Perto de 40% dos fundos europeus foram para empresas pouco produtivas e que não exportam

Estudo conclui que processo de seleção "não foi eficiente". Uma fatia significativa dos apoios do FEDER foi para empresas que não exportam, têm baixa intensidade tecnológica e fraca produtividade.

O fraco crescimento da economia portuguesa suscita com frequência questões sobre a boa aplicação dos fundos. Fernando Alexandre, professor de economia da Universidade do Minho, analisou a atribuição de incentivos do FEDER entre 2007 e 2018, e traz números relevantes para cima da mesa. Se os fundos contribuíram para o reforço do investimento e produtividade, também é verdade que a sua aplicação revela ineficiências.

O estudo “Avaliação dos incentivos financeiros às empresas em Portugal: QREN (2007-2013) e PT2020 (2014-2018)” recorreu a dados da Agência para o Desenvolvimento e Coesão para traçar um perfil das empresas que naqueles 12 anos receberam dinheiro do FEDER e o impacto que o mesmo teve em dimensões como o investimento, o emprego, as exportações ou a produtividade.

O aumento das exportações e a presença das PME nos mercados globais estão entre os principais objetivos dos incentivos. Mas quando se olha para os números, salta à vista que 40% do apoio total do FEDER foi para empresas que só vendem no mercado doméstico, quer no QREN quer no PT2020. O critério usado foi bastante lato, consideram-se como exportadoras as empresas que tenham exportado, pelo menos, mil euros. Ainda assim, o maior bolo foi para as que mais vendem para fora, que receberam 49% dos fundos nos dois quadros de apoio.

Fonte: Estudo “Avaliação dos incentivos financeiros às empresas em Portugal” e Agência para o Desenvolvimento e Coesão

 

Já a aposta no crescimento da produção de bens transacionáveis tem sido correspondida. A indústria transformadora recebeu a maior parte dos incentivos tanto no QREN (69% do total), como no PT2020 (73%). Seguem-se os serviços com 9% e o turismo com 8%. Por outro lado, o perfil tecnológico da maioria dos recetores é médio ou baixo.

“Os incentivos FEDER têm-se concentrado nos setores de baixa e média-baixa tecnologia, que representam cerca de 73% dos incentivos do QREN e do PT2020. As empresas nos setores de alta tecnologia representavam apenas 7% dos incentivos”, conclui o estudo.

Fonte: Estudo “Avaliação dos incentivos financeiros às empresas em Portugal” e Agência para o Desenvolvimento e Coesão

 

Outro dado relevante é a canalização de fundos para empresas que se mantiveram pouco produtivas. No QREN, a percentagem das empresas financiadas pelo FEDER pertencentes ao grupo das 40% empresas menos produtivas foi sempre subindo até chegar aos 30,5% em 2014. Nesse ano, empresas entre as 10% menos produtivas do país receberam 10,7% dos apoios.

No PT2020, embora as 40% mais produtivas tenham correspondido a entre 71,5% e 66% das empresas apoiadas, o extremo oposto, das 40% menos produtivas, pesou sempre mais de 15%, superando o QREN.

Por outro lado, quando analisadas três anos depois de receberem os fundos, uma percentagem significativa das empresas que receberam apoios do Feder durante o QREN tinha passado para níveis de produtividade mais baixos. Em 2014, chegaram a ser 42,6%.

"Os resultados relativos à evolução da produtividade das empresas que receberam incentivos FEDER sugerem que o processo de seleção e a realocação não foi eficiente.”

Fernando Alexandre

Professor de Economia da Universidade do Minho

Dados que levam o autor, que foi secretário de Estado adjunto da ministra da Administração Interna no governo de Passos Coelho, a escrever que os “resultados relativos à evolução da produtividade das empresas que receberam incentivos FEDER sugerem que o processo de seleção e a realocação de FEDER não foi eficiente”.

O estudo lembra que no Acordo de Parceria PT2020, que apresentou a estratégia para a atribuição do FEDER em 2014-2021, as autoridades portuguesas mencionaram a excessiva dispersão dos projetos apoiados como uma fraqueza do quadro financeiro anterior. Em vez de diminuir, cresceu no atual quadro, passando o peso das micro e pequenas empresas de 48% para 57%. Já o peso das grandes encolheu de 29% no QREN para 16% no PT2020.

Fonte: Estudo “Avaliação dos incentivos financeiros às empresas em Portugal” e Agência para o Desenvolvimento e Coesão

 

“Um fator que pode ter contribuído para uma alocação menos eficiente dos incentivos FEDER ao investimento das empresas foi a alocação de um montante crescente de incentivos FEDER a micro e pequenas empresas, uma vez que é mais difícil avaliar os retornos futuros dos investimentos dessas empresas”, aponta o estudo. Outro fator relevante são as dificuldades enfrentadas pela economia portuguesa nestes anos. “A elevada incerteza quanto à crise financeira internacional e a crise da dívida soberana também podem ter dificultado a avaliação das candidaturas aos fundos FEDER e afetado os efeitos dos fundos”.

O autor conclui, ainda assim, que de um modo geral as estimativas apontam para “um efeito positivo e estatisticamente significativo sobre o investimento, o emprego, o valor acrescentado, as exportações e a produtividade” dos fundos FEDER. Já no caso das microempresas, isso apenas se verifica sobre o emprego e as exportações.

Incentivos a fundo perdido mais eficazes

O estudo identifica outras eficiências possíveis. Os resultados sugerem que os incentivos reembolsáveis e os prémios não têm impacto sobre o desempenho das empresas. Já o impacto dos incentivos a fundo perdido sobre o investimento, o emprego, o valor acrescentado, as exportações e a produtividade é positivo e estatisticamente significativo.

O que leva o autor a sugerir que uma combinação de incentivos não reembolsáveis e reembolsáveis pode efetivamente ter um efeito positivo naquelas dimensões. “Esta evidência parece apoiar a opção política da ‘abordagem híbrida’ seguida no PT2020″, conclui.

Os resultados apontam também no sentido de ser mais benéfico alocar vários incentivos à mesma empresa, em vez de atribuírem um único incentivo a muitas empresas. A atribuição de fundos é também mais eficiente nas empresas mais rentáveis e, sobretudo, menos endividadas.

A avaliação incidiu também sobre o impacto que as empresas apoiadas nos concelhos onde estão inseridas. Os resultados não só “apontam para um impacto positivo e estatisticamente significativo do FEDER na produtividade dos municípios”, como “sugerem que houve convergência da produtividade entre os municípios”.

O estudo aponta que um aumento de 10% nos incentivos FEDER ao investimento das empresas leva a um aumento de 0,1% na produtividade do trabalho dos municípios. No longo prazo, o impacto passa a ser de 0,2%.

O olhar dos empresários

“O histórico dos últimos quadros comunitários evidenciam que Portugal desperdiçou literalmente esses fundos, tendo falhado consecutivamente as metas a que se propôs em termos de coesão económica e social, tendo sido ultrapassado por quase todos os países do Leste Europeu, que estavam muito atrás de Portugal quando entraram na Comunidade Europeia”, assinala João Miranda, fundador da Frulact, entretanto vendida aos franceses da Ardian.

João Rafael Koehler, CEO da Elastictek e antigo presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), considera que “Portugal tem usado os fundos de forma razoável”. “Apesar de as majorações (apoios a fundo perdido) privilegiarem o interior, não tem sido possível promover a coesão territorial”. “É necessário que o interior tenha know how, recursos humanos, etc, e isso não se consegue por decreto”, afirma o empresário.

"É fundamental que o Estado dialogue mais com os empresários para melhor perceberem como devem moldar a atribuição destes fundos.”

João Miranda

Olhando para o próximo quadro financeiro, em que Portugal vai receber perto de 30 mil milhões de euros, João Miranda diz que “é fundamental que o Estado dialogue mais com os empresários para melhor perceberem como devem moldar a atribuição destes fundos, colocando-os a eles a construir uma estratégia para o futuro. “Não podemos aceitar que se continue a dar esta responsabilidade a teóricos que não conhecem o terreno e as reais necessidades das empresas portuguesas”.

César Araújo, presidente da Associação Nacional das Industrias de Vestuário e Confecção e administrador da Calvelex, defende a aposta dos fundos nas “empresas terra de ninguém”, que faturam mais de 50 milhões e têm mais de 250 trabalhadores, mas são normalmente preteridas. “São estas empresas que estão preparadas para competir a nível global”, conclui, além de que são elas próprias clientes de muitas PME e microempresas.

"Vai ser difícil que a economia portuguesa consiga absorver e co-investir em face dos altos valores em causa.”

João Rafael Koehler

Presidente da ANJE

“Vai ser difícil que a economia portuguesa consiga absorver e co-investir em face dos altos valores em causa, atendendo a que os apoios serão parcialmente a fundo perdido, como aliás mandam as boas práticas”, afirma João Rafael Koehler. Isso levará a que “a maior parte dos projetos terão que ser promovidos por entidades públicas”. No seu entender, as apostas devem ir para o setor dos bens transacionáveis, na indústria e serviços exportadores.

“Portugal é um país de indústria, e para aproveitar este momento, necessita urgentemente de consolidar, e olhar para o seu parque industrial numa lógica de produtividade, colocando ao seu serviço as novas tecnologias como a Internet das Coisas e a inteligência artificial”, aponta João Miranda.

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Qualidade da execução dos fundos piorou no final do QREN

Nos últimos anos dos fundos do QREN, os apoios foram atribuídos a empresas menos produtivas ou que acabaram por falir, mostra estudo.

Os últimos anos dos quadros de apoios comunitários são habitualmente marcados por uma maior pressão para executar os fundos e não deixar fugir o dinheiro. O estudo “Avaliação do apoio financeiro a empresas em Portugal, QREN e PT2020”, da autoria de Fernando Alexandre, professor de economia da Universidade do Minho, aponta para uma deterioração na qualidade da seleção das candidaturas nos últimos anos do QREN.

Olhando para todas as empresas apoiadas em 2009, 42% permaneciam no mesmo decil de produtividade em 2012, 37% moveram-se para cima e apenas 22% baixaram. Quando se avança para 2014, o último ano do QREN, já só 31,7% melhoraram a sua posição relativa na distribuição de produtividade da economia três anos depois.

Em sentido inverso, as que pioram a sua posição apesar de receberem fundos aumenta. Em 2014 são 42,6%, quase o dobro de 2009. Esta tendência é mais notória nas empresas que receberam apoios a fundo perdido, do que nas que receberam incentivos reembolsáveis, mas existe em ambas.

Fonte: Estudo “Avaliação dos incentivos financeiros às empresas em Portugal” e Agência para o Desenvolvimento e Coesão

 

“O facto do aumento da percentagem de empresas que se mudaram para decis inferiores de produtividade coincidir com o período final do QREN, altura em que as taxas de aprovação foram também mais elevadas, sugere que projetos menos promissores possam ter sido selecionados para receberem incentivos FEDER”, refere o estudo.

Outro dado que aponta neste sentido é o aumento progressivo das empresas que faliram. O número e percentagem de empresas que saíram do mercado três anos após terem recebido incentivos aumentam significativamente entre 2008 e 2014, passando de 1% para 13%. Ou seja, mais de uma em cada dez empresas apoiadas no último ano do QREN não existia três anos depois.

O estudo nota, no entanto, que “a elevada incerteza quanto à crise financeira internacional e a crise da dívida soberana também podem ter dificultado a avaliação das candidaturas aos fundos FEDER e afetado os efeitos dos fundos”.

Ainda assim, “os resultados observados no QREN sugerem que a alocação de incentivos se pode deteriorar na fase final de execução dos Quadros Comunitários. Deve assim procurar-se uma execução mais regular ao longo de todo o período em que vigora o Quadro Comunitário“, recomenda o autor. Este mês foi lançado o último grande concurso do PT2020, no valor de 400 milhões.

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Sabe quem são os dez maiores beneficiários do PT2020? Nenhum é privado

Os 12 maiores beneficiários dos fundos estruturais são todos entidades públicas e só na 13.ª posição surge uma empresa privada: a Bosch Car Multimedia Portugal.

O Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) é o maior beneficiário do atual quadro comunitário de apoio. Com um financiamento total de 1,6 mil milhões de euros, distribuído por 331 projetos, esta é a entidade que mais fundos europeus recebeu até agora do Portugal 2020.

De acordo com o Portal Mais Transparência, os 12 maiores beneficiários dos fundos estruturais são todos entidades públicas e só na 13.ª posição surge uma empresa privada: a Bosch Car Multimedia Portugal que recebeu 96,2 milhões de euros para apoiar oito projetos de investimento. O mais significativo é o Sensible Car que pretende desenvolver sensores inteligentes para a condução autónoma. São 21,1 milhões de euros de financiamento para criar “sensores que permitam uma perceção integral da envolvente, localização precisa e atualizada em tempo real e atuação sem falhas”. A data de conclusão estava prevista para 30 de junho deste ano.

Mas o “campeão” dos fundos é mesmo o IEFP que arrecada 6,2% dos 25,85 mil milhões de euros do PT2020. Projetos como os estágios Iniciativa Emprego Jovem, apoios à contratação para adultos, integração de jovens e adultos no mercado laboral através de estágios profissionais ou aprendizagem ao longo da vida são alguns dos exemplos das iniciativas financiadas por verbas comunitárias desde 2017 nas suas diversas versões.

O segundo lugar do pódio é ocupado pela Direção-Geral do Ensino Superior que recebeu 654 milhões de euros do Portugal 2020 para financiar 41 projetos. Em causa estão bolsas e programas para estudantes do ensino superior, bolsas de ensino superior para alunos carenciados, bolsas de mobilidade, o Programa +Superior, entre outros.

A segunda fase da modernização do troço Ovar-Gaia na linha do Norte é o mais avultado projeto da Infraestruturas de Portugal financiado com verbas do PT2020. Em causa está um apoio de 119 milhões de euros com data de conclusão prevista para o final de dezembro de 2022. Mas a IP já desenvolver 11 projetos com apoios do atual quadro comunitário. Os 599 milhões de euros que já recebeu fazem desta empresa pública a terceira maior beneficiária destes fundos estruturais.

A segunda fase da modernização do troço Nine-Valença Fronteira na Linha do Minho (67,9 milhões), a segunda fase da modernização do troço Castelo Branco/Covilhã/Guarda na Linha da Beira Baixa (60,6 milhões), o MetroBus do Sistema de Mobilidade do Mondego (60 milhões e que só estará concluído no fim de 2023) ou a modernização da linha de Cascais (50 milhões e que também só estará concluído no fim de 2023) são apenas outros exemplos destes 11 projetos que a empresa está a desenvolver com os apoios do PT2020.

Já fora do pódio surge a Fundação para a Ciência e Tecnologia que recebeu 425 milhões de euros para apoiar 48 projetos. Desde programas de doutoramento, bolsas de formação avançada ou programas doutorais, a fundação também apoiou projetos como o Good4U, que faz investigação científica nas áreas das doenças transmissíveis (17 milhões de euros), Cidadesust que, com 11,3 milhões, pretende ajudar a tornar as cidades inclusivas, seguras resilientes e sustentáveis ou ainda o Watersanit que pretende garantir a disponibilidade e a gestão sustentável da água potável e do saneamento e para isso obteve um apoio de 2,4 milhões de euros.

O quinto lugar deste ranking é ocupado pela Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD), uma das entidades que deu origem ao Banco Português de Fomento (BPF) depois de ser fundida na SPGM, em conjunto com a PME Investimentos. A criação da IFD foi feita com financiamento dos Programas Operacionais Regionais do Continente que tinham uma fatia reservada para instrumentos financeiros. No total, a entidade que era gerida por Henrique Cruz — e que vai ser o novo responsável pela Norgarante, tal como o ECO já avançou –, recebeu 375 milhões para 29 projetos. Em causa estão a criação de fundos de capital ou quase capital, mas também de dívida ou garantias ou ainda instrumentos financeiros de apoio ao empreendedorismo qualificado ou à internacionalização de PME.

O ranking prossegue com o Fundo Regional do Emprego, que recebeu um financiamento de 191 milhões de euros; a Secretaria Regional de Equipamentos e Infraestruturas (189 milhões para apoiar 29 projetos); Secretaria-Geral da Educação e Ciência (também com 189 milhões distribuídos por 14 projetos) e o Metro do Porto, que recebeu 137 milhões de euros do Portugal 2020 para expandir a Linha Rosa (Casa da Música – São Bento) e a Linha Amarela (Santo Ovídio – Vila D’Este).

Estas duas obras obtiveram um financiamento de 81,5 milhões e 55,5 milhões de euros, respetivamente. E ambas devem estar concluídas até 31 de dezembro de 2023, a data-limite para a execução dos projetos do atual quadro comunitário, já que Bruxelas deu mais três anos para a conclusão do PT2020 (e não dois como habitualmente) para compensar os atrasos no lançamento do mesmo.

E a fechar o Top10 estão os Portos dos Açores. Até julho de 2023 é necessário concluir a requalificação do porto de Ponta Delgada, na Ilha de São Miguel, que obteve um financiamento de 45,2 milhões de euros, a requalificação das infraestruturas no grupo Ocidental para movimentação de carga e passageiros (16,1 milhões) ou a adaptação do porto das Pipas à operação de ferries na Ilha Terceira (12,7 milhões). Estes são apenas três dos sete projetos que os Portos dos Açores estão a desenvolver e para os quais receberam um financiamento de 107 milhões de euros.

Quais são os hotéis mais caros do país? Quem são as personalidades mais influentes no TikTok? E os gestores mais bem pagos da nossa bolsa? De segunda a sexta-feira, todos os dias há um ranking para ver aqui no ECO.

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5 coisas que vão marcar o dia

O INE atualiza a evolução das exportações nacionais e o Eurostat divulga indicadores demográficos. O Parlamento vota relatório sobre a ida de Ana Paula Vitorino para o regulador dos transportes.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) atualiza a evolução das exportações e o Eurostat divulga indicadores demográficos. O Parlamento vota relatório sobre a ida de Ana Paula Vitorino para o regulador dos transportes. O ministro da Economia visita a fileira da bicicleta. Itália recebe o encontro de alto nível entre os ministros das Finanças do G20 e os bancos centrais.

Como avançam as exportações?

Os dados até abril eram positivos. As exportações de bens cresceram 82,4% em abril face ao mesmo mês de 2020, uma variação explicada por a base ser muito baixa. Porém, continuam também a apresentar um crescimento face a abril de 2019 na casa dos 7%, mostrando um bom dinamismo das empresas portuguesas exportadoras. Como foi em maio?

Parlamento vota relatório sobre ida de Ana Paula Vitorino para regulador

A Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação discute e vota o relatório sobre a “audição de Ana Paula Vitorino, personalidade indigitada para o cargo de presidente do Conselho de Administração da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes”.

Siza Vieira visita fileira da bicicleta

O ministro da Economia, de quem se esperam novidades em breve sobre as medidas para o fim das moratórias, desloca-se a Vouzela para inaugurar e visitar diversos investimentos ligados à fileira da bicicleta. De manhã Siza Vieira tem visita agendada para a empresa Carbon Team (11h30), enquanto da parte da tarde visita a Bike Vantage (16h15).

Veneza recebe encontro financeiro do G20

Com Itália a presidir ao G20, Veneza recebe esta sexta-feira a reunião dos ministros das Finanças das economias mais fortes do mundo e dos governadores de bancos centrais. A reunião é presidida pelo ministro da Economia e Finanças italiano, Daniele Franco, e pelo governador do Banco de Itália, Ignazio Visco. Entre outros, o G20 é constituído pelos EUA, China, União Europeia, Alemanha, Reino Unido e Japão.

Eurostat divulga indicadores demográficos

Além das estatísticas sobre a Demografia da Europa em 2020, o Eurostat divulga a evolução dos óbitos semanais até maio de 2021, numa altura em que a pandemia voltou a ganhar terreno em vários países, sobretudo à boleia da variantes do vírus mais contagiosos.

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Luís Filipe Vieira está convicto “de que não cometeu nenhum crime”

  • Lusa
  • 9 Julho 2021

O advogado do presidente do Benfica disse que Luís Filipe Vieira está convicto "de que não cometeu nenhum crime". Admite "gravidade teórica" dos crimes de que o empresário é acusado.

O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, está convicto de que está inocente no processo “Cartão Vermelho”, em que está indiciado de vários crimes, garantiu o advogado Magalhães e Silva.

“A convicção dele é de que está inocente, de que não cometeu nenhum crime”, assumiu o advogado, à saída do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), onde os arguidos foram identificados pelo juiz de instrução.

O empresário e presidente do Benfica Luís Filipe Vieira foi um dos quatro detidos na quarta-feira numa investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros, com prejuízos para o Estado e algumas sociedades, em que estão indiciados de “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”.

Magalhães e Silva admitiu que a prisão preventiva pode estar em equação e que “a gravidade teórica” dos crimes existe.

Na quarta-feira, o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) disse estarem em causa factos suscetíveis de configurar “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais”.

Para esta investigação foram cumpridos 44 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária em Lisboa, Torres Vedras e Braga. Um dos locais onde decorreram buscas foi a SAD do Benfica que, em comunicado, adiantou que não foi constituída arguida.

No mesmo processo foram também detidos Tiago Vieira, filho do presidente do Benfica, o agente de futebol Bruno Macedo e o empresário José António dos Santos, conhecido como o “Rei dos frangos”.

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Detenção de Vieira cria ruído na emissão do Benfica

SAD terá de acrescentar adenda ao prospeto para clarificar situação do presidente. Medidas de coação devem ser conhecidas hoje. Investidores têm até dia 16 para revogar ordens.

A notícia da detenção do presidente do Benfica chegou na semana em que arrancou a emissão de 35 milhões de euros de obrigações pela SAD. Um facto que obrigará o clube a prestar informação adicional aos investidores e pode mexer com o seu apetite pela operação. As ordens podem ser revogadas até dia 16 de julho.

Os emitentes, neste caso a SAD do clube da Luz, têm sempre que elencar os riscos que os investidores enfrentam. E, neste caso, já lá figuram os casos na justiça, que têm sido frequentes nos últimos anos. No prospeto, o Benfica avisa que “qualquer processo de natureza judicial, arbitral ou administrativa pendente ou que venha a ser instaurado no futuro contra o Emitente, tendo em consideração, nomeadamente, aspetos tais como a respetiva relevância e duração, poderá ter impactos na reputação e imagem do emitente e implicar consequências adversas a vários níveis no desenvolvimento das suas atividades.”

A detenção de Luís Filipe Vieira esta quarta-feira, por suspeitas de burla qualificada, abuso de confiança agravada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada, é uma materialização do risco referido no prospeto, introduzindo uma incerteza sobre a liderança futura do clube.

A relevância do facto obrigou, de resto, a que a SAD emitisse, ainda na quarta-feira ao final do dia, um comunicado de informação privilegiada a dar conta de que iria ser feita uma adenda ao prospeto da emissão, cujo período de subscrição termina a 23 de julho. Uma adenda que só deverá ser introduzida quando existir maior clareza sobre a situação em que ficará Luís Filipe Vieira, nomeadamente as medidas de coação e o número de crimes de que será acusado.

Os investidores, que já deram ordem de compra, têm até às 15h00 de sexta-feira da próxima semana, dia 16, para anulá-la se assim o entenderem. As cenas dos próximos capítulos podem ser determinantes.

Menor apetite dos investidores?

As emissões de obrigações dos clubes são habitualmente concorridas, com as ordens a superarem o montante da oferta, permitindo ao emitente aumentar o valor global. Foi o que aconteceu na operação anterior, em julho de 2020, quando o Benfica aumentou o montante de 35 para 50 milhões. Desta vez, as notícias dos últimos dias podem mexer com o apetite dos aforradores, já que veem criar ruído sobre a gestão futura do clube. Na bolsa, os títulos da SAD recuaram ontem 5,5%, na maior queda desde março de 2020, e mais 0,7% na quinta-feira.

Pelas declarações do CEO do Benfica em entrevista à TVI24/ECO, a intenção da SAD seria, também desta vez, incrementar a oferta, já que considera que os 35 milhões seriam o valor inicial. “Nós vamos tentar avançar com este empréstimo obrigacionista no início da próxima semana, ainda há pequenos pormenores a acertar, mas o valor inicial de oferta é de 35 milhões de euros e terá uma taxa de juro de 4%”, disse Domingos Soares de Oliveira. A possibilidade de aumentar o montante pode ser exercida até dia 13.

"Nós vamos tentar avançar com este empréstimo obrigacionista no início da próxima semana, ainda há pequenos pormenores a acertar, mas o valor inicial de oferta é de 35 milhões de euros e terá uma taxa de juro de 4%.”

Domingos Soares de Oliviera

CEO do Benfica

A operação é importante para a SAD, já que tem de reembolsar, no dia 16 de julho, 19,98 milhões de uma emissão de 2018, que em dezembro de 2019 tinha sido alvo de uma amortização antecipada de 25,02 milhões. A liquidez conseguida pode ser relevante também para o período de transferências de jogadores, permitindo ter dinheiro em caixa entre pagamentos e recebimentos.

A possibilidade de Luís Filipe Vieira ser destituído já era levantada no documento, a propósito da ação movida por Jorge Mattamouros para a anulação da última assembleia geral que elegeu os novos órgãos sociais, com consequente perda de mandato e convocação de novo ato eleitoral. Para já, a SAD não dá qualquer indicação sobre mudanças na liderança, mas sublinha que nem ela própria, nem o clube, são arguidos neste processo.

As relações entre Vieira e José António dos Santos, da Valouro, também estão no prospeto, no capítulo referente aos conflitos de interesse. O presidente do Benfica é sócio numa empresa com a filha do “rei dos frango” e o seu filho é sócio de José António dos Santos noutra sociedade. O mesmo capítulo descreve também como a dívida de Vieira ao Novo Banco acabou comprada por José António dos Santos, também detido na operação judicial levada a cabo na quarta-feira.

Os outros arguidos são o filho de Luís Filipe Vieira, Tiago Vieira, e o empresário Bruno Macedo.

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Vieira vendeu Imosteps ao “Rei dos frangos” por 1 euro e libertou-se de dívida de 54 milhões

Por um euro o presidente do Benfica libertou os avales pessoais e da mulher que tinha dado para uma dívida de 54 milhões de euros da Imosteps, comprada pelo Rei dos frangos a um fundo internacional.

Luís Filipe Vieira vendeu as ações da Imosteps ao amigo e empresário José António dos Santos por um euro no final do ano passado. Esta operação permitiu ao presidente do Benfica libertar os avales pessoais e da sua mulher, Vanda Vieira, que tinham sido dados sobre a dívida de 54 milhões de euros que aquela sociedade chegou a ter no Novo Banco.

A Imosteps, uma promotora imobiliária com ativos no Brasil, incluindo cemitérios, será um dos fios da investigação que levou à detenção do presidente do Benfica e do chamado “Rei dos frangos”, entre outros, na passada quarta-feira.

Em 2012, Luís Filipe Vieira assumiu a Imosteps a pedido do ex-presidente do BES Ricardo Salgado, ficando responsável por uma dívida de 54 milhões de euros que passou depois para Novo Banco e sobre a qual havia dado avales pessoais e da sua mulher, conforme explicou há dois meses na audição no Parlamento no âmbito da comissão de inquérito ao Novo Banco.

Aos deputados, o presidente do Benfica chegou mesmo a dizer que não pode ouvir falar da Imosteps. É um tema que lhe provoca “calafrios”. Confessou ainda o seu arrependimento por ter entrado neste negócio pois responsabilizou-se por uma dívida que não foi ele que criou. “Nunca devia ter feito aquilo que fiz”.

Em agosto do ano passado, esta dívida de 54 milhões de euros (já em incumprimento) foi comprada por José António dos Santos a um fundo internacional – a Davidson Kempner, que havia adquirido o crédito ao Novo Banco três meses antes na carteira Nata II — por oito milhões através do fundo Portugal Restructuring Fund, FCR, gerido pela Iberis Semper, do “Rei dos frangos”, depois de ter sido incentivado por Vieira para fazer o negócio. Mas a operação não ficou por aqui.

O presidente do Benfica pretendia mesmo livrar-se das suas responsabilidades e da mulher em relação àquela dívida. E em dezembro do ano passado vendeu as ações que tinha na Imosteps ao fundo da Iberis Semper, “no pressuposto que os respetivos ativos se encontravam livres de ónus ou encargos e por um euro, um preço que teve em atenção a circunstância do financiamento se encontrar em incumprimento, tendo, em contrapartida, a Portugal Restructuring Fund, FCR, aceite libertar os avales supra mencionados”, segundo se lê no prospeto do empréstimo obrigacionista que a SAD do Benfica tem em curso, e num ponto em se escrutina as relações e eventuais conflitos de interesse entre o presidente encarnado e aquele que é o maior acionista individual da SAD.

Após esta alienação, o Portugal Restructuring Fund, no qual o acionista José António do Santos tinha uma participação relevante, tornou-se titular da totalidade do ativo e passivo da Imosteps, sendo que Vieira ficou desonerado de qualquer responsabilidade associada à sociedade.

Segundo um relatório interno do Banco de Portugal, a Imosteps era detida a 90% por Luís Filipe Vieira, enquanto os restantes 10% estavam nas mãos do filho Tiago Vieira (5%) e de Almerindo Duarte (5%). O principal ativo da Imosteps era uma participação de 50% na sociedade brasileira OATA SGPS, com negócios de imobiliário e de cemitérios. A OATA era também detida por Almerindo Duarte (25%), Novo Banco (12,5%) e BCP (12,5%). A posição do Novo Banco foi obtida via dação da Construtora do Tâmega.

Fundo abutre faz três milhões em três meses

É conhecida a estratégia dos fundos abutres que compram o malparado à banca: adquirem os créditos com descontos elevados para depois fazerem mais-valias rapidamente. No caso da Davidson Kempner, não foi preciso esperar muito tempo para ganhar dinheiro com a Imosteps.

Este fundo adquiriu o crédito por cinco milhões ao Novo Banco em maio do ano passado, quando comprou a carteira de malparado Nata II. Rapidamente foi bater à porta de Luís Filipe Vieira e em agosto já tinha revendido a dívida por oito milhões ao Rei dos Frangos, num negócio que rendeu uma mais-valia de três milhões em… três meses.

Foi o presidente do Benfica a recomendar este negócio a José António dos Santos, como revelou no Parlamento em maio. “Apareceu aquele fundo americano a falar com o José Gouveia [diretor financeiro da Promovalor], que me contou o que se estava a passar. Quando [o fundo] fez a oferta de oito milhões, eu disse ao Zé [António dos Santos] que estava aqui um bom negócio e disse-lhe que só queria as garantias para este lado. Queria libertar os avales”, afirmou Luís Filipe Vieira.

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Justiça acredita que Bruno Macedo era o testa de ferro de Luís Filipe Vieira

  • Lusa
  • 8 Julho 2021

De acordo com o despacho do MP, Bruno Macedo é descrito como testa de ferro de Luís Filipe Vieira. Em causa abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento.

O Ministério Público (MP) acredita que o empresário de futebol Bruno Macedo participou num esquema fraudulento, com vista a beneficiar o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, em prejuízo do clube lisboeta e do Estado português, entre outros.

De acordo com o despacho do MP, Bruno Macedo é descrito como testa de ferro de Luís Filipe Vieira, que foi detido no âmbito de uma investigação a negócios e financiamentos suscetíveis de configurar “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”.

“Apurou-se ainda que, nos anos de 2015 e 2016, a SL Benfica SAD realizou pagamentos diretos à Master International FZE no montante global de 2.636.362,62 euros, sendo que tais ganhos foram mobilizados, na sequência do acordado entre Luís Filipe Vieira e Bruno Macedo, para, pelo menos em parte, virem a beneficiar as sociedades do Grupo de Luís Filipe Vieira”, acusa o MP.

De forma a “ocultar a origem dos fundos nas contas da Master”, indica o despacho, os suspeitos acordaram utilizar outra estrutura societária, constituída na Tunísia, “forjando a existência de faturação emitida por esta à Master, de forma a justificar a circulação de fundos”.

A investigação do MP apurou ainda que a Master International FZE, utilizada por Bruno Macedo para recebimento de ganhos obtidos com a intermediação de futebolistas, serviu para “parquear uma mais-valia” gerada com a transferência dos paraguaios Derlis González e Cláudio Correa.

“A qual se estima no montante de 1.280.000 euros, valor que deveria ter sido refletido como um ganho nas contas da SL Benfica SAD, e no seu beneficiário final como rendimento em IRS, o que não aconteceu”, sustenta o despacho de pronúncia.

Bruno Macedo e Luís Filipe Vieira são duas das quatro pessoas detidas na quarta-feira, suspeitos de estarem envolvidos em “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”.

Em causa estão “factos ocorridos, essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente” e suscetíveis de configurem “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”.

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Ministério Público pede prisão preventiva para Vieira

  • ECO
  • 8 Julho 2021

O despacho do MP propõe ainda que Luís Filipe Vieira deixe de exercer funções como presidente do Benfica.

O despacho de indiciação do Ministério Público (MP), a que a TVI teve acesso, indica que o procurador Rosário Teixeira não te dúvidas do perigo de fuga de Luís Filipe Vieira e pede por isso prisão preventiva para o presidente da SAD do Benfica, detido esta quarta-feira. Para fundamentar esta medida de coação, o MP assinala as frequentes deslocações do presidente do Benfica para fora do país e a fortuna que terá no estrangeiro.

O Ministério Público defende que, atendendo à dimensão dos factos que se indicia terem sido praticados, entende que sejam impostas medidas de coação diferentes da simples sujeição a TIR [Termo de Identidade e Residência] — a mais leve de todas as previstas nas leis penais — defendendo mesmo a aplicação da medida de prisão preventiva. Manuel Magalhães e Silva, advogado de Vieira, confirma essa pretensão do MP.

O despacho defende ainda que Luís Filipe Vieira, mesmo que não seja detido, deixe de exercer funções como presidente do Benfica, enquanto decorrer o processo, dados os perigos de continuação da atividade criminosa e de perturbação do inquérito. Cabe agora a Carlos Alexandre, o juiz de instrução, validar ou não a proposta de Rosário Teixeira.

No processo estão a ser investigados, pela Autoridade Tributária, crimes de burla qualificada, abuso de confiança agravada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada, que já resultou na detenção de Luís Filipe Vieira, o empresário José António dos Santos, o filho Tiago Vieira e Bruno Macedo. Serão todos ouvidos pelo juiz Carlos Alexandre, em princípio, esta sexta-feira.

 

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Ageas e BPI VeP as mais ativas dos fundos de pensões no 1º trimestre

  • ECO Seguros
  • 8 Julho 2021

Montantes sob gestão de seguradoras e sociedades gestoras cresceram 12% face a março de 2020, as contribuições encolheram perto de 20% e as pensões pagas avançaram quase 7% no conjunto do mercado.

As contribuições para fundos de pensões recuaram perto de 20% em termos homólogos face ao primeiro trimestre de 2020, com o incremento nas empresas de seguros a mostrar-se insuficiente para compensar a quebra observada entre as sociedades gestoras, indicam estatísticas da ASF até março deste ano.

Entre as seguradoras que gerem fundos de pensões, a BPI VeP teve o trimestre mais auspicioso em termos de contribuições, sendo também a que mais desembolsou em pagamentos. No segmento específico das Sociedades Gestoras de fundos de pensões e reforma (SGFP), a entidade do grupo Ageas continua líder em montantes geridos e volume de pensões pagas.

Os montantes geridos cresceram acima de 12% no agregado dos segmentos (SGFP – Sociedades Gestoras de Fundos de Pensões e Empresas de Seguros), totalizando cerca de 23,36 mil milhões de euros no final de março, sendo que deste total, 19,32 mil milhões representavam a carteira de 10 sociedades gestoras e pouco mais de 4 mil milhões de euros estavam sob gestão de nove seguradoras, indicam os dados disponíveis no novo canal de estatísticas da Autoridade de Supervisão (ASF).

Embora com menor peso no índice de montantes geridos, a SGF, entidade que tem como acionistas de referência sindicatos da banca e da aviação civil, foi a que mais cresceu (+24,7% face a março de 2019), enquanto a SGFP do grupo Ageas confirma a carteira mais volumosa do setor, gerindo 6,42 mil milhões de euros (+15,1% acima de período em 2020).

Fonte: ASF. Tratamento de dados: ECOseguros.

Confortavelmente primeira entre as seguradoras no que respeita a montantes geridos está a BPI Vida e Pensões (BPI VeP). A companhia controlada pela catalã VidaCaixa destacou-se no crescimento das contribuições dos associados (+465% face a março de 2020), reunindo 90% do investimento recolhido por nove seguradoras que gerem fundos de pensões, explicando a subida superior a 300% no valor captado em conjunto pelas companhias que constam do índice.

Segunda na variação percentual, embora menos representativa na coleta, a Real Vida apresenta aumento de quase 124% nas contribuições, mantendo-se a segunda em valor de coleta nos produtos de pensões e reforma.

Entre as sociedades gestoras, a GNB SGFP destacou-se nas contribuições recolhidas, mas o destaque em termos relativos pertenceu à SGF, com variação homóloga de 70% até aos 2,26 milhões de euros no trimestre considerado.

Fonte: ASF. Tratamento de dados: ECOseguros.

 

Por tipo de fundos, a quebra nas contribuições foi generalizada, rondando 19% na variação acumulada (1T 2021/1T 2020), com recuo de 21,6% nos fundos de pensões fechados, -13,6% nos fundos abertos e menos 9,1% nos PPR (Planos Poupança Reforma).

Quanto ao montante de pensões pagas no período entre janeiro e março (+6,8% face a igual trimestre do ano passado), Ageas SGFP, CGD Pensões e GNB SGFP, pela mesma ordem de importância no segmento das SG, desembolsaram juntas 141,42 milhões de euros, correspondendo a cerca de 75% dos pagamentos das sociedades gestoras aos associados e beneficiários dos fundos de pensões e reforma.

Entre as empresas de seguros, BPI VeP, Real Vida e CA Vida, pagaram juntas 27,5 milhões de euros, ou 95% do desembolso total das seguradoras no trimestre, período em que a Zurich Vida mais do que duplicou montantes pagos (+123%, para 50 mil euros) e a Victoria Vida, com o declínio mais acentuado (-74,5% face a março 2020), registou saída de 67 mil euros.

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Lloyds Banking multado em mais de 100 milhões no seguro habitação

  • ECO Seguros
  • 8 Julho 2021

Seguradoras do grupo bancário falharam durante anos, a cada renovação do seguro, com a obrigação de prestar informação clara para clientes e de cumprirem condições contidas em milhões de apólices.

A divisão de seguros do Lloyds Banking Group foi multada pelo regulador financeiro em montante equivalente a 105,3 milhões de euros por manter informação enganosa em milhões de renovações de seguro habitação, durante um período compreendido entre janeiro de 2009 e novembro de 2017.

Segundo decisão divulgada pela Financial Conduct Authority (FCA), entidade de supervisão prudencial e comportamental do Reino Unido, a multa de 90,69 milhões de libras esterlinas implica as sociedades Lloyds Bank General Insurance Limited, St Andrew’s Insurance Plc, Lloyds Bank Insurance Services Limited e Halifax General Insurance Services Limited. Estas entidades (todas do grupo Lloyds Banking e identificadas no processo pela sigla LBGI) falharam, em cada renovação do seguro, com a obrigação de serem claros, de tornar a linguagem compreensível ao consumidor comum e de cumprir com informação constante documentação fornecida aos titulares de cerca de nove milhões de apólices de habitação (coberturas de imóvel e recheio).

No final do período indicado no processo sancionatório (novembro 2017), o grupo Lloyds Banking contava 18 milhões apólices de habitação em carteira. Posicionando-se como o segundo maior operador de seguro casa no Reino Unido (com 12,3% de quota de mercado), o montante total de prémios habitação recolhido entre os seus clientes ascendeu, em 2017, a cerca de 713 milhões de libras, documenta a FCA.

De acordo com relatório divulgado em setembro de 2020 pela mesma Autoridade, após uma investigação a práticas de preços de seguros, a FCA comprovou que os prémios de seguro aumentavam todos os anos no momento da renovação (um exercício comum em que as seguradoras procuram recuperar eventuais perdas incorridas durante a vigência do contrato). Em resultado, os segurados mais fiéis acabaram por pagar significativamente mais do que os clientes que, iniciando novos contratos, tiveram descontos que são típicos na dinâmica concorrencial do mercado.

Citado num comunicado do Supervisor, Mark Steward, responsável executivo com o pelouro da fiscalização na FCA, afirma: “As companhias devem assegurar que as suas comunicações com os clientes são claras, justas e não enganosas. A LBGI não assegurou que fosse esse o caso. Milhões de clientes acabaram por receber cartas de renovação afirmando que pagavam um preço competitivo que, afinal, não estava fundamentado e apresentava o risco de prejudicar seriamente os consumidores“.

Desperdiçando diversas oportunidades para retificar a comunicação escrita e emendar o comportamento face aos clientes, a LBGI informou aproximadamente meio milhão de clientes sobre um hipotético desconto baseado na sua ‘fidelidade’, mas também falhou nas benesses. A linguagem enganosa sobre tais descontos foi identificada e apenas retificada pelas seguradoras do grupo no decurso da investigação da FCA.

Dado que o LBGI acordou colaborar no processo conduzido pela Autoridade britânica beneficiou de um desconto de 30% na coima final que lhe foi aplicada. Sem esta atenuante prevista nos regulamentos sancionatórios da FCA, o grupo bancário teria sido multado em 129,55 milhões de libras.

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Wall Street pintado de vermelho pela variante Delta

Wall Street caiu quase 1% na sessão desta quinta-feira, acompanhando as perdas registadas nas bolsas europeias. A preocupação com a variante Delta dominou o sentimento dos investidores.

Os principais índices norte-americanos fecharam em terreno negativo esta quinta-feira, recuando de máximos históricos que têm alcançado consecutivamente, num dia em que as incertezas sobre a recuperação económica nos Estados Unidos afetaram o sentimento dos investidores. Em causa está a propagação da variante Delta, apesar dos esforços da vacinação.

O Dow Jones desvalorizou 0,75% para os 34.421,93 pontos, o Nasdaq cedeu 0,72% para os 14.559,79 pontos e o S&P 500 perdeu 0,86% para os 4.320,82 pontos. “Nós estamos efetivamente em recordes máximos, portanto não daria muita importância à ação dos mercados de hoje“, desvaloriza Oliver Pursche, analista da Wealthspire Advisors, à Reuters.

Esta quarta-feira, o presidente da Fed de Atlanta, Raphael Bostic, alertou que um aumento na variante “altamente infecciosa” (Delta) poderia colocar em causa a retoma económica nos EUA. Já esta quinta-feira Mathias Cormann, o novo secretário-geral da OCDE, alertou que novos surtos provocados pela variante Delta são um risco significativo para a recuperação da economia mundial, pedindo aos Estados para vacinarem o mais possível. “Novos surtos continuam a ser um dos maiores riscos descendentes em termos de uma recuperação económica sustentada“, disse Cormann à CNBC.

Os investidores acabaram por vender ativos de maior risco, como é o caso das ações, e refugiaram-se mais em ativos de menor risco, como é o caso da dívida norte-americana. A yield (taxa de juro) das obrigações dos EUA a 10 anos baixou pela oitava sessão consecutiva.

Entre as cotadas de Wall Street, o setor dos transportes foi um dos mais afetados por este ligeiro “sell-off” em Wall Street na sessão desta quinta-feira, assim como o setor financeiro. De notar que os grandes bancos norte-americanos vão arrancar na próxima semana a época de resultados relativa ao segundo trimestre, sendo que os analistas esperam um aumento dos lucros de 65%.

Outro dos fatores que influenciou negativamente a negociação bolsista foi o aumento dos pedidos de desemprego nos Estados Unidos. Esta subida, conhecida esta quinta-feira, é inesperada e é acompanhada por uma desaceleração do crescimento do emprego em território norte-americano.

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