12 baixas no executivo em menos de um ano. “Governo mantém-se firme”, diz Costa

A secretária de Estado da Agricultura demitiu-se, minutos depois do Presidente da República ter dito que era um “peso político negativo” no Governo. Carla Alves considerou que não tem “condições políticas e pessoais” para exercer funções no cargo. Esta é a 12.ª baixa do Governo, que tomou posse a 30 de março de 2022, isto é, em menos de um ano.

“A secretária de Estado da Agricultura, Carla Alves, apresentou esta tarde a sua demissão por entender não dispor de condições políticas e pessoais para iniciar funções no cargo. A demissão foi prontamente aceite“, adianta o Ministério da Agricultura, em comunicado enviado às redações.

Carla Alves tinha sido empossada pelo Presidente da República ao final da tarde de quarta-feira, conjuntamente com outros dois novos ministros e cinco secretários de Estado. Contudo, a polémica “estalou” depois de o Correio da Manhã ter noticiado que Carla Alves tem várias contas arrestadas na sequência de uma investigação judicial que envolve o marido, Américo Pereira, ex-presidente da Câmara de Vinhais.

O processo encontra-se em fase de instrução no Tribunal de Bragança, segundo apurou o ECO. Américo Pereira é um dos três arguidos, sendo acusado dos crimes de prevaricação, participação económica em negócio e de corrupção ativa. Apesar da investigação, Carla Alves não foi acusada no processo.

Em reação a este processo, o Ministério da Agricultura tinha dito ao início da tarde que não existia “nenhuma questão que coloque em causa a nomeação” da secretária de Estado, sublinhando ainda que Carla Alves “não é visada em qualquer processo-crime” e “nenhum processo judicial relativo ao seu marido sugere qualquer tipo de envolvimento” da governante. Durante o debate, em que se discutiu a moção de censura ao Governo, António Costa também segurou a Secretária de Estado da Agricultura. “Vou demitir a mulher de alguém porque o marido é acusado?”, questionou, após lembrar que o “Ministério Público já investigou tudo” e “acusou uma pessoa e só uma pessoa”.

Já depois de conhecida a demissão, o primeiro-ministro, apesar de não fazer uma referência direta à saída de Carla Alves, garantiu que “o Governo mantém-se firme na execução das suas políticas, cumprindo e honrando os compromissos com os portugueses“. “Continuamos focados na identificação e na resposta aos problemas causados pela crise inflacionista”, acrescenta António Costa, numa publicação no Twitter.

Tweet from @antoniocostapm

Esta demissão aconteceu minutos depois de o Presidente da República ter dito que não vê um caso de inconstitucionalidade ou idoneidade na nomeação de Carla Alves, mas levantou questões políticas. “Alguém, em abstrato, que tem uma ligação familiar próxima com alguém que é acusado num processo tem à partida tem uma limitação política”, vaticinou Marcelo Rebelo de Sousa.

Com a demissão de Carla Alves, esta é a 12ª baixa do Governo desde que tomou posse a 30 de março de 2022, isto é, no espaço de cerca de 10 meses. Além desta Secretária de Estado já saíram, Sara Guerreiro, a ministra Marta Temido, António Lacerda Sales, Maria de Fátima Fonseca, Rita Marques, João Neves, Miguel Alves, Alexandra Reis, o ministro Pedro Nuno Santos, Hugo Mendes e Rui Martinho.

(Notícia atualizada pela última vez às 20h40, com tweet do primeiro-ministro)