Lucro da Caixa sobe 61% e projeta “maior dividendo da história”
O lucro da Caixa subiu 61% para 692 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano. Banco público projeta dar ao Estado o "maior dividendo da sua história".
O lucro da Caixa Geral de Depósitos (CGD) subiu 61% para 692 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, com o banco público a perspetivar entregar ao Estado o “maior dividendo da sua história”.
A instituição liderada por Paulo Macedo destaca a subida da rentabilidade dos capitais próprios para o valor mais alto em 14 anos, com o ROE a atingir os 10,8% no final de setembro.
O banco explica o disparo nos lucros com a redução das imparidades para a crise Covid-19, além do negócio internacional. A atividade doméstica contribuiu com 537 milhões de euros, enquanto o negócio lá fora — Angola e Moçambique — gerou um resultado de 155 milhões de euros.
“Uma geração de resultados saudável, em linha com as expectativas de custo de capital”, sublinhou Maria João Carioca, administradora financeira da Caixa.
De acordo com o banco, tendo em conta a política de distribuição de 40% dos lucros, os resultados até setembro correspondem a um montante máximo distribuível de 286 milhões de euros – o Governo conta com 350 milhões de dividendos do banco. “Projeta-se, referente à totalidade da atividade do ano, e não se verificando qualquer impacto doméstico proveniente da evolução da situação internacional, o maior dividendo da história da Caixa, a liquidar em 2023, com impacto positivo no Orçamento do Estado, continuando a devolver aos contribuintes o esforço tido no âmbito do processo de recapitalização“, frisa.
Negócio cresce a dois dígitos
O negócio core do banco cresceu a dois dígitos nos primeiros nove meses do ano. A margem financeira líquida aumentou 25% para 930 milhões de euros, “uma evolução de 185 milhões de euros com forte contributo da atividade internacional (+28%) e das operações de tesouraria (incluindo o programa TLTRO do BCE) e gestão da carteira que contribuíram com 60 milhões de euros”.
Os resultados com comissões subiram quase 11% para 459 milhões de euros, com o setor a beneficiar do aumento das transações por conta do alívio das restrições que tivemos durante a pandemia.
Isto fez com que produto global da atividade tivesse crescido 21,7% para 1.594 milhões de euros.
Este negócio também está sustentado num aumento do volume de crédito e depósitos, totalizando os 153,6 mil milhões de euros. A carteira de empréstimos aumentou 3% para 54,2 mil milhões de euros. Os recursos de clientes subiram 2% para 91,7 mil milhões, com os depósitos a aumentarem quase 4%.
Com as perspetivas de deterioração das condições económicas, os receios no setor residem no aumento do crédito malparado. Na Caixa, o rácio de NPL desceu para 2,6%, enquanto o rácio de NPL líquido de imparidades permaneceu em 10%. O rácio de cobertura de NPE (rácio EBA) a supera os 104%.
Em termos de posição de capital, a Caixa diz ser “robusta” e que os rácios se situam acima da média dos bancos portugueses e europeus: o Tier 1 e Total situaram-se em 18,7% e 20,1%, respetivamente, incluindo o resultado líquido deduzido do montante máximo distribuível.
Caixa fala com mais 500 particulares para reestruturar
Maria João Carioca deixou números sobre aquilo que poderá ser o impacto da subida dos juros no banco público. A prestação média é inferior a 250 euros e o rácio de serviço da dívida face ao rendimento, a chamada taxa de esforço, é de 33% em média. Cerca de 90% dos contratos pagavam uma prestação abaixo dos 432 euros — é nas prestações mais altas que mais se sentirá o aumento das Euribor.
Mais tarde, Paulo Macedo adiantou que o banco está em conversas com mais de 500 clientes particulares para reestruturar o crédito devido à subida das Euribor, a quem está a propor soluções que vão desde o alongamento dos prazos do contrato, consolidações de crédito e reduções do spread. O CEO do banco argumentou que os bancos não querem ficar com as casas das famílias.
(Notícia atualizada às 18h11)
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