Lagarde responde aos líderes políticos: “Temos de fazer o que temos de fazer”
De Macron a Costa e Marcelo, líderes estão a pedir ponderação ao BCE na subida dos juros para não atirar economia para recessão. “Se estamos desatentos a esse risco? Não”, respondeu Christine Lagarde.
De Emmanuel Macron a António Costa e a Marcelo Rebelo de Sousa, vários líderes políticos europeus juntaram-se em coro nos últimos dias a pedir ponderação ao Banco Central Europeu (BCE) na subida das taxas de juro para não atirar a Zona Euro para uma recessão. Agora, receberam a resposta de Christine Lagarde: “Temos de fazer o que temos de fazer. O banco central tem de se focar no seu mandato. O nosso é a estabilidade dos preços e temos de alcançar esse objetivo usando as todas ferramentas que temos e selecionar as que são mais apropriadas e mais eficientes”.
A francesa falava na conferência de imprensa após o BCE ter avançado com nova subida dos juros de 75 pontos base, atirando as taxas para máximos desde 2008/2009, num esforço para travar a escalada dos preços.
“Estamos desatentos ao risco de recessão? Obviamente que não. Obviamente que estamos preocupados particularmente com os que tem menores rendimentos e como os mais vulneráveis não só ao risco de recessão, mas à realidade da inflação”, acrescentou Christine Lagarde num tom sério. “Quando combatemos a inflação pensamos no nosso mandato e pensamos nas pessoas que estão a sofrer mais com a inflação. E vamos continuar a fazê-lo”, explicou depois.
Lagarde afiançou que a decisão de subir novamente as taxas de juro nesta reunião – depois das subidas promovidas em julho e setembro – “é a mais apropriada para restaurar a estabilidade dos preços”, estabilidade essa que é “muito importante para a economia prosperar e recuperar”.
A presidente do BCE adiantou ainda que a “probabilidade de recessão vai ser tida em conta” na análise que fará na próxima reunião de dezembro, quando já dispuser mais informação sobre a inflação e a situação económica.
Ainda esta quinta-feira, o Presidente da República avisou que “prosseguir indefinidamente” com subidas das taxas de juro de grande dimensão “pode ter consequências complicadas”, questionando se este “galope” nos juros será mesmo “a maneira correta” de resolver o problema da inflação e do crescimento. Na segunda-feira, António Costa recomendou “prudência” ao BCE.
"Estamos desatentos ao risco de recessão? Obviamente que não. Obviamente que estamos preocupados particularmente com os que tem menores rendimentos e como os mais vulneráveis não só ao risco de recessão, mas à realidade da inflação. Quando combatemos a inflação pensamos no nosso mandato e pensamos nas pessoas que estão a sofrer mais com a inflação. E vamos continuar a fazê-lo.”
Quando terminará subidas? “Ainda temos caminho para percorrer”
Na sua intervenção inicial, Christine Lagarde avisou que a atividade economia na Zona Euro deverá ter “abrandado significativamente no terceiro trimestre”, e que deverá deteriorar mais no resto do ano e no início do próximo ano. Por outro lado, também apontou que “o enfraquecimento da economia deverá levar algum aumento do desemprego no futuro”, apesar de o mercado se manter robusto atualmente.
Mesmo com piores perspetivas económicas, a francesa frisou que o BCE ainda não terminou o seu trabalho na subida dos juros. “Ainda temos caminho para percorrer”, disse, sem revelar, porém, a que ritmo e até que nível vai ser preciso continuar a apertar a política monetária para o banco central alcançar o seu objetivo de inflação simétrica de 2% a médio prazo.
“Vamos decidir a trajetória futura e o ritmo dos aumentos de nossas taxas com base nos dados que temos. E faremos isso reunião por reunião”, afirmou aos jornalistas, dizendo que “não ajuda” especular sobre qual será a taxa neutra da Zona Euro.
(Notícia atualizada às 15h15)
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