Adesão da União Africana como membro do G20 será considerada em 2023
Paris "apoia a plena integração da União Africana no G20", da mesma forma que a União Europeia também é membro.
A candidatura da União Africana (UA) a membro permanente do G20, que reúne as maiores economias do mundo, será considerada na próxima cimeira do grupo em 2023, disse esta quarta-feira o chefe de Estado do Senegal, Macky Sall. “Agradeço aos membros do G20 que apoiaram a candidatura da UA para se juntar ao grupo na cimeira de Bali na Indonésia“, afirmou o Presidente na sua conta oficial na rede social Twitter.
“A adesão da UA será considerada na Cimeira do G20 de 2023 na Índia”, acrescentou Sall. Na cimeira de Bali, realizada entre terça-feira e hoje, tanto Sall, atual presidente da UA, como Cyril Ramaphosa, Presidente da África do Sul – o único país africano membro do G20 – apelaram à adesão da União Africana como membro permanente do fórum.
O Presidente senegalês já apelou este ano a uma revisão da governação internacional que daria uma maior representação africana em órgãos como o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e o G20. “Gostaria de salientar que nesta renovação do multilateralismo com o qual nos comprometemos em Bali, África continua a ser um parceiro essencial na cena internacional“, referiu Sall, no seu discurso na cimeira do G20 na terça-feira.
“É a oitava maior economia em termos de PIB [Produto Interno Bruto], tem mais de 60% de terra arável e uma população estimada em 2,5 mil milhões em 2050″, recordou o chefe de Estado senegalês. Por este motivo, acrescentou, África “pode ter a ambição justa de se tornar membro permanente do Fórum do G20 e eu gostaria de convidar os meus homólogos para o fazerem”.
A mesma opinião é partilhada pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, que afirmou que Paris “apoia a plena integração da União Africana no G20”, da mesma forma que a União Europeia também é membro. Macron anunciou, igualmente, a realização “no próximo mês de junho, em Paris” de uma “conferência internacional sobre um novo pacto financeiro com o Sul”, com o objetivo de “criar as condições para um verdadeiro choque de financiamento para o Sul”.
No seu discurso, o presidente em exercício da UA centrou-se também na luta contra a insegurança alimentar e apelou à “resolução do paradoxo de uma África com imenso potencial agrícola, florestal e hídrico, que muitas vezes enfrenta carências alimentares”.
“Temos de modernizar os nossos sistemas agrícolas, aumentar a produtividade neste setor através de investimentos maciços, promover o acesso dos nossos produtores a equipamento agrícola e fertilizantes, e desenvolver cadeias de valor agrícola para aceder aos mercados externos”, apontou.
Macky Sall observou, ainda, que se trata de “uma questão de mobilizar recursos significativos que excedem em muito as capacidades orçamentais” dos Estados, “daí a necessidade de acompanhar estes esforços com financiamentos concessionais”.
Sobre a transição energética, o presidente da UA reiterou – como fez na cimeira climática da 27.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27) no Egito – o compromisso de África com o Acordo de Paris (2015) para combater a crise climática. África, salientou, “continua aberta à opção de uma economia de baixo carbono, mas isto requer transferência de tecnologia e investimento em energias renováveis”.
“Renunciar à exploração dos nossos recursos naturais enquanto a eletricidade continua a ser um luxo, tanto para a população como para as nossas empresas devido ao seu elevado custo, significa restringir o nosso potencial de industrialização, especialmente no setor agroalimentar”, advertiu Sall. O G20 é um grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo e a União Europeia. Juntas, as nações representam cerca de 80% de toda a economia global.
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