Moedas e Moreira defendem Portela como aeroporto secundário e rejeitam Santarém
Os presidentes da Câmara de Lisboa e Porto partilham a mesma perspetiva sobre o reforço da capacidade aeroportuária na capital. Carlos Moedas diz que os lisboetas não podem esperar mais.
Os presidentes da Câmara de Lisboa e do Porto defenderam que o reforço da capacidade aeroportuária da região de Lisboa deve passar por construir um novo aeroporto principal, ficando o Humberto Delgado como secundário. Estão também ambos contra a opção por Santarém.
Carlos Moedas defendeu uma opção dual, mantendo o aeroporto Humberto Delgado, “mas com um tráfego muito mais diminuído“, durante a conferência “Novo aeroporto, tempo de decidir”, organizada pelo Conselho Económico e Social e pelo Público. “Ter um aeroporto em Lisboa é um ativo e como presidente da Câmara Municipal de Lisboa tenho de defender esse ativo, mas como secundário em relação a qualquer outra decisão”, acrescentou. O motivo: a poluição que o tráfego atual provoca na cidade.
“1+Portela. É isso que o presidente da Câmara de Lisboa está a dizer e parece-me a solução mais inteligente“, afirmou também Rui Moreira, que preside à Câmara Municipal do Porto. O autarca considerou também que quer Alcochete, quer Santarém são muito distantes. Rui Moreira foi muito crítico sobretudo da última opção.
“Santarém fica fora da concessão da ANA, mas fica a 85 quilómetros. Não há nenhuma cidade europeia com um aeroporto principal a 85 quilómetros. Fazer um interface a uma distância destas é uma loucura“, disse o presidente da Câmara do Porto. Acrescentou ainda outro argumento: “Então rasguem a TAP. A decisão de resgatar a TAP foi tomada para justificar a existência de um hub em Lisboa”.
Sem se referir especificamente a Santarém, Carlos Moedas salientou que “para Lisboa é importante a rapidez e a proximidade”. Penso que o meu colega Rui Moreira teve aqui pontos muito importantes sobre a distância. É um aeroporto internacional, mas tem de ser de Lisboa“, argumentou.
Fazendo a ressalva de não ser um especialista, Rui Moreira argumentou pelo Montijo. “Já lá existe uma estrutura, está mais perto de Lisboa e aproveita as travessias já existentes, a que se pode juntar a fluvial”, disse o presidente da Câmara do Porto. Além disso, o Montijo não exigira um esforço financeiro do Estado, apontou.
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa pediu urgência na decisão. “É inacreditável o país não ter tomado uma decisão que tem custos brutais para os lisboetas, em termos de poluição e em termos económicos devido ao facto de 20% da economia da cidade ser turismo”.
João Cravinho, que foi ministro do Equipamento, Planeamento e Administração do Território no governo de António Guterres, deixou duras críticas à opção por Alcochete. “Há precedentes históricos relativamente ao Aeroporto de Lisboa que datam de Marcelo Caetano. Só nessa altura, em 1969, só foram consideradas localizações na margem sul, porque a visão de Marcelo Caetano era o desenvolvimento da península de Setúbal para Sines. Curiosamente vejo recuperar Alcochete com o pensamento de Marcelo Catenao. Isso, só por si, considero extremamente infeliz“, afirmou o antigo governante.
O antigo ministro, um defensor da localização do futuro aeroporto na margem norte, foi, no entanto, crítico da opção por Santarém, fazendo pontaria à concessão à ANA/Vinci. “Agora apareceu Santarém, que tem alguma bizarria. Porque o Estado vendeu soberania aeroportuária e tornou-se dependente não do interesse nacional, mas dos interesses financeiros da ANA/ Vinci. Esta venda de soberania é um dos episódios mais desastrosos deste processo político”.
A TAP quase não está lá. O ideal era não ter nada, para não dizerem que o Francisco Sá Carneiro está subsidiado pela TAP.
“Está-se a passar uma escolha decisiva entre a margem sul e a margem norte. Eu sou pela margem norte e tenho boas razões. O aeroporto de Alcochete tem menos 3 milhões de pessoas no sua zona de influência do que um aeroporto da margem norte. Estas vias estruturantes têm de servir o país todo”, apontou.
Rui Moreira, criticou a visão de João Cravinho sobre a área de influência nacional de uma solução na margem norte, saindo em defesa do Aeroporto Francisco Sá Carneiro. “A TAP quase não está lá. O ideal era não ter nada, para não dizerem que o Francisco Sá Carneiro está subsidiado pela TAP”, afirmou o presidente da Câmara do Porto.
“Entendemos que o Conselho Económico e Social (CES), entre outras tarefas, deve contribuir para a afirmação de um espaço de debate público que contribua para melhorar o processo de decisão politica. Era importante fazermos uma reflexão fora do mundo partidário, parlamentar e governamental“, afirmou Francisco Assis, presidente do CES, na abertura da conferência. “Vamos sair daqui com novas prespectivas sobre um tema fundamental, que anda a ser discutido há 53 anos, o que é muito tempo. “Vale a pena esperar mais um ano para termos a melhor solução”, considerou.
O Governo criou uma Comissão Técnica Independente para estudar várias opções para o reforço da capacidade aeroportuária na região de Lisboa, que incluem o aeroporto Humberto Delgado, a base aérea do Montijo, o Campo de Tiro de Alcochete e Santarém, em diversas combinações completares ou únicas. A comissão, que será liderada por Rosário Partidário, poderá propor outras localizações e terá de entregar o seu relatório de avaliação ao Executivo até ao final do próximo ano.
(Artigo atualizado com mais informação às 14h30)
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