Diretora do FMI acusada de suavizar relatório sobre Brasil

  • Lusa
  • 8 Outubro 2021

Na avaliação anual do FMI, a liderança da instituição terá removido um alerta sobre riscos climáticos contestado pelo Governo de Jair Bolsonaro.

Funcionários do Fundo Monetário Internacional (FMI), incluindo a diretora Kristalina Georgieva — que adotou as alterações climáticas como bandeira –, suavizaram um alerta sobre esses riscos para a economia do Brasil, após o Governo se opor à linguagem utilizada. De acordo com a Bloomberg, a decisão, ocorrida no final de julho, envolveu a principal avaliação anual do FMI, conhecida como consulta do Artigo IV.

Os diretores inicialmente deram o selo de aprovação ao relatório da equipa em 30 de julho, para revogá-lo horas depois e, posteriormente, remover a formulação contestada pelo Governo de Jair Bolsonaro, segundo confirmaram funcionários do FMI quando questionados sobre o assunto.

O FMI informou que a decisão de mudar a linguagem do documento faz parte do processo normal pelo qual os relatórios de qualquer um dos 190 países-membros do Fundo passam, com avanços e recuos entre o corpo técnico, os seus diretores e funcionários do país que está a ser avaliado. No entanto, é raro a administração revogar a aprovação de um relatório e remover a frase à qual um país faz objeções, de acordo com vários funcionários do Fundo que trabalharam em avaliações do Artigo IV.

Uma comparação entre o rascunho e as versões finais mostra que cerca de 60 palavras foram eliminadas, detalhou a Bloomberg. A administração tomou a decisão depois que Kristalina Georgieva se reuniu com o representante do Brasil no conselho do Fundo, Afonso Bevilaqua, que se queixou várias vezes de que a avaliação do FMI não deveria incluir a política climática do país.

“O FMI considera as mudanças climáticas uma questão económica globalmente crítica e deixou isso bem claro em relação ao Brasil no relatório do corpo técnico”, disse o porta-voz do FMI, Gerry Rice, numa resposta por escrito a perguntas da Bloomberg. A decisão da administração do FMI de suavizar a linguagem climática do Brasil surpreendeu alguns funcionários, visto que Kristalina Georgieva defendeu que o FMI desempenhasse um papel de liderança no combate às alterações climáticas desde que assumiu o comando em 2019.

Além disso, os membros do conselho do FMI divulgaram uma declaração em maio na qual afirmavam que “geralmente concordaram que a cobertura da mitigação da mudança climática nas consultas do Artigo IV seria fortemente encorajada para os maiores emissores de gases de efeito estufa”, e que o tópico deve ser coberto em locais onde seja “macrocrítico”.

O Brasil é o maior emissor do hemisfério ocidental fora dos Estados Unidos, de acordo com o World Resources Institute. Jair Bolsonaro, que assumiu a Presidência no início de 2019, questiona a existência de alterações climáticas e o seu Governo é duramente criticado por desmantelar órgãos de proteção ambiental. Contudo, nos últimos meses, o executivo tem tentado melhorar a sua imagem.

O relatório do FMI diz que o Governo brasileiro está “empreendendo várias iniciativas” para responder aos riscos relacionados ao clima, “incluindo o fortalecimento dos incentivos para atividades de conservação lideradas pelo setor privado na agricultura, promovendo o desenvolvimento de mercados de títulos públicos e corporativos verdes e melhorando a integração do meio ambiente”.

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Manuel Maria Teixeira Duarte é o novo presidente da construtora

  • ECO e Lusa
  • 8 Outubro 2021

Depois da renúncia de Pedro Teixeira Duarte, o novo presidente da construtora foi aprovado por 99,74% dos votos na assembleia-geral que teve lugar esta sexta-feira.

Manuel Maria Teixeira Duarte foi aprovado, por 99,74% dos votos, para ocupar a presidência do conselho de administração da construtora durante a assembleia-geral desta sexta-feira, de acordo com o comunicado enviado à CMVM. O nome, agora confirmado, foi escolhido no início de setembro depois do primo, Pedro Teixeira Duarte, ter renunciado à liderança da empresa em junho.

O conselho de administração da Teixeira Duarte, até ao final do mandato em curso (2019/2022), passa assim a ter Manuel Maria Calainho de Azevedo Teixeira Duarte como presidente e cinco administradores: Carlos Gomes Baptista, Maria da Conceição Maia Teixeira Duarte, Diogo Bebiano Branco de Sá Viana Rebelo, Isabel Maria Nunes Correia Teixeira Duarte e Miguel Calainho de Azevedo Teixeira Duarte.

A comissão de remunerações fica a cargo de Miguel Teixeira Duarte, António Carlos Teixeira Duarte e Manuel Ferreira. Até 2022 o presidente da mesa da assembleia-geral será José Vaz Marcos, tendo como vice-presidente José Mário Ferreira de Almeida e secretário José Pedro Cobra Ferreira. No conselho fiscal, a presidência é assumida por Óscar Figueiredo, os vogais são Ana Cristina Simões e João Salvador Matias, o suplente é Rui Ferreira de Almeida.

O revisor oficial de contas será a Moore Stephens & Associados.

A Teixeira Duarte fechou os primeiros seis meses do ano com um prejuízo de 19,9 milhões de euros, face ao resultado líquido negativo de 5,4 milhões no período homólogo. O grupo justifica esta quebra devido à “retração da economia afetada pela continuada situação de pandemia Covid-19, bem como da desvalorização do kwanza angolano e do real brasileiro”.

 

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Islândia é o quarto país a suspender vacina Moderna para os mais jovens

  • Joana Abrantes Gomes
  • 8 Outubro 2021

Esta semana, outros três países optaram por suspender a vacinação contra a Covid-19 com doses da Moderna, nomeadamente a Finlândia, a Dinamarca e a Suécia.

Após Finlândia, Suécia e Dinamarca, chegou a vez de a Islândia interromper a inoculação dos mais jovens contra a Covid-19 com a vacina da Moderna, devido a preocupações com os seus efeitos secundários, revela esta sexta-feira a Bloomberg.

A Spikevax, designação da vacina fabricada pela Moderna, tem sido utilizada na Islândia sobretudo para segundas doses. Porém, o país nórdico optou por suspender a vacina da Moderna até que haja mais informação sobre a sua segurança, segundo o epidemiologista chefe da Islândia.

Esta semana, outros três países nórdicos – Finlândia, Suécia e Dinamarca – suspenderam a vacinação dos mais jovens com a Spikevax, por esta poder representar um risco de inflamação do coração enquanto potencial efeito secundário.

Já a Noruega disse que os homens com menos de 30 anos deveriam considerar escolher a vacina da Pfizer/BioNTech, uma alternativa também recomendada pelos outros países nórdicos.

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Morreram 467 pessoas com vacinação completa contra a Covid em Portugal

  • ECO
  • 8 Outubro 2021

Relatório de linhas vermelhas mostra que risco de morte por infeção de Covid é duas a quatro vezes menor nas pessoas com vacinação completa do que nas pessoas não vacinadas.

Desde o início do processo de vacinação no país, morreram 467 pessoas que estavam totalmente vacinadas contra o novo coronavírus, mostra o relatório de linhas vermelhas do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), publicado esta sexta-feira. Apesar disso, de acordo com o documento, o risco de morte por infeção de Covid é duas a quatro vezes menor nas pessoas com vacinação completa.

Dos 467 óbitos que faleceram com Covid e com vacinação completa até ao momento, 126 ocorreram apenas no mês de setembro, o equivalente a 58% do total de mortes. Esta fatia é superior à de pessoas que faleceram com vacinação incompleta (13 óbitos, 6%) e à de pessoas que tinham esquema vacinal desconhecido (quatro), diz o relatório. Ou seja, faleceram mais pessoas vacinadas do que não vacinadas.

“O risco de morte, que é medido através da letalidade por estado vacinal, é duas a quatro vezes menor nas pessoas com vacinação completa do que nas pessoas não vacinadas, de acordo com os dados de agosto, mês com os dados consolidados mais recentes”, lê-se. Comparando com agosto, houve um “aumento ligeiro da letalidade nas pessoas com esquema vacinal completo, especialmente nos grupos dos 70 aos 79 anos”.

Analisando as duas semanas, terminadas a 6 de outubro, a mortalidade específica por Covid registou um valor de 7,8 óbitos por um milhão de habitantes, o equivalente a um decréscimo de 7,1% relativamente à semana anterior (8,4 por um milhão de habitantes), “mostrando uma tendência decrescente nas últimas semanas”. Este valor, diz o relatório, é inferior ao limiar de 20 óbitos em 14 dias por milhão de habitantes e ao limiar nacional de 10 óbitos, “o que revela um impacte reduzido da pandemia em termos de mortalidade específica por Covid“.

Ainda a 6 de outubro, a incidência cumulativa a 14 dias foi de 83 casos por 100 mil habitantes em Portugal, “representando uma tendência decrescente”. O relatório salienta o aumento da incidência na região do Alentejo e a diminuição da incidência nas restantes regiões. O Algarve mantém o valor de incidência mais elevado, mas já abaixo do limiar de 240 casos por 100 mil habitantes.

Incidência cumulativa a 14 dias (por 100 000 habitantes) e variação relativa (%) aos sete dias anteriores, por região de saúde do continente, a 06/10/2021.INSA

O grupo etário com incidência a 14 dias mais elevada correspondeu ao grupo dos 0 aos 9 anos (142 casos por 100 mil habitantes) que, no entanto, apresenta uma tendência estável a decrescente. O grupo etário dos indivíduos com 80 ou mais anos apresentou uma incidência a 14 dias de 99 casos por 100 mil habitantes, “o que reflete um risco de infeção superior ao risco da população em geral, com tendência estável a crescente”.

O número de reprodução efetivo, R(t), calculado por data de início de sintomas, para o período de 29 de setembro a 3 de outubro de 2021, foi de 0,92 a nível nacional e de 0,91 no continente. Observou-se um valor de R(t) inferior a 1 em todas as regiões, com exceção da região do Alentejo, indicando uma tendência decrescente da incidência de infeção.

Comparando com o relatório da semana passada, o valor médio do R(t) aumentou na maioria das regiões do continente. “Estes resultados sugerem uma estabilização da incidência na maioria das regiões, devido à desaceleração do decréscimo do número de novos casos nestas regiões, e uma inversão da tendência (agora crescente) na região do Alentejo”, refere o relatório.

Na semana terminada a 6 de outubro, contavam-se 57 doentes internados nos cuidados intensivos, ou seja, 22% (na semana passada foi 27%) do limiar definido como crítico de 255 camas ocupadas. Nas últimas semanas, este indicador tem vindo a assumir uma tendência decrescente.

(Notícia atualizada às 20h11 com mais informação)

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Emmanuel Macron anuncia novo fundo de 30 milhões de euros para África

  • Lusa
  • 8 Outubro 2021

A França vai criar fundos para ajudar os museus africanos a acolherem obras internacionais, assim como um programa de apoio aos investigadores da área do desporto em África.

O novo fundo de 30 milhões de euros anunciado esta sexta-feira pelo Presidente da República francês servirá para apoiar a inovação da democracia em África, tendo como intenção apoiar vozes emergentes da sociedade civil, e será gerido de forma independente.

O novo fundo de inovação para a democracia em África foi anunciado pelo chefe de Estado gaulês na Cimeira França-África, que decorre esta sexta-feira em Montpellier, e que reúne cerca de cinco mil participantes africanos e franceses ligados ao empreendedorismo, juventude, cultura e desporto.

Este fundo vai ter uma dotação de 30 milhões de euros e visa apoiar “os atores da mudança” no continente africano, especialmente no que diz respeito à construção da governança e democracia, sendo gerido por figuras independentes da sociedade civil de diversos países africanos.

Outra medida anunciada por Emmanuel Macron foi o estudo da edificação de uma casa dos mundos africanos e das diásporas, instituição que pode vir a ser criada para dinamizar a relação entre África e França.

Para apoiar as ‘start-ups’ africanas ligadas ao digital, a França vai ainda lançar um financiamento de 10 milhões de euros com o nome Digital África.

Ainda no âmbito dos novos apoios concedidos ao continente, a França vai criar fundos para ajudar os museus africanos a acolherem obras internacionais, assim como um programa de apoio aos investigadores da área do desporto em África.

Emmanuel Macron anunciou ainda a restituição ao Benin de 26 obras de arte e à Costa de Marfim de um tambor cerimonial que está atualmente exposto no Museu do Quai Branly, em Paris.

Muitos destes apoios foram criados no seguimento de um relatório elaborado pelo professor universitário e filósofo camaronês Achille Mbembe, a pedido do Presidente da República francês, tendo como fundo diálogos estabelecidos com jovens de pelo menos 12 países africanos, entre eles Angola.

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ARAN avisa que subida dos combustíveis pode encerrar muitas empresas de rebocadores

  • Lusa
  • 8 Outubro 2021

A ARAN salienta que o aumento ‘exponencial’ dos custos desta atividade, dando como exemplo o preço dos combustíveis, que pesam pelo menos 50% nos custos gerais destas empresas.

A Associação Nacional do Ramo Automóvel alertou esta sexta-feira para o risco de encerramento de muitas empresas de serviço de pronto-socorro perante o aumento dos custos, como combustíveis, sem atualização de preços pelas empresas de assistência em viagem.

Em comunicado, em que refere os “dias dramáticos” que estão a ser vividos pelas empresas de ‘rebocadores’, a Associação Nacional do Ramo Automóvel (ARAN) salienta o aumento ‘exponencial’ dos custos desta atividade, dando como exemplo o preço dos combustíveis, que pesam pelo menos 50% nos custos gerais destas empresas segundo os resultados de um estudo que encomendou a uma entidade externa.

A ARAN destaca que a subida desta fatura tem acontecido sem que “estas empresas tenham acesso a qualquer medida de alívio por parte do Governo ou que os preços sejam atualizados”.

“Os custos de desenvolvimento desta atividade vêm aumentando exponencialmente ao longo dos últimos anos, sendo que, de acordo com a informação que estes profissionais vão confidenciando à ARAN, os preços pagos pelos serviços não têm sofrido qualquer atualização positiva por parte das empresas de assistência em viagem, falando-se mesmo em atualização, mas no sentido de baixar os preços dos serviços”, refere o comunicado.

Para a ARAN, o Governo e as empresas de assistência em viagem não podem continuar “a fazer de conta que o problema não existe”, avisando que a manutenção deste quadro levará ao encerramento de muitas empresas e à perda de muitos postos de trabalho.

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Pandemia não trava riqueza e ativos chegam aos 200 biliões

Valor dos ativos das famílias cresceu 9,7% em 2020, suportados pela política monetária e orçamental. Em Portugal, o crescimento foi mais modesto: 3,9% para 455 mil milhões.

A pandemia provocou uma recessão mundial, mas não na riqueza detida pelas famílias. O Global Wealth Report da Allianz Research, divulgado esta sexta-feira, assinala que a discrepância entre a evolução da economia e do valor dos ativos financeiros raramente foi tão grande. Enquanto a primeira caiu 3,3% em termos reais, os segundos cresceram 9,7%, superando pela primeira vez a barreira dos 200 biliões de euros. Em 2019, o aumento tinha sido de 10,3%.

Segundo o Allianz Global Wealth Report 2021, os depósitos nos bancos de todo o mundo registaram um crescimento recorde de 11,9%, batendo os 8% verificados no ano da crise financeira de 2008. Uma evolução que o estudo atribui aos confinamentos, que reduziram de forma drástica as oportunidades de consumo.

Os ativos investidos no mercado de capitais cresceram 10,9%, e o dinheiro colocado em seguros e fundos de pensões engordou 6,3%. O estudo da seguradora e gestora de ativos alemã salienta ainda que as famílias puseram de lado mais 5,2 biliões de euros no ano passado, um crescimento de 78% face às novas poupanças de 2019.

Portugal acompanhou esta tendência, embora de forma mais modesta. O estudo aponta um crescimento de 3,9% no valor dos ativos financeiros para os 455 mil milhões de euros, o equivalente a 44,6 mil euros por cada português. Do outro lado do balanço, também as dívidas aumentaram, mas menos: 1,3% para 170 mil milhões.

Com 27,9 mil euros em ativos financeiros líquidos per capita, Portugal ocupa o 23º lugar no ranking global, logo abaixo de Espanha, com 34 mil. A lista é liderada pelos Estados Unidos, com 218,47 mil euros, seguido da Suíça com 212 mil e da Dinamarca com 149,2 mil.

Ásia ganha importância, Europa Ocidental perde

A Europa de Leste foi o campeão no crescimento do valor dos ativos financeiros (19,1%) em 2020, “impulsionada pela inflação e por uma forte recuperação da Rússia”. Seguiu-se a Ásia (exceto Japão) com 12,7%, a América do Norte com 11,6%, a América Latina com 9%, a Europa Ocidental com 5,8% e a Oceania com 5%. O estudo não indica dados para África.

A Allianz Research sublinha, no entanto, que olhando para um período alargado, a Ásia é claramente o campeão, com a riqueza das famílias a quintuplicar em média a cada ano, desde o ano 2000. Se nos últimos dez anos a quota do continente asiático nos ativos financeiros globais passou de 11% para 19%, o Japão e a Europa Ocidental estão a perder importância. Esta última viu o seu peso recuar de 26,1% para 21%.

Classes médias encolhem

Apesar do aumento da riqueza global, o número de pessoas na classe média voltou a encolher em 2020, passando de 780 para 720 milhões. A Allianz Research explica, no entanto, que isto acontece sobretudo porque ocorreu “um aumento do número de famílias nos EUA que podem ser consideradas membros da classe alta da riqueza global, graças ao forte aumento de 13,6% no valor líquido dos seus ativos financeiros”. “A tendência de longo prazo permanece intacta: desde 2000, a classe de riqueza média cresceu três vezes mais rápido que a população em geral”, assinala o relatório.

A concentração de riqueza nos mais ricos diminuiu nas últimas duas décadas, segundo a Allianz. Em 2020, os 10% mais ricos tinham 84% da riqueza, enquanto no ano 2000 a percentagem chegava aos 90%. Os 1% mais ricos tinham na sua posse 41% dos ativos financeiros no ano passado, contra 43% há duas décadas.

A Europa Ocidental é a par do Japão uma das regiões onde o número de pessoas na classe baixa aumentou desde o ano 2000, passando de 29% para 31% do total. Portugal, Grécia, Espanha, Holanda, Noruega e Suíça são os países apontados como exemplo desta tendência.

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Fesap considera que atualização salarial em 0,9% é “claramente insuficiente”

  • Lusa
  • 8 Outubro 2021

O aumento de 0,9% dos salários, proposto na quinta-feira pelo Governo aos sindicatos da função pública, “consubstancia mais um ano de estagnação das remunerações dos trabalhadores”, diz a Fesap.

A Federação de Sindicatos da Administração Pública (Fesap) valoriza o facto de o Governo ter feito uma proposta de aumentos salariais de 0,9% na função pública, mas considera-a “claramente insuficiente” face à “estagnação” salarial dos últimos anos.

Num comunicado emitido esta sexta-feira, a Fesap considera que o aumento de 0,9% dos salários, proposto na quinta-feira pelo Governo aos sindicatos da função pública, “consubstancia mais um ano de estagnação das remunerações dos trabalhadores” tendo em conta o “avanço da inflação” e o facto de nos últimos 10 anos estes trabalhadores terem vindo a ser “sucessivamente” penalizados com perda de poder de compra.

Na segunda ronda negocial com os sindicatos, realizada ao final desta quinta-feira, a equipa liderada pela ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão, apresentou uma proposta de aumentos salariais de 0,9% para 2022 para a função pública, depois de, na segunda-feira, ter afastado a possibilidade de atualizações generalizadas no próximo ano.

Questionada sobre qual o motivo da mudança de posição tomada três dias antes, a ministra disse que o que mudou foi “uma revisão em alta [do cenário macroeconómico da proposta de Orçamento do Estado para 2022], na apresentação que o senhor ministro das Finanças fez na Assembleia da República” na quarta-feira de manhã.

Perante a proposta, acentua a estrutura sindical liderada por José Abraão, apenas os trabalhadores colocados na primeira posição remuneratória da carreira de assistente operacional terão aumentos acima de 0,9% devido à subida do salário mínimo nacional (que absorverá esta posição da Tabela Remuneratória Única).

Para a Fesap esta situação é “intolerável”, pelo facto de manter “uma política salarial assente nos baixos salários”, que tem “vindo a aproximar, cada vez mais, o salário médio do salário mínimo”.

Considerando que o processo negocial “fica claramente aquém das reivindicações apresentadas” no sentido de “valorizar os salários, as carreiras e os trabalhadores da Administração Pública”, a Fesap avançou com um pedido de negociação suplementar.

A Fesap contesta também a proposta de calendário negocial avançada pelo Governo, por discordar que a discussão das matérias visadas seja remetida para o primeiro trimestre de 2022, defendendo que a mesma deveria iniciar-se “a breve trecho”, uma vez que, é referido, “de acordo com o transmitido nesta reunião, o Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) terá margem para acomodar os impactos pecuniários” dessas medidas.

Em causa está a negociação da valorização dos técnicos superiores através da subida do valor de ingresso nesta carreira na TRU e o reposicionamento dos trabalhadores que se encontrem nessa posição, a valorização das carreiras de assistente técnico e operacional, a simplificação da avaliação de desempenho e a agilização dos procedimentos concursais.

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PGR promete atuação empenhada na prevenção da fraude com fundos europeus

  • Lusa
  • 8 Outubro 2021

Lucília Gago diz que o Ministério Público responde "presente, de forma proativa e empenhada a este desafio" de prevenir a fraude com fundos europeus.

A Procuradora-geral da República assegurou esta sexta-feira que a magistratura que dirige responde “presente, de forma proativa e empenhada” ao desafio de prevenir a fraude com fundos europeus, incluindo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) ou outros.

Lucília Gago falava numa sessão subordinada ao tema “Accountability e democratização das instituições – Prevenção da fraude”, que decorreu nas instalações da Universidade Nova, em Carcavelos (Cascais).

O evento, que teve ainda a participação do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, visou a divulgação dos projetos desenvolvidos pelo grupo de reflexão destinado a contribuir para uma melhor utilização dos recursos financeiros da União Europeia (UE).

Segundo a PGR, os recursos financeiros que integram quer o PRR, quer o Portugal 2030 ou o Portugal 2020 ou aqueles que incorporarão o Orçamento do Estado (OE) português nestes períodos, interpelam o Ministério Público nesse desafio a que é chamado a responder com “absoluto rigor e a intocável probidade que a seriedade e singularidade do momento exigem de todos”.

Antes, Lucília Gago reconheceu que, no contexto de uma “dura situação social e económica resultante dos graves impactos causados pela pandemia por covid-19, se está perante a séria responsabilidade de tomar em mãos os recursos financeiros disponíveis para abrir caminhos de desenvolvimento social, inclusão, solidariedade, contribuindo para um país mais justo, económica e ecologicamente sustentável”.

Assim, prometeu que o Ministério Público (MP) responde “presente, de forma proativa e empenhada a este desafio” e que “fá-lo, não só na vertente previsível da resposta repressiva, mas através de um contributo antecipatório, cooperando para uma abordagem preventiva de fenómenos fraudulentos ou disfuncionais que possam colocar em crise a prossecução dos objetivos associados aos recursos financeiros públicos” mencionados.

A PGR sublinhou que foi a avaliação sobre experiências passadas no âmbito da utilização dos recursos financeiros da UE e a compreensão de que “a fraude é um fenómeno holístico que remete para a importância da sua abordagem multidisciplinar”, que deu origem a esta iniciativa antifraude, cujo primeiro ano de experiência hoje foi assinalado na cerimónia em Carcavelos.

Neste primeiro ano colaboraram na iniciativa um conjunto de representantes da magistratura do MP, do núcleo de assessoria técnica da PGR, bem como entidades de controlo dos fundos europeus como sejam a Inspeção-Geral de Finanças, a Agência para o Desenvolvimento e Coesão e o Instituto de Financiamento da Agricultura e Pesca.

Também o Tribunal de Contas e o Organismo Europeu de Luta Anti-Fraude (OLAF), a Polícia Judiciária, e entidades conexas como o Banco de Portugal, Ordem dos Revisores Oficiais de Contas, representantes da sociedade civil com a associação Transparência e Integridade, membros da Academia de várias áreas do conhecimento e de escolas diversas se juntaram à iniciativa de debater e refletir sobre o modelo colaborativo de intervenção sobre o fenómeno da fraude com fundos europeus.

A PGR realçou a importância da questão em análise, observando que o Relatório Anual sobre a Proteção dos Interesses Financeiros da União Europeia apurou, em 2020, que a fraude detetada pela Comissão Europeia, apenas pelo lado das despesas, totalizou 266 milhões de euros, correspondendo a 0,19% do valor total dos pagamentos efetuados naquele período.

“Somando a este valor o das irregularidades do mesmo período, igualmente do lado da despesa, 710,6 milhões de euros, correspondente a 0,51% dos pagamentos feitos naquele lapso temporal, concluímos que um total de 967,6 milhões de euros da despesa foi indevidamente incursa”, prosseguiu Lucília Gago.

A PGR alertou ainda na sua intervenção que a fraude “remete necessariamente para comportamentos do domínio do opaco, escondido, dissimulado e dos pactos de silêncio dos interessados, remetendo sempre a observação empírica para uma avaliação aquém do seu real impacto”.

“Sabendo embora que a fraude quantificada é apenas uma porção da realidade com impacto negativo na boa execução das políticas públicas associadas aos recursos financeiros em questão, recomenda a prudência que seja este fenómeno primordialmente abordado numa vertente preventiva, capaz de potenciar a não ocorrência daquele resultado ou mitigando, o mais possível, a sua verificação”, defendeu a PGR.

Tal abordagem preventiva – acentuou – “está em linha com as funções preventivas do MP” e a visão preventiva e a definição de concretas estratégias é “justamente o campo de ação deste inovador modelo do grupo de reflexão, definido como “um espaço aberto e franco de diálogo e partilha de conhecimento, em diversidade de saberes e culturas institucionais, mas num comum propósito” de prevenir a fraude.

“Encorajamos pois o think tank [grupo de reflexão) a prosseguir os seus trabalhos, orientando a sua ação para contributos robustos, consistentes, independentes e à altura da responsabilidade do momento”, concluiu Lucília Gago.

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Governo quer indústria a instalar mais painéis solares para autoconsumo

A APA e a DGEG assinaram um despacho que isenta os parques solares industriais até 50 MW de apreciação prévia. Os eletrointensivos dizem que "o autoconsumo não é uma alternativa viável a curto prazo"

A Agência Portuguesa do Ambiente e a Direção Geral de Energia e Geologia assinaram esta quinta-feira um despacho conjunto que tem como objetivo facilitar o autoconsumo industrial. Uma medida que o Governo tem vindo a defender como uma das formas dos consumidores eletrointensivos se protegerem da escalada de preços nos mercados grossistas — produzindo e consumindo a sua própria eletricidade “verde”.

Do lado das empresas, há de facto uma aposta crescente nos painéis solares fotovoltaicos, mas ainda assim os eletrointensivos são unânimes em dizer que o autoconsumo, por si, não chega e só é capaz de suprir uma pequena percentagem das suas enormes necessidades de consumo de energia elétrica. Alguns industriais falam mesmo em apenas 10%.

Com este despacho, a que o ECO/Capital verde teve acesso, o Governo simplifica (e elimina mesmo em certos casos) os procedimentos de apreciação prévia, com o objetivo de tornar mais fácil o processo para as empresas instalarem os seus próprios parques solares fotovoltaicos, seja em telhados, parques de estacionamento ou outros terrenos.

Isto à semelhança do que já acontece com as Unidades de Produção para Autoconsumo (UPAC), com potência instalada inferior ou igual a 1 MW.

Para agilizar o recurso ao autoconsumo pelos industriais, a APA e a DGEG decidiram então que a partir de agora para estes consumidores “não é necessária a submissão ao procedimento de apreciação prévia para os projetos de centros eletroprodutores que utilizem como fonte primária a energia solar”. Isto no caso de não se localizarem em “área sensível, não integrem ligações através de linhas elétricas aéreas adicionais”.

Além disso devem ter potência instalada inferior a 50 MW e estar instalados em coberturas e/ou fachadas de edifícios ou parques de estacionamento preexistentes. Da mesma forma, para dispensarem a tal apreciação prévia podem também ter potência solar instalada inferior a 10 MW e estar em parques ou estabelecimentos industriais já licenciados, desde que a potência total não atinja ou ultrapasse 50 MW (não contabilizando para o efeito coberturas ou fachadas).

Para estes últimos, diz o despacho que “devem ser adotadas tecnologias que minimizem a ocupação de solo, promovam a sua integração paisagística, devendo ainda ser assegurado o seu afastamento de eventuais elementos sensíveis localizados na sua envolvente”.

Também no caso dos estabelecimentos industriais que já tenham passado por uma avaliação de impacte ambiental (AIA), com Declaração de Impacte Ambiental (DIA) válida e favorável, a implantação do centro eletroprodutor terá de garantir o cumprimento das condições dessa mesma DIA.

“Nos últimos anos tem-se registado um elevado número de pedidos de apreciação prévia, relativos a instalações fotovoltaicas de produção de energia. Tal permitiu à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e à Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG) adquirir experiência suficiente no escrutínio destes pedidos e nesse contexto foi já considerado que as Unidades de Produção para Autoconsumo (UPAC), com potência instalada inferior ou igual a 1 MW, apresentam características específicas, nomeadamente em termos de dimensão e de exigências de ligação à rede, que tornam este tipo de projetos não suscetíveis de provocar impactes negativos significativos, não sendo assim necessária a sua submissão ao procedimento de apreciação prévia”, refere o despacho a que o ECO/Capital Verde teve acesso.

Na apresentação do pacote de medidas de 815 milhões de euros que irão permitir ao Governo amortecer os efeitos da escalada de preços da eletricidade nos mercados grossistas na faturas das famílias e empresas, o ministro do Ambiente e da Ação climática, Matos Fernandes, defendeu o autoconsumo como uma das medidas a implementar pelos eletrointensivos para enfrentar a crise energética.

Do lado da Associação Portuguesa dos Industriais Grandes Consumidores de Energia Elétrica (APIGCEE), a visão é outra: “O autoconsumo não é uma alternativa viável a curto prazo pelas seguintes razões: não cobre, na totalidade, as necessidades em energia elétrica de uma determinada instalação industrial; requer grandes superfícies para instalação de equipamentos (painéis fotovoltaicos) que produzam a energia requerida para um determinado processo industrial; necessidade de grande investimento na situação atual de fortes constrangimentos financeiros; lead time elevado até que uma instalação para autoconsumo esteja em condições de abastecer uma instalação industrial”.

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Colaboradores da Desigual aprovam semana de 4 dias. Medida prevê corte salarial

A companhia do setor da moda vai avançar com esta medida que reduz a semana laboral, e também os salários. Apenas os colaboradores da sede, em Barcelona, estão envolvidos.

Sede central da Desigual, em Barcelona.Quique García (EFE)

Depois de a Desigual ter proposto aos seus colaboradores — excluindo as equipas de vendas e operações — reduzir a semana de trabalho para quatro dias, de segunda a quinta-feira, os trabalhadores pronunciaram-se. Votaram “sim”, o que significa que a empresa vai mesmo avançar com a semana de trabalho reduzida mediante, contudo, um corte salarial de 6,5%. Trabalhadores da cadeia de moda espanhola em Portugal não estão abrangidos por esta medida.

A decisão abrange apenas os colaboradores da sede da empresa, em Barcelona, confirma a companhia à Pessoas. “Para já a medida é apenas para a sede da Desigual (headquarters em Barcelona)”, revela fonte oficial da Desigual.

Mais de 86% dos colaboradores abrangidos pela medida aprovaram a proposta da companhia, que inclui, ainda, a opção de trabalhar a partir de casa num dos quatro dias laborais. Este valor superou o objetivo que a empresa tinha estabelecido, que era obter o apoio de, pelo menos, 66% dos funcionários.

“Estamos muito felizes por esta iniciativa ter sido apoiada por uma grande maioria dos nossos empregados. Sabíamos que era uma proposta arriscada e que poderia causar algumas hesitações, mas estamos confiantes de que contribuirá para melhorar o equilíbrio trabalho-vida para todos na Desigual. Estamos entusiasmados com a nova etapa que hoje iniciamos, que encarna a mentalidade inovadora e ousada que sempre nos distinguiu e que é partilhada por toda a equipa”, afirma Alberto Ojinaga, CEO da Desigual, em comunicado.

“A nova semana de trabalho exigirá um processo de adaptação e um esforço unificado, mas a pandemia mostrou-nos que podemos organizar o trabalho e as equipas de uma forma diferente e continuar a ser eficientes, dando prioridade ao que realmente importa. Além disso, esta iniciativa torna-nos mais atraentes como organização, o que nos permitirá reter e atrair os melhores talentos”, considera o líder da Desigual.

Ao comentar o resultado da votação, que envolveu cerca de 500 empregados sediados em Barcelona e teve uma taxa de participação de 98%, Alberto Ojinaga confessou, ainda, que adoraria que a decisão tomada esta sexta-feira pelos funcionários “criasse um precedente e inspirasse outras empresas”.

Menos dias de trabalho, com corte salarial

As novas horas trazem algumas alterações aos termos dos contratos dos empregados que irão beneficiar desta medida. Estes trabalham agora 34 horas por semana, em vez das atuais 39.5 horas, e vão ter uma redução salarial associada ao ajustamento das horas (13%). “A empresa propõe partilhar esta redução, assumindo 50% da diferença, o que significa que os empregados verão apenas uma diminuição de 6,5% nos seus salários“, lê-se em comunicado.

Esta estratégia faz parte da visão e políticas globais de recursos humanos da Desigual, que, sob o conceito “Awesome Culture by Awesome People”, visa mostrar o seu compromisso com a saúde e bem-estar, sustentabilidade, igualdade, equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e flexibilidade como as suas bases.

Semana de trabalho mais curta ganha adeptos

A companhia espanhola não é a única a tomar esta decisão. Na Irlanda, cerca de duas dezenas de empresas entraram num piloto para avançar com uma semana de quatro dias de trabalho, tendo a vizinha Escócia já avançado com um piloto para testar este modelo de trabalho.

Em Portugal, a unicórnio Feedzai, por exemplo, avançou com um piloto em agosto, iniciativa que conta repetir todos os anos no mesmo mês.

Medidas que as companhias estão a testar respondendo à vontade já revelada pelos colaboradores de modelos de trabalho mais flexíveis que permitam um melhor equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho

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Já há acordo para a taxa mínima de IRC global

Após a Irlanda e Estónia, também a Hungria aceitou fazer parte do acordo global para definir a taxa mínima de IRC de 15%. Acordo teve a luz verde de 136 países, anunciou a OCDE.

A Hungria aceitou assinar o acordo global para garantir que as multinacionais paguem uma taxa mínima de imposto de pelo menos 15%, tornando-se assim o último país da União Europeia (UE) a chegar a consenso. Isto depois de Irlanda e Estónia, que também mostraram alguma resistência, já terem assegurado a participação no acordo que envolve 136 países, segundo anunciou esta sexta-feira a OCDE.

O ministro das Finanças húngaro, Mihaly Varga, disse aos jornalistas que a exigência húngara de um período de transição de dez anos foi aceite “para que a Hungria pudesse entrar no acordo de bom coração”, segundo a Reuters (acesso livre, conteúdo em inglês).

Com a “luz verde” da Hungria, a UE está assim de acordo sobre esta taxa mínima de IRC para as multinacionais. “Hoje demos mais um passo importante em direção a mais justiça tributária. Os países da OCDE chegaram a um acordo sobre os parâmetros mais importantes para a tributação mínima global”, disse ministro das Finanças da Alemanha, Olaf Scholz, num comunicado enviado à agência de notícias.

“Em particular, o acordo dos Estados da União Europeia é um grande sucesso e irá garantir que a reforma possa ser implementada rapidamente em toda a UE”, acrescentou.

A presidente da Comissão Europeia também já se pronunciou, saudando o acordo e apontando o momento como “histórico”, em comunicado. “Todas as empresas têm que pagar a sua parte justa”, defende, sinalizando que aguardo a reunião do G20 no final do mês, onde serão finalizados os detalhes desse acordo. Depois, é necessário implementá-lo, sublinha Ursula von der Leyen, assegurando que vão trabalhar em “estreita colaboração com os Estados-Membros para garantir que a UE avança de forma unida”.

Apesar deste acordo inicial, a Suíça pediu mais tempo e segurança jurídica na implementação de novas medidas tributárias. “A Suíça exige que os interesses de economias pequenas e robustas sejam levados em consideração na implementação, e que a segurança jurídica seja estabelecida para as empresas envolvidas”, reiterou o Ministério das Finanças do país em um comunicado, acrescentando que não deverá ser possível introduzir as novas regras até 2023, como previsto pela OCDE.

As negociações para um acordo sobre este imposto às empresas, orientadas pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), já decorrem há cerca de quatro anos, sendo que, nos últimos meses, o incentivo do presidente dos EUA, Joe Biden, e os custos da pandemia deram um impulso adicional às discussões.

Ao todo 136 países aderiram ao acordo, anunciou esta sexta-feira a OCDE. O acordo vai estabelecer uma taxa mínima de imposto sobre as empresas de 15% e permitirá que os governos tributem uma parcela maior dos lucros das multinacionais estrangeiras.

(Notícia atualizada às 18h30)

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