Banco de Fomento descarta solução especial para dar nova garantia à Efacec
As negociações estão a ser feitas em torno dos termos da garantia. Foram pedidos vários pareceres jurídicos. A concessão desta garantia não está dependente de qualquer aprovação de Bruxelas.
As negociações entre o Banco Português de Fomento e os bancos que vão conceder um novo empréstimo à Efacec ainda decorrem. Caixa Geral de Depósitos, Millennium bcp, Novobanco e Montepio exigem uma garantia para avançar com este financiamento de urgência que tem por objetivo manter a empresa a funcionar até que o processo de reprivatização esteja concluído. Ao que o ECO apurou, o Banco de Fomento quer enquadrar a operação em linhas já existentes, e não criar uma linha dedicada como no passado. E até se pode dar o caso de ser um único banco a conceder o empréstimo.
Há algum tempo que as instituições estão em negociações para que avance uma nova injeção na empresa nacionalizada em julho de 2020 para travar os impactos negativos das ligações à acionista Isabel dos Santos, envolvida no escândalo do Luanda Leaks. Uma injeção cujo valor ainda não está fechado e que poderá variar entre 35 e 45 milhões de euros. Apesar de estar identificado o montante de que a empresa necessita (45 milhões de euros), o valor do empréstimo está dependente da solução encontrada. Uma solução construída através de uma “negociação exigente”, mas que já está mais perto de chegar a bom porto do que estava há uns dias.
Este empréstimo soma aos 70 milhões de euros que a empresa já recebeu, em agosto de 2020, de um sindicato bancário e que há muito está esgotado. O ECO sabe que o objetivo da administração da Efacec é alocar este novo empréstimo de emergência exclusivamente ao pagamento dos salários dos funcionários, que têm manifestado o seu descontentamento pela forma como Ângelo Ramalho tem conduzido os destinos da empresa. Já estão marcadas novas greves para 30 de novembro, 9 e 16 de dezembro. O objetivo é exigir ao Governo a compra de matérias-primas, mas também contestar a reprivatização da empresa e exigir a demissão da administração, avançou fonte sindical à Lusa na sexta-feira passada.
As negociações estão a ser feitas em torno dos termos da garantia. Foram pedidos vários pareceres jurídicos sobre o que pode ou não estar na garantia. Mas uma coisa é certa, está fora de questão criar uma linha dedicada para a Efacec como aconteceu em agosto do ano passado, para evitar que a linha tenha um risco de default de 100%, já que contém apenas duas operações, ambas do Grupo Efacec. Por outro lado, tecnicamente é muito complicado aumentar o plafond desta linha para que a nova operação fosse abrangida pela linha “Produto Garantias Financeiras Covid-19”, mais conhecida por linha Efacec. Por isso, a opção em cima da mesa, ao que o ECO apurou, é enquadrar a operação numa linha já existente, que oferecem uma garantia de 80% das diversas operações.
A concessão desta garantia não está dependente de qualquer aprovação de Bruxelas.
Este novo empréstimo vai aumentar ainda mais o nível de endividamento da empresa que recebeu apenas uma best and final offer na terceira e última fase do processo de reprivatização. A DST foi a única que entregou no prazo a proposta vinculativa, alegadamente melhorada. Pelo caminho ficou a Sodecia que acabou por não a entregar. Mas, de acordo com o Expresso, a porta não está fechada porque a Sodecia ainda não desistiu de avançar com uma oferta à reprivatização de 71,73% da Efacec.
As contas da Efacec com o arrastar do processo de reprivatização têm vindo a sofrer uma deterioração. Tal como o ECO revelou em primeira mão, as contas até setembro mostravam um resultado operacional negativo de 12 milhões de euros e dúvidas sobre a continuidade da empresa. Os resultados positivos vão transformar-se num EBITDA negativo da ordem dos 20 milhões de euros, a dívida bruta sobe para valores na ordem dos 190 milhões, a faturação cai cerca de 50 milhões face ao estimado inicialmente (290 milhões) e as dívidas vencidas a fornecedores rondam os 80 milhões de euros. Resultados que são explicados por uma degradação inesperada da atividade nos meses e julho e agosto.
O ECO contactou oficialmente o Banco Português de Fomento sobre estas negociações, mas a instituição liderada por Beatriz Freitas não quis fazer qualquer comentário.
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