Protestos anti-restrições Covid alastram do Canadá à Europa e Nova Zelândia
Intitulado "comboio da liberdade", os protestos contra a vacinação obrigatória e outras restrições Covid têm vindo a ganhar força. Começaram no Canadá, mas estão a alastrar-se para outros países.
O movimento começou em Otava, no Canadá, onde milhares de camionistas exigiram o fim da exigência do certificado de vacinação Covid. Intitulado “comboio da liberdade”, os protestos têm vindo a ganhar força, causando problemas políticos, económicos e até de ordem pública, e estão já está a alastrar-se a outros países como a Austrália, Nova Zelândia, França e Bélgica.
No final de janeiro, a exigência de apresentação de certificado de vacinação imposta pelo Canadá e pelos Estados Unidos para os camionistas, levou os trabalhares transfronteiriços a convocarem um conjunto de protestos contra a medida. Contudo, o movimento, apelidado de “Freedom Convoy” (“comboio da liberdade”) rapidamente se transformou num movimento contra as medidas sanitárias decretadas para controlar a pandemia, nomeadamente o uso de máscara ou outras restrições.
Estes protestos têm impedido a passagem de camiões entre a fronteira do Canadá e dos Estados Unidos, afetando o trânsito e o comércio local, tendo já se espalhado para outras grandes cidades canadianas durante o fim de semana. O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, tem-se recusado a encontrar-se com os organizadores do movimento e mudou-se para fora da capital do país, para um local não revelado, quando o “comboio da liberdade” chegou, segundo a Reuters.
Nos últimos dias, dezenas de camiões e manifestantes continuam a paralisar o centro da capital do Canadá, tendo o presidente da câmara de Otava declarado o estado de emergência, justificando que a situação estava “fora de controlo”, escreve a Reuters. Não obstante, na terça-feira, também a Ambassador Bridge, que liga o Canadá aos EUA e é uma das principais vias de acesso a Detroit, foi também ocupada por manifestantes. Estes bloqueios podem ter um forte impacto para a economia de ambos os países ao interromper a indústria automóvel, as exportações agrícolas e causando perdas de milhões de dólares.
“Se houver bloqueios prolongados nos principais pontos de entrada no Canadá, isso poderá começar a ter um impacto mensurável na atividade económica canadiana, e já temos uma cadeia de abastecimentos global tensa, não precisamos disso”, alertou o governador do Banco do Canadá. Em declarações ao The Guardian, o presidente do grupo da indústria automobilística Global Automakers of Canada revelou que entre 5.000 e 7.000 camiões utilizam a Ambassador Bridge diariamente para entregarem peças automóveis.
“É uma passagem de fronteira fundamental”, afirmou David Adams, acrescentando esta passagem é responsável por 27% de todo o comércio entre Canadá-EUA. Além disso, as entidades empresariais alertam que os fabricantes da região correm o risco de perder 50 milhões de dólares por dia devido aos atrasos nas encomendas.
Mas, o “comboio da liberdade” já se está a tornar um fenómeno além-fronteiras. Na Nova Zelândia, na terça-feira centenas de pessoas bloquearam as ruas junto ao Parlamento neozelandês na capital Wellington, com camiões e caravanas. Os protestos são semelhantes aos do Canadá, sendo que grande parte dos manifestantes estavam mascarados e seguravam cartazes pedindo “liberdade” e prometendo terminar a manifestação apenas quando as restrições Covid fossem levantadas.
A primeira-ministra da Nova Zelândia prefere desvalorizar os protestos. “Acho que seria errado caracterizar de alguma forma o que vimos lá fora como uma representação da maioria”, disse Jacinda Ardern, em conferência de imprensa citada pela Reuters. A polícia já realizou mais de 100 detenções na sequência de desacatos entre as autoridades e os manifestantes, adianta a NBC News.
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O cenário é semelhante em Camberra, capital da Austrália, onde os manifestantes também se reúnem à porta do Parlamento, envergando cartazes com a palavra “Liberdade”, sendo que se esperam que os protestos durem mais do que uma semana, de acordo com o The Washington Post. Em face destes protestos, vários legisladores já vieram alertar para o risco de violência, dado que já tinham existido manifestações anteriores contra a exigência de certificado de vacinação.
Certo é que o movimento já chegou à Europa, estando a ser convocada uma manifestação para este fim de semana em Paris, França, que partirá depois para Bruxelas. O protesto está a ser organizado através de grupos de Facebook e da rede social Telegram, sendo que os manifestantes deverão vir de todas as partes do país, desde Nice a Estrasburgo, convergindo em Paris. As autoridades francesas já vieram proibir o protesto, alegando “riscos de perturbação da ordem pública” e anunciando a criação de um “dispositivo específico (…) para impedir o bloqueio de estradas e para interpelar os infratores” e a imposição de sanções aos transgressores, disse o procurador-geral de Paris esta quinta-feira, citado pela Lusa.
Na Bélgica, também as autoridades tomaram medidas semelhantes, proibindo a manifestação convocada para segunda-feira. O autarca da capital belga, Philippe Close, justificou, no Twitter, a decisão com o facto de não ter sido pedida nenhuma autorização para a realização do protesto. Além disso, o autarca adiantou ainda que serão “proibidas manifestações com veículos motorizados”.
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