Preço do cabaz de bens essenciais aumentou mais de 21 euros desde março

  • Joana Abrantes Gomes
  • 3 Outubro 2022

A pescada fresca (67%) e os brócolos (47%) sofreram o maior aumento de preço entre 1 de março e 31 de agosto, enquanto a courgette registou a maior descida de custo (-23%).

Entre 1 de março e 31 de agosto, o preço do cabaz de bens alimentares essenciais aumentou mais de 21 euros, indica uma análise da organização de defesa do consumidor Deco Proteste divulgada esta segunda-feira. Dos 63 produtos que compõem um cabaz essencial, 55 subiram de preço, com destaque para a pescada fresca e os brócolos.

O cabaz essencial custava 185,17 euros a 1 de março deste ano, tendo aumentado para 206,39 euros no último dia de agosto — ou seja, os consumidores passaram a pagar mais 21,22 euros pelos mesmos alimentos no espaço de seis meses.

De acordo com a Deco, os maiores aumentos verificam-se na pescada fresca e nos brócolos, cuja escalada dos preços foi de 67% e 47%, respetivamente. Mas outros bens alimentares tiveram subidas de dois dígitos: a couve-coração e o óleo alimentar dispararam 36%, a batata vermelha está 33% mais cara e um frango inteiro encareceu 30%.

Já um bife de peru custa agora mais 25% do que no início de março, os cereais de mel aumentaram 23%, enquanto as costeletas e as bifanas de porco tiveram uma subida de preços de, respetivamente, 20% e 18%.

Em contrapartida, apenas oito dos 63 produtos que compõem um cabaz essencial mantiveram ou desceram de preço até 31 de agosto, como é o caso do sal grosso, cujo preço se manteve estável, bem como dos cereais de fibra.

A courgette é o bem alimentar que teve a maior descida de preço (-23%) no período de seis meses: de 2,21 euros, custa agora 1,71 euros por quilograma. Destacam-se ainda o custo das ervilhas congeladas, que baixou 7%, o da perca (-4%), o do iogurte líquido (-2%) e o do pão de forma (-1%).

Citada em comunicado da organização, a porta-voz Ana Guerreiro sublinha que “este é um momento de difícil gestão para o orçamento familiar dos portugueses”, prevendo-se “um agravamento da situação nos tempos próximos”.

O cabaz essencial analisado pela Deco é composto por 63 alimentos, incluindo produtos de mercearia, laticínios, carne, peixe, fruta, legumes e congelados. A análise é feita todas as quartas-feiras, com base nos preços recolhidos no dia anterior, sendo que o custo do cabaz é obtido através do cálculo do preço médio por produto em todos os supermercados online, presentes no simulador da organização.

É de notar que, para fazer face à escalada de preços, o Governo avançou com um apoio de 60 euros ao cabaz alimentar para as famílias mais carenciadas. Até julho, esta medida representou um total de cerca de 128 milhões de euros. E depois a opção do Executivo foi dar um cheque de 125 euros a todos os que têm rendimentos mensais inferiores a 2.700 euros.

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.PT inaugura nova sede: a casa da internet portuguesa

Entre as iniciativas previstas para a nova sede destacam-se a criação da Academia .PT, bem como do .PT 360 – Innovation Center.

O .PT, entidade responsável pela gestão do domínio de topo português, inaugura, esta segunda-feira, a sua nova sede, no dia em que celebra 31 anos do primeiro domínio registado em .pt: dns.pt. O edifício Barra Barra (//) pretende ser a casa da internet portuguesa e um hub tecnológico aberto à comunidade, com vista ao desenvolvimento de projetos e ideias inovadoras, em particular no domínio da capacitação digital.

“Em 30 anos, esta é a primeira sede património próprio do .PT. Além de ser um momento marcante na nossa história e que muito nos orgulha, trata-se de uma oportunidade para acolher todos os projetos do ecossistema digital liderado pelo .PT, parceiros e restantes stakeholders, assente numa visão aberta para um modelo de trabalho mais dinâmico, diverso e inclusivo”, refere Luísa Ribeiro Lopes, presidente do Conselho diretivo do .PT.

Construída para funcionar como um verdadeiro espaço digital, o edifício disponibiliza um conjunto de infraestruturas, que privilegiam a aquisição e o reforço de competências digitais e a implementação de projetos ligados à inovação, destinadas tanto aos colaboradores do .PT como a pessoas ou entidades externas.

Entre as iniciativas previstas para a nova sede destacam-se a criação da Academia .PT, que dá corpo ao conceito de hub digital e permitirá um conjunto de sessões de formação em torno de temas que incidam sobre a atividade do .PT, bem como do .PT 360 – Innovation Center, com vista a promover a inovação tecnológica, através do apoio ao desenvolvimento de novas ideias e modelos de negócio, a experimentação de projetos e a capacitação de pessoas e organizações na digitalização.

As competências digitais e as tecnologias emergentes serão as áreas prioritárias deste centro de inovação, com especial foco na inteligência artificial, big data, cibersegurança, identidade digital, e-commerce e no futuro da internet.

O edifício Barra Barra localiza-se no número 29 da Rua Eça de Queiroz junto ao Marquês de Pombal e compreende um total de 700 metros quadrados, distribuídos por três pisos, contando com um auditório, com capacidade para 50 pessoas em plateia, aberto à comunidade. O projeto de arquitetura ficou a cargo do atelier Miguel Amado Arquitetos.

A inauguração oficial da nova sede do .PT decorre às 17h desta segunda-feira e conta com a participação do secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa, Mário Campolargo.

Percorra a fotogaleria para conhecer as instalações da ‘casa’ do .PT:

 

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CMVM alerta sobre publicidade nas redes sociais e de ‘influencers’ a criptoativos

  • Lusa
  • 3 Outubro 2022

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários sublinha que "promessas de ganhos elevados, em pouco tempo, merecem desconfiança, especialmente se não alertarem para os riscos envolvidos".

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) recomenda aos investidores, num relatório divulgado esta segunda-feira, elevado grau de prudência e espírito crítico face a publicidade de investimentos em criptoativos, particularmente a recebida através das redes sociais ou influenciadores digitais.

Como em qualquer investimento, promessas de ganhos elevados, em pouco tempo, merecem desconfiança, especialmente se não alertarem para os riscos envolvidos”, destaca a comissão no relatório do investidor.

A recomendação da CMVM, para investidores não profissionais, é a de utilizar as redes sociais de forma ponderada, tendo sempre em conta a importância das fontes de informação oficiais. “Se o conhecimento, a experiência e a literacia financeira de quem está a dar a informação não for certo para o investidor, bem como a veracidade e qualidade da informação prestada, deve evitar prestar atenção”, adverte.

Sobre as redes sociais no processo de investimento, o relatório refere os casos de personalidades conhecidas nas redes sociais – os influencers – que falam sobre investimentos em instrumentos financeiros, normalmente focando-se nos seus sucessos. “Isto leva a que os seguidores procurem imitar essas mesmas estratégias, sem ter em consideração os elementos que devem orientar a sua escolha e frequentemente com resultados piores do que os reportados pelos influencers, lê-se no documento.

Se os investidores decidirem adquirir criptoativos ou instrumentos financeiros com exposição direta a criptoativos, como CFD (Contrato por Diferença) sobre criptoativos, a CMVM recomenda que, antes, “compreendam plenamente” as suas características e riscos. “Contudo, isto pode ser difícil numa área onde não estão estabelecidos deveres de informação aos investidores”, alerta no relatório.

Num outro relatório, sobre finanças sustentáveis, a CMVM informa que, a partir de 2023, “o intermediário financeiro tem de entregar informação que detalhe características ou objetivos” antes de ser efetuada a compra dos fundos de investimento ou produtos de pensões que promovam características ambientais, sociais ou que tenham objetivos de investimento sustentável.

Um estudo sobre incentivos à poupança de longo prazo, com seis propostas de criação de incentivos fiscais à poupança e sustentabilidade financeira, foi também divulgado esta segunda-feira pela CMVM.

Com a publicação destes documentos, o regulador quis assinalar a semana mundial do investidor, que começou hoje e decorre até sexta-feira, para sensibilizar para a importância da educação financeira e da proteção do investidor.

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Governo propõe aumento de 52,11 euros para a maioria dos funcionários públicos

O Governo propõe aos sindicatos um aumento equivalente a um nível remuneratório para a Função Pública, ou de um mínimo de 2% para todos os trabalhadores.

Os funcionários públicos vão ter um aumento correspondente a um nível remuneratório no próximo ano, que se traduz em 52,11 euros para a maioria dos trabalhadores. Já os que recebem até 2.600 euros brutos vão ter uma atualização salarial de um mínimo de 2%. É esta a proposta que o Governo vai apresentar aos sindicatos da Função Pública esta segunda-feira, tendo em vista um acordo plurianual.

Na proposta do Governo, adiantada pela ministra da Presidência numa reunião que antecedeu os encontros com os sindicatos, a base remuneratória da Administração Pública sobe para 761,58 euros, número que tem em conta a evolução do salário mínimo (cuja subida estava prevista para os 750 euros em 2023, mas o Governo já indicou que terá um adicional para compensar o impacto da inflação). Estão abrangidos nesta subida do salário de entrada 16,7% dos trabalhadores.

Já cerca de 87,7% dos trabalhadores da Função Pública vão receber um aumento de 52,11 euros. As subidas começam a partir de 8%, para aqueles que ganham o salário base, sendo que até aos mil euros, o aumento corresponde a mais de 5,5%. Esta fatia daqueles que ganham até mil euros corresponde a um terço dos funcionários públicos (260 mil trabalhadores).

O aumento percentual vai sendo reduzido para aqueles que ganham mais, sendo que a partir dos salários de 2.600 euros brutos o aumento é de, no mínimo, 2%. As subidas salariais no próximo ano vão assim oscilar entre os 2% e os 8%, sendo que apenas aquelas para os trabalhadores que recebem a base é que são aumentados acima da inflação prevista pelo Governo, de 7,4%.

As medidas que contemplam a subida do salário base e o aumento de 52,11 euros (ou de 2%) vão ter um impacto orçamental de 738 milhões de euros este ano. Mariana Vieira da Silva defende que esta proposta é “justa e equilibrada”, salientando que o Governo foi “o mais longe que podia ter ido”, neste que é um “esforço financeiro muito significativo”.

É de salientar que o Governo tem em vista avançar com este aumento de 52,11 euros todos os anos durante a legislatura. Assim, perfaz um total de 208 euros nos quatro anos.

O Governo quer também avançar com a revisão da Tabela Remuneratória Única (TRU), introduzida em 2008, tendo em vista valorizar as diferentes carreiras e contemplar uma diferenciação.

Para os técnicos superiores, já em 2022 se verificou uma subida nos salários de entrada pelo que esses vão receber o aumento definido para a generalidade dos trabalhadores. Para os restantes níveis, vai existir um “salto” adicional de mais 52,11 euros, perfazendo os 104,22 euros. O Governo tem em vista que a diferenciação em relação aos assistentes técnicos seja de 400 euros. Conjugando a valorização da base com este mecanismo, há um aumento médio de 4,8% em 2023. Esta medida será faseada, num calendário que ainda será negociado com os sindicatos da Função Pública.

Quanto aos assistentes técnicos, vão todos receber 52,11 euros adicionais, ou seja os tais 104,22 euros, no próximo ano. Esta medida não será faseada, sendo que está já definida para todos os trabalhadores, tendo em vista garantir o distanciamento. Estão abrangidos 84 mil trabalhadores, que terão assim um aumento de mais de 10%.

Finalmente, os assistentes operacionais vão ter um mecanismo para considerar a antiguidade, segundo o qual quem tenha 15 ou 30 anos de trabalho pode subir mais um ou dois níveis adicionais. Esta medida ocorre no momento da progressão, altura em que passa para o nível seguinte ao que era suposto.

As medidas específicas para estas três carreiras terão um impacto global de cerca de 142 milhões de euros (o valor pode variar ligeiramente já que alguns detalhes, nomeadamente o faseamento, ainda estão sujeitos à negociação com os sindicatos).

O Governo sinaliza ainda que mais de 121 mil trabalhadores da Administração Pública terão pelo menos uma progressão ou promoção, que vão ter um custo de 284 milhões de euros.

(Notícia atualizada às 12h55)

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“A mulher de César é séria”, garante a ministra Ana Abrunhosa

  • ECO
  • 3 Outubro 2022

Ministra da Coesão alega que marido “não deve ser prejudicado” na candidatura a fundos europeus, frisa que tutela não interveio na aprovação e dá quatro argumentos para negar tratamento favorável.

“À mulher de César nunca bastou ser séria, sempre teve de parecer. Mas o problema não é esse. É quando queremos que César deixe de ser César e se torne um cidadão de segunda”. Ana Abrunhosa recorreu ao famoso ditado da Roma Antiga para defender o direito do marido – um “empresário de longa data, filho e neto de empresários e com quem [está] casada em regime de separação de bens” – poder candidatar-se a fundos europeus.

“Jamais poderá ser privilegiado por ser casado comigo, mas também não deveria ser prejudicado por essa mesma realidade. (…) Se não for assim, e se, de facto, se considerar justo que familiares de governantes fiquem inibidos de direitos, como o de apresentarem candidaturas a apoios europeus que estão disponíveis a todos os portugueses e em cujos processos de decisão os governantes não têm qualquer participação, então é necessário mudar a lei”, completa a ministra da Coesão, num artigo de opinião no Público (acesso condicionado), com o título “A mulher de César é séria”.

Em causa está a aprovação de uma candidatura, que resultou num apoio público de 133 mil euros, apresentada pela empresa Thermalvet, em que António Trigueiros de Aragão tem como sócio um empresário chinês condenado por corrupção ativa no âmbito do caso dos Vistos Gold. Ana Abrunhosa garante que nem ela nem os seus secretários de Estado “alguma vez [tiveram] intervenção, direta ou indireta, no processo de aprovação de candidaturas, nem na atribuição de qualquer apoio financeiro”.

Neste artigo de opinião, a ministra da Coesão Territorial deixa ainda quatro argumentos que, segundo a responsável política, provam que não houve um tratamento de favor:

  1. A candidatura ocorreu oito meses depois de o aviso ter sido aberto pelo Compete e pelas CCDR. “Uma empresa com informação privilegiada não esperaria pelo final do aviso, correndo o risco de não conseguir sequer candidatar-se”;
  2. A empresa só foi constituída pouco tempos antes da candidatura porque os promotores “não detinham uma sociedade com o objeto social do que pretendiam desenvolver” (comércio por grosso de produtos farmacêuticos);
  3. O projeto arrancou após a submissão da candidatura, antes de confirmado este apoio, “não porque o [seu] marido soubesse que ia ganhar ou qualquer outra razão pérfida”, mas por crer no potencial comercial e se dispor a “assumir a totalidade do investimento”;
  4. Insere-se num aviso de investigação e desenvolvimento (I&DT) em copromoção, pelo que a análise de mérito foi feita pela Agência Nacional de Inovação, que é tutelada pelos Ministérios da Economia e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

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Salários dos professores portugueses aumentaram metade do valor médio da OCDE

  • Trabalho e Lusa
  • 3 Outubro 2022

Apesar de o salário dos docentes portugueses ter aumentado metade do valor médio da OCDE, os professores em Portugal conseguem ganhar mais que do os restantes trabalhadores com formação superior.

Os salários dos professores portugueses aumentaram apenas metade da média da OCDE, mas em Portugal os docentes conseguem ganhar mais do que os restantes trabalhadores com formação superior. A classe é “experiente e envelhecida”, alerta o relatório anual da OCDE sobre o estado da educação, que defende também que o ensino em Portugal melhoraria se as escolas tivessem mais autonomia para escolher os professores cujos perfis se adaptam às suas necessidades. O documento revela que Portugal gasta 100 mil euros por aluno desde que entra na escola até ao 9.º ano. Um valor inferior à média da OCDE.

“Entre 2015 e 2021, os salários estatutários dos professores do ensino secundário em Portugal aumentaram 3%, menos do que a média dos países da OCDE (6%)”, lê-se no relatório anual da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) “Education at a Glance 2022”, divulgado esta segunda-feira.

Apesar de terem visto os seus ordenados aumentar apenas metade do que os dos seus colegas dos outros países da OCDE, os professores que dão aulas no ensino básico “ganham 33% mais do que outros trabalhadores com formação superior”.

“Portugal é um dos poucos países onde os salários médios reais dos professores continuam a ser superiores aos rendimentos dos trabalhadores com formação superior”, sublinha o relatório para logo explicar o motivo: o envelhecimento da classe docente.

A OCDE lembra que a “profissão docente em Portugal é experiente e envelhecida”. Em Portugal, 88% dos professores que ainda trabalham têm um mestrado ou uma qualificação superior, sendo que quase metade (45%) tem mais de 50 anos.

Uma classe envelhecida faz com que “uma grande proporção de professores esteja próxima do topo da sua carreira docente”, conseguindo “os melhores salários da sua carreira”.

Ao contrário do que se passa na maioria dos países da OCDE, em Portugal os salários dos professores não aumentam consoante o nível de ensino onde dão aulas, mas sim com os anos de serviço, que faz subir numa tabela de dez escalões que é igual para todos, quer sejam professores do 1.º ano ou do secundário.

Enquanto nos restantes países da OCDE, a diferença média salarial é superior a dez mil euros — os professores do pré-escolar recebem anualmente 43 mil euros e os do secundário 55 mil — em Portugal, “os salários reais médios são de 53.441 euros no pré-escolar e de 51.500 no secundário”.

Já em linha com o que se passa no resto dos países da OCDE, também em Portugal os salários dos diretores escolares são muito mais elevados do que os salários de outras profissionais com a mesma formação superior. “Isto é semelhante à maioria dos países da OCDE, onde os chefes escolares tendem a ganhar bem acima da média dos rendimentos dos trabalhadores com educação superior”, lê-se no relatório.

Outro dos aspetos focados no estudo é o número de aulas que os professores dão e o facto de o número de horas de ensino diminuir à medida que o nível de educação aumenta. Assim, no pré-escolar têm de dar 965 horas por ano e, nos ciclos seguintes, vai diminuindo cerca de cem horas: No ensino básico, os professores têm 869 horas de aulas por ano e a partir do 7.º ano são 667 horas.

Quanto ao tempo dedicado a trabalho não letivo, no ensino secundário, os professores gastam 51% do seu tempo de trabalho com atividades não letivas, como preparar aulas ou corrigir testes, sendo que a média da OCDE é ainda maior (56%).

OCDE defende que escolas tenham autonomia para escolher professores

A OCDE defende ainda que as aprendizagens em Portugal iriam melhorar se as escolas tivessem mais autonomia para escolher os professores cujos perfis se adaptam às suas necessidades, tal como tem sido proposto pelo ministro da Educação.

“As escolas poderiam beneficiar de um aumento de oportunidades relevantes para o desenvolvimento profissional dos professores, com maiores incentivos ao envolvimento no trabalho colaborativo e dando mais autonomia às escolas para escolherem os professores cujos perfis melhor se adaptam às suas necessidades”, pode ler-se no documento. Os investigadores defendem que estas mudanças iriam “melhorar o ambiente de aprendizagem e a organização” das escolas.

O ministro da Educação, João Costa, revelou, no início deste ano letivo, um projeto da tutela que iria permitir dar mais autonomia às escolas para que pudessem escolher um terço do seu corpo docente tendo em conta o perfil dos professores e os projetos educativos. A proposta foi apresentada aos sindicatos de professores que a recusaram, exigindo que a colocação de professores continue a ser feita através da seriação de docentes com base na sua classificação.

Entretanto, na semana passada, a Sedes – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social – veio apresentar uma ideia: Era selecionado um grupo de professores através de um concurso e depois as escolas podiam escolher entre os primeiros cinco do topo da lista nacional.

A Lusa questionou o ministério da Educação sobre esta proposta, mas não obteve qualquer posição.

Portugal gasta 100 mil euros por aluno desde que entra na escola até ao 9.º ano

Portugal gasta anualmente com cada estudante 10.854 euros, abaixo da média da OCDE, segundo um estudo que revela que um aluno custa 100 mil euros desde que entra na escola até ao 9.º ano. “A despesa por estudante desde o ensino básico ao superior em Portugal é inferior à média da OCDE”, revela o relatório anual da OCDE, numa comparação entre 36 países, tendo em conta a Paridade do Poder de Compra (PPC) para o Produto Interno Bruto (PIB) de cada país.

Em 2019, Portugal gastou 10.854 euros por estudante, enquanto a média da OCDE foi de 12.353 euros por aluno. O estudo indica que não há grandes diferenças entre o custo de um aluno que está no 1.º ciclo ou a terminar o secundário, porque a oferta de educação em termos de currículos, estilos de ensino e gestão organizacional “conduzem a padrões semelhantes de despesas”.

Nos países da OCDE, um aluno do 1. e 2.º ciclos custa em média cerca de 10.223 euros por ano, enquanto os estudantes do 7.º ao 12.º anos representam uma despesa anual de cerca de 11.745 euros. Em Portugal, os valores são ligeiramente mais baixos: As crianças até ao 6.º ano representam um custo de 9.264 euros, e os mais velhos rondam os 11.500 euros.

Assim, a despesa acumulada com a educação de um aluno numa escola portuguesa desde que entra para o 1.º ciclo (aos seis anos) até aos 15 anos é de 100 mil euros (100.460 euros), o que volta a ser ligeiramente abaixo da média da OCDE (108 mil euros).

Quando chegam ao ensino superior, a despesa aumenta. Em Portugal um aluno representa um custo médio de 12 mil euros, o que é quase três mil euros acima do valor médio gasto no ensino básico e pouco mais de 700 euros do secundário.

Mas as despesas com o ensino superior variam muito entre países da OCDE. A despesa média é de 18 mil euros, um valor impulsionado por países como o Luxemburgo onde um aluno custa em média 50 mil euros anuais.

Portugal está assim os que gastam menos da OCDE, já que na lista dos 36 países, apenas sete têm valores anuais inferiores a Portugal: Coreia, Lituânia, Chile, Turquia, México, Colômbia e Grécia.

No entanto, olhando para o investimento tendo em conta o Produto Interno Bruto (PIB), as diferenças esbatem-se. Em 2019, os países da OCDE gastaram, em média, 4,9% do seu PIB com o ensino superior, altura em que Portugal gastou ligeiramente abaixo (4,8% do PIB).

Comparando investimento público com investimento privado, o ensino obrigatório continua a ser um terreno de dinheiros públicos em todos os países da OCDE. As contas do financiamento privado representam 10% das despesas do ensino obrigatório em toda a OCDE e 11% em Portugal. Já no ensino superior, a quota-parte da despesa atingiu 31% em 2019 em Portugal, um valor igual ao da média da OCDE.

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Sueco Svante Pääbo vence Nobel da Medicina

  • ECO
  • 3 Outubro 2022

Sueco leva prémio de dez milhões de coroas suecas (cerca de 925 mil euros) pelas descobertas que fez sobre os genomas de hominídeos extintos e a evolução humana.

Svante Pääbo venceu esta segunda-feira o prémio Nobel da Medicina ou Fisiologia, avança a imprensa internacional. O sueco arrecada o prémio de dez milhões de coroas suecas (cerca de 925 mil euros) pelas descobertas que fez sobre os genomas de hominídeos extintos e a evolução humana.

“Através da sua pesquisa pioneira, Svante Pääbo — vencedor do Prémio Nobel deste ano em fisiologia ou medicina — conseguiu algo aparentemente impossível: sequenciar o genoma do Neanderthal, um parente extinto dos humanos atuais“, refere o Comité do Nobel, em comunicado.

“As descobertas de Pääbo geraram uma nova compreensão da nossa história evolutiva”, refere o documento, acrescentando que esta pesquisa ajudou a estabelecer a ciência da “paleogenética” — o estudo de material genético de patógenos antigos.

Nil-Göran Larsson, professor de bioquímica médica do Instituto Karolinska, em Estocolmo, disse que Pääbo usou a tecnologia existente e os seus próprios métodos para extrair e analisar o ADN antigo. “Certamente seria considerado impossível recuperar ADN de ossos de 40 mil anos”, disse, citado pelo The New York Times (conteúdo em inglês).

Em 2021, o Nobel da Medicina ou Fisiologia foi atribuído em conjunto a David Julius e Ardem Patapoutian pelas descobertas sobre os principais mecanismos de como as pessoas sentem calor, frio, toque e movimentos do corpo.

Esta semana vão ser atribuídos mais prémios Nobel: esta terça-feira é a vez do Nobel da Física, seguindo-se o Nobel da Química na quarta-feira e o da Literatura na quinta-feira. O Nobel da Paz é entregue na sexta-feira e, na próxima semana, é a vez do Nobel de Ciências Económicas, a 10 de outubro. Os vencedores vão receber os prémios numa cerimónia em Estocolmo, em dezembro.

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Dívida pública diminuiu 900 milhões de euros em agosto

Redução refletiu, essencialmente, uma amortização de Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV), no valor de 1,2 mil milhões de euros.

A dívida pública recuou 900 milhões de euros em agosto para 278,2 mil milhões de euros, mostram os dados do Banco de Portugal (BdP). Esta redução refletiu, essencialmente, uma amortização de Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV), no valor de 1,2 mil milhões de euros. Em sentido contrário, as responsabilidades em depósitos aumentaram 300 milhões de euros, por via das emissões de Certificados de Aforro.

Os depósitos das Administrações Públicas aumentaram 600 milhões de euros. “Deduzida desses depósitos, a dívida pública diminuiu 1,6 mil milhões de euros, para 252,5 mil milhões de euros”, refere a instituição liderada por Mário Centeno.

Em julho, a dívida pública baixou 1,4 mil milhões de euros para um total de 279,2 mil milhões de euros, depois de ter atingido um valor recorde no mês de junho. Foi a primeira vez este ano que o endividamento público caiu, após seis meses a subir.

Portugal fechou 2021 com uma dívida pública de 269,3 mil milhões de euros e foi subindo, mês após mês, na primeira metade do ano, que costuma ser mais preenchido com operações de financiamento da parte do IGCP.

Adicionalmente, como aconteceu em maio, o país começou a receber os empréstimos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que também engordam a dívida pública. Junho fixou assim um novo máximo histórico de 280,6 mil milhões de euros, caindo no mês seguinte.

Olhando para o rácio da dívida pública em relação ao PIB, Portugal tem registado uma evolução positiva este ano. Chegou ao final do segundo trimestre com um rácio de 126,7% do PIB, estando a reduzir-se desde o final do primeiro trimestre de 2021 à boleia do bom desempenho da economia.

O ministro das Finanças, Fernando Medina, disse que o Governo tem como objetivo “tirar Portugal do grupo de países com maior dívida pública” e aponta para uma redução do rácio para perto de 100% até 2026.

(Notícia atualizada às 12h08 com mais informação)

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Reino Unido recua no imposto sobre os maiores rendimentos

Governo britânico já não vai reduzir a taxa de 45% do imposto de rendimentos para pessoas que ganham mais de 150 mil libras por ano.

O Governo britânico deu esta segunda-feira um passo atrás no plano de corte de impostos anunciado na semana passada, após várias reações públicas e turbulências nos mercados. O ministro britânico das Finanças, Kwasi Kwarteng anunciou que não vai reduzir a taxa de 45% do imposto de rendimentos para pessoas que ganham mais de 150 mil libras por ano (cerca de 171 mil euros).

De acordo com uma publicação do responsável no Twitter, o Governo continua focado no pacote de crescimento financeiro, mas aquela medida específica iria cair. “Está claro que a taxa de 45% se tornou uma distração perante a nossa missão primordial de enfrentar os desafios que a nossa economia enfrenta“, disse Kwasi Kwarteng, em comunicado.

“Assim, estou a anunciar que não vamos avançar com a redução da taxa de 45%. Nós entendemos e ouvimos”, acrescentou o responsável.

A reação dos mercados à inversão de posição do Governo britânico não se fez esperar. A libra sobe 1%, tocando máximos de uma semana ao atingir os 1,128 dólares.

Os cortes de impostos foram mal recebidos pelos mercados financeiros. Nos dias que se seguiram ao anúncio, a libra caiu para um mínimo de todos os tempos e os títulos do Governo britânico começaram a ser vendidos a uma taxa histórica, fazendo com que o Banco da Inglaterra iniciasse um programa temporário de compra de dívida.

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Líderes europeus reúnem-se sexta-feira para voltar a debater crise energética

Os líderes dos 27 Estados-membros voltam a reunir-se na próxima sexta-feira para avaliar os próximos passos a tomar perante a escalada da crise energética e a aproximação do inverno.

Os líderes dos Estados membros da União Europeia vão reunir-se na próxima sexta-feira, 7 de outubro, para avaliar novas medidas a serem adotadas perante a escalada da crise energética.

De acordo com a nota publicada este domingo, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, apelou a que fossem tomadas medidas firmes numa altura em que se assiste a uma grande volatilidade nos preços do gás e a Rússia formaliza a anexação de quatro regiões da Ucrânia. “Na nossa reunião vamos debater como podemos continuar a prestar apoio económico, militar, politico e financeiro à Ucrânia”, cita a Reuters as declarações de Michel, acrescentando que no topo da agenda da reunião entre os líderes europeus vão ser avaliadas orientações sobre os próximos passos que o bloco europeu deve tomar para lidar com a alta dos preços da energia.

“O nosso principal objetivo é de garantir a segurança no abastecimento e energia acessível para as famílias e empresas, principalmente à medida que o frio do inverno se aproxima”, explicou.

A próxima reunião entre os líderes europeus procede o encontro entre os ministros da Energia que decorreu na sexta-feira passada, onde os 27 Estados-membros chegaram a acordo sobre a aplicação de uma taxa aos lucros excessivos das petrolíferas, a ser convertida numa “contribuição solidária” a redistribuir pelos mais vulneráveis, um teto máximo para os lucros das empresas produtoras de eletricidade com baixos custos (renováveis), e planos de redução de consumo de eletricidade, voluntária (10% para a procura em geral), e obrigatório (5% nas ‘horas de pico’).

Apesar destas medidas, ficou de fora a aplicação de um teto sobre o preço do gás uma vez que não terá reunido consenso entre os Estados-membros. Até ao momento, pelo menos 12 países da União Europeia, entre os quais Portugal, subscreveram uma carta conjunta na qual defendem a imposição de um teto para o preço do gás, que querem ver discutido já no Conselho extraordinário de Energia.

Os governos de Bélgica (a impulsionadora da iniciativa), Itália, Espanha, Portugal, Polónia, Grécia, Malta, Lituânia, Letónia, Eslovénia, Croácia e Roménia – que esperam ainda reunir mais apoios – dizem “reconhecer os esforços feitos pela Comissão e as medidas que esta apresentou para enfrentar a crise”, mas argumentam que é necessário enfrentar “o problema mais grave de todos”, impondo um preço máximo ao gás, a todas as transações, e não apenas à “importação a partir de jurisdições específicas”, descartando assim a imposição de um preço apenas para o gás importado desde a Rússia.

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Licenciados ganham mais do dobro dos trabalhadores com 9.º ano

  • Lusa
  • 3 Outubro 2022

A vantagem de ter estudado no ensino superior não se nota apenas no vencimento, mas desde logo na fase de arranjar emprego, revela a OCDE.

Um licenciado em Portugal ganha mais do dobro do que um trabalhador que só concluiu o 3.º ciclo. Esta é uma das conclusões do relatório “Education at a Glance 2022” da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulgado esta segunda-feira e que, nesta edição, destaca o ensino superior.

Confirmando que as habilitações literárias dos trabalhadores se refletem no seu salário em todos os países da OCDE, o mais recente relatório sobre o estado da educação sublinha que ter um curso superior é uma mais-valia ainda maior em Portugal.

Em 2020, os trabalhadores entre os 25 e os 64 anos com o ensino secundário recebiam, em média, um salário 25% mais elevado do que os colegas que não foram além do 3.º ciclo. Olhando para os trabalhadores com formação no ensino superior, a diferença é mais do dobro, ligeiramente acima da média da OCDE.

A tendência é geral, mas existem determinadas áreas em que compensa mesmo ter, pelo menos, uma licenciatura. É o caso das tecnologias de informação e comunicação, a área que paga melhores salários em Portugal e em que, ao final do mês, ter uma licenciatura vale mais do dobro do que ter apenas o secundário. Por outro lado, segundo o relatório, é nas artes que os licenciados ganham menos.

A vantagem de ter estudado no ensino superior não se nota apenas no vencimento, mas desde logo na fase de arranjar emprego.

De acordo com o relatório, as habilitações literárias estão, de facto, associadas a melhores perspetivas de emprego, não só em Portugal, mas em toda a OCDE.

Em 2021, por exemplo, a taxa de emprego na faixa etária dos 25 aos 34 anos foi mais alta entre os jovens que completaram pelo menos um nível do ensino superior. Em média, a taxa de emprego nesse grupo foi 14 pontos percentuais mais alta face aos jovens com o 3.º ciclo e cinco pontos percentuais comparativamente àqueles que concluíram o secundário.

Esta relação é “particularmente forte” no caso das mulheres. No mesmo ano, pouco mais de metade das mulheres que não chegou ao ensino secundário estava empregada (63%), enquanto 86% das mulheres com cursos superiores tinham trabalho. No caso dos homens, a diferença é apenas de 74% para 80%, respetivamente.

À semelhança dos salários, também há variações entre diferentes áreas e, no que respeita à empregabilidade, as tecnologias de informação e comunicação voltam a ser aquelas em que um diploma do ensino superior é mais valorizado, sendo que a empregabilidade entre os licenciados foi de 96%.

Ainda assim, esta é uma das áreas menos procuradas pelos jovens que seguem para a universidade e, entre um total de 380.235 pessoas a estudar no ensino superior em 2020, só 3% dos novos alunos é que optou por cursos de tecnologias de informação e comunicação.

“Apesar da necessidade crescente de competências digitais e das boas perspetivas de emprego dos estudantes com cursos em tecnologias da informação e comunicação, apenas uma pequena percentagem dos novos alunos escolhe esta área”, lê-se no relatório, que refere que a média da OCDE é ligeiramente mais alta (6%).

Em contraste, as áreas mais populares são comuns a quase todos os países da OCDE, incluindo Portugal, onde 24% dos novos alunos das universidades ou politécnicos foi para cursos em gestão ou direito.

A maioria dos estudantes portugueses do ensino superior está em licenciaturas (57%), seguindo-se os mestrados (33%). No caso das licenciaturas, só 38% é que termina o curso no tempo esperado.

Lacuna na formação de adultos

A propósito do ensino superior, o “Education at a Glance” aponta que, em Portugal, a oferta está sobretudo orientada para as necessidades da principal faixa etária a ingressar em cada ciclo de estudos, ou seja, os jovens que saíram do ensino secundário para uma licenciatura e daí para o mestrado, estando pouco direcionada para a formação de adultos.

Referindo os conceitos de ‘upskilling’ e ‘reskilling’, ou seja, melhorar as competências necessárias para o seu trabalho ou adquirir novas competências para outra área, os especialistas consideram que as instituições de ensino de competências investem pouco na requalificação dos adultos.

“Oferecem oportunidades de estudo moderadamente diversificadas e relativamente inflexíveis, o que representa uma barreira que limita o seu papel em ‘upskilling e reskilling'”, referem, propondo que as instituições atualizem a sua oferta para captar pessoas que já estão no mercado de trabalho e querem trabalhar as suas competências.

O relatório sugere também medidas que permitam facilitar o acesso ao ensino superior, como a possibilidade de estudar em regime ‘part-time’, uma vez que para muitos estudantes que têm filhos ou precisam de trabalhar para pagar as propinas, estudar a tempo inteiro não é opção.

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Trinta e duas albufeiras com menos de 40% de água no final de setembro

  • Lusa
  • 3 Outubro 2022

No último dia do mês de setembro e comparativamente ao mês anterior verificou-se um aumento do volume armazenado em duas bacias hidrográficas e uma descida em 10.

Trinta e duas das 58 albufeiras monitorizadas tinham, no final de setembro, disponibilidades hídricas inferiores a 40% do volume total, enquanto três apresentavam valores superiores a 80%, segundo dados do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH).

No último dia do mês de setembro e comparativamente ao mês anterior verificou-se um aumento do volume armazenado em duas bacias hidrográficas e uma descida em 10.

As bacias do Barlavento (com 9%) e do Lima (com 22,3%) são as que apresentavam no final de setembro a menor quantidade de água armazenada, segundo dados SNIRH.

As médias de armazenamento para o mês de setembro são nas bacias do Barlavento e do Lima de 55,5% e de 53,2%, respetivamente.

As bacias do Sado (34,7%), Mira (35,5%), Cávado (35,3%), Arade (37,9%), Oeste (45,2%), Tejo (46,6%), Ave (49,3%) e Douro (49,8%) também apresentavam no final de setembro menor disponibilidade de água.

Segundo dados do SNIRH, as bacias do Guadiana (60,9%) e Mondego (62,7%) tinham os níveis mais altos de armazenamento no final de setembro.

Os armazenamentos de setembro de 2022 por bacia hidrográfica apresentam-se inferiores às médias de armazenamento de setembro (1990/91 a 2020/21), exceto para a bacia do Arade.

A cada bacia hidrográfica pode corresponder mais do que uma albufeira.

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