Família de ex-Presidente de Angola confirma quadro clínico “crítico” e pede privacidade
Família de José Eduardo dos Santos pede respeito pela privacidade do antigo Presidente angolano, que se mantém com um quadro clínico "crítico e delicado" num hospital em Barcelona.
A família de José Eduardo dos Santos pediu respeito pela sua privacidade num momento em que se mantém “crítico e delicado” o quadro clínico do antigo chefe de Estado angolano.
“A família do engenheiro José Eduardo dos Santos, que agradece todas as mensagens de carinho, apoio e as orações que tem recebido, solicita que, neste momento tão difícil, seja respeitada a sua privacidade”, refere um comunicado enviado à agência Lusa em nome da família.
Os filhos agradecem “o reconhecimento, o alto grau de estima, o interesse expressado pela sua saúde e bem-estar, bem como a importância histórica que muitos angolanos e africanos reconhecem ao engenheiro José Eduardo dos Santos (ex-presidente da República de Angola)”, mas referem que o momento é sensível.
“No dia 23 de junho de 2022, em Barcelona (Espanha), o engenheiro José Eduardo dos Santos sofreu uma paragem cardiorrespiratória” e, “após ter sido socorrido por uma equipa médica, foi encaminhado para um hospital naquela cidade, tendo sido internado na unidade de cuidados intensivos”, explicam os filhos.
A equipa médica que “acompanha o engenheiro José Eduardo dos Santos continua a monitorizar o seu estado de saúde e as complicações neurológicas que resultaram da paragem cardiorrespiratória”, tendo vindo “a realizar exames adicionais, sendo crítico e delicado o seu quadro clínico”, refere o comunicado.
A “família continua a acompanhar, em permanência, toda a evolução do estado de saúde do engenheiro José Eduardo dos Santos, juntamente com a equipa médica” e agradece todas as mensagens de carinho, apoio e as orações que tem recebido”.
Contudo, “solicita que, neste momento tão difícil, seja respeitada a sua privacidade”, pode ler-se no comunicado, que foi distribuído um dia depois de o ministro das Relações Exteriores de Angola, Téte António, ter visitado a unidade de saúde, em Barcelona.
Na ocasião, Téte António afastou a possibilidade de o Governo decidir sobre o tratamento médico do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos, vincando que “a decisão é geralmente da família”.
Questionado pelos jornalistas sobre se a presença junto à clínica onde José Eduardo dos Santos está internado significa que o Governo dará orientações aos médicos para desligarem as máquinas, o governante respondeu: “Não, quando se chega a circunstâncias destas, a decisão é geralmente da família, além de que nós somos africanos e temos uma cultura que não condiz com esse tipo de hipóteses”.
A situação clínica de José Eduardo dos Santos tem motivado acusações públicas de uma das filhas do antigo Presidente, Tchizé dos Santos, ao governo de Angola. A ex-deputada anunciou ter contratado uma advogada espanhola para impedir que se desliguem as máquinas que servem de suporte de vida a José Eduardo dos Santos e afastar Ana Paula dos Santos, atual mulher.
Fonte próxima da família confirmou à Lusa que Tchizé dos Santos contratou a advogada para “travar Ana Paula dos Santos”, mulher do antigo presidente angolano, de quem tem três filhos.
A ex-primeira dama, que se reaproximou recentemente de José Eduardo dos Santos após alguns anos de afastamento, entrou em rota de colisão com os filhos mais velhos, nomeadamente Tchizé dos Santos, que já disse publicamente que Ana Paula dos Santos “abandonou o marido” e tem contribuído para acelerar a morte do pai.
José Eduardo dos Santos, 79 anos, é pai de oito filhos com cinco mulheres e esteve à frente dos destinos de Angola durante 38 anos.
Eduardo dos Santos governou Angola entre 1979 e 2017, tendo sido um dos presidentes a ocupar por mais tempo o poder no mundo e era regularmente acusado por organizações internacionais de corrupção e nepotismo.
Em 2017, renunciou a recandidatar-se e o atual Presidente, João Lourenço, sucedeu-lhe no cargo, tendo sido eleito também pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que governa no país desde a independência de Portugal, em 1975.
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