Chega afasta-se do PSD e retira o apoio nos Açores
O Chega vai deixar de apoiar o Governo de direita que se formou nos Açores em 2020. A decisão é regional, mas a leitura é nacional, com Ventura a atacar as declarações de Rio sobre legislativas.
O Chega vai tirar o tapete ao PSD nos Açores. O partido liderado por André Ventura anunciou esta quarta-feira que vai “dar instruções” para acabar com o apoio ao Governo Regional dos Açores atualmente encabeçado pelo PSD, CDS e PPM. Esta decisão tem impacto já no Orçamento regional para o próximo ano e nas Grandes Opções do Plano regionais.
“É um líder que não merece a consideração do Chega e é um partido que não merece qualquer apoio ao nível local, regional ou de outro âmbito por parte do Chega“, afirmou André Ventura, referindo-se a Rui Rio e ao PSD, em declarações transmitidas pelas televisões esta quarta-feira. A decisão será confirmada pelo deputado regional numa conferência de imprensa na sexta-feira.
As razões invocadas por Ventura são alegadas falhas do PSD “por não se ter comprometido na luta contra a corrupção, diminuição do tamanho do Governo e na luta contra a subsidiodependência”, mas a verdadeira razão é política: “Particularmente ter enveredado por uma atitude regional e nacional de hostilização do Chega“, admitiu.
Em entrevista à RTP, o líder dos social-democratas tinha afastado entendimentos pós-legislativas com o Chega uma vez que o partido não se tinha moderado, uma condição que tinha imposto quando falou dessa possibilidade no passado. Além disso, em entrevista à Antena 1, Rio garantiu que abdica de formar Governo se depender do Chega após as eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro.
“O Chega não deseja eleições nos Açores nem deseja nenhum quadro de instabilidade, mas o que basta, basta. Foram semanas consistentes e contínuas de ataque ao programa do Chega”, afirmou André Ventura, acusando Rio de “humilhar” e “hostilizar” o partido. Perante isto, “não é possível haver dois PSD e dois Chega… ou há linhas de plataforma de entendimento ou há linhas de nada e a conclusão a que se chega é que há linhas de nada“, concluiu.
André Ventura deixou a garantia de que, neste enquadramento, não haverá um acordo nacional com o PSD após as eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro. “Qualquer apoio terminou”, garantiu, ressalvando que há autonomia do deputado regional do Chega, José Pacheco — Ventura argumenta que há “harmonia” entre a estrutura nacional e regional na “insatisfação” relativa ao PSD.
A proposta do Orçamento apresentada pelo Governo açoriano para 2022 será apreciada na Assembleia Legislativa Regional entre 22 e 25 de novembro. Caso os deputados chumbem o documento, os Açores poderão ir para eleições antecipadas, tal como acontece a nível nacional.
(Notícia em atualização)
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