Europa arrisca-se a ficar sem gás a meio do inverno se Nord Stream fechar

Depois da redução ao fornecimento de gás à Itália e a Alemanha, o Velho Continente arrisca-se a não conseguir atingir a meta de 80% do 'stock' necessário para enfrentar o inverno.

Numa altura em que o Kremlin continua a condicionar o acesso ao gás russo a vários países do bloco europeu, surgem agora alertas de que o Velho Continente pode ver o armazenamento de gás chegar a “zero” no próximo inverno. Em causa está o risco de encerramento total do gasoduto Nord Stream depois de, esta semana, o Kremlin ter avançado com reduções significativas ao abastecimento para a Alemanha e Itália. Inaugurado em 2011, o Nord Stream é o gasoduto mais importante para o gás russo chegar à Europa.

À Bloomberg, a consultora Wood Mackenzie não afasta o cenário de a Europa não conseguir atingir os níveis de armazenamento que a União Europeia encomendou à Rússia a tempo do início da época fria, em novembro, deixando então em aberto a hipótese de a região ficar completamente sem stock até janeiro, de 2023.

Se a redução dos fluxos russos continuar, pode inviabilizar o processo de reabastecimento dos armazenamento durante o verão, numa altura em que os stocks mostravam sinais de que a União Europeia poderia atingir 80% antes de 1 de novembro. Segundo a consultora, se o Nord Stream continuar a fornecer a “meio gás”, os níveis de armazenamento poderão chegar até 67%, em novembro, enquanto uma interrupção total, nos próximos dias, resultaria em níveis de armazenamento de cerca de 50%.

Esta semana, a Gazprom anunciou um corte de 40% ao fornecimento de gás à Alemanha, justificando a decisão com os atrasos nos trabalhos de reparo do gasoduto, os quais estão a ser conduzidos pela empresa alemã Siemens Energy. Na mesma nota, referiu que o corte aumentaria para 60%, a partir de 16 de junho, caso os problemas técnicos persistissem. Já a Itália, o corte, que começou por ser de 15%, aumentou para 50%, esta sexta-feira. Segundo o Financial Times, também a Eslováquia e a Áustria afirmam ter sofrido uma redução nos fluxos de gás.

“Mesmo considerando as medidas, pode ser inevitável que ocorra algum racionamento”, alertou fonte oficial da WoodMac. O alerta coincide com aquele feito pela Agência Internacional de Energia, que defendeu a urgência de serem implementadas medidas de eficiência energética de forma a poupar os recursos, numa altura em que se discute a independência energética da União Europeia da Rússia.

O mesmo apelo veio da parte do governo alemão, que pediu que a população conservasse energia. O vice-chanceler Robert Habeck considera que a situação é “séria” e que empresas e cidadãos devem fazer os possíveis para economizar energia. “Cada quilowatt-hora ajuda nesta situação”, afirmou num vídeo publicado, esta sexta-feira, no Twitter.

Para a Alemanha, a justificação da Gazprom para a redução do gás através do Nord Stream são apenas uma “desculpa” e que o corte nos fluxos era uma “ação política”. “Putin está a fazer o que sempre tememos que fizesse desde o início: está a reduzir o volume de gás, não de uma só vez, mas gradualmente”, alertou.

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Dificuldade em sancionar oligarcas devia gerar mais transparência financeira na UE

  • Lusa
  • 17 Junho 2022

Observatório Fiscal da União Europeia espera que dificuldades na aplicação de sanções aos oligarcas russos levem a “mudanças concretas”, visto tratar-se de uma “questão de vontade política”.

O Observatório Fiscal da União Europeia (UE) espera que as dificuldades na aplicação de sanções aos oligarcas russos causem mudanças para maior transparência financeira no espaço comunitário, visando identificar bens como em paraísos fiscais.

“Durante muito tempo, estas ideias não foram levadas muito a sério e não despertaram muito interesse, mas agora penso que isto começou a mudar, nomeadamente com as dificuldades verificadas com a aplicação de sanções a oligarcas russos e, portanto, é um progresso”, afirma o diretor do Observatório Fiscal da UE, Gabriel Zucman, em entrevista à agência Lusa.

Numa altura em que Bruxelas pede às autoridades dos Estados-membros para identificar os bem destes oligarcas russos, de forma a assegurar o cumprimento de sanções como o congelamento de bens, pela guerra da Ucrânia, Gabriel Zucman acrescenta esperar “mudanças concretas”, já que “é realmente uma questão de vontade política porque […] a informação atual não é utilizada para criar transparência financeira”.

“Se o fizerem, então a UE seria capaz de dizer quem são os proprietários finais de ações e títulos ou património”, destaca.

Também devido à guerra, a Comissão Europeia pediu aos Estados-membros europeus para revogarem os regimes de cidadania pelo investimento, os passaportes dourados, e controlarem os regimes de residência, os vistos ‘gold’, pelos “riscos acrescidos”.

Na entrevista à Lusa, Gabriel Zucman adianta que “muitos oligarcas russos têm riqueza investida na UE, como no Chipre, no Luxemburgo, em Malta”, pelo que este tipo de regimes, nomeadamente os de cidadania, “não são aceitáveis”, enquanto os de residência “devem ser revistos”.

Num relatório divulgado em meados de março, o Observatório Fiscal da UE alertou que as sanções económicas e individuais à Rússia podem não atingir o seu objetivo por visarem oligarcas apoiantes do regime russo que usam paraísos fiscais.

De acordo com o Observatório Fiscal da UE, parte da riqueza dos cidadãos russos ricos está escondida em paraísos fiscais e as sanções europeias visam maioritariamente oligarcas com ativos financeiros e não financeiros no estrangeiro, que são difíceis de detetar devido à confidencialidade financeira e à falta de um registo exaustivo dos beneficiários.

Dados deste organismo independente financiado pela Comissão Europeia indicam que cerca de 20 mil indivíduos na Rússia – 0,02% da população adulta – têm riqueza líquida superior a 10 milhões de euros em 2021 e cerca de 50 mil indivíduos – 0,05% da população adulta – uma riqueza líquida superior a cinco milhões de euros.

Estima-se que cerca de metade a dois terços dos ativos destes indivíduos sejam detidos no estrangeiro.

As pesadas sanções da UE à Rússia incluem o congelamento de ativos financeiros de oligarcas ligados ao regime russo e do próprio Presidente, Vladimir Putin, a proibição de vários bancos russos usarem o sistema internacional de transações Swift, a imposição de limites às exportações de certas matérias-primas, o corte da conceção de vistos e de créditos e ainda o encerramento do espaço aéreo europeu a aeronaves russas.

Gerido pela Escola de Economia de Paris, o Observatório Fiscal da UE é um consórcio de académicos que centra a sua investigação em temas relacionados com a elisão fiscal, a evasão fiscal e o planeamento fiscal agressivo, visando fornecer dados científicos que possam conduzir a melhores resultados políticos.

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Altri vende a 0,13 euros os direitos de subscrição no aumento de capital na Greenvolt

  • Lusa
  • 17 Junho 2022

Altri e Caima vendem direitos de subscrição no aumento de capital da Greenvolt a 0,13 euros. Venda de cada direito de subscrição poderá, contudo, ser inferior ao valor indicado.

A Altri e a Caima vão vender os direitos de subscrição no aumento de capital da Greenvolt ao preço indicativo de 0,13 euros, segundo um comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A oferta tem por objeto os 23.154.783 direitos pertencentes a estas duas empresas, decorrentes das participações que detêm na Greenvolt, sendo os destinatários da operação os acionistas da Altri que detenham essa qualidade às 23:59 do dia 14 de junho de 2022 e podendo cada um adquirir um direito por cada conjunto de 8,85914897 ações da Altri que detenha.

Nos termos do comunicado, divulgado ao final da noite de quinta-feira, o preço da venda de cada direito de subscrição – “a pagar em dinheiro” – poderá, contudo, ser inferior aos 0,13 euros indicativos.

Isto porque o preço a pagar será o valor mais baixo de entre três possíveis: o valor indicativo de 0,13 euros (13 cêntimos); o preço médio ponderado dos direitos de subscrição de ações no aumento de capital da Greenvolt na respetiva negociação em bolsa entre 20 de junho a 22 de junho (em ambos os casos, inclusive)”; ou, “na hipótese de os Direitos não serem objeto de colocação integral em execução da Oferta, o preço a que os Direitos sobrantes sejam alienados pelos Oferentes numa eventual venda subsequente em processo de accelerated book-building (ABB) ou em mecanismo equivalente para venda de quaisquer direitos não subscritos, realizado até 29 de junho de 2022, inclusive”.

De acordo com o comunicado, o preço médio ponderado dos direitos de subscrição de ações no aumento de capital da Greenvolt negociados em bolsa entre 20 e 22 de junho será anunciado em 22 de junho.

Caso se verifique o terceiro cenário e os direitos não sejam colocados integralmente em execução da Oferta, o preço de venda dos direitos será anunciado “na data do ABB ou mecanismo equivalente”.

Em ambos os casos, o anúncio será feito no sítio na Internet da CMVM, em www.cmvm.pt, e no sítio na Internet da Altri, em www.altri.pt.

A Altri informou no passado dia 10 que não ia ao aumento de capital da Greenvolt, anunciado no dia anterior, mas que os seus acionistas teriam oportunidade de participar diretamente naquela operação na sequência da oferta de venda de direitos de subscrição de ações da empresa de energias renováveis.

Em causa está um aumento do capital da Greenvolt em 99.994.277,12 euros, abrangendo 17.792.576 novas ações, representativas de 12,785% do capital social.

O preço das novas ações é de 5,62 euros e o período de subscrição decorre de 20 de junho a 04 de julho.

Em 31 de maio, a Altri anunciou que distribuiu aos seus acionistas 39,64% da participação que detinha diretamente na Greenvolt, reduzindo de 58,72% para 19,08% a sua posição na empresa de energias renováveis.

Segundo um comunicado então enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), “a redução da participação maioritária da Altri SGPS acontece na sequência da assembleia geral da Altri SGPS, realizada a 29 de abril de 2022, na qual foi aprovado que a totalidade do lucro do ano 2021 e, na medida do necessário, as reservas, fossem alocados à distribuição aos acionistas da Altri SGPS de 52,523,229 ações representativas de 43,27% do capital social da Greenvolt”.

Como resultado, a Altri passou a deter 19,08% da Greenvolt, num total de 23.154.783 ações.

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Quase um terço da energia foi consumida nas casas em 2020

Nas casas, a maior parte do consumo final de energia é coberto por gás natural (uma percentagem de 31,7%), seguido da eletricidade.

No ano zero da pandemia, 2020, as residências domésticas foram responsáveis por 27% do consumo final de energia na União Europeia, informa o Eurostat, num boletim lançado esta manhã.

Nas casas, a maior parte do consumo final de energia é coberto por gás natural (uma percentagem de 31,7%), seguido da eletricidade (24,8%). As energias renováveis cobriram 20,3% do consumo, enquanto o petróleo e produtos derivados deste combustível representaram 12,3%. Ainda há uma pequena parcela, de 2,7%, que decorre do consumo de carvão ou produtos relacionados.

Olhando à utilização que é dada à energia, o aquecimento vem em primeiro lugar, sendo responsável por 62,8% do consumo. 15,1% da eletricidade serve, ainda, para aquecer a água, e a refrigeração de divisões representa 0,4% do consumo. Neste sentido, a climatização e aquecimento da água somam 77,9% da energia final consumida nas casas.

Fora isto, o uso para iluminação e eletrodomésticos representa uma fatia de 14,5% do consumo final de energia, sendo que os principais aparelhos de cozinha exigem 6% do total da energia.

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Turismo algarvio com falta de trabalhadores. Há 6.000 inscritos no IEFP

  • Lusa
  • 17 Junho 2022

O Algarve tem 15.000 desempregados, dos quais 6.000 no setor do turismo. “Há um problema grave no Algarve e no resto do país de falta de mão-de-obra”, diz presidente da AHETA.

Os empresários do setor turístico algarvio queixam-se da falta de trabalhadores para o verão, apesar de haver cerca de 6.000 pessoas do setor inscritas no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), algumas a receber o subsídio de desemprego.

“Havia há pouco tempo 6.000 inscritos na área do turismo no Instituto do Emprego – só cozinheiros eram 500 -, e fizemos uma experiência com o Instituto do Emprego, com a ajuda das associações empresariais, e o Turismo do Algarve a coordenar, para tentar contratar pessoas”, disse o presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA).

Em declarações à Lusa, Hélder Martins referiu que o próprio IEFP participou nas entrevistas e “fez um esforço para trazer as pessoas, mas estas não quiseram” aceitar o trabalho que lhes era proposto nas suas áreas e com uma “boa remuneração”.

Para o empresário, não é lógico haver uma “rejeição das pessoas” para trabalhar no turismo e, ao mesmo tempo, poderem continuar a beneficiar do subsídio de desemprego, o que o leva a supor que também farão alguns trabalhos complementares. “Houve quem só pudesse vir à entrevista depois das 08:00 da noite, mas estavam desempregados e a receber o subsídio de desemprego, e outros diziam que estavam a ajudar um primo”, referiu, ainda, Hélder Martins.

O presidente da maior associação de hoteleiros da região sublinhou que “há um problema grave no Algarve e no resto do país de falta de mão-de-obra”, que não se cinge apenas ao setor do turismo.

O administrador do grupo Pestana para o Algarve, Pedro Lopes, também confirmou à Lusa que “é difícil” encontrar pessoas para trabalhar como se fazia até 2019.

“O Algarve tem 15.000 desempregados, dos quais 6.000 no setor do turismo. Mas quando essas pessoas são chamadas para as entrevistas e não aparecem é porque não querem trabalhar, e algumas devem estar a trabalhar ilegalmente, por isso não aparecem”, refere.

Segundo Pedro Lopes, os poucos que aceitam ir às entrevistas “muitas vezes dizem que só podem aparecer depois das 20:00, o que quer dizer que antes estão a fazer alguma coisa”, considerou.

“O Governo tem de fiscalizar mais estas situações”, porque “se as pessoas não querem trabalhar não é justo estarmos a pagar [o subsídio de desemprego], quando há milhares de posições a serem oferecidas no setor”, afirmou.

Por seu lado, o diretor regional de operações do Grupo Minor, que detém os hotéis Tivoli, Jorge Beldade, afirmou que as unidades hoteleiras que gere precisam neste momento de recrutar 200 pessoas, num total de cerca de 1.500 trabalhadores.

“O Instituto do Emprego e Formação Profissional tem 15.000 pessoas à procura de emprego, mas quando pedimos um grupo de 30, aparecem apenas na entrevista três ou quatro, que fazem tudo para não serem contratados”, assegurou.

Segundo aquele responsável, normalmente, os entrevistados “pretendem manter-se no fundo de desemprego e continuar a fazer biscates” a trabalhar a tempo inteiro no setor.

Vamos ter o melhor verão de sempre, as reservas já estão a um nível superior ao de 2019, o ano também vai ser excelente, mas não vamos fornecer o nível que deveríamos dar”, devido à falta de trabalhadores, observou.

De acordo com aquele responsável, a preocupação, neste momento, “já não é a receita, mas sim encontrar pessoas que queiram trabalhar”.

O presidente da AHETA também lamentou que “agora que há a oportunidade de faturar, não haja recursos” humanos, frisando que os empresários irão tentar manter a qualidade dos serviços, mesmo que tenham de deixar de disponibilizar a totalidade das mesas, nos restaurantes, ou dos quartos, nos hotéis.

Os empresários do setor turístico são unânimes em referir que a solução para resolver a falta de mão-de-obra no setor é recorrer a imigrantes, sobretudo, originários de países de língua oficial portuguesa.

De acordo com a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), a falta de mão-de-obra no setor, a nível nacional, já deverá ultrapassar os 15.000 trabalhadores estimados em 2021.

Entretanto, na quarta-feira, o Governo aprovou um regime de facilitação para a emissão de vistos em Portugal para os Cidadãos da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP).

Em conferência de imprensa, a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, avançou que vai passar “a haver uma facilitação da emissão” no âmbito da concessão dos vistos de curta duração de estada temporária e vistos de residência para cidadão abrangido pelo acordo da CPLP.

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Advogados consideram ilegal prazo de oito meses para fim da instrução do BES

Saragoça da Matta, Soares da Veiga, João Medeiros, Francisco Proença de Carvalho, Tiago Rodrigues Bastos e Rui Patrício são advogados dos arguidos ou assistentes no caso BES.

Um grupo de 27 advogados — todos eles de arguidos ou assistentes no caso BES — tomaram uma posição pública face ao prazo dado pelo Conselho Superior da Magistratura (CSM) de oito meses para Ivo Rosa terminar a instrução do caso BES.

O grupo de advogados — onde se incluem nomes sonantes como Paulo Saragoça da Matta, Raul Soares da Veiga, João Medeiros, Francisco Proença de Carvalho, Tiago Rodrigues Bastos e Rui Patrício, entre outros — “a decisão do CSM que está em causa, isto é, a fixação de um prazo para a instrução, é ilegal, e é-o por várias razões, sendo certo que acarreta uma interferência inadmissível por parte do CSM na função jurisdicional – por definição, soberana e independente – dos Juízes”, pode ler-se na carta, a que o ECO teve acesso e que terá sido enviada para o mesmo CSM.

“Os signatários não são amigos ou familiares nem têm qualquer relação de proximidade com o senhor Juiz Ivo Rosa. Ao longo da sua vida profissional, os signatários, no exercício do mandato judicial, têm vivido com decisões tomadas por este Juiz, umas favoráveis aos seus constituintes outras desfavoráveis, umas com as quais concordam outras de que discordam – como, aliás, é normal, e acontece relativamente a muitos outros Juízes”, diz o apelo. E lamentam “que instituições com particular responsabilidade na defesa do Estado de Direito não tenham ainda vindo a terreiro insurgir-se contra um acontecimento grave da vida judiciária democrática, o qual, aliás, pode constituir um perigoso precedente”.

Criticando de forma objetiva “quem, no país, encare certos processos de forma diferente de outros, e certos Juízes de maneira diversa de outros. Não é o caso dos signatários, que não pessoalizam nem individualizam processos nem Juízes, no que diz respeito à aplicação dos princípios e das regras. Pode ser que o que sucedeu tenha ocorrido por se tratar deste processo. Pode ser; os signatários não sabem”.

E sublinham que esta é uma decisão “que visa um concreto Juiz” e relativa a um “concreto processo (e, aliás, também visa e tem em conta que se trata “deste concreto processo”, como é obvio), exercendo sobre ele uma objetiva pressão e imiscuindo-se seriamente na função jurisdicional”, ela constitui “um atentado aos princípios de um Estado de Direito Democrático, quer na vertente da independência do Juiz, quer na perspetiva do direito dos sujeitos processuais a um processo justo e equitativo”.

Em resposta à Advocatus/ECO, o CSM garantiu ainda que este prazo “é adequado atenta a complexidade e dimensão do processo, considerando também que o prazo legal de quatro meses é manifestamente insuficiente”. Mais: que, “sendo esta uma das competências do CSM, considera-se que a fixação do prazo em nada belisca a independência dos Juízes”.

O grupo de advogados sublinha ainda que o CSM “defere parcialmente o pedido de aceleração, não para recuperar um qualquer atraso do processo, que expressamente se reconhece não existir, mas para ‘obviar à delonga do mesmo’, que o CSM adivinha (se não há atrasos, quais podem ser as delongas?) e, portanto, já não ao abrigo do disposto no artigo 109 do Código Processo Penal, mas de uma qualquer norma que os signatários desconhecem”, escrevem.

Concluindo: dizem que não há atraso e, por isso, não há fundamento para acelerar, mas fixa um prazo e, com isso, não só vai além do peticionado, como acelera encapotadamente e, pior, fá-lo sem fundamento e, portanto, de forma ilegal”.

 

Qual a dimensão do processo BES?

O processo BES/GES conta com 30 arguidos (23 pessoas e sete empresas), num total de 361 crimes. Considerado um dos maiores processos da história da justiça portuguesa, este caso agrega no processo principal 242 inquéritos, que foram sendo apensados, e queixas de mais de 300 pessoas, singulares e coletivas, residentes em Portugal e no estrangeiro. Segundo o Ministério Público (MP), cuja acusação contabilizou cerca de quatro mil páginas, a derrocada do Grupo Espírito Santo (GES), em 2014, terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.

A figura central desta investigação é Ricardo Salgado, ex-líder do Banco Espírito Santo (BES), acusado de 65 crimes: associação criminosa (um), burla qualificada (29), corrupção ativa (12), branqueamento de capitais (sete), falsificação de documento (nove), infidelidade (cinco) e manipulação de mercado (dois).

É composto por 767 volumes, entre autos principais, arrestos, incidentes de oposição e apensos bancários e 171 volumes de autos principais, processados até à data da distribuição em 687.398 folhas. Mais todos os apensos bancários, de buscas e diversos (mais de duas centenas) e equipamentos informáticos apreendidos. A acusação conta com 3.552 folhas, assinadas por sete procuradores.

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OMC acorda suspender patentes antivírus e medidas para combater crise alimentar

  • Lusa
  • 17 Junho 2022

Conferência da OMC termina com acordos para a suspensão das patentes de vacinas contra o HIV, e proíbe subsídios à pesca ilegal e a pesca em zonas de sobrepesca.

A 12.ª Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) terminou esta sexta-feira com acordos que incluem eliminar subsídios à pesca prejudicial, suspender patentes de vacinas antivírus e adotar medidas para enfrentar a crise alimentar.

Após cinco dias de árduas negociações, que forçaram a conferência a ser prolongada por mais de um dia e a cerimónia de encerramento a ser realizada esta madrugada, os 160 países membros chegaram a acordo sobre sete documentos, declarações e acordos.

“Terminámos mais tarde do que o esperado, mas com um pacote de decisões sem precedentes”, disse a diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, que disse que os acordos “irão mudar a vida das pessoas em todo o mundo” e mostrar que a organização que lidera “é capaz de responder às emergências de hoje”.

“Há muito tempo que a OMC não alcançava tantos resultados multilaterais”, disse a política nigeriana na cerimónia de encerramento, onde sublinhou que os membros da OMC “mostraram ao mundo que se podem reunir apesar das diferenças políticas para enfrentar os problemas globais”.

O acordo para suspender as patentes de vacinas contra o HIV (vírus da imunodeficiência humana), que está em discussão há 20 meses desde que foi proposto pela Índia e pela África do Sul, também “tornará o acesso a fornecimentos e componentes médicos mais previsível nesta e em futuras pandemias”, explicou.

O compromisso para eliminar os subsídios globais à pesca, que os membros da OMC negociam há 21 anos, “é o primeiro acordo da OMC em que a sustentabilidade ambiental é central”, disse ela.

O acordo, salientou, proíbe subsídios para apoiar a pesca ilegal e a pesca em zonas de sobrepesca, ao mesmo tempo que dá os primeiros passos para acabar com os subsídios às frotas de sobrecapacidade.

Em matéria alimentar, a declaração final compromete os membros da OMC a “tomar medidas para tornar a produção agrícola e o comércio mais previsíveis e os preços menos voláteis”, embora as medidas concretas para o conseguir terão ainda de ser definidas em futuras reuniões da OMC.

Um resultado concreto sobre a agricultura é que, após três anos de negociações, os países da OMC comprometeram-se a eliminar as restrições à aquisição de ajuda alimentar humanitária pelo Programa Alimentar Mundial (PAM) da ONU.

A 12.ª Conferência Ministerial também concordou em alargar a moratória de isenção de direitos aduaneiros sobre o comércio eletrónico global, apesar da oposição inicial de países como a Índia e a África do Sul, que denunciaram o impacto negativo nos pequenos comerciantes.

A moratória é prorrogada até à próxima Conferência Ministerial da OMC, em princípio prevista para dezembro do próximo ano, para a qual os Camarões e os Emirados Árabes Unidos se ofereceram para organizar.

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Walk Talks. Curto, médio e longo prazo. Três tempos fundamentais para atingir objetivos

  • Trabalho
  • 17 Junho 2022

João Perre Viana e Nuno Santos Fernandes, partners e mentores da Walking Mentorship, falam-nos da importância de ter noção do tempo necessário para atingir os objetivos que traçamos.

Ter noção do tempo necessário para cumprir cada objetivo a que nos propomos é fundamental para atingir a meta, o grande objetivo final. Existem três tempos fundamentais a ter em conta, defende João Perre Viana e Nuno Santos Fernandes, partners e mentores da Walking Mentorship. O curto, o médio e o longo prazo. Todos são importantes e devem estar bem visíveis.

“Os nossos passos são sempre pequeninos. Eu gosto de ter esta ideia na minha cabeça, que é: manter os passos pequeninos, mas a ambição grande”, aconselha João Perre Viana. “As jornadas maiores que fazemos não são mais do que um conjunto de muitos e muitos passos”, acrescenta.

“É fundamental manter a perspetiva daquilo que queremos alcançar no longo prazo e, depois, saber dar o passo imediato”, acrescenta Nuno Santos Fernandes.

Esta semana, João Perre Viana e Nuno Santos Fernandes dão algumas dicas no momento de traçar um plano para alcançar determinado objetivo e falam-nos da importância de enquadrar no tempo cada passo, cada objetivo e, também, a meta a que queremos, finalmente, chegar.

Uma conversa, enquanto se caminha, que se repete todas as semanas aqui na Pessoas. Bem-vindos à Walk Talks.

http://videos.sapo.pt/wf6GE4U51zti67rMnwkB

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FC Porto vende Fábio Vieira ao Arsenal por 35 milhões

Médio português está a caminho da Premier League e pode render ainda mais cinco milhões de euros aos dragões mediante cumprimento de objetivos.

Fábio Vieira está a caminho da liga inglesa de futebol. O FC Porto vai vender o médio ao Arsenal por 35 milhões de euros e ainda pode garantir mais cinco milhões mediante cumprimento de objetivos. O princípio de acordo foi anunciado nesta sexta-feira pela sociedade anónima desportiva do clube.

“A Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD, […] vem informar o mercado que chegou a um princípio de acordo com o Arsenal FC para a cedência, a título definitivo, dos direitos de inscrição desportiva do jogador profissional de futebol Fábio Vieira pelo valor de quarenta milhões de euros, sendo que destes, cinco milhões de euros estão dependentes da concretização de objetivos desportivos”, refere o comunicado divulgado junto da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

Na última época, o médio alinhou em 39 jogos ao serviço dos dragões e contribuiu com sete golos e 16 assistências. Produto da formação do FC Porto, Fábio Vieira também esteve em oito jogos pela seleção portuguesa de sub-21, com sete golos e três assistências.

A transferência de Fábio Vieira do FC Porto para o Arsenal deverá ser finalizada nos próximos dias.

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Temido sem novas respostas à crise no SNS

  • ECO
  • 17 Junho 2022

A ministra da Saúde foi chamada de urgência ao Parlamento, mas não tinha nada para dizer além de defender o plano de contingência apresentado aos sindicatos e já recusado.

A ministra da Saúde foi chamada ao Parlamento, com caráter de urgência, para dar respostas sobre a crise nas urgências no Serviço Nacional de Saúde, mas acabou por limitar-se a repetir a proposta que tinha apresentado aos sindicatos do setor e que foi chumbada, uma comissão de acompanhamento e a revisão da tabela de remuneração das horas extraordinárias. “Aquilo que propomos e que propusemos às estruturas sindicais visa responder às questões que nos foram suscitadas e acreditamos que responde mesmo às questões que nos foram colocadas“, disse Marta Temido.

Sob pressão, criticada à esquerda e à direita, Marta Temido admitiu que os problemas do SNS são “estruturais”, recordou a aprovação da nova lei de bases em 2019 e justificou os problemas mais recentes com a pandemia e, depois, num remoque ao PCP e ao BE, com a queda do Governo. “Algumas fruto de circunstâncias a que todos somos alheios, outras fruto de circunstâncias que alguns provocaram”, disse Temido, e agora é necessário implementar “soluções pontuais e de contingência” para os problemas imediatos”.

A proposta de Temido, recorde-se, já mereceu uma reação muito negativa dos sindicatos do setor, classificando-a de “totalmente inaceitável”. E neste debate de urgência, a oposição foi particularmente dura com o desempenho da ministra. André Ventura, o líder do Chega que pediu este debate de urgência, elencou os exemplos de urgências que fecharam e disse que o país não precisa de “de mais comissões”. (…) “Precisamos de ação. Seja capaz de o fazer ou ponha o lugar à disposição”. E apontou também duas contradições ao Governo: Acabou com as Parcerias Público-Privadas e recorre aos privados para as horas extraordinárias e aprovou a Agenda do Trabalho Digno, mas aumenta o recurso a médicos tarefeiros e a empresas de trabalho temporário, por ter permitido que a “sovietização da saúde fizesse parte das condições da geringonça”. Mas as críticas ao primeiro-ministro não terminaram aqui. “António Costa que escolheu a senhora Ministra faz hoje 1341 dias (…) na altura foi recrutar uma técnica independente que tinha conhecimento em saúde, hoje é uma militante assumida do PS, se calhar deslumbrada com a sua popularidade, a concorrer à liderança do partido”. E numa crítica direta a Temido, avisa que “popularidade não é a mesma coisa de competência”.

Criticada também pelo BE e PCP, os antigos parceiros da geringonça que aprovaram sucessivos orçamentos desde 2015 — Pedro Filipe Soares, do Bloco, afirmou que o caos nas urgências é um “problema estrutural” já conhecido pelo Governo e perguntou a Temido: “Porque é que deixou acontecer?” –, enquanto o PSD criticou a resposta tardia ao que se estava a passar no SNS, só mesmo o deputado do PS esteve ao lado da ministra.

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Sindicato do SEF culpa ANA e Governo por filas no aeroporto

  • ECO
  • 17 Junho 2022

Dirigente sindical Acácio Pereira é contra a extinção do SEF e aconselha o Governo a dar um “passo ao lado”, porque as consequências seriam "um desastre".

As longas filas do aeroporto dão da responsabilidade da ANA porque as 16 boxes na Portela por onde os passageiros têm de passar estão completas, diz Acácio Pereira, presidente do Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do SEF, que rejeita quaisquer responsabilidades do SEF neste problema.

O dirigente sindical sublinha, em entrevista conjunta ao Diário de Notícia e TSF, que não é possível construir mais boxes e o problema só se resolve com um novo aeroporto, porque este já está esgotado. “O aumento do tráfego internacional tem demonstrado que este problema se põe um pouco por todo o mundo, mas acentua-se mais em Portugal, porque o aeroporto não tem capacidade de aumento das boxes”, diz Acácio Pereira.

O responsável é contra a extinção do SEF e aconselha o Governo a dar um “passo ao lado”, porque as consequências seriam “um desastre”. “Trabalhar numa situação de indefinição não é bom para nenhuma das partes, mas tenho esperança que não se interprete como um passo atrás se houver uma alteração nesta decisão do SEF. Preferiria dizer que seria um passo ao lado e acho que seria ajuizado ouvir todas as partes, ouvir todos os intervenientes, ouvir todos os atores políticos e se se mantiver uma situação semelhante à que estava, penso que não é nenhum problema. Em democracia temos de perceber uma coisa muito clara: nem sempre se acerta nas decisões. Uma decisão, que se chegarmos à conclusão que não é a melhor solução, tem mais mérito para um governo assumir que não é a melhor e corrigir, do que persistir no erro”, sublinha.

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Inflação na Zona Euro sobe para 8,1%. É a taxa mais elevada desde a criação da moeda única

Preços continuam a escalar na Zona Euro: a taxa de inflação -- que mede a variação dos preços do que consumimos -- acelerou para 8,1% em maio, a mesma taxa registada em Portugal.

A taxa de inflação na Zona Euro acelerou para 8,1% em maio, com o disparo 39% dos preços da energia, confirmou esta sexta-feira o Eurostat. É a taxa mais elevada desde a criação da moeda única, há mais de duas décadas.

Portugal registou uma taxa de 8,1%, alinhando-se assim com a média da região, mas há países onde a inflação superou os 15%, como a Estónia (20,1%), Lituânia (18,5%) e Letónia (16,8%). Já França e Malta registaram as taxas mais baixas, com ambas a situarem-se nos 5,8% no mês passado.

A taxa de inflação mede a variação dos preços do que consumimos no dia-a-dia, como os alimentos, a energia e outros bens e serviços.

O Eurostat explica que o maior contributo para a subida dos preços em maio veio da energia, que registou um disparo de 39,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Tanto os preços do petróleo e combustíveis, como também da eletricidade e do gás natural dispararam nos últimos meses com a turbulência sentida nos mercados por causa da guerra russa na Ucrânia. Sem esta componente, a taxa de inflação fixou-se nos 4,6%, acima dos 4,1% em abril.

Já a inflação subjacente — que é tida em conta pelo Banco Central Europeu (BCE) na definição das suas políticas, pois exclui os preços mais voláteis da energia, alimentos, álcool e tabaco — avançou para os 3,8%, acima dos 3,5% no mês anterior e acima do objetivo de médio e longo prazo de 2% do banco central.

A componente de comida, álcool e tabaco registou uma taxa de inflação de 7,5% em maio, acelerando face aos 6,3% registados em abril.

A elevada inflação está a pressionar as famílias e tem sido uma dor de cabeça para os bancos centrais em todo o mundo. O BCE já anunciou que vai começar a subir em julhos as suas taxas de referência para tentar conter a escalada dos preços na região. Outros bancos centrais como a Fed, Banco de Inglaterra ou Banco Central da Suíça já começaram a percorrer esse caminho.

O Eurostat divulgará a estimativa rápida para a evolução dos preços em junho no próximo dia 1 de julho, que serão os dados mais atualizados que o conselho de governadores do BCE terá ao dispor quando se reunir a 21 de julho.

(Notícia atualizada às 10h43)

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