Maior negócio imobiliário do ano superou os 800 milhões. Estes foram os seis maiores
Do segmento hoteleiro, às residências de estudantes, passando pelos escritórios e pela logística, 2022 deu cartas nos negócios imobiliários.
O maior negócio imobiliário do ano superou os 800 milhões de euros, mas os cinco abaixo passaram a fasquia dos 100 milhões. Os números comprovam o que tem vindo a ser repetido pelo setor: o imobiliário continua com um bom desempenho, mesmo num contexto de crise, alta inflação e aumento das taxas de juro. As expectativas para 2023 apontam, contudo, para “um ano bastante desafiante”.
“Apesar de um conjunto de fatores adversos, como o conflito armado na Ucrânia, o aumento acelerado da inflação e consequentemente o aumento das taxas de juro, 2022 vai ser um ano muito positivo em termos de investimento imobiliário”, diz Nuno Nunes, diretor de Capital Markets da CBRE Portugal, em declarações ao ECO. O ano vai fechar com um volume de investimento imobiliário entre os 2.700 e os 3.000 milhões de euros.
“No entanto, foi muito clara a deterioração das condições de mercado ao longo do ano, com a maior parte dos negócios a serem concluídos ou a terem as suas principais condições acordadas no primeiro semestre, mesmo quando a sua conclusão apenas ocorreu no segundo semestre”, diz Nuno Nunes.
Apesar disso, o setor continua a dar cartas e, este ano, os seis maiores negócios imobiliários superaram os 100 milhões de euros.
“2023 deverá ser um ano bastante desafiante”, diz o responsável da CBRE, justificando que, “apesar de continuar a existir muito interesse e liquidez por parte dos investidores, muitos dos fatores de risco continuam a trazer muita incerteza relativamente à performance e pricing dos ativos”.
O primeiro trimestre de 2023 deverá assistir a um “forte abrandamento da atividade” e a retoma deverá acontecer “de forma gradual, com a estabilização dos principais fatores de risco e a adaptação, quer dos vendedores, quer dos compradores à nova realidade de mercado”.
Projeto Crow: 800 a 850 milhões de euros
Em causa está a venda da ECS Capital (sociedade gestora + fundos de restruturação + ativos hoteleiros), que vai ser comprada pelo fundo norte-americano Davidson Kempner. Caixa Geral de Depósitos, BCP, Novo Banco, Santander Portugal e Oitante (ex-Banif) chegaram a acordo com o fundo de private equity para a venda dos fundos FLIT e Recuperação Turismo, além da gestão da sociedade.
A operação está avaliada entre os 800 e os 850 milhões de euros mas, deste montante, entre 20 a 30 milhões vão para os acionistas da própria sociedade gestora. A operação foi assinada em agosto e espera apenas a aprovação dos reguladores para ficar totalmente concluída, mas foi o maior negócio imobiliário do ano.
Portefólio Connect: 208 milhões de euros
O Novobanco concluiu em maio a venda do portefólio “Connect”, uma carteira constituída maioritariamente por ativos de logística, da GNB Real Estate, subsidiária do banco, por 208 milhões de euros. A operação foi fechada com a Blackstone e compreendia cerca de 20 imóveis, desconhecendo-se mais detalhes. A instituição referiu que tinha, “em média, uma participação de cerca de 75% dos referidos ativos imobiliários” em março passado.
Residências Smart Studios: 200 milhões de euros
Em julho, os britânicos da Round Hill Capital compraram a cadeia de residências de estudantes Smart Studios por cerca de 200 milhões de euros, naquela que foi uma das maiores operações imobiliárias deste ano. Em causa estão 2.070 apartamentos – 600 em operação, 401 em fase final de construção e 1.070 apartamentos em fase de licenciamento junto da Câmara de Lisboa.
Atrium Saldanha: 170 milhões de euros
A Sonae Sierra passou no final de agosto a ser a nova dona do Atrium Saldanha, o edifício de escritórios e loja próximo à rotunda do Marquês de Pombal, em Lisboa. A operação foi feita através da compra da sociedade Imosal – sociedade controlada pela Kostas que, por sua vez, é a proprietária e gestora do Atrium Saldanha – por cerca de 170 milhões de euros. O edifício é composto por 59 lojas e nove andares de escritórios.
Portefólio Linda: 120,8 milhões de euros
A norte-americana Blackstone fechou, em julho, a segunda operação logística em Portugal, com a compra de uma carteira de 15 imóveis à M7 Real Estate por 120,8 milhões de euros. Os edifícios em causa estão arrendados a empresas de distribuição e de retalho, sendo que os contratos de arrendamento serão geridos pela Logicor, uma das empresas do universo Blackstone.
Sede do Novobanco: 112,2 milhões de euros
Em agosto, a espanhola Merlin Properties assinou a compra da sede histórica do Banco Espírito Santo (BES), na Avenida da Liberdade, por 112,2 milhões de euros, tal como o ECO noticiou na altura.
Durante o processo de venda, na fase de propostas não vinculativas (non-binding), houve mais de uma centena de entidades a assinar o acordo de confidencialidade, entre as quais a Allianz, Vanguard Properties, Vogue Homes e Eastbanc. O banco acabou por se mudar para o Tagus Park, onde vai concentrar todos os trabalhadores.
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