Setor português de telecomunicações é “passível de futuras consolidações”, diz Vodafone Portugal
Fonte oficial da operadora liderada por Mário Vaz diz que o número de empresas com licenças 5G em Portugal é "exagerado". Por isso, não descarta operações de consolidação em Portugal.
A era da rede móvel 5G em Portugal vai contar com os players do costume, mas duas novas empresas vão vender serviços aos clientes: a Nowo e a Digi (além da Meo, Nos e Vodafone). Neste contexto, têm havido conversações nos bastidores que podem originar operações de fusão e aquisição. E, numa declaração enviada ao ECO, fonte oficial da Vodafone deixa claro que o mercado português é “passível de futuras consolidações”.
“A Covid-19 e os esforços de investimento a que o setor está sujeito tornam inevitável a sua consolidação na Europa, onde há grande dispersão de operadores, ao contrário do que acontece nos EUA. O CEO do Grupo Vodafone, Nick Read, mencionou Portugal como um dos países onde o número de players no mercado resultante do leilão 5G se tornou exagerado e, por isso, passível de futuras consolidações”, respondeu a empresa a um conjunto de questões enviadas pelo ECO.
Mas Nick Read não disse apenas isso. Este mês, durante a conferência telefónica com analistas, o gestor garantiu que a Vodafone está em “conversações ativas” em “todos” os mercados que tinham sido mencionados anteriormente, como Espanha, Reino Unido, Itália e Portugal. Concretamente no país vizinho, essa consolidação já começou, com a Orange e a MásMóvil a anunciarem a fusão de ambas as empresas nesse mercado.
Não é claro com que empresas é que a Vodafone pode estar a estudar uma hipotética consolidação, mas a imprensa espanhola noticiou recentemente que a MásMóvil, que detém a Nowo em Portugal, estará à procura de uma saída do mercado português, depois de o leilão de frequências ter aberto a porta não a um, mas a dois “novos entrantes”, fragmentando o mercado.
É de recordar também que que, no ano passado, o fundador da Altice, Patrick Drahi, mandatou a butique de investimento Lazard para procurar possíveis compradores para o negócio em Portugal, onde se inclui a Meo. Mas nenhuma operação foi adiante, com as agências internacionais a garantirem que os valores das ofertas não corresponderam às expectativas do magnata.
“Centenas de milhar” com telemóveis 5G
Meo, Nos e Vodafone aceleraram o desenvolvimento das respetivas redes de quinta geração no início deste ano, depois do demorado leilão de licenças que ocupou grande parte de 2021. Mas a evolução do mercado está dependente de os potenciais clientes mudarem para telemóveis com esse tipo de conectividade.
O ECO questionou as três operadoras para aferir uma estimativa de quantos portugueses já terão equipamentos “preparados para 5G”. As empresas, que alargaram até 15 de setembro a disponibilização gratuita do 5G a todos os clientes interessados, não quiseram avançar números concretos, mas deixaram algumas pistas.
No caso da Meo, fonte oficial da Altice Portugal respondeu que “o número de clientes com terminais [telemóveis] 5G situa-se na ordem das centenas de milhar”. No caso da Vodafone, a empresa diz estimar que, “entre os clientes da Vodafone, a percentagem atual de dispositivos aptos para a rede 5G é de 10%.
Ora, contando que a empresa reportou ter cerca de 4,58 milhões de clientes do serviço móvel, o número de clientes móveis da Vodafone com equipamentos 5G poderá rondar os 457,8 mil.
No caso da Nos, a operadora enviou uma resposta à pergunta do ECO. Mas não avançou qualquer detalhe sobre a estimativa do número de clientes com 5G.
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