Banca portuguesa sem exposição à dívida russa
Se a instabilidade a leste pode preocupar os banqueiros portugueses, não é pela exposição à dívida russa. Os bancos nacionais não têm títulos russos. Itália, França e Áustria mais expostos à Rússia.
A União Europeia e os EUA avançaram com um pacote de sanções contra a Rússia depois de Vladimir Putin ter declarado a independência das regiões ucranianas de Donetsk e Lugansk. Entre outras medidas, cortaram o acesso ao mercado de dívida. Em reação, os juros das obrigações russas dispararam para mais de 10%. Se a situação de instabilidade pode preocupar os banqueiros portugueses, não será pela exposição à dívida russa. Os bancos nacionais não detêm títulos russos. Já os bancos italianos, francês e austríacos são os mais expostos.
Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP e Santander Totta indicaram ao ECO que não têm qualquer exposição à dívida russa. No banco público não há dívida nem da Rússia nem da Ucrânia. “A nossa exposição é inteiramente doméstica”, respondeu por seu turno o banco de Pedro Castro e Almeida.
O banco liderado por Miguel Maya foi quem mais detalhou a composição da sua carteira de dívida pública no valor de 17,6 mil milhões de euros no final de setembro, na grande maioria portuguesa (8,1 mil milhões de euros) e polaca (quatro mil milhões). Também detinha dívida espanhola (1,6 mil milhões), italiana (1,1 milhões), francesa (mil milhões), belga (500 milhões), irlandesa (500 milhões), moçambicana (500 milhões) norte-americana (200 milhões).
O BPI e Novobanco não responderam até à publicação do artigo. Ainda assim, de acordo com as contas de 2021, a instituição liderada por João Pedro Oliveira e Costa tem uma carteira de 4,9 mil milhões de euros em títulos portugueses (49%), espanhóis (28%), italianos (15%) e americanos (9%).
Já o Novobanco tinha uma carteira de dívida pública de 6,8 mil milhões, dos quais 3,3 mil milhões eram títulos portugueses e 3,5 mil milhões eram títulos de outros países, nomeadamente da Zona Euro e EUA.
Itália, França e Áustria mais expostos
Depois de anunciada aquela que se acredita ser a primeira ronda de sanções, os investidores não hesitaram e penalizaram as obrigações russas, com a taxa dez anos a disparar para 10,85%, o valor mais elevado desde 2015, refletindo uma maior perceção de risco do mercado em relação à dívida russa.
Os bancos estão avisados que poderão ser aplicadas mais medidas, incluindo um bloqueio do acesso dos bancos russos ao sistema de pagamento internacional Swift, que já foi aplicado ao Irão no passado. No contexto de incerteza, o Banco Central Europeu (BCE) já tinha avisado as instituições financeiras sobre o risco de pesadas sanções à Rússia, e pediu-lhes para se preparem para o pior cenário de uma invasão.
Quem está mais exposto? Os bancos italianos, franceses e austríacos são os mais expostos à Rússia: os bancos italianos e franceses têm exposições a entidades russas no valor de cerca de 25 mil milhões de dólares cada um, enquanto os austríacos têm 17,5 mil milhões, de acordo com os dados do Banco de Compensações Internacionais. Já a exposição dos bancos americanos ascende a 14,7 mil milhões.
Um research do JPMorgan mostrou que Société Générale tem a maior exposição entre os bancos europeus no valor de 2,6 mil milhões de euros, com o banco francês a afirmar à Reuters que está a monitorizar os desenvolvimentos no leste europeu e considerava-se otimista em relação aos seus negócios na Rússia – isto ainda antes das notícias desta semana.
Isto compara com as exposições de 1,9 mil milhões do austríaco Raiffeisen e de 1,4 mil milhões do italiano UniCredit.
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