BFA revê em baixa crescimento económico de Angola em 2022 e 2023
Banco Fomento Angola baixa estimativas de crescimento do PIB para 2022, que ficará acima de 4%, e também para o próximo ano. No segundo trimestre, o setor dos diamantes cresceu acima de 40%.
O gabinete de estudos do Banco Fomento Angola (BFA) vai rever em baixa a previsão de crescimento de Angola este ano, para um valor que ficará acima de 4%, estimando ainda um abrandamento em 2023 para entre 2% e 3%.
“Estamos a rever a nossa perspetiva de crescimento do PIB em ligeira baixa, esperando, ainda assim, uma subida seguramente acima dos 4%”, disse à Lusa o economista-chefe do banco, José Miguel Cerdeira, no seguimento da nota de análise sobre a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre.
Em maio, o BFA previa que o PIB de Angola crescesse entre 5,2% e 5,7% este ano, o que seria o ritmo de crescimento mais elevado desde 2012, quando a economia angolana cresceu 8,5%. Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que este país lusófono africano cresça 2,9% este ano, em linha com a previsão oficial do Governo, que ronda os 3%.
O PIB de Angola cresceu 3,6% no segundo trimestre em relação ao período homólogo de 2021, e acelerou 0,5% face ao crescimento registado no primeiro trimestre deste ano, de acordo com os dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística angolano, os quais registam um crescimento acumulado de 3,2% no primeiro semestre deste ano.
Face aos números do mesmo período do ano passado, o setor diamantífero representou, no segundo trimestre, a indústria com maior crescimento, progredindo mais de 40%, segundo a nota divulgada em Luanda no princípio do mês.
“A economia como um todo está a acelerar, mas com tendências diferentes no setor petrolífero e não petrolífero”, comentam os analistas do BFA, vincando que “a economia petrolífera que cresceu pela segunda vez desde 2016, resultado de nova produção em vários blocos, provavelmente vai manter-se no ritmo dos dois últimos trimestres, no conjunto do semestre, podendo acelerar pontualmente no terceiro trimestre, mas compensando com menor crescimento no último trimestre do ano”.
A economia não petrolífera, acrescenta-se na nota do BFA, “deverá acelerar, sobretudo do lado do consumo privado, para valores perto dos observados na primeira metade de 2021, o que fará com que o PIB cresça acima de 4% no total do ano”.
“Em 2023, prevemos que o PIB cresça de modo bastante mais lento, mas sobretudo devido à contribuição do PIB Petrolífero, que voltará a ser bastante negativa – de modo mais importante para as condições de vida dos angolanos, o PIB Não Petrolífero deverá voltar a crescer de modo significativo, possivelmente acima dos 5%”, diz o BFA.
Já o PIB do setor petrolífero “poderá vir a cair mais do que 6%, potencialmente, o que levaria o PIB como um todo a crescer apenas 2 a 3%, voltando a acelerar para um ritmo entre os 3 e os 4% em 2024 e 2025”, concluem os analistas.
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