Costa relativiza avisos de Marcelo. Presidente “tem momentos de maior criatividade”
António Costa aponta que "é normal que quem tem por função fiscalizar o trabalho dos outros cumpra essa função". Ainda assim, diz que não se deve "não se distrair com as fiscalizações".
O primeiro-ministro não levou a mal o aviso que o Presidente da República decidiu lançar à ministra da Coesão para a necessidade de acelerar a execução dos fundos europeus, nomeadamente do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). A ministra desdramatizou o alerta e António Costa seguiu o mesmo caminho, apontando que é “normal” a fiscalização do trabalho do Governo. O primeiro-ministro admitiu também que Marcelo Rebelo de Sousa tem “momentos de maior criatividade” no exercício dos poderes.
Foi no sábado que Marcelo se dirigiu à ministra da Coesão para falar sobre um dia “super infeliz”. “Para si [Ana Abrunhosa], é o dia em que eu descubra que a taxa de execução dos fundos não é a que deveria ser e nesse caso não lhe perdoo”, disse o Presidente. António Costa não viu o momento como um comentário irrefletido, segundo garantiu aos jornalistas, em declarações transmitidas pelas televisões.
“Já convivo há quase sete anos com o atual Presidente”, começou por notar, pelo que “cada um tem o seu estilo, a sua forma de agir, de interpretar os poderes institucionais”. “Acho que todos os portugueses têm apreciado a forma como o Presidente tem exercido as suas funções, que tem momentos de maior criatividade, mas isso acho que é normal, acho que ninguém leva a mal”, considerou. “A ministra, aliás, disse que não levou a mal”, acrescentou Costa.
A ministra disse que “não há melindres” com o Presidente da República, apontando que o Governo partilha “totalmente da preocupação e da pressão”. “O senhor Presidente, por diversas vezes, transmite [a sua opinião] em privado e em público. Desta vez, teve maior visibilidade”, salientou Ana Abrunhosa aos jornalistas.
O alerta surge numa altura em que a execução do plano se situa apenas nos 6%, mas o primeiro-ministro assegura que “o país pode estar tranquilo com a nossa capacidade coletiva de executar o PRR”. Quanto às declarações do Presidente, aponta que “é normal que quem tem por função fiscalizar o trabalho dos outros cumpra essa função”.
“É por isso que o Tribunal de Contas verifica se estamos a utilizar bem os fundos ou não, que a Inspeção-Geral das Finanças o faça, e que o Presidente da República também o faça”, salienta o primeiro-ministro. Apesar de reconhecer a normalidade da situação, ressalva que “aquilo que deve fazer-se é não se distrair com as fiscalizações e concentrar-se nas ações”.
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