65% dos gestores antecipam regresso a modelo de trabalho pré-pandemia
Ao mesmo tempo que os gestores preveem um regresso a modelos pré-Covid, admitem uma redução do espaço dos escritórios. Há ainda dúvidas sobre o funcionamento dos modelos híbridos no futuro.
As notícias da morte do escritório poderão ser manifestamente exageradas. Mais de metade dos gestores sénior do setor das infraestruturas antecipa um regresso aos padrões de permanência no escritório que vigoravam na maioria das empresas antes de 2020. Ao mesmo tempo, 59% dos gestores afirma que a sua organização está a reduzir o espaço de escritório, fruto da pandemia. Cerca de dois anos depois a viver sob a nuvem da Covid-19 ainda não é claro para as lideranças a forma como os modelos híbridos poderão funcionar a longo prazo, e num cenário pós-pandemia, revela um estudo da Siemens.
“Cerca de 59% dos proprietários e ocupantes de edifícios afirmam que, com a pandemia, a sua organização está, de alguma forma, a reduzir as suas necessidades de espaço de escritório. Não obstante, os edifícios continuarão a ter um papel central no comércio e na indústria após a pandemia, tanto em termos físicos como figurativos”, revela a Siemens, no recente estudo “A New Space Race”.
O regresso ao “antigo” normal pode ser mais provável do que o esperado: dois terços (65%) dos proprietários e ocupantes de edifícios inquiridos afirmam que, terminada a pandemia, os colaboradores da sua organização retomarão os padrões de permanência em escritórios/instalações existentes antes de 2020.
“Ouvimos muitas conversas nos últimos 18 meses sobre a morte do escritório, mas o feedback que estamos a receber dos nossos clientes é que o escritório continuará a ser o centro do ecossistema do trabalho”, diz Jeremy Kelly, research director da JLL, citado no estudo da Siemens.
Mas há o outro lado da moeda. A crise sanitária fez também com que as pessoas mudassem, e muitos trabalhadores não pretendem abrir mão da flexibilidade laboral que experimentaram desde o início da pandemia.
“Há mudanças bastante fundamentais nas ideias das pessoas em torno do trabalho e do local a partir do qual querem trabalhar, bem como em torno do equilíbrio entre trabalho e vida e do que significa ter uma boa vida”, comenta Kerstin Sailer, professora de sociology of architecture na Bartlett School of Architecture, da University College London, e cofundadora da Brainybirdz.
Modelos híbridos? “Há muita opinião, mas poucos dados”
Embora muitos gestores acreditem mesmo que os modelos de trabalho híbrido oferecerão o melhor equilíbrio para o futuro do trabalho, defendem também que levará algum tempo a encontrar as soluções mais eficazes para dar resposta às necessidades das diversas indústrias, empresas e culturas. Quase dois anos a viver em contexto de pandemia, ainda não é claro para as lideranças a forma como estes modelos poderiam funcionar ou quão eficazes seriam nas várias indústrias, empresas e culturas.
“Todos falam sobre o escritório híbrido. Há muita opinião, mas poucos dados. Como resultado, há muitos mitos em torno do quanto precisamos de regressar ao escritório, e em torno do que é possível ou não ser remoto”, continua Kerstin Sailer.
A docente acredita que as empresas devem utilizar uma abordagem de tentativa e erro, em vez de pensarem que podem otimizar imediatamente um novo modelo de trabalho. “Neste momento, é difícil acertar porque temos muito pouca experiência.”
74% diz que reorganização de escritório atrai talento
Com várias empresas pelo mundo a fazerem uma reorganização do escritório, em que se faz pleno uso da tecnologia e se tenta criar um espaço híbrido, que responda às necessidades de todo o tipo de trabalhadores, Jeremy Kelly e Kerstin Sailer consideram que é provável que a rápida otimização de novos espaços e modelos traga a vantagens significativas para as organizações a outros níveis.
Mas até que ponto até que ponto e que tipo de benefícios pode trazer a reorganização dos escritórios? A atração de talento de topo é a principal vantagem, referida por 74% dos gestores inquiridos pela Siemens, sendo que 42% deles acreditam mesmo que redefinir o espaço de trabalho tem um forte e significativo impacto na atração de talento de topo, seguindo-se o bem-estar dos colaboradores (38%) e na produtividade (37%).
Já no que toca à redução do absentismo e à retenção do melhor talento, ainda que sejam também considerados aspetos impactados positivamente, os líderes não são tão otimistas. Defendem que a reorganização dos espaços de trabalho terá um impacto mais moderado nestes temas.
“Os arquitetos têm de pensar na saúde e no bem-estar dos colaboradores. Veremos o escritório do futuro muito mais centrado na colaboração do que antes. É sobre conectividade, é sobre engagement, é sobre socialização…”, comenta o research director da JLL.
Digitalizar edifícios
Independentemente dos modelos em que as companhias decidam operar, digitalizar os edifícios terá de ser uma prioridade. “Os edifícios precisam de ser mais digitalizados para suportarem maior capacidade de resposta, melhores sistemas de monitorização e de gestão de saúde, assim como maior flexibilidade para lidar com confinamentos e outros fenómenos disruptivos”, considera a tecnológica.
Entre os proprietários e ocupantes de edifícios inquiridos considerou-se mesmo que a adaptabilidade futura é o atributo mais importante — e também o mais difícil de concretizar — na conceção de novos edifícios ou instalações.
“No futuro, os edifícios serão muito mais digitais. Um gestor de infraestruturas será capaz de automatizar e controlar remotamente um maior número de funcionalidades”, afirma Matthias Rebellius, CEO da Siemens Smart Infrastructure Rebellius.
O estudo “A New Space Race” foi feito com base nas entrevistas realizadas em dez países a mais de 500 gestores seniores de diversas áreas relacionais com infraestruturas.
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