governo fechou “vários processos de exploração mineira” sem que “na maioria estejam concluídos os processos de Avaliação de Impacte Ambiental, revela o total desrespeito deste Governo pelo ambiente e pelas populações”.
“O que é totalmente falso foi a ideia que se criou de que foram aqui assinados uns contratos à margem, ou contrários, ou sem estarem concluídos os processos de avaliação de impacte ambiental. Quem faz essas acusações revela desconhecer por completo a lei, quer a chamada lei das minas, quer a legislação sobre avaliação de impacte ambiental”, realçou o governante.
Se a declaração de impacte ambiental for negativa, prosseguiu, “cessa a concessão e não há lugar a qualquer ressarcimento, ao contrário do que disse a Quercus, sugerindo que um eventual “chumbo” do processo de avaliação de impacto ambiental daria direitos de indemnização. “Não dá”, assegurou o secretário de Estado, explicando que, para que a exploração avance, as empresas concessionárias têm de obter uma avaliação ambiental favorável, ou favorável condicionada.
“Se vier uma declaração de impacte ambiental negativa e se a empresa não apresentar outro estudo que ultrapasse esses constrangimentos no prazo definido no contrato, perde a concessão”, reiterou João Galamba.
Já no caso dos contratos de prospeção e pesquisa, explicou, não há lugar a avaliação de impacte ambiental, por se tratar de uma atividade que visa perceber se vale a pena avançar para exploração mineira.
Entre os contratos assinados no final de outubro está a concessão para a exploração de lítio e de outros minerais na Serra da Argemela, nos concelhos do Fundão e da Covilhã, atribuída à empresa PANNN – Consultores de Geociências, LDA.
A exploração de lítio naquela zona tem sido alvo de contestação por parte das populações, tendo o presidente da Câmara da Covilhã, Vítor Pereira, garantido que o município tudo fará para tentar travar a exploração de lítio na Serra da Argemela.
João Galamba disse compreender a posição das populações, mas ressalvou que “um processo de avaliação de impacte ambiental não é um referendo”. “[Um processo de avaliação de impacte ambiental] é um processo que tem regras e nós respeitamos as regras e os direitos existentes e, obviamente respeitamos a posição das populações locais, quer quando é contra, quer quando é a favor. […] Agora, também temos de perceber que os recursos geológicos são património dos portugueses todos”, defendeu o governante.
O secretário de Estado reconheceu que os impactos da exploração mineira recaem sobre as populações que vivem nos locais, mas lembrou que a nova legislação prevê medidas compensatórias para as populações, como a partilha dos ‘royalties’ (pagamento que se faz ao proprietário pelo uso do terreno onde se desenvolve atividade mineira), que antes eram uma receita apenas do Estado central e passou a ser partilhado com as autarquias.
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