Há sete anos que as famílias não estavam tão pessimistas sobre a sua situação financeira
Em julho, a perceção dos portugueses sobre a situação financeira do agregado familiar nos últimos 12 meses atingiu os -27,5, segundo o inquérito do INE. Está em mínimos de julho de 2014.
A confiança dos consumidores melhorou em julho, contudo, os portugueses estão cada vez mais pessimistas sobre a sua situação financeira. Com a inflação a acelerar, é preciso recuar até julho de 2014 para encontrar um valor mais baixo relativamente à perceção sobre a situação do agregado familiar nos últimos 12 meses.
Seja enquanto empresários, seja enquanto consumidores, os portugueses estão mais confiantes. No que toca especificamente aos consumidores, este indicador é medido tendo por base a avaliação relativa a quatro componentes: a situação económica do país nos próximos 12 meses, a realização de compras importantes nos próximos 12 meses, a perceção sobre a situação financeira do agregado familiar nos últimos 12 meses, bem como a perceção sobre a situação financeira do agregado familiar nos próximos 12 meses.
E são sobretudo “as opiniões e as expectativas relativas à situação financeira do agregado familiar” que estão a contribuir negativamente para o indicador de confiança dos consumidores, segundo o último inquérito de conjuntura às empresas e aos consumidores, divulgado na quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Em julho, a perceção dos portugueses sobre a situação financeira do agregado familiar nos últimos 12 meses atingiu os -27,5, estando este valor a aumentar desde maio deste ano, isto é, o segundo mês completo desde o início da guerra na Ucrânia. É preciso recuar até julho de 2014 para encontrar um valor mais baixo, quando atingiu os -28, de acordo com os dados desagregados mensalmente pelo INE.
Quanto à perceção dos portugueses sobre a situação financeira do agregado familiar nos próximos 12 meses, “diminuiu nos últimos dois meses”, tendo atingido os -19,3 em julho e após os “aumentos registados em abril e maio e da segunda maior diminuição da série registada em março”, nota ainda o INE. Nesse mês, tinha atingido os -21,4.
Estes dados revelam, por isso, que os portugueses estão cada vez mais pessimistas sobre a sua situação económica, numa altura em que a taxa de inflação está em máximos de 1992. A escalada dos preços, levou o Governo a prorrogar o apoio de 60 euros destinado a apoiar as famílias carenciadas na compra de bens alimentares –, que tal como o ECO noticiou já começou a ser pago aos beneficiários da tarifa social de energia sendo que os restantes beneficiários de prestações mínimas sociais receberão a segunda tranche em agosto –, numa altura em que há cada vez mais portugueses a recorrer a instituições, como o Banco Alimentar.
A conjuntura económica tem também penalizado o mercado imobiliário, com os preços das casas a dispararem, num contexto de subida dos juros. Também as rendas não escapam a esta tendência, e como podem ser atualizadas anualmente com base na inflação, esta situação poderá ditar aumentos de até 5% para os inquilinos no próximo ano. O PS já está a preparar medidas de apoio, enquanto o Bloco de Esquerda defende uma atualização das rendas de acordo com a inflação de 2021. Mas, ao ECO, as associações de proprietários afirmam que há “bom senso” e que a maioria dos senhorios não vai aumentar as rendas com base no coeficiente de atualização.
Quanto às outras duas componentes que ajudam a medir a confiança dos consumidores — a perceção sobre a situação económica do país, bem como a realização de compras importantes nos próximos 12 meses — estas contribuíram positivamente para a evolução observada neste indicador.
No que toca à perceção sobre a situação económica do país nos próximos 12 meses, esta atingiu os -49,1 em julho, contra os -50,2 registados em junho. Já no que respeita à realização de compras importantes nos próximos 12 meses, esta atingiu os -28,4 em julho, contra os -37,6 em junho.
Apesar da escalada da inflação — cujos dados provisórios relativos a julho serão conhecidos esta sexta-feira –, tanto os consumidores como os empresários antecipam uma descida generalizada dos preços nos próximos meses em Portugal, após terem sido registados máximos em junho na construção e obras públicas. Não obstante, o indicador de poupança dos consumidores dos próximos 12 meses aumentou em julho, face ao mês anterior.
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