Fed aumenta juros em 75 pontos. É a quarta subida este ano
A Reserva Federal dos EUA sobe os juros pela quarta vez desde o início do ano, sendo o segundo aumento de 75 pontos base. Powell admite que inflação está "pior do que o esperado".
Pela quarta vez este ano, o comité de política monetária da Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) anunciou um aumento das taxas de juro, agora de 75 pontos base, tal como na reunião anterior. A subida desta quarta-feira, que havia sido antecipada por Jerome Powell, coloca as taxas de referência no intervalo entre 2,25% e 2,50%, estando ainda previstos mais dois aumentos até ao final do ano para fazer face à inflação, que em junho atingiu 9,1%.
Em comunicado, a Fed justifica a decisão unânime de subir os juros em três quartos de um ponto percentual com o facto de a inflação permanecer elevada, “refletindo os desequilíbrios da oferta e da procura relacionados com a pandemia, os preços mais elevados dos alimentos e da energia e as pressões mais amplas sobre os preços”.
Avisando que continua “muito atento” aos riscos da inflação, o comité sublinha que, apesar dos dados de emprego “robustos” registados nos últimos meses, a par com uma “baixa” taxa de desemprego, “os indicadores recentes de despesas e produção abrandaram”, o que significa que a sua política monetária agressiva está a dar resultados.
Nesse sentido, face ao objetivo de atingir os 2% de pleno emprego e de taxa de inflação a longo prazo, a Fed decidiu aumentar o intervalo da taxa de referência para 2,25%-2,50%, prevendo que os aumentos contínuos do intervalo “serão apropriados”.
“Além disso, o comité continuará a reduzir as suas participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos garantidos por hipotecas de agências, tal como descrito nos planos de redução do balanço da Reserva Federal que foram emitidos em maio”, lê-se ainda no documento.
A taxa de referência está agora ao nível que a maioria dos funcionários da Reserva Federal considera ter um impacto económico neutro, pondo fim aos esforços que perduraram na pandemia para encorajar os gastos das famílias e das empresas.
O ciclo de subida dos juros teve início em março, com um aumento de 25 pontos base, enquanto a segunda subida ocorreu passados dois meses, em maio, em 50 pontos base. Na reunião de política monetária anterior, que decorreu nos dias 14 e 15 de junho, o banco central norte-americano realizou a terceira subida das taxas de juro, aumentando-as em 75 pontos base. Desde o início do ano, a Fed aumentou os juros num total de 225 pontos base.
Powell admite que inflação está “pior do que o esperado”
Em conferência de imprensa, Jerome Powell assumiu que a inflação tem permanecido em níveis “dececionantes”. Depois de o indicador da inflação a 12 meses ter atingido 9,1% em junho, o presidente da Fed afirmou que o mais recente relatório “foi pior do que o esperado”.
“Os meus colegas e eu estamos perfeitamente conscientes de que uma inflação elevada impõe dificuldades significativas, especialmente aos menos capazes de fazer face aos custos mais elevados de bens essenciais como alimentação, habitação e transporte”, disse.
Evasivo, tal como a Secretária do Tesouro dos EUA, sobre se economia norte-americana está em recessão, Powell acredita que, neste momento, o país não está em recessão. O crescimento do emprego e a trajetória dos salários não são consistentes com uma recessão, apontou, durante a conferência de imprensa, antes de ressalvar que ninguém pode garantir uma aterragem suave da economia.
O banqueiro apontou, ainda, que não hesitará num passo maior “se necessário”. “Embora outro aumento invulgarmente grande das taxas de juro possa ser apropriado na próxima reunião, esta é uma decisão que dependerá dos dados que obtivermos de agora até então”, ressalvou, acrescentando que “provavelmente será apropriado abrandar o ritmo dos aumentos” à medida que avaliam a forma como as taxas estão a afetar a economia e a inflação.
Os analistas esperam agora que o banco central dos Estados Unidos aumente as taxas de juro em pelo menos meio ponto percentual na próxima reunião do comité de política monetária, agendada para setembro.
(Notícia atualizada pela última vez às 20h14)
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