Público, Lusa e Global Media apertam segurança após ciberataque à SIC/Expresso
Os media portugueses estão a tomar novas medidas para garantir a cibersegurança, depois do ataque informático que derrubou os sites do grupo Impresa.
O ciberataque à Impresa está a preocupar muitos gestores, mas é no setor de media que o nervosismo é mais pronunciado. Vários meios de comunicação social portugueses adotaram medidas de reforço da cibersegurança depois de o ataque ter derrubado, entre outros, os sites e arquivos digitais da SIC Notícias e do Expresso, apurou o ECO junto de fontes do setor.
Um dos meios que tomou essas medidas foi o Público, que há quase três décadas que põe notícias na internet. Depois de saber do ataque, o departamento tecnológico fez circular um email internamente a solicitar a alteração de passwords e a recomendar boas práticas de cibersegurança que devem ser seguidas pelos funcionários.
“Já todos devem saber o que se passou com os sites do Expresso e da SIC. Muito provavelmente, os hackers estarão na posse de dados de acesso aos respetivos sites. Uma vez que muitos de vós poderão ter-se registado ao longo dos tempos nesses sites, e na eventualidade de se terem registado com mails e passwords idênticos aos que usam no Público (…), devem com a maior brevidade possível fazer a alteração das respetivas passwords“, lê-se num email a que o ECO teve acesso.
No entanto, a equipa tecnológica avisa também que isso, “à partida, não deveria existir”, pois “as passwords usadas no âmbito do trabalho não deveriam ser reutilizadas em mais lado nenhum”. Face a isso, é recomendado, entre outras coisas, que os funcionários se conectem sempre via VPN (Virtual Private Network), que é uma espécie de rede segura e encriptada entre o utilizador e o servidor do jornal.
Outra fonte familiarizada com o assunto disse ao ECO que o Público tem cópias de segurança do arquivo digital e outras medidas estão a ser planeadas para implementação mais gradual, visto exigirem outro tipo de ações e investimento. Contactada, Cristina Vicente Soares, administradora do jornal, não respondeu até ao fecho deste artigo.
Na Lusa, a agência noticiosa está a mudar de prestador de serviços de VPN, trocando a Cisco pela Check Point, uma empresa especializada em cibersegurança. Contudo, a alteração já estaria a ser planeada antes do ciberataque à Impresa, disse fonte conhecedora do assunto.
Já depois da publicação desta notícia, o ECO teve acesso a um email enviado pelo presidente do Conselho de Administração da agência aos trabalhadores, onde Joaquim Carreira refere que a Lusa “irá reforçar e acelerar” as medidas de cibersegurança. “Como é do conhecimento público, a Impresa foi alvo de um ataque informático que bloqueou sites da empresa, destruindo muito do trabalho que os jornalistas efetuaram. Este ataque teve implicações graves não só do ponto de vista do negócio, mas principalmente como um atentado à liberdade de expressão.”
“Na era digital estamos todos conectados, interligados e neste período pandémico estes ataques têm vindo a ser cada vez mais frequentes. Nunca poderemos dizer que só acontecem aos outros”, remata Joaquim Carreira na mesma mensagem, onde reconhece ainda que as alterações nas políticas de cibersegurança vão requerer “algum esforço” dos trabalhadores.
No Global Media Group (GMG), que publica títulos de referência nacionais como Diário de Notícias, Jornal de Notícias e TSF, assim como o suplemento económico Dinheiro Vivo e o desportivo O Jogo, a vigilância do ponto de vista de cibersegurança também foi apertada. Fonte familiarizada com o assunto revelou que a empresa de media está a elaborar um “plano de segurança e de avaliação” transversal às várias propriedades do grupo, existindo cópias de segurança das bases de dados.
Outros grupos de comunicação social também estão a planear medidas de cibersegurança mais reforçadas. É o caso da RTP, que, apesar de não falar sobre o assunto nesta fase, está atenta e a estudar medidas que garantam a proteção da sua atividade contra eventuais ataques informáticos, apurou o ECO. A Media Capital também estará a desenhar novas medidas de cibersegurança, mas fonte oficial não fez comentários até ao fecho desta notícia.
Mais de uma semana depois do ataque, os meios digitais do grupo Impresa continuam a ser publicados em sites provisórios, não se conhecendo mais detalhes sobre a investigação que está a ser conduzida pela Polícia Judiciária.
(Notícia atualizada a 14 de janeiro, às 21h37, com mais informação)
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