Onde é que os partidos vão gastar o dinheiro na campanha eleitoral?
Os partidos com assento parlamentar planeiam gastar 7,2 milhões de euros na campanha eleitoral das legislativas de 2022. A maioria do investimento é em cartazes, propaganda e comícios.
As eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro estão aí à porta e os partidos já preparam a campanha eleitoral de duas semanas. Nesse período, os candidatos desdobram-se em iniciativas, há cartazes em todo o lado, comunicação física e digital e comícios. De acordo com os orçamentos da campanha, os partidos com assento parlamentar preparam-se para gastar 7,2 milhões de euros, menos do que os 8,15 milhões de euros que gastaram na campanha das legislativas de 2019.
O valor previsto das despesas dos partidos com presença no Parlamento está em linha com os 7,09 milhões de euros da subvenção pública disponível para financiar a campanha eleitoral, a qual vai subir ligeiramente com a atualização do Indexante de Apoios Sociais em 2022. Além da subvenção pública, as campanhas podem também receber contribuições dos próprios partidos, fazer angariações de fundos ou receber donativos em espécie por parte de particulares.
Mas em que é que os partidos vão gastar mais ou menos dinheiro? Há diferenças entre o tipo de campanha que cada um faz, o que depende também da sua dimensão e do seu estilo de campanha.
Entre os gastos que os partidos planeiam fazer destacam-se a propaganda, comunicação impressa e digital com um total de 1,46 milhões de euros, as estruturas, cartazes e telas com 1,38 milhões de euros e os comícios e espetáculos com 1,01 milhões de euros. O PS e o PSD, que apresentam as maiores despesas e também as maiores intenções de voto dos portugueses, são os que mais vão gastar.
Porém, nos pormenores dos orçamentos das campanhas há curiosidades. Desde logo, é visivel uma forte aposta do PS em comícios com os socialistas a investirem 408 mil euros nessa ação de campanha, em comparação com o PSD que apenas dedica 50 mil euros a essa categoria — a diferença entre os dois também é significativa nos brindes e outras ofertas. Por outro lado, os social-democratas têm uma estrutura de campanha pesada (custos administrativos e operacionais de 850 mil euros) e apostam bastante nos cartazes e na comunicação física e digital.
Outro dos pormenores que se destaca na análise dos orçamentos é o montante avultado que o PS dedica à conceção da campanha, agências de comunicação e estudos de mercado: 550 mil euros, sem paralelo nos restantes partidos, incluindo o PSD. Na semana passada, o ECO noticiou que o PS vai contratar o consultor de comunicação Luís Paixão Martins, fundador da sociedade LPM, que já estava reformado, para fazer a comunicação da campanha. O próprio disse que será remunerado pelo trabalho de consultoria, mas ainda não terá acertado o contrato.
Quem rivaliza com os dois principais partidos na comunicação e propaganda é a Iniciativa Liberal com uma despesa de 145 mil euros. Os liberais são conhecidos não só pelos seus cartazes provocadores e marcantes, mas também por terem uma comunicação digital mais forte do que os restantes partidos. Já os bloquistas, por exemplo, são os únicos que não gastam dinheiro em brindes e ofertas. A aposta do Bloco é, como o PS, nos comícios.
Entre os partidos mais pequenos, é visível uma tendência: o peso dos gastos com cartazes no orçamento é significativo, superando os 20% no caso do Chega, CDS, PAN e Livre (a Iniciativa Liberal é a exceção), sendo que neste último representa 60% do orçamento. Os social-democratas também vão dedicar mais de 20% do seu orçamento aos outdoors, repetindo uma preferência por este tipo de comunicação que já tinham demonstrado em 2019. No caso do PS, pesam 15%.
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