Cabrita demite-se após acusação do MP ao acidente mortal
O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, anunciou esta sexta-feira que pediu a demissão. Primeiro-ministro já aceitou.
A dois meses das eleições legislativas antecipadas, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, anunciou esta sexta-feira que vai pedir a demissão ao primeiro-ministro. Esta decisão acontece no dia em que se conheceu o conteúdo do despacho de acusação do Ministério Público relativo ao acidente mortal provocado pelo carro em que ia o ministro na A6.
“Entendi solicitar hoje a exoneração das minhas funções de ministro da Administração Interna ao primeiro-ministro“, afirmou Eduardo Cabrita numa declaração aos jornalistas esta sexta-feira, sem direito a perguntas. Esta decisão do ministro socialista é justificada pelo “aproveitamento político absolutamente intolerável” que diz ter sido alvo por causa deste caso e que poderia “penalizar” o PS à porta de eleições. O primeiro-ministro já confirmou que aceitou a demissão.
Esta sexta-feira o Observador noticiou que o motorista de Eduardo Cabrita, que atropelou mortalmente um trabalhador na A6 em junho, foi acusado de homicídio por negligência e que o carro circulava na via da esquerda a uma velocidade de 166 km/h, segundo o despacho de acusação do Ministério Público.
Na declaração ao país, o ministro da Administração Interna mostrou “estupefacção pelo aproveitamento político” desta situação, lamentando a “trágica perda irreparável” do trabalhador Nuno Santos. Em relação ao processo judicial, Cabrita disse que este só “reforça a minha confiança no Estado de direito e no funcionamento das instituições” e notou que não seria “legítimo fazer qualquer comentário” sobre o processo antes de ter sido conhecida a acusação, após ter sido criticado durante meses por não dizer a que velocidade a que o carro circulava.
Sobre a sua continuação no Governo até ao momento, o socialista disse que “só a lealdade, o tempo e as circunstâncias que enfrentávamos há seis meses e a solidariedade do primeiro-ministro” o levaram a prosseguir o exercício das suas funções “durante este verão tão difícil”. Porém, a dois meses das eleições, a avaliação é diferente: “Hoje não posso permitir” que o caso “seja utilizado para penalizar a ação do Governo, contra o primeiro-ministro ou mesmo contra o PS”, justificou.
A Assembleia da República deverá ser dissolvida este fim de semana, na sequência do chumbo do Orçamento do Estado para 2022, para que as eleições se realizem a 30 de janeiro, como anunciado pelo Presidente da República, mas o Governo continuará em funções por mais dois meses pelo que terá de ser nomeado outro ministro da Administração Interna ou essa pasta tem de ser entregue a um outro ministro.
Após a declaração de Cabrita, António Costa confirmou que aceitou a demissão do ministro e anunciou que irá informar o Presidente da República sobre quem exercerá o cargo até às eleições. “Quero aqui agradecer estes seis anos de colaboração de Eduardo Cabrita, quero enfatizar os ganhos na segurança que o país teve ao longo destes anos” e “na diminuição do número de incêndios”, notou o primeiro-ministro, repetindo o balanço positivo que o ministro fez no início da sua declaração.
Esta manhã Eduardo Cabrita tinha reagido às notícias do despacho de acusação dizendo que era “apenas um passageiro” no carro. E acrescentou que ainda teriam “de ser esclarecidas as condições do atravessamento de uma via não assinalada”, uma afirmação que é contrariada pela versão do Ministério Público. O acidente ocorreu a 18 de junho de 2021.
(Notícia atualizada às 18h20 com mais informação)
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