Plataformas, elevadores e uma escadaria: conheça o altar-palco polémico que custará mais de 5 milhões
O “coração do acolhimento" da Jornada Mundial da Juventude terá o valor base de 4,24 milhões (mas irá ultrapassar os 5 milhões). O altar-palco onde o Papa estará terá espaço para 2.000 pessoas.
A infraestrutura principal da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) na qual todos os olhos deverão estar focados em agosto, terá 5.000 metros quadrados, três plataformas e dois elevadores. Dos cofres de Lisboa sairão cerca de 5 milhões de euros, numa obra adjudicada por ajuste direto à Mota-Engil.
Há mais de uma semana foi publicado no Portal Base que a construção do altar-palco da JMJ custará 4,24 milhões de euros, valor ao qual será ainda acrescentado o IVA. A obra foi adjudicada pela SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana à Mota-Engil (a empresa que “fazia mais barato” de entre as sete consultadas, garantiu Moedas). Segundo o contrato, a construtora tem 150 dias para completar a obra, pelo que deverá estar concluída por volta do mês de junho.
5.000 metros quadrados para 2.000 pessoas
A estrutura – apresentada esta quarta-feira em conferência de imprensa – dará resposta às exigências impostas pelo “promotor do evento”, uma vez que “a Fundação JMJ, em diálogo com a Santa Sé, estabeleceu um conjunto de requisitos”, clarificou o vice-presidente da CML.
Segundo Filipe Anacoreta Correia, o altar-palco será elevado a nove metros do chão (para que seja visível no terreno de cerca de 100 hectares), terá 5.000 metros quadrados (metade de um campo de futebol) e espaço para acolher “cerca de 2.000 pessoas” (onde estarão 1.000 bispos, 300 cocelebrantes, membros do coro e da orquestra, 30 intérpretes de língua gestual, convidados e membros da equipa técnica).
A estrutura terá três plataformas, dois elevadores (para pessoas com mobilidade reduzida) e uma escadaria central.
Além dos 4,24 milhões, prevê-se também o investimento de um milhão de euros (1.063.937, 62 euros) na construção de “fundações indiretas da cobertura do altar-palco” – estrutura que dará mais estabilidade ao terreno e reduzirá o impacto do vento forte.
No seu todo, a estrutura física do altar-palco pode traduzir-se num investimento de mais de 5 milhões de euros.
Aquele que será o “coração do acolhimento”, conforme classificou Anacoreta Correia, será utilizado na vigília de oração de dia 5 de agosto e na missa de encerramento no dia seguinte. Mas o presidente do Conselho de Administração da SRU, António Lamas, garante que o uso não fica por aqui: “Vão acontecer vários concertos que se vão realizar nesse palco nas 48 horas” finais.
E depois de agosto?
Após demonstrar reservas relativamente ao valor associado à construção do altar-palco, Marcelo Rebelo de Sousa falou com o autarca Carlos Moedas, que assegurou que “planeia utilizar a estrutura toda para outras ideias que podem ser muito interessantes”, tornando-se assim uma “estrutura multifuncional” com “significado económico-social”.
Um dos usos, sugere o Presidente da República, pode ser a criação de “outro tipo de estrutura mais estável para outro tipo de eventos”, como é o caso da Web Summit, que precisa de “estruturas permanentes”.
Para a Câmara de Lisboa, o futuro da estrutura já está definido: “O palco vai ser muito redimensionado e deixará de estar numa posição com a preocupação de visibilidade (…) e passará a ter a mesma cobertura, mas já em baixo, para outro tipo de eventos”, explicou Filipe Anacoreta Correia. Já a cobertura “será rebaixada para poder ser usada em múltiplos eventos que passem a ter por palco o Parque Tejo”.
Investimento de 21,5 milhões (que vai além do altar-palco)
As intervenções do Parque Tejo a propósito da JMJ irão além da criação do altar-palco. No total está em causa um investimento de 21,5 milhões, sendo que “19 milhões ficarão para a cidade” após o evento, garante o vice-presidente da CML.
Para lá da estrutura base de 4,24 milhões está ainda prevista:
- A construção de uma ponte pedonal sobre o rio Trancão (orçamentada em 3,3 milhões);
- A reabilitação do Aterro Sanitário de Beirolas (no valor de 7,1 milhões);
- A criação de uma rede de saneamento e abastecimento de água e luz (com um custo de 4,2 milhões);
Serão ainda investidos 1,6 milhões em estudos, projetos e fiscalizações e um milhão em ensaios e fundações.
No que toca às despesas previstas, António Costa mostra-se tranquilo. Em resposta aos jornalistas durante a manhã desta quarta-feira, o primeiro-ministro limitou-se a dizer que este é “um grande projeto internacional que mobiliza todo o país. O orçamento global é conhecido e está definido aquilo que é pago pelo Estado e o que é comparticipado por outras entidades”.
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