Preços do gás sobem mais do que eletricidade e combustíveis

  • ECO
  • 12 Setembro 2022

Produtos energéticos e alimentares são os que mais pesam no IPC. Gás natural com variação de 35,5% entre fevereiro e agosto, mas é a componente que menos pesa no grupo de produtos energéticos.

Desde abril que a evolução dos preços do gás natural supera os da eletricidade, gasóleo e gasolina. Em agosto, a taxa de inflação desacelerou para 8,9%, uma revisão em baixa que corrige a estimativa inicial de uma inflação nos 9%, avançada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), graças à redução da contribuição dos transportes e da habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis.

O INE destaca as “contribuições negativas dos sub-subgrupos dos combustíveis, com maior intensidade no gasóleo do que na gasolina“, mas uma análise detalhada aos vários elementos que a compõem permite perceber que a evolução dos preços nem sempre tem o mesmo perfil. Por exemplo, os preços da gasolina registaram uma quebra de 9,03% em agosto face ao mês anterior e os do gasóleo uma descida de 7,69%.

Quando a análise é feita tendo em conta a evolução dos preços desde o início da guerra na Ucrânia a 24 de fevereiro é possível observar “aumentos significativos de preços em grande parte dos produtos”. E o gás natural é um dos componentes do grupo de produtos energéticos que mais subiu: 35,5%, um desempenho que “reflete o impacto significativo da guerra na Ucrânia”. No entanto, o peso deste elemento no cálculo do Índice de Preços no Consumidor é menor face ao dos restantes componentes do agregado de produtos energéticos. O ponderador do gás natural é de 0,5%, enquanto o dos outros componentes é de 7,7%.

A eletricidade é o indicador que mais pesa na classe dos produtos energéticos – e do próprio índice em geral (é o segundo mais relevante) – e sofreu um agravamento de 28% face a fevereiro. Isto porque, o preço da eletricidade também tem em conta o preço do gás natural. No caso de Portugal esse peso até acabou por ser superior ao habitual, uma vez que devido à seca não foi possível contar com uma percentagem idêntica à de anos anteriores de energia gerada pelas barragens, que em muitos casos estavam dedicadas exclusivamente ao abastecimento das populações.

Perante este efeito de contágio, o Governo português em conjunto com o espanhol criaram uma limitação do preço do gás para efeitos de produção de energia elétrica, após Bruxelas dar luz verde à medida, que começou a produzir efeitos no mercado de eletricidade a 15 de junho.

Fonte: INE

Em segundo lugar, a penalizar o grupo dos produtos energéticos, estão os combustíveis e lubrificantes para equipamento para transporte pessoal, com aumentos de 5,4% face ao início da guerra. No entanto, o INE destaca que este indicador apresenta um valor “substancialmente inferior” aos 14,6% registados no mês anterior.

Este subgrupo dos combustíveis e lubrificantes é influenciado maioritariamente pela variação dos preços do gasóleo e da gasolina, que aumentaram 8,2% e 1,2%, respetivamente desde o início da guerra. Tanto a gasolina como o gasóleo têm beneficiado de uma redução nos dois últimos meses face ao pico atingido em junho, fruto da evolução do Brent no Mar do Norte que tem registado quebras significativas face aos receios de uma recessão que possa ditar uma redução drástica da procura por combustíveis.

O próprio gás natural apesar de liderar na variação dos preços energéticos desde fevereiro também está em queda, após os máximos de 39,2% registados em maio e junho, quando começaram os cortes no fornecimento de gás através do Nord Stream 1 provocados pela falta de material decorrente das sanções impostas contra a Rússia.

Recorde-se que o Governo decidiu permitir às famílias regressarem à tarifa regulada de gás para tentar mitigar os impactos destes aumentos. A medida destina-se apenas aos consumidores com consumos anuais de gás inferiores ou iguais a 10.000 m3, mas o Governo espera apoiar 1,3 milhões de famílias e pequenos negócios, atualmente no mercado liberalizado. Para as empresas de consumos intensivos de gás está em estudo um apoio que poderá chegar aos dois milhões de euros e abranger 50 empresas, mas também um apoio de 500 mil euros por empresa no âmbito do programa “Apoiar Indústrias Intensivas em Gás”, que tem uma dotação de 160 milhões de euros.

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