Concessão de voos Porto Santo-Funchal prolongada até fevereiro

Enquanto decorre processo de fiscalização prévia junto do Tribunal de Contas, Governo atribui mais de 500 mil euros para Binter fazer voos de serviço público entre Porto Santo e Funchal.

A companhia aérea Binter vai assegurar, pelo menos até 23 de fevereiro, a ligação aérea entre Porto Santo e Funchal. A prorrogação do contrato entre o Estado e a empresa, no valor de 578.204,45 euros, foi publicada nesta sexta-feira em Diário da República.

O Governo justifica a necessidade de prorrogar o contrato de concessão porque verificaram-se “diversas circunstâncias imprevisíveis que prejudicaram a tramitação do procedimento concursal em curso e que justificam a necessidade de proceder a uma nova prorrogação do período de vigência do referido contrato de concessão”, refere o texto da resolução do Conselho de Ministros.

A prorrogação do contrato poderá terminar antecipadamente “até ao quinto dia útil seguinte à data da notificação da decisão a proferir no âmbito do processo de fiscalização prévia junto do Tribunal de Contas relativo ao novo contrato de concessão”, caso esta ocorra antes de 23 de fevereiro.

Desde dezembro de 2021 que o Governo português autorizou a despesa correspondente à abertura do concurso internacional para a concessão, durante três anos, da rota aérea regular entre as ilhas da Madeira e Porto Santo, no valor máximo de 5.577.900 euros. Processo que ainda não ficou concluído.

O Governo português faz um contrato de concessão para esta ligação “caso nenhuma transportadora aérea da União Europeia pretenda dar início à prestação de serviços aéreos regulares sustentáveis, sem contrapartida financeira, e de acordo com as obrigações de serviço público impostas para a mesma rota”.

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Governo não muda regras dos Certificados de Aforro

  • ECO
  • 21 Outubro 2022

À boleia da escalada das Euribor, a taxa de juro dos Certificados de Aforro voltam a estar atrativos para captar a poupança dos portugueses. Governo garante que não vai mudar as regras deste produto.

O Governo assegura que “não estão a ser ponderadas alterações aos Certificados de Aforro”, revelou fonte oficial do Ministério das Finanças ao Expresso (acesso pago).

Depois de largos anos afastados do radar devido às rendibilidades muito magras, a taxa de juro dos Certificados de Aforro voltam a estar atrativos para captar a poupança dos portugueses, à boleia da escalada das Euribor. Tal como o ECO noticiou, a taxa de juro dos Certificados de Aforro supera 2% em outubro e poderá atingir o máximo de 3,5% em 2023.

Para travar esta subida da taxa de juro dos Certificados de Aforro, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) teria que mexer nas regras deste produto. E a entidade liderada por Miguel Martín chegou mesmo a abrir a porta a essa possibilidade, ao referir na semana passada ao Jornal de Negócios (acesso pago) que “as condições dos produtos de aforro são avaliadas regularmente” e que a “alteração de condições depende dos objetivos de captação e do contexto de mercado”.

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PS mexe em processos de despedimento coletivo

  • ECO
  • 21 Outubro 2022

Proposta de alteração ao Código do Trabalho feita pelo PS prevê que todas as empresas tenham que informar previamente a DGERT a intenção de avançar para um despedimento coletivo.

As empresas terão de comunicar previamente à Direção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho (DGERT) a intenção de avançar para um despedimento coletivo, noticia o Jornal de Negócios (acesso pago).

Em causa está uma proposta de alteração Código do Trabalho feita pelo PS que indica ainda que o despedimento pode ser considerado ilícito quando não sejam feitas as comunicações iniciais aos funcionários. Os socialistas querem que haja uma comunicação ao serviço do Ministério do Trabalho quando há comissão sindical ou quando o trabalhador é informado, mesmo sem comissão ad hoc.

Contudo, a proposta do PS está a suscitar dúvidas nomeadamente sobre se basta uma comunicação simples ao trabalhador ou é necessário fundamentar os motivos para o despedimento. Ao mesmo tempo, a proposta socialista prevê também que as indemnizações por despedimento coletivo passem dos atuais 12 dias para 14.

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Emigrantes com casas de luxo recebem apoio de 60 euros

  • ECO
  • 21 Outubro 2022

Emigrantes que não declaram rendimentos em Portugal, mas têm salários elevados nos países onde trabalham receberam o apoio de 60 euros destinado a apoiar famílias carenciadas.

Os emigrantes que não declaram rendimentos em Portugal, mas têm salários elevados nos países onde trabalham receberam o apoio extraordinário de 60 euros que se destinava apenas a “famílias mais vulneráveis”, escreve o Jornal de Notícias (acesso condicionado).

A situação foi denunciada ao Governo e aos grupos parlamentares. “Há pessoas sem escrúpulos, com reformas de 2.000 e mais euros, que se vêm gabar que receberam 60 euros. Dizem que dá para pagar os cafés, quando esse dinheiro devia ser usado para comprar bens alimentares”, afirma o presidente de junta de freguesia do concelho de Pombal, acrescentando que muitos destes emigrantes têm moradias luxuosas e com piscina, mas como não declaram IRS, estão isentos do pagamento do IMI.

Ao JN, a Segurança Social diz que “a lista de beneficiários da tarifa social de eletricidade é elaborada pela Direção-Geral de Energia e Geologia, com base nos dados de clientes finais recebidos dos agentes do setor, após verificação das condições de elegibilidade junto da Autoridade Tributária e Aduaneira”, não explicando, no entanto, se foram tomadas medidas para impedir que emigrantes com rendimentos elevados recebessem este apoio.

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Musk tem planos para dispensar 75% dos funcionários do Twitter

  • Lusa e ECO
  • 21 Outubro 2022

Segundo documentos consultados pelo The Washington Post e testemunhos de outras fontes, cortes seriam não só no pessoal, mas também nas infraestruturas da empresa, como o centro de dados.

O empresário Elon Musk tem planos para dispensar 75% dos funcionários do Twitter e reduzi-los a cerca de 2000 pessoas, segundo o The Washington Post (acesso pago, conteúdo em inglês). O jornal afirma ter obtido documentos sobre as últimas conversações entre o milionário e potenciais investidores que o ajudarão a fechar a compra da rede social.
O The Washington Post adianta também que, mesmo que a compra não seja formalizada, a empresa vai fazer grandes cortes de pessoal que atingirão aproximadamente um quarto dos 7500 trabalhadores. A empresa negou a existência deste plano, através de um e-mail enviado na noite de quinta-feira aos funcionários.
Nenhum outro meio de comunicação social deu ainda eco destes planos, nem o Musk reagiu através da sua conta no Twitter.
O jornal frisa que os cortes podem afetar a capacidade da rede para controlar conteúdos nocivos ou ofensivos, como a pornografia infantil, assim como para prevenir violações na segurança dos conteúdos.
Segundo os documentos consultados pelo The Washington Post e testemunhos de outras fontes, os cortes teriam efeitos não apenas no pessoal, mas também nas infraestruturas da empresa, especificamente nos centros de dados que permitem o funcionamento da rede, consultada diariamente por mais de 200 milhões de utilizadores.
Segundo o jornal, os referidos cortes explicam a ansiedade com que o Twitter tem tentado fechar a venda a Musk por 44 mil milhões de dólares (cerca de 45 mil milhões de euros), pois isso significaria que a atual equipa de gestão deixaria as decisões mais difíceis para a futura gestão.
Um perito em dados científicos contactado pela publicação observou que, se os cortes se confirmarem, terão um “efeito cascata”: serviços mais pobres, menos pessoal de apoio e uma desmoralização crescente do restante pessoal, que tem vivido meses de incerteza sobre o interesse de Elon Musk no negócio.
Se não houver novos desenvolvimentos, a compra ficará selada em 28 de outubro, dia em que Musk se tornará o único proprietário da rede social Twitter e poderá levar a efeito as alterações que pretender.
A empresa já mandou um email aos trabalhadores clarifica que não existem planos para avançar com um despedimento em larga escala depois de fechado o negócio com Elon Musk. O email, segundo a Reuters (acesso livre, conteúdo em inglês), que cita fontes que leram a mensagem, foi assinado Sean Edgett, o principal advogado do Twitter.

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Ajustes diretos entre Câmara de Lisboa e Linklaters sob suspeita

  • ECO
  • 21 Outubro 2022

O DIAP está a investigar ajustes diretos entre a Câmara Municipal de Lisboa e a sociedade de advogados fundada por Pedro Siza Vieira. Em causa estarão contratos avaliados em mais de 500 mil euros.

O Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) está a investigar desde 2016 contratos realizados por ajuste direto entre a sociedade de advogados Linklaters, fundada em Portugal por Pedro Siza Vieira, e a Câmara Municipal de Lisboa, numa altura em que lá estavam Fernando Medina, Duarte Cordeiro e Graça Fonseca, avança o Correio da Manhã (acesso pago).

Em causa estão contratos assinados entre 2014 e 2018 que estão avaliados em mais de 500 mil euros e neles recaem suspeitas de violação da lei da contratação pública. De acordo com o mesmo jornal, a sociedade de advogados Linklaters terá ganho mais de 800 mil euros em serviços jurídicos, direta ou indiretamente na autarquia lisboeta.

A maioria dos contratos diz respeito aos litígios do Parque Mayer e da Empresa Pública de Urbanização de Lisboa (EPUL). Ao Correio da Manha, a PLMJ, onde trabalha atualmente Pedro Siza Vieira, escusou-se a comentar, já o gabinete do ministro Duarte Cordeiro diz que “todos os processos de contratação relacionados com os serviços jurídicos eram instruídos pelos serviços da Câmara” e que nunca foi ouvido neste processo. Ao mesmo tempo, o ministro Fernando Medina assegura que desconhece a investigação. “Não fui ouvido a qualquer título, nem constituído arguido”, acrescenta. Já a antiga ministra Graça Fonseca não respondeu.

O ministro das Finanças, Fernando Medina, afirmou estar de consciência “tranquila” em relação aos ajustes diretos assinados entre a Câmara Municipal de Lisboa e a sociedade de advogados Linklaters, garantindo não ter prejudicado o erário público. “Ao longo da minha vida pública tomei milhares de decisões e tenho a consciência muito tranquila, plenamente tranquila”, afirmou Fernando Medina, em declarações aos jornalistas, à margem da audição na Comissão de Orçamento e Finanças, no parlamento, no âmbito do Orçamento do Estado para 2023 (OE2023).

Confrontado com este facto, o Presidente da República recusou “comentar casos em concreto” e disse que a questão tinha de ser vista pelos princípios. “Um desafio que se coloca ao Ministério Público, juízes e toda a sociedade é de permanentemente afirmar os valores da Constituição e da lei; investigando o que há a investigar e, sendo caso disso aplicando a Justiça de forma igual para todos”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas transmitidas pela RTP3.

(Notícia atualizada às 21h46 com as declarações de Fernando Medina)

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Hoje nas notícias: ajustes diretos, apoios e Certificados de Aforro

  • ECO
  • 21 Outubro 2022

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O DIAP está a investigar ajustes diretos entre a CML e a sociedade de advogados fundada por Pedro Siza Vieira. Emigrantes com casas de luxo receberam o apoio de 60 euros. No plano político, o PS quer alterar as regras para os processos de despedimento coletivo, já o Governo não vai mudar as regras dos Certificados de Aforro. Conheça estas e outras notícias em destaque esta sexta-feira.

Ajustes diretos entre Câmara de Lisboa e Linklaters sob suspeita

O Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) está a investigar desde 2016 contratos assinados entre 2014 e 2018 pela sociedade de advogados Linklaters, fundada em Portugal por Pedro Siza Vieira, e a Câmara Municipal de Lisboa, numa altura em que lá estavam Fernando Medina, Duarte Cordeiro e Graça Fonseca. Os contratos sob investigação estão avaliados em mais de 500 mil euros e há suspeitas de violação da lei da contratação pública.

Leia o artigo completo no Correio da Manhã (acesso pago)

Emigrantes com casas de luxo recebem apoio de 60 euros

Os emigrantes que não declaram rendimentos em Portugal, mas têm salários elevados nos países onde trabalham, receberam o apoio extraordinário de 60 euros que se destinava só a “famílias mais vulneráveis”. A situação já foi denunciada ao Governo e aos grupos parlamentares. A Segurança Social justifica que se baseou na lista de beneficiários da tarifa social de eletricidade elaborada pela Direção-Geral de Energia e Geologia e numa verificação junto da Autoridade Tributária para proceder à atribuição da ajuda.

Leia o artigo completo no Jornal de Notícias (acesso pago)

PS mexe em processos de despedimento coletivo

Todas as empresas vão ter de comunicar previamente à Direção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho (DGERT) a intenção de avançar para um despedimento coletivo. A proposta de alteração ao Código do Trabalho é do PS e indica que o despedimento pode ser ilícito quando não sejam feitas as comunicações iniciais aos trabalhadores. Os socialistas querem que haja uma comunicação ao serviço do Ministério do Trabalho quando há comissão sindical ou quando o trabalhador é informado, mesmo sem comissão ad hoc.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (link indisponível)

Governo não muda regras dos Certificados de Aforro

O Governo assegura que “não estão a ser ponderadas alterações aos Certificados de Aforro”. Esta garantia surge depois de a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) ter aberto a porta a esta possibilidade ao referir que “as condições dos produtos de aforro são avaliadas regularmente” e que a “alteração de condições depende dos objetivos de captação e do contexto de mercado”.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago)

PGR angolana aprova venda do Eurobic por Isabel dos Santos

A Procuradoria-Geral da República (PGR) autorizou Isabel dos Santos a realizar pagamentos de dívidas, através das contas bancárias arrestadas no âmbito do Luanda Leaks, às sociedades Finisantoro Holding Limited e Santoro Financial Holding através das quais a empresária detém uma participação de 42,5% no EuroBic.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago)

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Wall Street encerra a semana em alta. Empresa dona do Snapchat cai 28%

  • ECO
  • 21 Outubro 2022

Os principais índices das bolsas norte-americanas inverteram a tendência de abertura e fecharam a semana com ganhos superiores a 2%. Em Lisboa, o PSI valorizou quase 0,50%.

As bolsas norte-americanas abriram em queda, mas rapidamente inverteram a tendência e terminaram o dia a subir mais de 2%, animadas pela notícia de que a Reserva Federal poderá adotar uma posição menos agressiva na subida das taxas de juro.

Os ganhos de mais de 2% da Navigator e da Altri levaram o PSI a fechar a semana em terreno positivo, contrariando as perdas das principais bolsas europeias. As ações da petrolífera Galp valorizaram 2,19%, num dia estável nos mercados do petróleo.

A marcar o dia está o alerta da Snap. A empresa dona do Snapchat diz que o último trimestre será marcado por um crescimento nulo das suas receitas. Os títulos afundaram 28% esta sexta-feira.

Na Europa, dá-se um alívio nos preços do gás natural, depois de uma reunião do Conselho Europeu marcada por acordos em torno de medidas para combater a crise energética na região. Os futuros do TTF para entrega em novembro cedem 11%.

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Das reservas de gás às compras conjuntas. Estas são as medidas da UE para enfrentar a crise energética

Desde o início da guerra, Bruxelas tem reunido esforços junto dos 27 para enfrentar a crise energética. Ao todo, já foram apresentadas mais de 10 medidas, mas algumas ainda estão em discussão.

Esta sexta-feira, continua o debate em Bruxelas sobre o segundo pacote de medidas de intervenção de emergência no setor energético, numa altura em que o bloco europeu reúne esforços para enfrentar a crise de energia e a escalada de preços a que se assiste na Europa.

Desta reunião do Conselho Europeu, não se espera já uma decisão sobre as próximas medidas que serão adotadas, apenas uma “direção estratégica” sobre o que se pode esperar do próximo encontro entre os ministros da Energia dos 27 Estados-membros, em Estrasburgo, no dia 25 de outubro. Fonte oficial da Comissão Europeia explica ao ECO/Capital Verde que após esta reunião, o Conselho de Energia deverá voltar a reunir-se “para finalizar o processo”, ainda que não exista data marcada no calendário, para já. Por serem medidas com caráter de urgência nos termos do artigo 122 do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia, “são adotadas como Conselho Europeu”, não sendo necessário ir a votação no Parlamento Europeu.

Ao todo, já foram apresentadas mais de 10 medidas desde o início da guerra, as quais visam proteger a União Europeia de um inverno crítico, uma vez que os envios de gás russo encontram-se suspensos desde setembro, depois de a Gazprom ter alegado falta de condições técnicas no Nord Stream 1. Desde então, seguiram-se duas ruturas neste gasoduto e outra duas no Nord Stream 2, que afastaram por completo o regresso de um abastecimento de Moscovo num futuro próximo. Segundo especialistas ouvidos pelo ECO/Capital Verde, poderão passar-se meses até que sejam apuradas as causas das ruturas e as respetivas reparações necessárias. Neste contexto, têm-se multiplicado as medidas para atuar no campo da energia, que sistematizamos de seguida.

  • RePower EU

Medida: O RePower EU foi o primeiro passo dado pela União Europeia para se preparar para a potencial crise energética que se avizinhava devido à decisão da Rússia de invadir a Ucrânia. Em cima da mesa está um programa em investimentos a realizar na infraestrutura energética europeia, como o reforço da rede elétrica, facilitando o transporte de hidrogénio renovável e aumentando a produção de biometano. Além destas, o investimento prevê aumentar a ambição nos objetivos de poupança energética, reduzir o consumo de energias fósseis e aumentar investimento em energias renováveis.
Prazos: Até 2027
Fase: Em implementação
Valor: Investimento de 300 mil milhões

  • Garantir que as reservas de gás têm o armazenamento preenchido em 80%

Medida: Numa altura em que se assistiam a reduções no abastecimento de gás enviado pela Rússia, através do Nord Stream 1, a Comissão Europeia apresentou uma proposta legislativa, na qual indicava uma obrigação de nível mínimo de armazenamento de gás de 80% para o próximo inverno de forma a garantir a segurança do aprovisionamento energético. A proposta previa ainda que essa meta aumentasse para os 90% nos anos seguintes. Segundo a presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, os Estados-membros contam hoje com 92% de gás armazenado.
Prazos: Até 2023
Fase: Em implementação
Valor: –

  • Poupança de 15% no consumo de gás

Medida: A Comissão Europa apresentou aos Estados-membros uma proposta cujo objetivo previa a redução em 15% do consumo de gás (ou 45 mil milhões de metros cúbicos) no bloco europeu
Prazos: Até 31 de março de 2023
Fase: Em implementação
Valor: –

  • Redução do consumo de eletricidade nas horas-pico

Medida: Como forma de ajudar à poupança de gás, a Comissão Europeia pediu aos Estados-membros que reduzissem o consumo de eletricidade nas horas de maior procura, isto é, as horas-pico, uma vez que o gás ainda é largamente usado na produção de eletricidade e, nas horas de maior procura, é geralmente chamado a contribuir para o mix.
Prazos: Entre 1 de dezembro e até 31 de março de 2023
Fase: Em implementação
Valor: –

  • Renováveis com limite de 180 euros/MWh

Medida: O executivo comunitário pediu que os Estados-membros aplicassem um teto de 180 euros/MWh (megawatt-hora) sobre as receitas obtidas pelas empresas que produzem eletricidade a baixo custo — tipicamente, os produtores renováveis – por estarem a acumular lucros inesperados. Daqui, resultariam 117 mil milhões de euros em receitas para os 27 Estados-membros enfrentarem os custos da crise energética.
Prazos: Entre 1 de dezembro até 30 de junho de 2023
Fase: Para implementar até 31 de dezembro
Valor: –

  • Taxa sobre os lucros excessivos das petrolíferas

Medida: Os 27 Estados-membros concordaram em criar uma contribuição extraordinária — o famoso imposto sobre os lucros extraordinários — de, pelo menos, 33% às empresas de petróleo, gás, carvão e refinação, tendo por base os lucros de 2022 que fiquem 20% acima da média dos três anos anteriores.
Prazos: Para implementar até 31 de dezembro
Fase: Implementada em 2023
Valor: Obtêm-se 25 milhões

  • Banco Europeu para o Hidrogénio

Medida: No sentido de fomentar investimentos e concretizar a meta de produção de dez milhões de toneladas de hidrogénio renovável até 2030, a Comissão Europeia anunciou a criação de um Banco Europeu para o Hidrogénio.
Prazos:
Fase: Em implementação
Valor: 3.000 milhões

  • Novo índice em alternativa ao TTF

Medida: Por “já não refletir a realidade do mercado europeu”, a Comissão Europeia propôs a criação de um novo índice de preços de gás que possa funcionar como alternativa ao holandês TTF, o índice referência no mercado europeu. Se aprovado, o novo índice só deverá ser apresentado pela Agência Europeia dos Reguladores de Energia em março de 2023.
Prazos:
Fase: Em discussão
Valor:

  • Corredor “dinâmico” de preços de gás

Medida: Enquanto o novo índice não é aprovado, nem criado, Bruxelas propõe a criação de um “corredor dinâmico e temporário” no TTF, isto é, a criação de um intervalo abaixo do valor de mercado dentro do qual oscilariam os preços do gás a serem negociados naquele dia.
Prazos:
Fase: Em discussão
Valor:

  • Novos acordos de solidariedade

Medidas: Como forma de garantir que todos os Estados-membros têm gás suficiente, o executivo comunitário quer reforçar os acordos de solidariedade entre os 27. Assim, será proposta a criação de acordos-padrão entre todos os países para a partilha de gás, de forma a facilitar que países em situações mais críticas consigam ter acesso a fornecimentos, caso ainda não tenham firmado acordos bilaterais com outros países nesse sentido.
Prazos:
Fase: A partir da próxima primavera
Valor:

  • Compras conjuntas de gás

Medida: A Comissão Europeia propôs a criação de uma plataforma de compras conjuntas de gás com base na agregação dos níveis de procura dos 27 Estados-membros. O executivo comunitário propõe que se imponha aos Estados-membros a obrigação de recorrerem à plataforma para preencher, no mínimo, 15% das suas necessidades de armazenamento de gás. Está em cima da mesa a possibilidade de os países agirem enquanto consórcios para compras conjuntas através da plataforma para aquisições adicionais de gás.
Caso seja aprovada a medida, Bruxelas terá de ser informada previamente sempre que a plataforma concretize uma compra de gás superior a cinco terawatt hora (TWh), o equivalente a 500 milhões de metros cúbicos.
Prazos: –
Fase: A partir da próxima primavera
Valor:

  • Teto ao preço do gás

Medidas: A Comissão Europeia ainda a avaliar a imposição de um teto sobre o preço do gás a nível europeu A medida visa ativar um limite temporário nos contratos de gás, se se verificarem duas condições em simultâneo. Por um lado, o limite é ativado se o preço nos contratos de gás natural para o mês seguinte forem, durante duas semanas, superiores a 180 euros por megawatt-hora (MWh) na plataforma holandesa TTF (Title Transfer Facility), a referência nos mercados europeus de gás natural. Ao mesmo tempo, para efetivar o limite, terá de se verificar que o preço de referência no TTF são 35 euros mais elevados que o preço de referência para o gás natural liquefeito (LNG), durante 10 dias consecutivos de negociação.
Prazos:
Fase: Implementada a 15 de fevereiro de 2023
Valor:

 

Notícia atualizada às 16h39 de 21 de dezembro

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Fábrica de camiões da Daimler paga cheque anti-inflação de 400 euros

Unidade produtiva do Tramagal, detida pela Daimler Trucks, efetuou pagamento extraordinário a cerca de 500 operários, incluindo estagiários, em setembro.

Arne Barden é o novo líder da Mitsubishi Fuso Europa desde janeiro.

Os cerca de 500 trabalhadores da fábrica de camiões Fuso, no Tramagal, detida pela Daimler Trucks, receberam um pagamento extraordinário de 400 euros em setembro. O bónus salarial serve para os operários lidarem com a subida da taxa de inflação, no nível mais elevado dos últimos 30 anos.

Realizámos um pagamento extraordinário de 400 euros, que incluiu todos os funcionários e mesmo os estagiários”, revelou à Pessoas/ECO, Arne Barden, o alemão que, desde 1 de março, comanda os destinos desta fábrica, localizada a 150 quilómetros de Lisboa. Desta forma, a unidade produtiva pretende “ajustar os salários de forma inteligente” porque “não se pode andar a espalhar o dinheiro de qualquer maneira”.

A fábrica de camiões detida pela Daimler Trucks tem tentado absorver, nos últimos meses, os efeitos da guerra na Ucrânia: “é muito difícil lidar com a subida de custos: é a energia, são os componentes… em quase todas as áreas estamos a ser atingidos pela inflação. Estamos a ter acomodar isso nas nossas contas, porque não queremos alimentar mais a inflação”.

Na semana passada, o banco Santander também anunciou um “pagamento extraordinário e suplementar” de 750 euros para todos os trabalhadores com ordenado bruto anual até 30 mil euros. Além deste pagamento, o banco espanhol decidiu dar a possibilidade em 2023 de todos os funcionários anteciparem até 50% do subsídio de Natal.

O banco aumentou ainda o limite de crédito disponível para os trabalhadores para 200 mil euros, em novas operações de crédito, e alargou o acesso a outras medidas como a comparticipação do passe social em 50% ou o apoio a propinas no valor de 310 euros por ano por filho ou enteado.

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Fusão da Vodafone e da Nowo levanta dúvidas nas licenças 5G

Vodafone fica com mais espetro do que era permitido adquirir no leilão do 5G com a compra da Nowo, incluindo lotes exclusivos para "novos entrantes". Licenças deverão estar na mira dos reguladores.

Quando anunciou a compra da Nowo no último dia de setembro, o CEO da Vodafone Portugal disse, em comunicado, que o negócio vai permitir à empresa “aumentar a base de clientes” e a “cobertura de rede fixa”. Mas esse comunicado, a única informação pública sobre o mesmo, não esclarece uma das principais dúvidas que deverão ocupar os reguladores ao longo dos próximos meses: o que vai acontecer às licenças 5G adquiridas por ambas as empresas?

Se tiver sucesso, esta operação unirá a Vodafone à Cabonitel S.A., a empresa que detém a operadora concorrente Nowo, antigamente chamada Cabovisão. “A Nowo é o quarto maior operador convergente em Portugal, com cerca de 250 mil subscritores do serviço móvel e 140 mil clientes de acesso fixo”, enaltecia a Vodafone a 30 de setembro. Não foi dita uma palavra sobre o 5G.

Há algum tempo que a operadora dava sinais de que haveria consolidação. O leilão de frequências da Anacom permitiu a entrada em Portugal de duas novas empresas com rede móvel própria, a Digi e a Nowo (que já vendia serviços 4G subcontratando rede a outra operadora). Ora, a Vodafone entende que o mercado português dificilmente tem dimensão para abarcar quatro empresas a explorarem a quinta geração (Meo, Nos, Vodafone e Nowo), quanto mais cinco (Digi).

Agora, a operação está sujeita “à necessária aprovação regulatória” e deve ser fechada “durante o primeiro semestre de 2023”, estima a Vodafone. Até lá, as licenças 5G poderão assumir o protagonismo no trabalho que terá de ser feito pela Anacom, mas sobretudo pela Autoridade da Concorrência. Esta última tem poder para impor compromissos à Vodafone ou matar definitivamente o negócio, se entender que prejudica irremediavelmente a concorrência.

Até esta quarta-feira, os reguladores ainda não tinham sido notificados dos termos da transação. “A Anacom não foi notificada da operação em causa, pelo que não conhece os contornos da mesma”, respondeu fonte oficial. A Autoridade da Concorrência também ainda não tinha sido notificada, apurou o ECO, mas não quis fazer comentários. É possível que algumas destas questões já tenham uma resposta quando o dossiê sair do Parque das Nações em direção à Avenida de Berna.

Edifício sede da Vodafone - 22JUL22
Edifício sede da Vodafone no Parque das Nações em LisboaHugo Amaral/ECO

Leilão só permite venda após dois anos

Apesar da fase muito inicial, já é possível destacar uma série de aspetos que vão ser relevantes nesta história. Para perceber o que poderá estar na mente dos reguladores, é melhor começar pelas próprias licenças e pelo que tinha sido definido no leilão. É que o regulamento da Anacom impunha limites à compra de espetro pelas empresas:

  • 20 MHz na faixa dos 700 MHz
  • 100 MHz na faixa dos 3,6 GHz

Há que ter em conta que a Vodafone e a Nowo participaram sozinhas no leilão do 5G, com estratégias independentes. Por não ter rede móvel própria, a Nowo beneficiou ainda do estatuto de “novo entrante”, conseguindo acesso a uma fase inicial do leilão em que não pôde participar a Vodafone, nem a Meo e a Nos. Dado este contexto, que quantidade de espetro passaria a ser controlada pela Vodafone depois da fusão com a Nowo?

  • 20 MHz na faixa dos 700 MHz (Vodafone)
  • 20 MHz na faixa dos 1.800 MHz (Nowo)
  • 10 MHz na faixa dos 2,6 GHz (Nowo)
  • 130 MHz na faixa dos 3,6 GHz (Vodafone e Nowo)

Em suma, os 90 MHz e os 40 MHz detidos, respetivamente, pela Vodafone e pela Nowo na faixa dos 3,6 GHz, uma das mais importantes para o 5G, ultrapassam o limite dos 100 MHz definidos pela Anacom para esta banda. Mas esse travão aplicava-se apenas ao momento da compra de espetro, não acautelando eventuais operações de concentração após o procedimento.

“As regras definidas no regulamento do leilão, no caso em apreço os limites à atribuição e titularidade de espetro, aplicavam-se à participação nesse procedimento”, disse ao ECO fonte oficial da Anacom. O regulador acrescentou, porém, que “na análise da operação e na definição do seu posicionamento em relação à mesma, não deixará de ter em consideração a estrutura do mercado e a dinâmica concorrencial existente, incluindo a quantidade de espetro detida pelos envolvidos”. E reforçou que “analisará” a operação “no contexto do mercado das comunicações eletrónicas, considerando, designadamente, as suas especificidades e a necessidade de garantir mercados concorrenciais.”

Ou seja, em teoria, os reguladores poderiam forçar a Vodafone a abdicar de 30 MHz. Mas isso não resolveria o potencial desequilíbrio causado pelo facto de a Vodafone ir passar a deter mais espetro na faixa dos 1.800 MHz, que a Nowo só conseguiu comprar por ser um “novo entrante”.

Depois, o regulamento do leilão versa também sobre a “transmissão e locação” das licenças postas à venda. Determina que os direitos “só podem ser transmitidos ou locados pelos respetivos titulares […] decorridos dois anos da data de início da oferta de serviços de comunicações eletrónicas acessíveis ao público mediante a utilização das frequências que lhe foram consignadas”, salvo “motivo devidamente fundamentado e como tal reconhecido pela Anacom”. As regras estipulam ainda que, antes de transmitirem os direitos, as empresas devem comunicar essa “intenção” e “as condições em que o pretendem fazer” ao regulador das comunicações.

Perante tudo isto, não é claro o que vai ser decidido pelos reguladores envolvidos no processo. Fontes próximas disseram ao ECO que o resultado pode depender dos “remédios” — isto é, compromissos — que vierem a ser impostos pela Autoridade da Concorrência, depois do parecer não vinculativo da Anacom, que certamente alertará para a problemática das licenças. Para tal, o regulador liderado por Margarida Matos Rosa teria de abrir uma investigação aprofundada e a decisão poderá recair sobre o seu sucessor, já que o mandato da presidente acaba já em novembro.

Outra dúvida por esclarecer é se a Vodafone vai absorver ou não a Nowo. Fica evidente pelo comunicado que haverá uma união entre as duas empresas, mas uma fonte familiarizada com o processo notou que a Vodafone não comprou diretamente a Nowo, mas sim uma empresa que detém a Nowo (a Cabonitel), o que não facilita particularmente o trabalho dos reguladores. Por quanto tempo irá a Nowo manter a sua identidade?

O processo que vai correr termos no regulador da concorrência vai permitir às operadoras interessadas pronunciarem-se sobre estes e outros aspetos da aquisição. Até lá, a Vodafone promete revelar mais informações num encontro com jornalistas marcado para esta segunda-feira. O ECO contactou fonte oficial da operadora, que remeteu esclarecimentos para essa iniciativa. Por sua vez, fonte oficial da Autoridade da Concorrência não quis comentar este negócio, cujo montante envolvido não foi revelado.

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Alfredo Casimiro e TAP perdem todo o capital na Groundforce

Plano de recuperação prevê redução do capital a zero. Para ficar no capital, TAP terá de voltar a investir. Empresa de "handling" deverá fechar o ano com a atividade a 90% dos níveis de 2019.

O plano de reestruturação da Groundforce vai incluir uma redução do capital a zero, para a cobertura de prejuízos passados, o que anulará as participações de Alfredo Casimiro e da TAP na empresa de serviços de assistência em terra. Para voltar a ser acionista, a companhia aérea terá de investir no aumento de capital. A National Aviation Services, do Kuwait, ficará como a maior acionista.

Haverá uma “redução de capital a zero, por via da cobertura de prejuízos passados e um aumento de capital reservado a determinados acionistas”, afirmou ao ECO Bruno Costa Pereira, um dos administradores de insolvência da Groundforce. O outro é Pedro Pidwell. “Com a redução a zero, os acionistas perdem o respetivo capital”, explicou. A SPdH, a designação societária da empresa de handling, é detida em 50,1% pela Pasogal, de Alfredo Casimiro, e em 49,9% pela TAP (43,9% através da TAP SGPS e 6% pela Portugália).

Foi a companhia aérea a pedir a insolvência da Groundforce, devido ao acumular de dívidas durante a gestão de Alfredo Casimiro, com quem entrou em conflito. A empresa foi declarada insolvente a 4 de agosto pelo Juízo de Comércio do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa. Bruno Costa Pereira justifica a necessidade de reduzir o capital a zero com o facto de a Groundforce apresentar nessa data cerca de 30 milhões de euros em capitais próprios negativos.

Esta solução terá como vítima colateral o Montepio, que emprestou sete milhões de euros a Alfredo Casimiro, recebendo como garantia as ações da Pasogal na Groundforce. Uma garantia que deixará de ter qualquer valor. Ou seja, o banco deixa de ter qualquer intervenção na venda da empresa, como o ECO noticiou.

Para se manter na estrutura acionista, a TAP terá de investir no aumento de capital. É esse o desejo do administrador de insolvência, tendo em conta que a companhia aérea é, de longe, o maior cliente da Groundforce. O plano de reestruturação da transportadora aérea aprovado por Bruxelas prevê, no entanto, o fim da participação.

A maioria do capital será detida por um acionista privado do setor“, acrescenta o administrador de insolvência. Esse investidor deverá ser a National Aviation Services (NAS), uma empresa do Kuwait, que foi selecionada para negociações exclusivas com vista à entrada no capital.

“Aos administradores de insolvência coube procurar um investidor privado capaz de dotar a empresa dos níveis de capital condizentes com a sua sustentabilidade financeira” e encontrar a “solução que melhor maximize a recuperação de créditos para os credores”, diz Bruno Costa Pereira.

A palavra final caberá àqueles últimos, que terão de aprovar o plano de reestruturação proposto pelos administradores numa assembleia de credores. A decisão estará nas mãos da TAP, que reclama 15,5 milhões de euros, da ANA (12,75 milhões), da Fidelidade (2,1 milhões) e dos trabalhadores (2,87 milhões), considerando apenas as dívidas efetivas. No caso dos trabalhadores poderão também ser admitidas parte das dívidas condicionais.

Decisões só no primeiro trimestre de 2023

Para haver assembleia de credores, será necessário que a declaração de insolvência da Groundforce transite em julgado. Alfredo Casimiro interpôs duas ações, através da própria SPdH e da Pasogal, a contestar a decisão do tribunal comercial. Perdeu quer o recurso na Primeira Instância quer no Supremo, mas recorreu ainda para o Tribunal Constitucional. Bruno Costa Pereira acredita que possa existir uma decisão nos próximos seis meses: “A expectativa é que essa votação [dos credores] venha a ocorrer, caso a decisão da Relação e do Supremo se mantenha, o mais tardar no primeiro trimestre de 2023.”

Enquanto não há um desfecho, prosseguem as conversações com a NAS, que recentemente adquiriu a britânica Menzies tornando-se a líder global do handling em número de países (58) e aeroportos servidos (254). “Continua a negociar-se medidas tendentes a constar do plano de recuperação. A recuperação não se cinge à capitalização por um novo acionista. É preciso garantir medidas de caráter financeiro, de planeamento, de gestão, para que a empresa seja mais eficiente”, explicou o administrador insolvência, que disse não poder adiantar mais pormenores.

Acabaremos 2022 com um nível de atividade a 90% de 2019, acima das expectativas, que eram de 80%.

Bruno Costa Pereira

Administrador de insolvência

Este ano ficará marcado por uma forte recuperação das receitas da Groundforce. “Foi um ano que começou mal, ainda com efeitos da Covid-19, com baixo nível de atividade. Seguiu-se uma recuperação que superou as previsões, com as dificuldades que daí resultaram, com a dificuldade em recrutar e falta de pessoal”, relata Bruno Costa Pereira, salientando que se tratou de um fenómeno global.

“Felizmente, ainda que tenha havido atrasos, só tivemos um voo cancelado devido à incapacidade da operação de terra”, diz, sublinhando a “abnegação dos trabalhadores, que se desdobraram para fazer com menos mais” e “a compreensão dos clientes”. “Acabaremos 2022 com um nível de atividade a 90% de 2019, acima das expectativas, que eram de 80%“, antecipa. Mencionou também a “necessidade de olhar para o futuro próximo e atenuar o impacto da inflação no rendimento dos trabalhadores”.

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