Portugal reduziu consumo de gás em 17%, “acima” do objetivo europeu

  • Lusa
  • 28 Fevereiro 2023

Ministro do Ambiente revela que Portugal tem tido uma redução de "17% do consumo de gás", salientando tratar-se de um objetivo "acima" do que estava definido a nível europeu.

O ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro revelou esta terça-feira que Portugal tem tido uma redução de “17% do consumo de gás”, salientando tratar-se de um objetivo “acima” do que estava definido a nível europeu.

“Foi recentemente publicado [relatório da Direção-Geral de Energia e Geologia], Portugal tem tido uma redução de 17% do consumo de gás e, portanto, acima daquilo que era objetivo e que estava definido a nível europeu“, disse Duarte Cordeiro.

O ministro do Ambiente e da Ação Climática falava aos jornalistas após a união entre as futuras estações da Estrela e Santos, com o final das escavações, no túnel do metropolitano de Lisboa, num total de cerca de 1.300 metros.

Duarte Cordeiro lembrou que em Portugal a redução do consumo de gás resulta “não só das medidas voluntárias aplicadas”, mas também do plano que o país “pode implementar”, frisando a importância dessa mesma redução.

“No ano passado tivemos dificuldades associadas por termos tido seca, tivemos uma necessidade extraordinária de produção de eletricidade por gás. Este ano temos um bocadinho menor dependência relativamente à produção de eletricidade com gás, uma vez que tivemos possibilidade de ter chuvas e que permitiram encher grande parte das nossas barragens”, apontou.

De acordo com o relatório da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) sobre redução da procura de gás em Portugal para o período agosto de 2022 — janeiro de 2023, o consumo de gás em Portugal cifrou-se em 2,59 mil milhões de metros cúbicos, menos 16,7% do que a média dos mesmos meses dos cinco anos anteriores.

O compromisso geral dos países europeus foi cortar em 15% o consumo de gás no período de agosto de 2022 a março de 2023. Portugal negociou com Bruxelas uma revogação para que seja aceite uma redução de apenas 7%, considerando o facto de o país depender fortemente das centrais de ciclo combinado alimentadas a gás para as necessidades do sistema elétrico.

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Greve adia leitura da sentença do cartel das seguradoras

  • Lusa
  • 28 Fevereiro 2023

A leitura da sentença do recurso da Lusitânia e da Zurich às coimas aplicadas pela Autoridade da Concorrência por cartelização foi adiada para depois de 15 de março.

A leitura da sentença do recurso da Lusitânia e da Zurich às coimas aplicadas pela Autoridade da Concorrência por cartelização foi adiada esta terça-feira para depois de 15 de março, devido à greve dos funcionários judiciais.

A juíza Mariana Gomes Machado, do Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão (TCRS), em Santarém, fez questão de dar uma explicação pessoalmente aos intervenientes no processo, salientando que, na ausência da funcionária que habitualmente assegura as diligências deste processo, não foi possível proceder à leitura da sentença.

“Nada se faz sem eles”, disse Mariana Machado, apontando esta situação como um exemplo da “essencialidade” dos funcionários judiciais.

Um pequeno grupo de funcionários do Palácio da Justiça II de Santarém, onde funcionam, além do TCRS, tribunal de âmbito nacional, as secções centrais cíveis, de comércio, do trabalho e de família e menores da Comarca de Santarém, concentraram-se em frente ao edifício, com ‘t-shirts’ negras com a inscrição “Justiça para quem trabalha!” e folhas brancas com a frase, a negro, “Filhos da (in)justiça”.

Em declarações aos jornalistas, reafirmaram o que os leva a permanecerem numa greve que se tem prolongado no tempo — além da convocada pelo Sindicato dos Oficiais de Justiça, desde o passado dia 15 e até 15 de março há greve a determinados atos decretada pelo Sindicato dos Funcionários Judiciais — e a escolherem diligências que deem “mais visibilidade” para realizarem este tipo de protesto.

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Acesso a financiamento “está muito mais caro” e a criar limitações nas micro e pequenas empresas, alerta AHRESP

Alojamento e restauração foi um dos setores onde os empréstimos mais se reduziram. AHRESP salienta impacto da pandemia nas empresas do setor e efeitos da subida das taxas de juro.

Num contexto de subida de juros, o acesso ao financiamento “está muito mais caro e está a criar limitações objetivas nas micro e pequenas empresas”, afirma a secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), ao ECO. Dados do Banco de Portugal mostram que os empréstimos às empresas recuaram em janeiro, com destaque para o setor do alojamento e restauração, o que a AHRESP justifica com as consequências da pandemia.

O montante de empréstimos concedidos pelos bancos às empresas recuou 0,1% em janeiro, naquela que foi a primeira queda desde abril de 2019 e o alojamento e restauração está entre os setores que sentiram uma redução mais expressiva. “Esta retração nos pedidos de empréstimos está diretamente relacionada com as consequências da pandemia de covid-19″, indica Ana Jacinto.

“Se, em 2020, as empresas de alojamento e da restauração se viram obrigadas a recorrer a financiamento, quer bancário, quer através do Turismo de Portugal, para manter as atividades em funcionamento e cumprir com todas as obrigações, neste momento, a pressão nas tesourarias motivada por esse excesso de crédito contratualizado está a fazer com que as empresas rejeitem o acesso a novo crédito”, aponta a secretária-geral da AHRESP.

A AHRESP recorda que Portugal “foi dos países que menos apoio a fundo perdido concederam durante a pandemia“, o que diz ter provocado “uma severa descapitalização e um elevado sobre-endividamento”. “Só no final de 2020, início de 2021, é que foi disponibilizado o Programa APOIAR, com fundo perdido direto para a tesouraria das empresas, o que fez com que diminuísse a necessidade de financiamento das empresas”, admite, mas mesmo assim as empresas tiveram de começar a liquidar o crédito no segundo semestre de 2022.

As companhias do setor encontram-se assim numa “situação de excesso de obrigações financeiras que está a criar uma forte pressão nas empresas e a motivar uma maior rejeição de crédito”, alerta Ana Jacinto. “A comprovar esta realidade estão os dados do BdP, que mostram que, em janeiro de 2023, a taxa de variação anual nos empréstimos às empresas de alojamento e restauração foi de -7,6%, quando na totalidade da economia foi de -0,1%“, acrescenta.

Desta forma, as empresas que se viam a braços com a recuperação da pandemia tiveram de enfrentar a subida das taxas de juro. Apesar de a AHRESP não ter ainda dados concretos sobre o impacto desta evolução, Ana Jacinto indica que “não há margem para dúvidas de que o acesso [ao financiamento] está muito mais caro e está a criar limitações objetivas nas micro e pequenas empresas”.

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Medina garante que bonificação dos juros abrangerá todos os créditos à habitação

Todas as famílias com rendimentos até ao sexto escalão do IRS e com um crédito abaixo dos 200 mil euros vão poder beneficiar do apoio do Estado para pagar a prestação da casa.

Todas as famílias que aufiram até 38.632 euros por ano (até ao sexto escalão do IRS) e tenham um crédito à habitação até 200 mil euros poderão ter uma bonificação dos juros. A garantia foi dada esta terça-feira pelo ministro das Finanças, Fernando Medina.

No seguimento da sua intervenção da Comissão de Orçamento e Finanças, Fernando Medina esclareceu que esta medida, apresentada a 16 de fevereiro com o programa “Mais Habitação”, será “aplicada a todos os contratos”, e não apenas aqueles que foram realizados a partir de julho de 2018 – período a partir do qual o Banco de Portugal, através de medidas macroprudenciais, obrigou os bancos a concederem crédito em função da aplicação de um teste de stress à taxa de juro dos contratos, aplicando um incremento de três pontos percentuais sobre o indexante contratado.

Segundo Fernando Medina, esta medida será inclusivamente aplicada a “todos os contratos realizados antes de 2011 que beneficiam da dedução fiscal em sede de IRS”, sublinhando que, nestes casos, “será feito o acerto para que as famílias beneficiem do maior dos dois apoios, quer seja da bonificação em sede de IRS ou do novo apoio.”

A bonificação dos juros do crédito à habitação será aplicada sobre 50% do aumento da prestação da casa criada pela subida das taxas de juro (face à prestação que teria com a aplicação da taxa de juro “stressada” pelos bancos) até 1,5 IAS (Indexante dos Apoios Sociais), que se traduz num valor global de 720,65 euros por ano.

Respondendo a Inês Sousa Real, deputada e líder do PAN, Medina referiu que a bonificação dos juros irá “abranger uma larga maioria de créditos contraídos” e “também um alargado universo de famílias.”

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Tancos: Tribunal da Relação anula acórdão devido a uso de metadados

O uso de metadados levou o Tribunal da Relação de Évora a anular esta terça-feira o acórdão do processo de Tancos. O uso de metadados é proibido pelo Tribunal Constitucional.

O Tribunal da Relação de Évora anulou esta terça-feira parte da decisão da primeira instância do processo de Tancos, avançou o Expresso. Esta decisão foi motivada devido ao uso de metadados que foram proibidos pelo Tribunal Constitucional.

Segundo refere o Expresso, o Tribunal de Santarém vai voltar a analisar a prova para perceber se a retirada dos metadados do processo afeta ou não a sentença. Esta decisão pode beneficiar os condenados, como os elementos da PJ Militar.

Em janeiro de 2022, o juiz Nelson Barra decidiu absolver o antigo ministro da Defesa, Azeredo Lopes, de todos os crimes de que estava acusado no caso Tancos – denegação de justiça, prevaricação, abuso de poder e favorecimento pessoal. Três arguidos foram condenados pelo crime de terrorismo, entre eles, João Paulino. Na leitura da decisão, que decorreu no tribunal de Santarém, foram condenados 11 arguidos.

Entre as condenações está a de Hugo Santos e João Paulino por tráfico de estupefacientes, a de Luís Vieira, Vasco Brazão e mais quatro arguidos pelo crime de favorecimento e a de Vasco Brazão por um crime de falsificação documentos.

João Paulino, cabecilha do assalto, foi condenado a oito anos de prisão efetiva pelos crimes de terrorismo e tráfico de droga. Já os membros do grupo que assaltou os paióis, João Pais e Hugo Santos, foram condenados a cinco anos de prisão efetiva e a sete anos e seis meses, respetivamente.

O major Vasco Brazão, ex-porta-voz da Polícia Judiciária Militar, foi condenado a cinco anos com pena suspensa, o coronel Luís Vieira, ex-diretor da PJM, condenado a quatro anos com pena suspensa e o major Pinto da Costa foi condenado a cinco anos com pena suspensa. Foi determinada uma pena acessória para Vasco Brazão de proibição do exercício de funções, de 2 anos e 6 meses.

O sargento Lima Santos da GNR de Loulé foi condenado a cinco anos de pena suspensa. Já os militares Bruno Ataíde e Laje de Carvalho foram condenados a três anos de pena suspensa. José Gonçalves foi condenado a dois anos e seis meses de pena suspensa.

Todos os 23 arguidos do caso Tancos foram absolvidos do crime de associação criminosa, uma vez que o tribunal não deu o crime como provado.

Neste caso estava em causa o furto e recuperação das armas do paiol de Tancos, que envolve 23 arguidos, incluindo o antigo ministro da Defesa, Azeredo Lopes. O furto das armas foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017 com a indicação de que ocorrera no dia anterior, tendo a recuperação de algum material sido feita na região da Chamusca, Santarém, em outubro de 2017, numa operação que envolveu a PJM em colaboração com elementos da GNR de Loulé.

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Sitio abre cowork em Aveiro

Com área superior a 1.000 metros quadrados, e capacidade para cerca de 200 postos de trabalho, o novo cowork implicou um investimento de 350 mil euros.

A rede Sitio acaba de abrir um novo cowork em Aveiro, num investimento de 350 mil euros, projeto inserido no âmbito do plano de expansão do grupo Himo até ao final de 2025, com um investimento global previsto entre quatro a cinco milhões.

“O crescimento do nomadismo digital e a procura por espaços de trabalho partilhados estão cada vez mais no horizonte de muitos profissionais, empreendedores, startups de relevo nacional e internacional, e mesmo por empresas de perfil mais institucional, privilegiando ambientes de trabalho mais sustentáveis, que ofereçam um grande suporte de serviços complementares à sua atividade, bem como proporcionem o equilíbrio entre o bem-estar profissional e laboral, cada vez mais valorizado pelas empresas e colaboradores”, sublinha Miguel Ricardo, general manager da rede Sitio, citado em comunicado.

Com área superior a 1.000 metros quadrados, e capacidade para cerca de 200 postos de trabalho, o novo espaço da rede conta com escritórios privados, áreas de hot desk e dedicated desk, salas de reunião, espaço multiusos, copa, zonas de descanso e terraço.

Com a abertura do espaço inaugura igualmente a Mostra artística Inspiring Spaces, com a curadoria de Miguel Correia, designer, editor e organizador de eventos culturais, em exposição até 31 de março, um projeto editorial com obras de arte, pintura, design, ilustração e multimédia, de Keith Kitz, Névio Buzov, Mário Afonso, Maria Duarte, Diana Ferreira, Sérgio Correia, Alunos da ESAD, Sara Seabra, João Tiago Fernandes, Leonor Aguiarcom e Aveiro Sketchers.

“Esta abertura enquadra-se na estratégia de expansão quer das geografias da rede Sitio, quer da diversificação de serviços focados no aumento da produtividade e satisfação da comunidade Sitio. A abertura deste cowork tem a missão de contribuir ativamente para a dinamização do tecido empresarial de Aveiro, uma região cada vez mais atrativa”, refere ainda Miguel Ricardo.

Investimento até 5 milhões até 2025

O novo espaço junta-se à rede do grupo Himo que conta, atualmente, com 15 coworks entre Lisboa, Porto, Setúbal e Aveiro, totalizando uma área de mais de 21.000 metros quadrados. Nos objetivos do grupo está, até 2025, crescer a área gerida para os 50.000 metros quadrados. “Prevê-se um investimento entre quatro a cinco milhões de euros para o Sitio“, revelou em janeiro o general manager à ECO Pessoas.

Planos de expansão em 2023 que não se ficam pela abertura de Aveiro. “No primeiro trimestre de 2023 vamos gerir um novo Sitio na zona oriental de Lisboa destinado a empresas tecnológicas. É um espaço incrível e único em Portugal, com restauração, ginásio, espaços de lazer, campo de padel, e surge da oportunidade de rentabilização de um espaço com enorme potencial que estava de alguma forma subaproveitado, num modelo de parceria e exploração que pretendemos replicar no futuro”, adiantou ainda Miguel Ricardo.

O grupo pretende iniciar as obras para a criação de um novo espaço em Lisboa com mais de 2.000 metros quadrados. “Deve estar concluído no último trimestre de 2023 e estamos em fases avançadas de negociações para outros espaços”, revela Miguel Ricardo.

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Medina anuncia redução da dívida pública para 113,8% do PIB em 2022

Ministro das Finanças fala em redução "impressionante" do rácio da dívida pública no ano passado: baixou quase 12 pontos para 113,8% do PIB. "Alarga margem de atuação" do Governo, destaca Medina.

A dívida pública caiu para 113,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, o valor mais baixo desde 2010, ficando abaixo das previsões do Governo e até do que havia apontado o Banco de Portugal no início deste mês, anunciou o ministro das Finanças, Fernando Medina, no Parlamento, que destacou que o resultado “alarga a margem de atuação” do Executivo.

“Posso hoje anunciar que a dívida pública em Portugal irá reduzir-se para 113,8% do produto em 2022. É um valor que recua para níveis pré-pandemia e níveis pré-troika. É uma descida impressionante de quase 12 pontos percentuais, dos 125,4% que tinham sido registados em 2021 e é o menor valor desde 2010″, adiantou Medina na comissão de orçamento e finanças. O ministro vai ser questionado pela polémica na TAP, mas iniciou a sua intervenção com os resultados positivos da economia no ano passado.

Segundo disse aos deputados, a descida da dívida pública é um “resultado importantíssimo” para o país. “Alarga as nossas margens de atuação no presente”, começou por dizer. Depois, “assegura uma maior sustentabilidade do nosso modelo social. E, em terceiro lugar, significa mais segurança e liberdade para as atuais e futuras gerações nas suas decisões” acrescentou.

Do ponto de vista do desempenho da economia, Medina notou que Portugal não entrou em recessão, apesar do enquadramento internacional menos favorável. “Pelo contrário, crescemos mais. Estamos hoje 3,3% acima do nível de atividade que tínhamos em 2019”, apontou. O Instituto Nacional de Estatísticas (INE) confirmou esta terça-feira que a economia cresceu 6,7% no ano passado.

A redução da dívida pública é uma das grandes prioridades de Fernando Medina, que quer tirar Portugal do grupo de países da Zona Euro com as maiores dívidas públicas que junta o país à Itália e Grécia, e isto numa altura em que a subida das taxas de juro vai colocar pressão adicional aos cofres dos Governos mais endividados. Chegou a atingir os 138% do PIB em março de 2021, na sequência dos apoios públicos massivos à economia por causa da pandemia, mas desde então que se mantém em trajetória de descida.

O Orçamento do Estado para este ano prevê nova redução acentuada do endividamento público: deverá cair para 110,8% do PIB. Isto apesar de o Governo esperar uma desaceleração da economia para 1,3%.

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Cabelte, Q&Q e Solidal sancionadas pela AdC por cartel no fornecimento de cabos elétricos

  • Mariana Marques Tiago
  • 28 Fevereiro 2023

Segundo a Concorrência, as empresas "definiam previamente quem ganharia os procedimentos de modo alternado, subcontratavam a concorrente perdedora e compensavam a faturação num esquema de pagamentos".

As empresas Cabelte – Cabos Eléctricos e Telefónicos, Quinta&Quintas – Condutores Eléctricos, S.A. e Solidal – Condutores Eléctricos S.A (que detém a Q&Q a 100%) foram sancionadas pela Autoridade da Concorrência (AdC) por cartel no fornecimento de cabos elétricos à REN (gestor da infraestrutura elétrica nacional). A prática levada a cabo pelas empresas – e que afetava a concorrência – verificou-se entre junho de 2015 e maio de 2020.

Em causa está “um acordo ou prática concertada restritivos da concorrência através da fixação de preços e da repartição de mercado em procedimentos de contratação pública“, lançados pela REN para “fornecimento de cabos para o transporte de energia elétrica”, lê-se no comunicado enviado pela autoridade.

Segundo a AdC, as empresas mencionadas admitiram a sua participação no cartel e abdicaram da litigância judicial. Assim sendo, à Cabelte foi atribuída uma coima de 1.020.800 euros. Por sua vez, a Q&Q e a Solidal foram sancionadas com uma coima de 1.035.000 euros, tendo estas sido reduzidas por colaborarem com a AdC. Os valores das coimas foram determinados pelo volume de negócios das empresas.

Em comunicado, a AdC explica que no acordo existente entre as empresas havia fixação de preços e repartição do mercado relativamente a concursos lançados para o fornecimento de cabos para transporte de energia elétrica por parte da REN. Assim, o objetivo era “impedir, falsear ou restringir, de forma sensível, a concorrência”.

“A Cabelte, a Q&Q e a Solidal definiam previamente quem ganharia os procedimentos de modo alternado, subcontratavam a concorrente perdedora e compensavam a faturação num esquema de pagamentos e acertos de contas regular ao longo do período em causa”, lê-se no comunicado.

A prática da Cabelte, Q&Q e Solidal considera-se ilegal, uma vez que a Lei da Concorrência proíbe acordos entre empresas que têm por objetivo limitar a concorrência do mercado nacional no seu todo ou em parte. A AdC conclui que esta prática não só reduz “o bem-estar dos consumidores”, como também prejudica “a competitividade das empresas e a economia como um todo”.

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Sindicato critica “vigarices” na privatização da TAP em 2015

Sindicato defende que Governo "tem a missão histórica de reparar, em primeiro lugar, as vítimas, que são os trabalhadores, devolvendo-lhes o que lhe foi roubado".

O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava), um dos maiores da TAP, considera que a compra de 61% da companhia aérea pela Atlantic Gateway em novembro de 2015 envolveu várias “vigarices”, que mais tarde levaram à necessidade de recorrer à injeção de 3,2 mil milhões de euros do Estado, acompanhada de um plano de reestruturação com despedimentos e cortes de salários para os trabalhadores.

Vieram agora a público, preto no branco, como diz o povo, as “vigarices” – sim não temos melhor substantivo – que os ‘investidores’ privados, muito endinheirados, fizeram para comprar a TAP em 2015, naquele ato noturno, pela calada, e com o silêncio cúmplice de muitos daqueles que hoje choram lágrimas de crocodilo”, escreve o Sitava num comunicado aos associados.

O ECO revelou uma análise legal da Serra Lopes, Cortes Martins & Associados (SLCM) que indica que os 226,75 milhões de dólares que a Atlantic Gateway, a holding de David Neeleman e Humberto Pedrosa, colocaram na TAP e garantiram a privatização vieram diretamente da Airbus. Dinheiro que terá sido entregue em contrapartida de um negócio de compra de 53 aviões ao fabricante europeu, fechado pelo próprio empresário americano, e que segundo os advogados pôs a companhia aérea a pagar a sua própria capitalização, violando o Código das Sociedades Comerciais. Numa análise efetuada pela consultora Airborne para a TAP, a companhia aérea ficou a pagar pelas aeronaves mais 254 milhões do que a concorrência. O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) tem já a decorrer um inquérito com base nestes indícios.

“Todos sabiam que isto se falava nos corredores e, nós próprios, tivemos oportunidade de o transmitir às várias entidades a quem ‘batemos à porta’, na nossa luta quase solitária contra essa privatização. Ninguém sabia de nada, nem queria saber, e nem sequer tinha ouvido falar, tal era o encanto e a felicidade que o Dr. Pires de Lima, então já ex-ministro, e o seu ‘Partner’ Sérgio Monteiro, irradiavam“, escreve o sindicato.

De uma só penada os ‘acionistas’ muito endinheirados tinham comprado a empresa toda e, pasme-se, com o dinheiro da própria empresa. Se isto não foi uma vigarice então que nome tem? E agora, não haverá consequências?

SITAVA

“Venderam nessa noite 61% da TAP, mas para os mais distraídos é bom que se recorde que ficou agendada a venda da totalidade. Portanto, de uma só penada os ‘acionistas’ muito endinheirados tinham comprado a empresa toda e, pasme-se, com o dinheiro da própria empresa. Se isto não foi uma vigarice então que nome tem? E agora, não haverá consequências?“, acrescenta o Sitava.

A estrutura sindical que representa o pessoal de terra da companhia questiona o negócio dos aviões: “Foi a decisão certa a troca de frotas e a encomenda de uma quantidade de aviões de que a TAP não precisava? E, ainda por cima, mais caros do que os outros operadores estavam e estão a pagar?” E alega que impôs à companhia um crescimento completamente descontrolado e dois anos de grandes prejuízos.

As críticas estendem-se aos Governos de António Costa, que o Sitava afirma que “sabiam de tudo” e “deixaram andar”. “Não foram também eles responsáveis pelo estado em que a companhia estava quando chegou a pandemia, atribuindo depois todas as culpas para os pobres dos trabalhadores que não tinham sido vistos nem achados em tais decisões?”, diz o sindicato.

“Já agora, a propósito de erros, seria muito interessante que se investigassem também os contratos de prestação de serviços entre os donos de então, a Atlantic Gateway e a TAP SGPS. Talvez também aí se encontrem mais algumas agradáveis surpresas”, acrescenta o SITAVA.

O ECO avançou na semana passada que a Atlantic Gateway recebeu verbas da TAP no âmbito de um acordo de prestação de serviços, depois de ter ficado com 61% do capital na privatização em novembro de 2015. Só em 2017, foram faturados 1,17 milhões de euros à companhia aérea. Humberto Pedrosa, acionista do consórcio com David Neeleman, disse que era a forma de os administradores ligados à holding receberem os salários.

“Sabendo de toda esta vigarice [o anterior Governo] pagou, e bem, a um dos “acionistas” para ir à vida dele, e entregou aos algozes da União Europeia o destino da empresa. Primeiro porque não denunciou a vigarice, como era sua obrigação, e segundo por ter entregue à BCG a elaboração do chamado Plano de Reestruturação da TAP que impunha à partida o roubo aos trabalhadores da obscena quantia de 1,4 mil milhões de euros e a destruição de cerca de 3.000 postos de trabalho”, sustenta ainda.

“Pobre empresa esta, que ao longo dos tempos tem servido de trampolim para tanta gente, a maioria dela desqualificada e gananciosa, que fez e continua a fazer a sua vida à custa dos outros. Dará uma longa lista se alguém se quiser dar a esse trabalho”, escreve o Sitava aos associados.

O Governo atual, único acionista da empresa, tem a missão histórica de reparar, em primeiro lugar, as vítimas que são os trabalhadores devolvendo-lhes o que lhe foi roubado, incluindo os Acordos de Empresa que, como se demonstra agora, em nada contribuíram para a vigarice. E em segundo lugar, libertar a empresa das amarras impostas pelos algozes da União Europeia e consolidá-la enquanto importante ativo estratégico para o país, ao invés de andar por aí de mão estendida a tentar vendê-la ao desbarato”, defende.

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Lusa e TVI com plenários 4.ª feira sobre reinvindicações salariais

  • Lusa
  • 28 Fevereiro 2023

Os trabalhadores da Lusa e da TVI têm convocados plenários para para discutir as reivindicações de aumentos salariais e as propostas das respetivas administrações e decidir novas formas de luta.

Os trabalhadores da Lusa e da TVI têm convocados plenários para quarta-feira para discutir as reivindicações de aumentos salariais e as propostas das respetivas administrações e discutir novas formas de luta.

Em 09 de fevereiro, os trabalhadores da TVI, canal da Media Capital, tinham aprovado em plenário um pré-aviso de greve, de 24 horas, para 08 de março, em que reclamam uma atualização salarial mínima de 8% para todos.

Na altura, Rolando Santos, da Comissão de Trabalhadores (CT) da TVI, tinha dito que 8% era o “mínimo aceitável, porque cobre a taxa de inflação”, referindo “o historial da empresa” que “é muito mau, com muitos anos sem qualquer tipo de aumento” que conduziu a uma “degradação salarial muito acentuada”.

Entre as outras reivindicações está a “atualização do subsídio de alimentação para o máximo permitido legalmente”, a “concessão de 25 dias de férias anuais e outras questões que têm a ver com o plano de carreiras”, destacou, referindo, na altura, que a CT só recuará caso este caderno reivindicativo seja aprovado a 100%.

Um dia depois, o Presidente da República alertou que só com uma “comunicação social forte” se pode garantir uma “democracia forte”, ao comentar o anúncio de greve na TVI e a fase “muito difícil” que o jornalismo está a atravessar.

Ando há anos a dizer que a comunicação social está a atravessar uma fase social e económica muito difícil, de grande precariedade, e para uma democracia forte, é preciso uma comunicação social forte. Se a comunicação social não é forte, a democracia não é forte“, sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa, em 10 de fevereiro.

Lusa rejeita aumentos propostos pela administração

Também os trabalhadores da Lusa têm marcado um plenário para o mesmo dia – 01 de março – sobre o caderno reinvindicativo para 2023, aprovado pelos trabalhadores da Lusa em 03 de novembro, o qual inclui um aumento mínimo de 120 euros nos salários, a atualização do subsídio diário de refeição, pago em cartão, para o valor máximo não tributável, bem como a criação de um subsídio parental de 100 euros por cada filho/a, a ser pago juntamente com a retribuição do mês seguinte ao do regresso da licença parental, entre outros.

Mais de dois meses após a entrega do caderno reivindicativo aprovado em plenário, os sindicatos representativos dos trabalhadores da Lusa foram ontem [22 de fevereiro] surpreendidos por uma contraproposta que consideram indigna“, referiram as estruturas sindicais que representam os trabalhadores da agência de notícias em comunicado enviado em 23 de fevereiro.

Mais concretamente “é proposto o aumento de 35 euros no salário base mensal, o mesmo valor que a administração da Lusa já tinha orçamentado para este ano, antes do início das negociações“, apontam os signatários do comunicado – Sindicato dos Jornalistas (SJ), Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas (SITE CSRA) e o Sindicato dos Trabalhadores do Setor de Serviços (SITESE).

Ora, “o tempo que os sindicatos deram à administração da Lusa neste processo foi de ‘boa-fé’ para que fosse apresentada uma contraproposta de atualizações salariais adequada que permitisse negociações efetivas, o que lamentavelmente não aconteceu“.

Face a isto, os sindicatos convocaram um plenário para quarta-feira “para apresentação detalhada da contraproposta e ouvir os trabalhadores sobre a mesma e os passos a seguir, incluindo eventuais formas de luta”, sendo que também vão pedir reuniões urgentes às tutelas da Cultura e das Finanças.

Entretanto, num comunicado divulgado na segunda-feira, a Comissão de Trabalhadores da Lusa também considera a proposta da administração “indigna”.

Ou seja, “propor aos trabalhadores o que já estava previsto e orçamentado antes de qualquer processo negocial é um ato provocatório, atentatório e desrespeitador do espírito de boa-fé negocial, no qual assentou também a paciência dos trabalhadores que esperam desde janeiro, legitimamente e de pleno direito, até em comparação com o setor público onde a Lusa se insere, por aumentos salariais condignos, adequados ao momento que se atravessa e à qualidade do trabalho prestado, que a Lusa elogia, mas não traduz em atos”, critica o órgão.

Aliás, “a proposta pode ser mesmo considerada uma ofensa aos trabalhadores da Lusa depois de mais de 10 anos sem aumentos efetivos e num momento de inflação histórica“, prossegue a CT, salientado que na reunião que teve em 16 de fevereiro com o presidente da agência de notícias, Joaquim Carreira, este transmitiu que se tinha reunido com as Finanças, na qual apresentou ao novo secretário de Estado do Tesouro a Lusa e a sua missão”.

Saiu “desse encontro a indicação que apenas com a apresentação de um plano para aumento de receitas com sustentabilidade no curto prazo a Lusa poderá aplicar o modelo de aumentos salariais na função pública, que corresponde a aumentos de 5,1%”, relata a CT.

A Comissão de Trabalhadores da Lusa “entende que, na sequência dessa reunião, apresentar aos sindicatos e, por esta via, aos trabalhadores, a proposta que a administração apresentou representa um ‘atirar de toalha ao chão’ que a administração não deveria sequer considerar e que os trabalhadores não podem aceitar”.

O órgão sublinha que “à administração compete exigir e bater-se pelas valorizações salariais e melhorias de condições necessárias” e que “os trabalhadores da Lusa não esperam menos do que isto”.

Já num comunicado de 16 de janeiro, a CT tinha informado que o presidente da Lusa tinha dito que a verba orçamentada de 200 mil euros para aumentos salariais na agência de notícias era “insuficiente para as reivindicações apresentadas pelos trabalhadores”.

Entretanto, os trabalhadores da rádio TSF, do grupo Global Media (GMG), vão concentrar-se na quinta-feira frente às instalações da empresa, em Lisboa, face à “ausência de resposta de ajustes salariais” para este ano.

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Crédito Agrícola aumenta salários em 4% e subsídio de alimentação para 11 euros

  • Lusa
  • 28 Fevereiro 2023

A medida, que será efetuada em março e com efeitos retroativos a janeiro, “decorre da incerteza da atual conjuntura e do contínuo escalar dos preços".

O Crédito Agrícola (CA) anunciou esta terça-feira um aumento salarial de 4% e do subsídio de alimentação para 11 euros diários para todos os trabalhadores, segundo um comunicado divulgado pelo grupo financeiro.

No documento, o CA refere que a medida, que será efetuada em março e com efeitos retroativos a janeiro, “decorre da incerteza da atual conjuntura e do contínuo escalar dos preços, refletindo-se nas condições de vida dos colaboradores”.

O presidente do Grupo Crédito Agrícola, Licínio Pina, argumentou que este é “um esforço significativo”, mas “importante para reforçar a melhoria das condições de remuneração dos colaboradores”.

“É preciso continuar a apostar no talento e dedicação dos nossos colaboradores e contribuir para o desenvolvimento do seu bem-estar profissional e pessoal”, acrescentou o presidente do grupo.

O banco tinha atribuído, em novembro, um pagamento pontual entre 250 e 750 euros aos seus colaboradores para enfrentar os efeitos da inflação e da perda do poder de compra.

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Um em cada quatro médicos tem mais de 65 anos e 5 mil vão aposentar-se até 2030

  • Lusa
  • 28 Fevereiro 2023

Até 2030, prevê-se "a aposentação de cerca de cinco mil médicos, a que acresce a aposentação de médicos que trabalhem exclusivamente no setor privado", adianta um relatório divulgado esta terça-feira.

Cerca de um em cada quatro médicos tem mais de 65 anos, um envelhecimento da classe que resultará numa vaga de cerca de 5.000 aposentações até 2030, alerta um relatório sobre recursos humanos da saúde divulgado esta terça-feira.

A presente década de 2020–2030 será marcada por um elevado volume de aposentações de médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Prevê-se neste período a aposentação de cerca de cinco mil médicos, a que acresce a aposentação de médicos que trabalhem exclusivamente no setor privado”, refere o documento dos investigadores Pedro Pita Barros e Eduardo Costa.

Este relatório faz parte da cátedra em Economia da Saúde, enquadrada na iniciativa para a Equidade Social, que resulta de uma parceria entre a Fundação “la Caixa”, o BPI e a faculdade de ciências económicas, financeiras e de gestão da Universidade NOVA de Lisboa (Nova SBE).

Os investigadores alertam ainda que o “problema do envelhecimento é assimétrico no território nacional”, com o Norte, Centro e regiões autónomas a registarem uma “proporção de médicos com mais de 65 anos inferior à média nacional”.

Para além da assimetria regional e por especialidades, verifica-se um agravamento acentuado ao longo do tempo. Em 1996, cerca de 11% dos médicos inscritos na Ordem dos Médicos tinham mais de 65 anos. Os dados mais atuais, referentes a dezembro de 2021, colocam esta proporção em 24%“, refere o estudo.

A análise indica que, ao nível das especialidades, o envelhecimento da classe é mais evidente na medicina tropical (88,1% dos médicos com mais de 65 anos), na estomatologia (53,8%), na cirurgia pediátrica (43,6%), na patologia clínica (43,1%), na cirurgia cardiotorácica (42,6%) e na cirurgia maxilofacial (40,9%).

Segundo os dados agora divulgados, esse elevado envelhecimento da classe “faz antecipar uma vaga de aposentações” para os próximos anos, prevendo-se um volume médio de aposentações anuais superior a 450.

Lisboa e o Norte, regiões com maior número de profissionais de saúde, “serão as mais afetadas”, salienta ainda o relatório, ao estimar que a década de 2030 será marcada por um volume de aposentações anuais “substancialmente inferior”. Entre 2030 e 2040 deverão aposentar-se, em média, menos de 250 médicos por ano.

O documento adianta ainda que os índices de envelhecimento dos enfermeiros são “substancialmente inferiores” aos dos médicos, uma vez que, em 2019, menos de 4% desses profissionais de saúde tinham mais de 65 anos.

“O envelhecimento dos profissionais de saúde implica uma adaptação do sistema de saúde. Uma maior proporção de médicos envelhecidos reduz os profissionais de saúde disponíveis para trabalhar em período noturno ou em urgência”, alertam também Pedro Pita Barros e Eduardo Costa.

De acordo com os investigadores, a aproximação da idade da reforma de um grande número de médicos coloca ainda um “grande desafio à manutenção de capacidades formativas no SNS”. “O planeamento atempado dessas aposentações é fundamental para minimizar disrupções no normal funcionamento dos cuidados de saúde”, salienta o relatório, que analisa vários indicadores sobre os recursos humanos da saúde entre 2011 e 2022.

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