Perceção da corrupção em Portugal acima da média europeia
Portugal ocupou, em 2020, a 33.ª posição no Índice de Perceção da Corrupção, que identifica os países percecionados como mais corruptos a nível internacional.
O Índice de Perceção da Corrupção, divulgado esta quinta-feira pela organização não-governamental Transparency International, mostra que Portugal está na 33.ª posição do ranking, sendo assim interpretado como um país mais corrupto do que a média da União Europeia e da Europa Ocidental.
Numa listagem em que a Dinamarca e a Nova Zelândia aparecem como os países detentores de uma maior pontuação, com 88 pontos para um máximo de 100, atribuídos apenas aos países percecionados como “de transparência máxima”, Portugal alcança uma pontuação que fica abaixo do valor médio registado na Europa Ocidental e na União Europeia (a média é de 66 pontos).
Com apenas 61 pontos, Portugal desceu três lugares em comparação com o ranking de 2019, naquela que é a pontuação mais baixa de sempre alguma vez alcançada pelo país. Desde 2012, ano em que foi lançada a primeira edição deste índice, Portugal tem registado variações anuais mínimas nas pontuações indicativas do nível de corrupção que é percecionado no setor público nacional.
Esta “trajetória descendente” do país nesta classificação ocorre, segundo Susana Coroado da Transparency International Portugal, porque “ao longo dos últimos dez anos pouco ou nada tem sido feito pelo combate à corrupção em Portugal“, não existindo uma “estratégia capaz de prevenir e combater eficazmente” a mesma, cuja implementação seria particularmente importante “em contexto de crise pandémica”.
Se a Dinamarca e a Nova Zelândia são vistos, segundo o Índice de Perceção da Corrupção, como os países de maior integridade e transparência, do lado oposto da tabela encontram-se a Síria, com 14 pontos, a Somália e o Sudão do Sul, ambos com 12 pontos.
Alertando para um “quadro sombrio do estado da corrupção a nível global”, o estudo refere que a maioria dos países tem vindo a fazer progressos muito reduzidos ou até mesmo nulos para combater esta realidade durante a última década, o que tem consequências ao nível das pontuações obtidas neste índice de perceção, com mais de dois terços das nações a obter menos de 50 pontos e com a pontuação média a fixar-se nos 43.
A pesquisa mostrou ainda que os países vistos como mais corruptos são precisamente aqueles que estão menos equipados para lidar com crises, como é exemplo paradigmático da pandemia da Covid-19. A análise desenvolvida destacou como os países percecionados como mais transparentes são aqueles que mais investem nas áreas da saúde e onde existe, adicionalmente, uma menor propensão para se violarem as normas e instituições democráticas ou até mesmo o Estado de Direito.
Um combate à corrupção configura-se “de extrema importância no contexto da atual crise pandémica, na medida em que a mesma não só mina a resposta sanitária global à Covid-19, mas contribui para uma crise contínua da democracia”, pode ler-se na pesquisa.
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