Redes de coworks em Portugal aceleram crescimento com novas aberturas para 2023
A maioria das redes de coworking ouvidas pelo ECO Pessoas vão abrir novos espaços em 2023. Ao todo, Idea Spaces, IWG, SITIO e Heden vão criar, pelo menos, nove espaços de trabalho flexível no país.
As redes de coworks estão a acelerar os seus planos de expansão de rede para 2023. Pelo menos, nove espaços deverão nascer este ano, implicando mais de sete milhões de euros em investimento. Lisboa e região Norte continuam a absorver a maior fatia, adiantam as redes ouvidas pelo ECO Pessoas.
Com maior ou menor contenção, não faltam planos para novas aberturas, algumas já nos primeiros três meses do ano. O SITIO vai gerir um novo espaço na zona oriental de Lisboa já no primeiro trimestre, e ainda dar início às obras para a criação de um novo espaço na capital, que deverá estar concluído no final do ano. O Idea Spaces prevê abrir um quinto cowork em Lisboa no segundo trimestre de 2023. O Grupo IWG, que detém as marcas Spaces e Regus, aponta a abertura de, pelo menos, quatro novas unidades, marcando a entrada da marca Spaces na região Norte do país, e representando um investimento de “vários milhões de euros”. O Heden, por sua vez, quer abrir mais dois locais de trabalho partilhado em Lisboa.
Mais cautelosos, o LACS e o Ávila Spaces não avançam com planos concretos, mas prometem novidades e reforçar o posicionamento das marcas em 2023. Embora o contexto económico tenha justificado, em alguns casos, possíveis abrandamentos, o balanço de 2022 é, para todas as redes de cowork positivo.
Spaces, Regus, Idea, SITIO e Heden aceleram novas aberturas
O Grupo IWG tem planos ambiciosos para 2023: novas aberturas, entrada na região Norte e lançamento de uma nova marca. “Em 2023, iremos abrir duas unidades Spaces inteiramente novas, uma em Lisboa no Parque das Nações e outra em Matosinhos, marcando assim a entrada do Spaces na região Norte”, avança Jorge Valdeira, country manager Portugal do Spaces e Regus. “Reforçaremos a rede Regus com mais uma unidade no Porto e vamos também abrir em Lisboa uma unidade de uma nova marca que lançaremos em 2023 em Portugal.”
Desta forma, o grupo atingirá neste ano uma rede com mais de 20 unidades espalhadas pelo país, desde o Minho até ao Algarve. Um investimento de “vários milhões de euros”, que serão “executados ao longo dos próximos meses e que cobrem também a modernização de diversas unidades já abertas há alguns anos”, afirma o gestor, sem detalhar, contudo, o valor do investimento.
Também o Idea Spaces, depois de, no ano passado, ter desacelerado os planos de expansão, impulsiona, agora, o crescimento. “Para 2023, o Idea prevê a abertura de uma quinta localização em Lisboa, no segundo trimestre, com a aposta de um novo produto e zona da cidade onde ainda não estamos presentes”, adianta João Carlos Simões, CEO do Idea Spaces. “Não descartamos de todo a abertura de mais localizações ainda durante 2023, mas de momento não temos planeamento para mais unidades, pelo menos para o primeiro semestre”, esclarece o gestor.
Ainda assim, no que toca à faturação, a rede de espaços de trabalho flexíveis antecipa uma subida ordem dos 20%, para cerca de seis milhões de euros. “Prevemos continuar focados na consolidação orçamental para reforçar ainda mais os rácios financeiros da empresa”, afirma.
Mas também distribuir pelos colaboradores. “Como forma de reconhecimento e agradecimento, decidimos atribuir uma participação de lucros a toda a equipa do Idea Spaces, e aumentar todos os seus elementos – sem exceção – no mínimo em 10%, para atenuar o impacto da inflação nas vidas dos nossos colaboradores”, adianta João Carlos Simões, preferindo não adiantar o valor da participação nos lucros (no ano passado faturaram 5 milhões, uma subida de 25%) atribuído à equipa de 19 colaboradores.
“A equipa vai continuar a crescer em número, mas há também em 2023 um aumento substancial do budget para formação individual e de equipa, e a intenção de continuar a recompensar o contributo de cada elemento para o sucesso da empresa”, promete ainda o CEO do Idea Spaces.
Depois de em 2022 ter aberto em Lisboa a nova Fintech House, uma parceria com a Portugal Fintech, o SITIO vai gerir um novo espaço de cowork nos próximos meses. “No primeiro trimestre de 2023 vamos gerir um novo SITIO na zona oriental de Lisboa destinado a empresas tecnológicas. É um espaço incrível e único em Portugal, com restauração, ginásio, espaços de lazer, campo de padel, e surge da oportunidade de rentabilização de um espaço com enorme potencial que estava de alguma forma subaproveitado, num modelo de parceria e exploração que pretendemos replicar no futuro”, detalha Miguel Ricardo, general manager do SITIO.
Um modelo que o gestor considera ser “muito interessante” para potenciar sinergias e oportunidades de investimento imobiliário. “Com o crescimento do trabalho remoto, há vários espaços de empresas que estão com ocupações baixas e que podemos ajudar a rentabilizar, tanto a nível de financeiro, como de satisfação para os colaboradores, ao trazer novas empresas e serviços, criando comunidades vibrantes e que se complementam.”
Além disso, o SITIO pretende iniciar as obras para a criação de um novo espaço em Lisboa com mais de 2.000 metros quadrados. “Deve estar concluído no último trimestre de 2023 e estamos em fases avançadas de negociações para outros espaços”, revela Miguel Ricardo.
Estes novos espaços pretendem dar seguimento ao plano de expansão do SITIO, que tem como objetivo chegar aos 50.000 metros quadrados de área de espaços SITIO até ao final de 2025, reforçando a presença em Lisboa e Porto com unidades de maior dimensão e cada vez mais bem preparadas, bem como expandindo para novas cidades. “Prevê-se um investimento entre quatro a cinco milhões de euros para o SITIO“, detalha o general manager.
2023 é ano de novas aberturas também no Heden, que planeia mais dois espaços de trabalho partilhado em Alvalade e no Chiado. “Com estas novas unidades, que estarão disponíveis no segundo trimestre de 2023, o Heden acrescenta ao seu portefólio mais 2.500 metros quadrados e 400 mesas para visitantes temporários, freelancers e clientes empresariais”, esclarece Manuel Bastos, fundador e chief experience officer do Heden Lisbon Coworking.
“O Heden planeia um investimento de aproximadamente dois milhões em novas unidades ao longo de 2023 e manter-se-à atento a oportunidades promissoras. O crescimento do negócio permite-nos a flexibilidade e agilidade para captar investimento e apostar em novos projetos”, acrescenta.
A faturação prevista para 2023 deverá aumentar em, pelo menos, 50%, ultrapassando os dois milhões em volume de negócios, partilha ainda Manuel Bastos.
LACS e Ávila mais cautelosos
Já o LACS pretende, em 2023, “continuar a ser um espaço onde o trabalho, a cultura e o lazer funcionam em perfeita harmonia, para que a nossa comunidade de empreendedores, criadores e inovadores continue a usufruir de forma flexível de uma variedade de serviços e experiências”, afirma Martim de Botton, CEO do LACS. “Continuaremos a incentivar o consumo cultural, e permitir que as empresas alcancem níveis de inovação, criatividade e competitividade mais elevados”, acrescenta.
E levanta apenas a ponta do véu, sem mais detalhes: “Prometemos trazer novidades em relação a novas aberturas em localizações de relevância na cidade de Lisboa.”
Atualmente, o LACS conta com 17 trabalhadores e 2.400 membros, entre os quais empresários ligados às artes, ao
design e às novas tecnologias, assim como startups e empresas. Web Summit, Rydoo, Codit, Polígrafo, Ayming e Team Lewis são algumas das que utilizam os seus centros.
Também o Ávila Spaces está focado em consolidar a estratégia de crescimento e reforçar a sua posição no mercado do coworking e espaços de trabalho flexível em Portugal. “O contexto é de grande incerteza, mas acreditamos num crescimento do volume de negócios, considerando o comportamento da procura no último semestre de 2022 e o perfil de empresas que têm mostrado interesse nos nossos espaços, com destaque para as multinacionais”, assegura Carlos Gonçalves, CEO e fundadora do Ávila Spaces.
Embora não esteja previsto um aumento da atual equipa, de 12 colaboradores, até ao final do ano, Carlos Gonçalves não descarta totalmente essa possibilidade, admitindo que possa surgir num “contexto de abertura de novos centros”.
O Ávila Spaces tem, atualmente, cerca de mil membros, que se dividem entre clientes que ocupam escritórios privativos, espaço de cowork e escritórios virtuais. Recebendo empresas de várias dimensões, e setores, o Ávila orgulha-se de ser “a casa” de centenas de empresas portuguesas, nómadas digitais e multinacionais como a Chanel, Lindt, Google, Adidas, Royal Caribbean ou Moodys Alalytics.
2022. Abrandamento ou crescimento?
Embora tendo sido um ano volátil, com a guerra na Ucrânia, inflação galopante e o setor tech a travar a fundo, com redução de quadros, 2022 foi, regra geral, positivo para as empresas do mercado do coworking contactadas pelo ECO Pessoas.
O Idea Spaces admite, no entanto, um abrandamento: pretendiam duplicar de três para seis o número de espaços e abrir o primeiro Idea Spaces fora de Lisboa. Concretizou-se apenas a abertura do espaço em São Sebastião, na zona do El Corte Inglés.
“Os últimos três anos foram dos mais desafiantes que o Idea teve de enfrentar desde da sua fundação; os primeiros dois anos a ter de gerir o impacto de uma pandemia, e este último ano com uma incerteza macro económica provocada por uma guerra no seio da Europa e uma inflação que já não assistíamos há mais de 30 anos”, enquadra João Carlos Simões.
“Com o início da guerra em fevereiro 2022, e ainda sem saber quais os reais impactos que a mesma iria ter na nossa segurança individual e impacto nos negócios, o Idea decidiu desacelerar o seu plano de expansão previsto para 2022/23 e focar-se somente na sua nova localização em Lisboa, Idea Spaces – São Sebastião, lançada em julho 2022, com capacidade para 800 novos membros, na melhoria das infraestruturas físicas e tecnológicas existentes e no programa de transformação digital iniciado em junho 2021″, justifica o responsável.
Já Jorge Valdeira, do Grupo IWG, fala num ano “positivo” para o próprio mercado, sustentado que a generalidade das empresas e profissionais reforçaram a sua opção pelos espaços de trabalho flexível e coworking. “O trabalho híbrido é hoje uma realidade para muitas empresas que antes da pandemia nunca tinham testado a deslocalização das equipas, espalhando-as entre a sua sede, o teletrabalho e a opção intermédia de usar um coworking próximo dos locais relevantes para a sua vida pessoal e profissional. Hoje o conceito deste trabalho híbrido está perfeitamente assimilado e é mais um fator para as empresas e profissionais escolherem espaços como o Spaces ou a Regus, juntando-se a muitas outras vantagens das soluções de trabalho flexível, como ter o espaço imediatamente disponível e pronto a usar, e o poder contratá-lo pelo período de tempo que entenderem, mesmo que seja mesmo muito curto”, defende o country manager do Spaces e Regus.
Olhando para dentro da IWG, o responsável diz que foi possível consolidar as unidades que tinham sido abertas mais recentemente — nomeadamente o Spaces do Marquês de Pombal, a Regus da Quinta do Lago e a unidade Wood, integrada na rede no final de 2021 — bem como fechar diversos contratos que permitirão, este ano, abrir as novas unidades.
O trabalho híbrido é hoje uma realidade para muitas empresas que antes da pandemia nunca tinham testado a deslocalização das equipas, espalhando-as entre a sua sede, o teletrabalho e a opção intermédia de usar um coworking próximo dos locais relevantes para a sua vida pessoal e profissional. Hoje o conceito deste trabalho híbrido está perfeitamente assimilado.
“A nossa prioridade em termos de expansão passa por edifícios cujos proprietários queiram ser parceiros do nosso negócio, partilhando resultados e risco, ou operar em franchising. Isso abriu todo um novo leque de oportunidades para o nosso crescimento”, refere ainda.
Neste momento, a IWG emprega mais de centena e meia de pessoas em Portugal, estando ainda a arrancar com o Hub Global de Tecnologia, no Porto, com uma vasta equipa de profissionais de IT altamente qualificados que vai centralizar em Portugal estas funções para a IWG em todo o mundo. “É um projeto iniciado no final de 2022 e para o qual continuaremos a recrutar em 2023″, diz Jorge Valdeira.
O SITIO, pelo contrário, concretizou três aberturas em 2022, em Lisboa, Setúbal e Aveiro, que representaram um acréscimo de 650 novos postos de trabalho em cerca de 5.000 metros quadros, e um investimento de 1,2 milhões de euros. “Terminámos o ano com 15 espaços de coworking em quatro geografias (Lisboa, Porto, Aveiro e Setúbal), num total de 16.000 metros quadrados área, em cerca de 2.000 postos de trabalho”, afirma Miguel Ricardo.
Isto além da abertura da nova Fintech House, uma parceria entre o SITIO e a Portugal Fintech, para criar um hub de referência para fintech a nível europeu. “Esta nova localização, na Duque de Loulé, num edifício de seis pisos, num total de área de 2.500 metros quadrados, vai contribuir para que este hub triplique a sua capacidade de acolhimento e dedicar um piso a nómadas digitais”, refere Miguel Ricardo.
Já o Heden, com a conclusão da segunda fase do Heden Rossio em junho de 2022, cresceu a área total do espaço de 2.000 metros quadrados para 4.000 metros quadrados, mantendo 100% de ocupação em todas as unidades e terminando o ano com um volume de negócios a rondar os 1,3 milhões de euros.
“Foi um excelente ano para o nosso negócio”, considera Manuel Bastos. “Mais que uma estufa de unicórnios, os nossos espaços são neste momento muito desejáveis para empresas líderes globais nas áreas digitais e criativas, como os unicórnios brasileiros Gympass e Quinto Andar, a portuguesa Tekever, a Marley Spoon e a Pleo, entre muitas outras.”
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