“Não estamos a receber a totalidade do gás natural contratado”, afirma CEO da Galp
O CEO da Galp Energia prevê que o fornecimento de gás natural à Península Ibérica continue sob pressão e a empresa está a tentar encontrar alternativas. Produção em Moçambique pode arrancar em junho.
“Não estamos a receber totalidade dos volumes de gás natural contratados”, afirmou o CEO da Galp, Andy Brown, durante a conferência telefónica com analistas para apresentar os resultados do primeiro trimestre. O responsável antecipa que as limitações no abastecimento vão “manter-se nos próximos trimestres”.
“Ainda que não tenhamos tido um grande impacto no primeiro trimestre, continuamos a ter de lidar com constrangimentos persistentes no fornecimento de gás natural e gás natural liquefeito (GNL)”, afirmou o presidente executivo da petrolífera portuguesa.
O presidente executivo da petrolífera adiantou que a própria empresa está a tomar medidas para baixar o consumo de gás natural que usa na refinação e a “procurar ativamente alternativas” de fornecimento, nomeadamente nos EUA. A Galp vai começar a receber GNL da norte-americana Venture Global no próximo ano.
Os volumes de fornecimento e trading de gás natural e gás natural liquefeito desceram 19% no primeiro trimestre face ao mesmo período do ano passado para 14,8 TWh, “limitados pelas condições no mercado europeu e ibérico de gás”, informou a Galp no relatório de apresentação das contas.
A Galp deixou de importar gasóleo de vácuo da Rússia, que é usado para a produção de diesel. Andy Brown referiu que a empresa poderá deixar de conseguir exportar, mas “o fornecimento ao mercado português não está em risco”. Por ora, a empresa está a conseguir fornecimentos alternativos na Europa e Médio Oriente.
Gás Natural de Moçambique nos próximos meses
A exploração de petróleo e gás foi um dos temas que dominou a conversa com os analistas. O administrador executivo responsável pela Produção e Operações adiantou que a produção de gás natural liquefeito na bacia do Rovuma, no norte de Moçambique, deverá arrancar em junho, com as primeiras entregas a acontecerem durante o segundo semestre. Thore E. Kristiansen garantiu que o projeto, onde a Galp tem uma participação de 10%, “está a avançar antes do calendário previsto e abaixo do orçamento previsto”. Disse ainda que as condições de segurança estão a melhorar na região, depois dos ataques dos rebeldes do ISIS-Moçambique na região de Cabo Delgado em 2020 e 2021.
A Galp arrancou com o primeiro poço exploratório no bloco 6 em São Tomé e Príncipe a 25 de abril. Thore E. Kristiansen sublinhou que há muita incerteza sobre as reservas de petróleo existente e uma “elevada probabilidade de falhar”, mas se correr bem o potencial pode ser elevado.
Na Namíbia, onde a Galp é o operador (participação de 80%) do bloco PEL 83, as prospeções realizadas em áreas vizinhas abrem a perspetiva de um potencial de produção de petróleo mais elevado e a petrolífera está a recalcular os seus números.
Sobre a notícia de que a Galp está a avaliar a venda das operações em Angola, o CEO preferiu não fazer qualquer comentário. “Quando tivermos notícias falaremos. Neste momento não temos nada a dizer”.
Limites no preço do gás não põem em causa rentabilidade
Andy Brown abordou o acordo ibérico com a Comissão Europeia para limitar a 50 euros/MWh o preço do gás natural usado no cálculo do custo da energia elétrica. O CEO da Galp estima que quando o teto estiver em vigor o preço da eletricidade vai estar limitado a um intervalo entre os 110 e os 130 MWh e embora isso signifique uma receita menor nas renováveis, não põe em causa a rentabilidade dos projetos.
“Teremos resultados um pouco mais baixos nas renováveis, mas são ainda assim duas a três vezes mais elevados do que assumimos nos projetos”, afirmou Andy Brown. O responsável salientou, no entanto, que o limite no preço da eletricidade ajudará os consumidores que são clientes da empresa.
A Galp divulgou esta terça-feira um crescimento de 496% dos lucros no primeiro trimestre, para 155 milhões de euros, impulsionado sobretudo pela produção de petróleo, que beneficiou com a subida do preço da matéria-prima. Os números ficaram, no entanto, abaixo da média das estimativas dos analistas e a ação chegou a cair 5,8% durante esta manhã.
O EBITDA ajustado aumentou 74% para 869 milhões de euros, devido “ao forte desempenho no upstream, apoiado pelo aumento dos preços do petróleo, e desempenho da refinação, na sequência do ambiente internacional favorável”.
Apesar dos preços elevados do petróleo, a Galp manteve a projeção de um EBITDA de 2,7 mil milhões de euros em 2022, um cash-flow operacional de dois mil milhões e um investimento líquido de 100 mil milhões.
(Notícia atualizada às 13h30)
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