Bolsa de Moscovo continua fechada. Subsidiárias do Sberbank na UE vendidas ou liquidadas
Banco da Rússia decidiu manter bolsas russas fechadas para evitar queda, pelo terceiro dia consecutivo, e o principal banco russo viu-se obrigado a cessar operações no mercado europeu.
O Banco da Rússia informou esta quarta-feira que vai manter a bolsa de valores de Moscovo fechada pelo terceiro dia consecutivo. Já o maior banco russo, o Sberbank, anunciou que vai abandonar o mercado europeu, depois de a autoridade de resolução ter decidido a venda das subsidiárias na Croácia e Eslovénia, enquanto a austríaca vai para a insolvência.
O banco russo anunciou a saída do mercado europeu, depois de ter sido atingido pelas sanções financeiras massivas internacionais. “Na situação atual, o Sberbank decidiu retirar-se do mercado europeu. Os bancos subsidiários do grupo são confrontados com saídas de dinheiro anormais e ameaças à segurança dos empregados e escritórios”, disse o grupo, num comunicado citado pela imprensa russa.
Esta terça-feira, o Conselho Único de Resolução aplicou medidas de resolução às subsidiárias croata e eslovena do Sberbank, transferindo todas as ações das duas instituições para o Hrvatska Poštanska Banka e Nova ljubljanska banka, respetivamente — medida semelhante à que havia sido aplicada ao banco Popular, por exemplo. “Os dois bancos vão abrir esta quarta-feira, 2 de março, como normalmente sem qualquer disrupção para os depositantes ou clientes. Eles fazem agora parte de grupos bancários bem estabelecidos, robustos e estáveis”, frisou a autoridade de resolução.
Em relação ao parente austríaco, não foi adotada qualquer decisão de resolução, pelo que a instituição vai entrar em processo de insolvência de acordo com a lei nacional. “Os depósitos elegíveis até 100 mil euros estão protegidos pelo sistema de garantia de depósitos austríaco”, explicou o Conselho Único de Resolução.
“Tudo isto foi feito sem ter de usar fundos públicos, então não só os clientes do Sberbank estão protegidos, como também os contribuintes”, assinalou a presidente do Conselho Único de Resolução, Elke König.
O banco central russo disse, em comunicado, que decidiu não retomar a negociação de títulos na bolsa de valores de Moscovo, adiantando que iria rever a decisão na quinta-feira, pelas 6h00. A bolsa de valores de Moscovo está fechada desde segunda-feira, depois de a UE, os Estados Unidos, o Canadá e outros parceiros terem excluído alguns bancos russos do sistema de comunicação interbancária internacional SWIFT, um golpe sem precedentes para isolar o país do sistema financeiro global.
O rublo registou então uma queda abrupta. Ao fechar a bolsa russa nos últimos três dias, a Rússia tem tentado evitar uma queda maior do que a que o índice MOEX sofreu, com o mercado de ações a cair então 45% e as principais ações a perderem mais de 58%. O Banco da Rússia espera que as medidas tomadas para estabilizar o mercado tranquilizem os investidores russos.
Entre outras medidas, decidiu permitir aos bancos atingidos por sanções a utilização da reserva de capital acumulado para continuarem a funcionar e aumentou as taxas de juro para 20%, enquanto o Governo decidiu utilizar até um bilião de rublos (8,9 mil milhões de euros) ao Fundo Nacional de Bem-Estar – alimentado pelas receitas petrolíferas e uma espécie de ‘almofada’ para usar em tempos de crise – a ser utilizado na compra de ações de empresas russas.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e mais de 660 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a “operação militar especial” na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.
(Notícia atualizada às 9h50)
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