O dia em direto nos mercados e na economia – 20 de fevereiro

  • ECO
  • 20 Fevereiro 2023

Ao longo desta segunda-feira, 20 de fevereiro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

IAPMEI reforçado com 32 pessoas, mas há mais a caminho

Estes 32 quadros fazem parte de um conjunto de 50 que está a ser selecionado através de um concurso externo. O processo de recrutamento continua a decorrer. E estão a ser contratados peritos externos.

O IAPMEI conta desde janeiro com um reforço de 32 quadros para ajudar a acelerar a implementação dos fundos europeus, avançou ao ECO fonte oficial do Ministério da Economia. Mas este número vai aumentar já que ainda está a decorrer o processo de recrutamento no âmbito deste concurso externo e em paralelo estão a ser contratualizados reforços externos.

A ministra da Presidência anunciou na quarta-feira que está em curso o reforço de recursos humanos. “Estamos, neste momento a organizar, creio que alguns já em curso, um recrutamento muito centrado na Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e IAPMEI, organismos fundamentais para a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)” e a introduzir “mecanismos para facilitar a contratação externa de algumas destas equipas”, disse Mariana Vieira da Silva, na apresentação do ponto de situação da execução da bazuca. Em causa está o reforço de organismos essenciais no apoio técnico dos fundos europeus — “organismos públicos que precisam de ganhar músculo para conseguir executar a tempo e horas o PRR”.

No caso do IAPMEI, “ao nível dos recursos humanos”, houve um “reforço de meios humanos, em janeiro de 2023, num total de 32 quadros”, avançou ao ECO fonte oficial do Ministério da Economia. Estes 32 quadros fazem parte de um contingente de 50 que dará entrada no organismo que promove a competitividade e o crescimento empresarial e assegura o apoio à conceção, execução e avaliação de políticas dirigidas à atividade industrial. “Estes 50 novos elementos estão a ser selecionados através de um concurso externo, sendo que o processo de recrutamento continua a decorrer”, precisou a mesma fonte.

Paralelamente, “está já a decorrer a contratualização de apoio externo junto de instituições do ensino superior, tendo em vista a análise dos projetos da componente C11 do PRR”, acrescentou fonte da Horta Seca. O ministro da Economia já tinha anunciado no Parlamento que, para ajudar a ultrapassar os atrasos neste capítulo do PRR, nomeadamente na análise das candidaturas, tinham sido recrutados especialistas junto das universidades e de consultoras.

A componente C11 do PRR diz respeito à descarbonização da indústria, uma área na qual já foram já lançados três avisos. “Relativamente aos roteiros para a descarbonização, a avaliação foi concluída em janeiro último e, nesta altura, os processos estão em fase de contratualização”, revelou fonte oficial do Ministério da Economia.

O IAPMEI selecionou 22 das 39 candidaturas aos Roteiros para a Descarbonização, que vão receber um apoio a fundo perdido de 9,75 milhões de euros, como já revelou o ECO. Foram selecionados projetos de capacitação das empresas e elaboração de instrumentos de informação, que dão resposta à elaboração ou atualização de roteiros setoriais para a neutralidade carbónica que permitam identificar as soluções tecnológicas e de alteração de processos mais inovadoras, eficazes, específicas para a indústria nacional e eficientes em termos de custos e incorporando maior inovação, promovendo a sua discussão e disseminação.

Os projetos escolhidos, no âmbito de um concurso lançado em 2021, com uma dotação de dez milhões de euros, têm as despesas elegíveis financiadas a 100%, até ao limite máximo de 500 mil euros a fundo perdido.

Já no aviso dirigido às empresas Industriais, também lançado em 2021 (dezembro) “prevê-se que a conclusão da análise das candidaturas ocorra durante o primeiro trimestre” deste ano, antecipou a mesma fonte, justificando a demora com “a complexidade técnica da medida”. “Estes são processos morosos que carecem de adaptação dos sistemas de informação às novas medidas”, acrescentou fonte do ministério tutelado por António Costa Silva.

Este aviso enquadra-se “num conjunto de medidas que visam contribuir para o objetivo da neutralidade carbónica, promovendo a transição energética por via da eficiência energética, do apoio às energias renováveis, com enfoque na produção de hidrogénio e outros gases de origem renovável com o apoio da digitalização, introdução de novas tecnologias ou processos de produção mais sustentáveis e energeticamente mais eficientes, incluindo opções de circularidade, a fim de os descarbonizar”, lê-se no mesmo. E o IAPMEI ficou encarregue da operacionalização da medida “enquanto beneficiário intermediário do PRR, que tem por finalidade apoiar, atividades ou projetos que, entre outros, ajudem na mitigação das alterações climáticas, através de ações que contribuam para a descarbonização da economia e, desta forma, para o cumprimento de metas, designadamente no domínio da descarbonização, das energias renováveis e da eficiência energética”.

Mas o problema é quando a expectativa “é receber 100 ou 200 candidaturas e aparecem 700 ou mil”, reconhecia o ministro da Economia, o que coloca um problema na capacidade de avaliar todos os projetos em tempo útil. Por isso, a solução foi recorrer a outsourcing com a contratação de universidades e peritos, anunciou no Parlamento, mesmo com o potencial risco de conflitos de interesse que isso possa gerar. Recorde-se que no arranque do Portugal 2020 este foi também o caminho escolhido para fazer face à avalanche de candidaturas recebidas.

Finalmente, nesta componente C11 do PRR, o segundo aviso destinado às empresas o prazo para a entrega de candidaturas terminou esta sexta-feira 17 de fevereiro às 18h00.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Cibercrime: falsas convocatórias policiais são a nova moda

Desde a pandemia da Covid-19, e com os consequentes confinamentos, que as denúncias de cibercrimes passaram de 193 casos para 2124.

Desde a pandemia da Covid-19, e com os consequentes confinamentos, que as denúncias de cibercrimes aumentaram em flecha. Os 193 casos de 2019 passaram para 2124, dados reportados até final de dezembro de 2022.

“As denúncias de cibercrimes recebidas pelo Gabinete de Cibercrime da PGR têm vindo a duplicar de ano para ano, em termos médios. Em 2022, foram recebidas 2.124 denúncias, quando em 2021 foram 1.160. O que mostra um aumento de 73,58% face ao ano anterior. Foram, em média, 177 denúncias mensais, sendo 359 foram encaminhadas para abertura de inquérito (mais 84%)”, diz o relatório divulgado pela PGR.

O documento, divulgado pela Procuradoria-Geral da República, denuncia que estamos perante casos de “phishing, burlas online, burlas com páginas “falsas”, burlas de venda e arrendamento de casas, defraudações na utilização de vendas online e em aplicações de MBWay, burlas com criptomoeda, burlas em relações pessoais, burla invocando pagamentos em falta, fenómeno conhecido como “olá mãe, olá pai” no Whatsapp, falsos telefonemas da Microsoft, falsas convocatórias policiais, ataques informáticos (ransomware e acesso ilegítimo), divulgação de dados privados e fotografias íntimas, discurso de ódio online, crimes contra a honra e contra a propriedade intelectual”.

O fenómeno novo que as autoridades registaram em 2022, “ganhando relevante intensidade, que se manteve ao longo de todo o ano”, passa pela expedição de milhões de mensagens, para destinatários indiscriminados com falsas convocatórias policiais. Ou seja, mensagens com documentos anexados, simulando ser uma espécie de notificação judicial, referindo que o destinatário é suspeito de diversos atos relacionados com abuso sexual de crianças. “Ao mesmo tempo, o destinatário é advertido de que, sendo alvo de uma investigação criminal, a mesma pode ser encerrada mediante um pagamento de uma quantia monetária. Caso o destinatário responda a esta mensagem, solicitando instruções para o pagamento, em resposta é facultado um NIB, para onde deve ser efetuada uma transferência – em geral, na ordem dos dois a três mil euros”, explicou o gabinete de Lucília Gago. Porém, o MP considera que este tipo de burla é bastante “rudimentar”, tal como os documentos anexos.

“Os nomes de autoridades nacionais não se afiguram, em geral, verosímeis. Porém, a verdade é que têm persistido, sendo sinalizadas com regularidade, o que indicia que os agentes do crime acabam por obter algum retorno desta atividade”. Durante o ano de 2022 foram recebidas 224 denúncias deste tipo de crime, o que significa que, numericamente, este fenómeno de cibercrime é o segundo mais frequente, sendo apenas ultrapassado em dimensão pelo phishing.

O tipo de crime mais reportado no ano passado foi o phishing, num total de 358 casos. Os mais dominantes foram aqueles em que os autores tentaram obter dados de acesso a cartões e a contas bancárias.

Outro dos fenómenos criminosos que mais motivou denúncias em 2022, num total de 84, foram as fraudes relacionadas com plataformas de vendas online e com a aplicação de pagamentos MBWay, que no ano passado atingiu muitas vítimas. Seguiram-se as burlas relacionadas com investimentos em criptomoedas, que mais do que duplicaram, tendo sido registadas 94 participações.

A burla conhecida por “olá mãe, olá pai”, que se traduz na abordagem por parte dos agentes criminosos a vítimas através da rede social WhatsApp, com o propósito de os convencer de que são os seus filhos e perderam o respetivo telefone, estando a utilizar um número provisório. O processo acaba sempre em pedidos de realização de transferências bancárias a favor de terceiros. Refere-se que este fenómeno surgiu em setembro de 2022 e em quatro meses foram recebidas 65 queixas e os pagamentos solicitados variaram entre os 750 euros e os 4 mil euros.

As denúncias respeitantes a crimes informáticos, ou cibercrimes em sentido estrito, recebidas pela linha do Gabinete Cibercrime representaram em 2022 “um conjunto significativo, tendo por vezes grande repercussão pública e mediática”, tendo “uma boa parte destas denúncias relatado ataques de ‘ransomware'”.

Destaca-se que em julho de 2022 “foi recebido um número excecional de denúncias, por ter sido identificada uma campanha criminosa específica que se dirigiu a muitas vítimas. Durante todo o mês foram recebidas 281 denúncias, correspondentes a 13,2% do total anual (2124). Nesse mesmo mês de julho foram remetidas para investigação 134 denúncias (correspondentes a 37,3 % do total das remessas do ano, que foram 359). De entre elas, 127 corresponderam a denúncias respeitantes ao fenómeno específico que se referiu, enquanto as restantes 232 respeitam a diversos fenómenos criminógenos”.

As burlas online relacionadas com vendas através de diversas plataformas, burlas com páginas “falsas” da internet e burlas no mercado imobiliário, sobretudo relacionado com arrendamento de casas de férias, estudantes e estrangeiros, são outras queixas que deram entrada no Gabinete Cibercrime, que contabilizam ainda burlas em relações pessoais e burla invocando pagamentos em falta.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Auditoria do Tribunal de Contas à Efacec tem natureza reservada

“A auditoria está em curso e tem natureza reservada até à aprovação do respetivo relatório”, disse ao ECO fonte oficial do Tribunal de Contas.

O Tribunal de Contas (TdC) anunciou no início de janeiro que estava em curso uma auditoria à Efacec. Mas, apesar de a empresa estar a entrar numa nova fase do processo de reprivatização, depois de seis entidades entregarem propostas vinculativas, ainda não há quaisquer detalhes sobre a auditoria porque agora tem natureza reservada até à sua aprovação.

“A auditoria está em curso e tem natureza reservada até à aprovação do respetivo relatório”, disse ao ECO fonte oficial do Tribunal de Contas, quando questionada sobre o que foi descoberto até agora.

A auditoria à Efacec, tal como a que está em curso sobre os benefícios fiscais, foi pedida pelos deputados da Assembleia da República e, segundo o presidente do Tribunal de Contas, deverá ser entregue até ao final do ano. Mas o relatório que deverá ser conhecido em primeiro lugar será o da ANA, no primeiro semestre deste ano, revelou José Tavares, numa audição na Comissão de Orçamento e Finanças (COF), no âmbito da Conta Geral do Estado 2021 (CGE2021), a 17 de janeiro. Já para a auditoria da TAP não são ainda conhecidas datas.

A auditoria está em curso e tem natureza reservada até à aprovação do respetivo relatório.

Fonte oficial do Tribunal de Contas

A Efacec foi nacionalizada a 2 de julho de 2020, data em que o Governo ficou com os 71,73% da empresa que estavam nas mãos de Isabel dos Santos. Apareceram 47 potenciais candidatos, que se transformaram em 27 letters of interest, mas só 24 assinaram acordos de confidencialidade. Depois, dez apresentaram propostas não vinculativas, mas só a DST e a Sodécia apresentaram propostas vinculativas. O Governo abriu uma terceira fase, para a chamada Best and Final Offer (BAFO), e só a DST se apresentou. O grupo liderado por José Teixeira acabou a negociar sozinho, sem concorrência, e após meses de negociação acabou por desistir.

Em novembro abriu-se um novo capítulo e foi relançado o processo de privatização da empresa. O caderno de encargos, aprovado em Conselho de Ministros a 21 de novembro, encarregou a Parpública a adotar “medidas de reestruturação” para manter a empresa em funcionamento. Mas nunca foram conhecidos quaisquer detalhes desta reestruturação. A gravidade da situação exige que o Estado, como acionista maioritário, esteja a injetar cerca de dez milhões de euros por mês desde novembro, como o ECO revelou. De acordo com as contas da Efacec, a que o ECO teve acesso, até ao final de fevereiro estava prevista uma injeção de quase 40 milhões de euros para suprir necessidades de tesouraria.

Mas apesar da degradação das contas da empresa, das dez entidades que manifestaram interesse nesta segunda fase de privatização seis acabaram por apresentar propostas vinculativas. Contudo, nem todas as entidades estão interessadas na totalidade da empresa, mas o Governo tem deixado muito claro que defende “uma solução que salvaguarde o perímetro da empresa”.

O Governo pretende tomar a decisão em dez dias, por isso é expectável que vá a Conselho de Ministros esta quinta-feira.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Calçado português entra na “montra” de Milão para subir os preços

Na maior feira de calçado do mundo para apresentar a coleção de inverno, as fábricas portuguesas tentam contrariar o abrandamento nas encomendas e convencer os clientes a assumir o disparo nos custos.

A subida dos preços das matérias-primas e das componentes, da fatura da energia e também da mão-de-obra em Portugal deixaram sob pressão os custos da indústria do calçado. E se numa primeira fase tentaram aguentar esse embate e até absorveram uma parte significativa desses aumentos, as empresas portuguesas estão agora a aproveitar o lançamento das coleções de inverno na Micam, a mais importante feira do setor a nível mundial, para completar o “reequilíbrio” nos preços e assegurar a rentabilidade dos negócios.

Hugo Ferreira, diretor comercial da Centenário, uma das três marcas portuguesas presentes no pavilhão premium desta feira em Milão, conta ao ECO que se mantêm as dificuldades na compra atempada de peles e de solas, e que todas as semanas continua a receber “dezenas de emails com aumentos de preços, que depois não [conseguem] repercutir por completo no preço final”. Ainda assim, “as pessoas estão a ficar mais conscientes”. Calcula uma subida de 5% até ao momento, preferindo sacrificar ainda a margem. “Porque se aumentarmos muito, temos menos vendas e pode ser pior a emenda que o soneto”, completa.

Presença habitual na Micam, a empresa situada na Vila de Cucujães, concelho de Oliveira de Azeméis, é detida pela família Ferreira e já vai na terceira geração. Fundada em 1941, emprega 70 pessoas e produz 70 a 80 mil pares de sapatos por ano, com o preço médio final ao consumidor a rondar os 250 euros. Exporta 95% para Holanda, Espanha, EUA ou França e no ano passado faturou 6,5 milhões de euros. Para 2023, o responsável de vendas admite estar “ainda um bocadinho cético”, sentindo um abrandamento nas compras. “Vamos ver agora a próxima coleção se se compõe um bocadinho, senão acho que vamos decrescer as vendas este ano”, completa.

Em Felgueiras, a Joseli também sente que “as coisas estão mais calmas e o mercado a abrandar com a atual incerteza”. Por regra, as encomendas para a coleção de inverno são colocadas em fevereiro e em março, mas “este ano estão a tardar e as quantidades também são menores”, resume João Pinto. O grupo que produz 2.500 pares de sapatos por dia e vendeu 17 milhões de euros em 2022, com destaque para Alemanha, Holanda e Dinamarca, está por estes na Micam a mostrar a nova marca própria God’s Move. No entanto, a produção para outras marcas (private label) vale 90% do negócio e os custos das matérias-primas têm sido uma dor de cabeça.

Face ao pré-pandemia, os sapatos da Joseli estão 20% a 25% mais caros. Numa primeira fase, até porque na década anterior quase não tinha havido mexidas, “foi muito difícil os clientes aceitarem” o incremento na tabela de preços. “Agora aceitam mais e percebem. Podem comprar menos, mas aceitam. Uma grande preocupação é se, com estes aumentos, as grandes cadeias não podem fugir de Portugal para outros mercados”. É que, calcula, se há três anos a diferença de preço num sapato de pele feito na Índia ou Portugal era de cinco euros – e com os prazos de entrega e custos de transporte optavam pelas fábricas nacionais -, “essa diferença aumentou e está a perder-se essa vantagem competitiva”.

“No ano passado, a indústria portuguesa estava muito sobrelotada com os grandes grupos que desviaram encomendas da Ásia, por causa do problema da logística. E atualmente passa-se o inverso: estão a reduzir drasticamente em Portugal. Os clientes compraram muito e, se calhar, venderem menos do que projetavam”, corrobora Rui Oliveira, diretor da Matashoes, que sente igualmente os clientes com “receio de comprar tanto ou em antecipação”. Ao nível da evolução dos preços, por outro lado, o gestor desta fábrica de Ovar fundada em 1988, que emprega 90 pessoas e exporta 99% da produção, confessa que ainda não sabe se os 10% de aumento que praticou no último ano, no somatório de duas revisões, terão sido suficientes.

Rui Oliveira, diretor da Matashoes – Fábrica de Calçado da Mata

No entanto, poucas horas após abrir o stand na feira italiana, o líder desta firma que fatura seis milhões de euros já percebeu que este ano está a ser mais fácil explicar os aumentos de preços. Até por já ir no terceiro aumento para o mesmo produto – e porque, tendo clientes diversificados, o poder negocial do outro lado é menor do que se dependesse de um grande cliente. E esta progressão no preço, explica, “também já tem a ver com o aumento do custo da mão-de-obra em Portugal”, que diz pesar 40% no custo dos sapatos que produz. “Como aumentei 8% os salários a todos os trabalhadores, há aqui um aumento de 3,5% direto, só de mão-de-obra. Isto em cima das matérias-primas”, calcula.

Máquinas para compensar falta de trabalhadores

O preço médio de venda dos sapatos portugueses para os mercados internacionais ascendeu a 26,40 euros em 2022, um crescimento de 8,7% em relação ao ano anterior que contribuiu para o novo máximo histórico nas exportações registado pelo cluster do calçado e artigos de pele. Paulo Gonçalves, porta-voz da associação do setor (APICCAPS), aponta que “já está mais próximo do que deveria ser o aumento do preço médio global, mas ainda não reflete na íntegra” as subidas nos custos. Reconhece que “este é um exercício muito difícil porque muitas empresas já tinham assumido compromissos com os clientes e tiverem de assumir alguns destes custos”. Porém, lembra que a indústria nacional é, por tradição, mais forte nas coleções de inverno do que de verão, pelo que “há uma expectativa de que, agora sim, consigamos refletir [uma quota maior desses custos] num novo ajuste do preço”.

É o que está a fazer a ACO Shoes, que consta da lista das maiores empresas de calçado em Portugal, que é encabeçada por três multinacionais. Paula Costa, administradora, relata ao ECO que, depois de no último ano ter tido de “fazer um apertozinho” na atualização dos preços, beneficiando igualmente da compra antecipada de matérias-primas, “este ano tem sido mais fácil” a negociação da tabela de preços com os clientes. Para o consumidor final, estima que terá havido um aumento de 8% no calçado de conforto em que se especializou este grupo minhoto fundado em 1975, que no último exercício, em que se estreou a vender para a Polónia, faturou 30 milhões de euros. Os principais clientes estão na Alemanha, Holanda, Espanha, EUA e África do Sul.

Paula Costa, administradora da ACO Shoes

Com a capacidade industrial toda tomada e sem sinais de abrandamento nas encomendas – “as perspetivas para 2023 são boas; se não for melhor, pelo menos igual a 2022, que foi um ano bom” – a empresária de Vila Nova de Famalicão, que tem também uma fábrica em Ponte de Lima e outra em Cabo Verde, empregando um total de 875 pessoas, está a aumentar o investimento na automatização das unidades industriais, como forma de compensar as crescentes dificuldades no recrutamento, transversais a um setor que vai lançar uma mega campanha para chamar os jovens às fábricas. “Dada a falta de mão-de-obra, temos de procurar outras alternativas para tirar as rentabilidades”, frisa Paula Costa.

Mais a Norte, o grupo Kyaia, outro dos porta-aviões da indústria do calçado português, com perto de 500 trabalhadores espalhados por Paredes de Coura e Guimarães, é mais cauteloso nas expectativas para 2023. Agora que está a arrancar a estação de inverno, para Miguel Freitas, diretor comercial, “o objetivo é não descer” as receitas, dada a “grande incerteza” nos mercados europeus. Dá como exemplo o mercado alemão, em que “as pessoas estão mais retraídas e a compra de sapatos deixou de ser uma prioridade”. No contacto com os clientes, por outro lado, o tema do aumento dos preços deixou de ser tabu.

As pessoas já estão um bocadinho mais cientes do contexto em que estamos inseridos. Quando há aumentos destes [nos custos], toda a gente tem de assumir um bocadinho a sua parte para chegarmos ao fim e as coisas serem o mais equilibradas possível.

Miguel Freitas

Diretor comercial da Fly London

“Nas últimas coleções já tínhamos acertado os preços com os clientes e absorvemos o que era possível. Agora já sabem que o mercado está todo assim e que somos apenas mais uma das muitas marcas que, por força das circunstâncias, teve de fazer atualizações. Houve aquele choque inicial da guerra e da inflação e ninguém estava preparado. As pessoas já estão um bocadinho mais cientes do contexto em que estamos inseridos. (…) Quando há aumentos destes, toda a gente tem de assumir um bocadinho a sua parte para chegarmos ao fim e as coisas serem o mais equilibradas possível”, sublinhou o responsável da Fly London, que continua a ter o Reino Unido como principal mercado, apesar da maior complexidade logística introduzida pelo Brexit.

Outra empresa vimaranense e que tem os britânicos como melhores clientes é a Cruz de Pedra. Empresa familiar criada em 1945, já vai na terceira geração, fatura seis milhões de euros e dá emprego a 90 pessoas. Na Micam, onde vem há 20 anos porque “quem não é visto não é lembrado, José Afonso relata o receio dos seus clientes com o comportamento dos consumidores, mantém a confiança em crescer o negócio este ano, mas admite que “as coisas estão tremidas”. E um dos sinais dessa incerteza é que os agentes estão com medo de colocar as encomendas a mais longo prazo e a pedir para encurtar em cerca de duas semanas aqueles quer eram os habituais prazos de entrega a rondar os 60 dias.

(O jornalista viajou para Itália a convite da APICCAPS)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5 coisas que vão marcar o dia

A véspera de Carnaval vai ficar marcada por mais uma etapa da fase instrutória do processo BES/GES.

A continuação da fase instrutório do processo BES/GES, a subida dos preços do gasóleo e da gasolina, a greve dos maquinistas da CP, o início da última semana para validar faturas para o IRS e o fecho das bolsas nos Estados Unidos são os destaques da agenda na véspera de Carnaval.

Prossegue fase instrutória do processo BES/GES

Esta segunda-feira, no Campus da Justiça, prossegue mais uma etapa da fase instrutória do processo BES/GES. O processo conta com 30 arguidos (23 pessoas e sete empresas), num total de 361 crimes. O mais mediático arguido deste caso é o antigo presidente do Grupo Espírito Santo (GES) Ricardo Salgado, acusado de 65 crimes, entre os quais associação criminosa (um), burla qualificada (29), corrupção ativa (12), branqueamento de capitais (sete), falsificação de documento (nove), infidelidade (cinco) e manipulação de mercado (dois).

Subidas nos combustíveis

A partir da meia-noite, o litro de gasóleo, o combustível mais usado em Portugal, deverá subir 1,5 cêntimos (para 1,548 euros por litro) e o de gasolina um cêntimo (para 1,678 euros por litro). No entanto, os preços cobrados ao consumidor final podem variar consoante o posto de abastecimento. E ainda podem sofrer ajustamentos para ter em conta o fecho das cotações do petróleo Brent esta sexta-feira e o comportamento do mercado cambial.

Última semana para IRS

Esta é a última semana para validar todas as faturas de 2022 no portal do e-fatura. Só assim poderá conseguir beneficiar de todas as deduções à coleta no IRS, no acerto de contas com a Autoridade Tributária (AT). O prazo termina a 27 de fevereiro.

Greve de maquinistas na CP

Segunda-feira marca o penúltimo dia da greve dos maquinistas da CP. Desde sexta-feira, dia 17, até ao dia de Carnaval, os “condutores” dos comboios recusam-se a prestar serviços aos comboios turísticos e históricos, em luta por maiores aumentos salariais.

Wall Street sem negociação

Os Estados Unidos assinalam o Presidents’ Day, em honra de George Washington e de Abraham Lincoln, dois chefes de Estado que foram determinantes para a fundação do país. Por conta deste feriado, esta segunda-feira não há negociação nas bolsas dos Estados Unidos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Esta é a última semana para validar faturas para o IRS

O prazo para verificar as faturas termina a 27 de fevereiro. Este passo é essencial para beneficiar de todas as deduções à coleta no IRS.

Para conseguir beneficiar de todas as deduções à coleta no IRS, no acerto de contas com a Autoridade Tributária (AT), tem de validar as faturas do ano passado. Esta verificação, onde confirma as faturas automaticamente encaixadas e identifica as que faltam, pode ser feita no portal e-Fatura até daqui a uma semana, já que o prazo este ano se estende até 27 de fevereiro.

Basta visitar o e-Fatura, na página online ou na app, cujos dados de autenticação são os mesmos que os usados para aceder ao Portal das Finanças, e colocar as faturas que lhe aparecem pendentes (em destaque no topo da página), numa das 12 categorias disponíveis: saúde, educação, lares, habitação, reparação de automóveis, reparação de motociclos, restauração e alojamento, cabeleireiros, atividades veterinárias, passes mensais, ginásios e despesas gerais familiares.

As restantes faturas emitidas no nome do contribuinte já foram encaixadas automaticamente nas categorias corretas, mas convém verificá-las, para assegurar que as deduções estão aproveitadas ao máximo. Pode também ver se constam todas as faturas de que tem memória, podendo faltar algumas que não tenham sido comunicadas.

Se tem filhos, deve consultar também as páginas deles no que diz respeito às faturas, validando-as e encaixando-as as categorias adequadas.

Este processo é importante para o apuramento do imposto a pagar, já que é através das faturas que o Fisco calcula as deduções à coleta (pelas despesas com saúde, educação, rendas, ou gerais familiares) e a dedução do IVA por exigência de fatura (obtida com os gastos em oficinas, restaurantes, passes ou cabeleireiros por exemplo).

A data limite desta validação era 25 de fevereiro, mas como calha num sábado o prazo passa para o próximo dia útil, segunda-feira dia 27.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Estado em vias de reforçar no Novobanco e tornar-se segundo maior acionista

Terceira operação de conversão de créditos fiscais poderá elevar posição direta do Estado para quase 13%, tornando-se no segundo maior acionista do banco à frente do Fundo de Resolução.

O Estado está em vias de se tornar no segundo maior acionista do Novobanco, à frente do Fundo de Resolução, o que poderá acontecer já no próximo mês. Em causa está uma nova operação de conversão de créditos fiscais, a terceira em dois anos, desta feita no valor de 260 milhões de euros, e que poderá levar a um reforço da participação do Tesouro português para quase 13%, a expensas do fundo liderado por Máximo dos Santos.

O banco liderado por Mark Bourke acabou de lançar o aviso para o período de exercício do direito potestativo de aquisição dos direitos de conversão dos ativos por impostos diferidos relativos aos exercícios de 2018 e 2019, com início a 6 de março e terminando no dia 20 do mesmo mês. Dois dias depois, a 22, tem lugar a assembleia geral de acionistas que vai aprovar o aumento de capital que resultará desta operação, a mesma que irá aprovar as contas do ano passado.

É durante este período que o Fundo de Resolução poderá travar o avanço do Estado no capital do Novobanco, mas não se perspetiva que venha a comprar os direitos de conversão. Por um lado, o negócio não é atrativo: teria de pagar os tais 260 milhões de euros, acima do que avalia nas suas contas; por outro, apresenta-se numa situação financeira frágil. Pelo que deverá mesmo abrir passagem ao Estado, através da Direção-Geral do Tesouro e Finanças, para reforçar a sua posição, que atualmente se situa nos 5,68%.

Com quanto é que o Estado poderá ficar? O Novobanco, que não faz comentários sobre esta operação, estimava que os direitos de conversão a serem emitidos e atribuídos ao Estado na sequência dos resultados líquidos negativos dos exercícios compreendidos entre 2015 e 2019 lhe confiram uma participação até cerca de 12,82%. Era o que dizia no relatório e contas de 2020.

Se for assim, torna-se no segundo maior acionista do banco, reduzindo a participação do Fundo de Resolução para 12,18% – com o acionista americano Lone Star a manter intacta a sua posição de 75% adquirida em outubro de 2017 a troco de mil milhões de euros.

Em cima da mesa estão direitos de conversão relativos aos exercícios de 2018 e 2019, no valor de 263 milhões de euros. Estes créditos tributários foram recentemente aprovados pelo Fisco, em dezembro do ano passado e janeiro deste ano.

Em relação ao exercício de 2018, cada um dos mais de 415 milhões de direitos de conversão tem um custo 0,3523 euros, estando avaliados em 146 milhões de euros. Já os 324 milhões de títulos relativos ao exercício de 2019 têm um preço unitário de 0,3601 euros, totalizando os 116 milhões de euros.

Findo o período de exercício de aquisição dos direitos, o Novobanco fará um aumento de capital para concretizar a conversão dos títulos em novas ações – ponto esse que já foi incluído na assembleia geral de 22 de março.

Prémio Jacinto Nunes BdP 2019 - 21NOV19
Luís Máximo dos Santos, vice-governador do Banco de Portugal e presidente do Fundo de Resolução.Hugo Amaral/ECO

Fundo perde mais 90 milhões

Para o Fundo de Resolução, caso não fique com os direitos, antecipa-se uma nova perda por causa da diluição da sua participação no banco, que inicialmente era de 25%, mas já baixou para menos de 20% por causa das duas operações de conversão anteriores. O fundo não respondeu ao ECO até à publicação deste artigo.

Aliás, foi uma imposição de Bruxelas, em 2017, que a conversão dos créditos fiscais do Novobanco se fizesse sempre à custa da posição do Fundo de Resolução, deixando intacta a participação da Lone Star.

O fundo, que é financiado pelos bancos e visa pagar as resoluções bancárias, já teve de assumir perdas de 20 milhões em 2021 e de mais de 50 milhões no ano passado por conta desta situação. Agora arrisca nova perda de 90 milhões de euros. A redução da sua posição no Novobanco significa que irá receber menos dinheiro quando for vendido no futuro – numa altura em que, com o fim do processo de reestruturação à vista, o banco se prepara para um novo capítulo com novos acionistas, sendo pública a intenção do acionista Lone Star em vender a sua participação. É com o dinheiro da venda da instituição que o fundo conta pagar os empréstimos ao Estado e aos bancos.

Por causa dos créditos fiscais já atribuídos à instituição financeira até 2020, a perspetiva é de que a posição do Fundo de Resolução se reduza ainda mais, para apenas 9,05%, com o Estado a ficar com uma participação de 15,95%.

O Novobanco apresenta as contas no próximo dia 9 de março, antes da abertura dos mercados. Vão ser resultados históricos. Até setembro registou um resultado de quase 430 milhões de euros, batendo toda a concorrência privada.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Propostas pela Liberty até fim de março. Mutua Madrilena na corrida

Mutua Madrilena, a líder espanhola em seguros gerais, junta-se às candidatas à compra do negócio europeu da Liberty, que inclui Portugal. Saiba o que está à venda, porquê e quais os interessados.

A compra da Liberty estará no topo da agenda destes líderes do setor segurador: Ignacio Garralda, presidente da Mutua Madrilena, Rogério Campos Henriques, CEO da Fidelidade, Philippe Donnet, CEO da Generali e Mario Greco, CEO da Zurich.

A Mutua Madrilena passou a integrar o grupo de candidatos à compra do negócio da Liberty na Europa, que inclui a seguradora em Portugal, numa operação que está agora avaliada em 1,2 mil milhões de euros e será a maior do ano no setor.

Fontes que estão a acompanhar o processo revelam ao ECO Seguros que que, neste momento, estão mais diligentes a Zurich, a Generali, a Fidelidade e a Mutua Madrilena. A Allianz também é apontada, a AXA parece estar de fora e a MAPFRE já revelou o seu desinteresse. Do lado português, a Fidelidade “prefere não comentar” e a Tranquilidade (Generali) dá a entender que, a haver negociações, não passam por Lisboa. O Bank of America, que está a tratar da operação, também não comenta.

Se bloqueios legais existem, devido a Acordos de Confidencialidade (NDA) que concorrentes, vendedor e intermediários estabelecem, tal não impede que alguns factos e especulações sejam avançados por diversos meios. O jornal digital espanhol El Confidencial adianta que os dossiês já estão a ser entregues aos concorrentes e que as primeiras propostas vinculativas têm de ser entregues ao Bank Of America até ao final de março.

A Allianz e Zurich são as únicas seguradoras presentes que estão nos três mercados onde a Liberty Europa opera – Espanha, Portugal e Irlanda -, sendo, por isso, interessadas naturais no negócio, no sentido de reforçar as suas quotas de mercado e procurar rentabilidade, fundindo as operações nesses países. Para além disso, estão entre as maiores na Europa e globalmente. Os analistas consideram que este negócio exige elevada capacidade financeira, daí também se destacarem a Generali e a AXA como potenciais concorrentes.

A Generali é a 6ª maior seguradora Não Vida em Espanha, com prémios emitidos de 1,7 mil milhões de euros em 2022, enquanto em Portugal é a 2ª maior, com 1,1 mil milhões. O eventual interesse na operação passa pela sede da Assicurazioni Generali SpA, até porque Portugal acabou de passar, sem danos reputacionais, por um processo de reestruturação da original Generali com a Tranquilidade.

A francesa AXA, que parece fora da corrida à Liberty, acaba de comprar, em Espanha, a Groupe Assurances du Crédit Mutuel (GACM España), por um valor indicado de 310 milhões de euros. Este valor é semelhante ao do capital próprio da GCAM, que é, essencialmente, negócio Não Vida e Saúde, mas significa 9 vezes o seu resultado líquido. Para além deste aspeto, é provável que a AXA, quando em 2016 vendeu o seu negócio em Portugal ao grupo belga Ageas, tenha aceite limitações de reentrada no mercado nacional, o que obrigaria a “remediar” a sucursal portuguesa.

A Fidelidade, que “prefere não comentar” sobre o seu eventual interesse, tem muito a ganhar com este negócio. Significaria aumentar, em cerca de 20%, o volume de prémios a nível global e subir para uma quota de mercado mais interessante em Espanha. Se, nesta altura, em Não Vida, seria a 6ª no mercado espanhol por volume de prémios, a Fidelidade passaria para o top 5 e exploraria a expansão internacional para além da América do Sul, onde a Liberty também está a vender os seus negócios através do JP Morgan Chase, por valores semelhantes ao europeu, uma base de mil milhões de euros.

Outra questão que se coloca é que a venda se faça por lotes, separando os mercados espanhol, português e Irlandês. Segundo um gestor de seguros, tudo pode ser feito, mas não é linear, já que a separação dos negócios concentrados na sociedade espanhola, por países, “não é fácil”, comentou.

Por que motivo acontece este Negócio do Ano nos Seguros

Prejuízos elevados causados por catástrofes e a contínua volatilidade dos mercados de investimento conduziram a um prejuízo de 198 milhões de dólares no acumulado Q3 (janeiro e setembro de 2022) da Liberty Mutual Holding Company (LMHC)”, afirmou David H. Long, Presidente e CEO da Liberty, em novembro passado. Long explicou que as perdas em catástrofes foram de 1,4 mil milhões de dólares e, destes, só 835 milhões se deveram ao furacão Ian. No lado dos investimentos, os prejuízos foram de 272 milhões até junho de 2022, reflexo de desvalorização dos ativos nos mercados financeiros.

Em conjunto, o resultado que no acumulado no Q3 de 2021 tinha atingido 2,3 mil milhões positivos, passou, no mesmo período do ano passado, a 198 milhões negativos. O rácio combinado, que indica os resultados do negócio tradicional de subscrição das seguradoras, piorou para 103,2% no Q3 de 2022, subindo de 101,3% no Q3 de 2021. Quanto mais este valor se eleva acima dos 100%, maior o prejuízo, significando que os custos com sinistros e as despesas de funcionamento superam as receitas dos prémios de seguros emitidos. Também os capitais próprios baixaram 7 mil milhões, para 20 mil milhões de dólares, num só ano.

A Liberty Mutual LMHC obteve um volume de negócios de 45 mil milhões de euros no ano de 2021, o triplo de todo o mercado português, sendo uma das maiores seguradoras americanas e mutualista, sendo os segurados também os acionistas. Mas, perante este cenário, os negócios da Liberty na Europa foram, tal como os da América Latina, colocados à venda por valores iniciais indicados de mil milhões de euros cada um.

O que é o negócio europeu da Liberty

Para calcular o valor de uma seguradora é sempre necessário aprofundar a carteira de ativos e passivos. As referências que existem, de 2021, indicam que os prémios emitidos pela Liberty (LIEC) foram 1.266 milhões de euros de prémios emitidos e resultados líquidos de 45 milhões, resultado de um lucro de 97 milhões nos ramos Não Vida (rácio combinado de 95%), de -4,6 milhões no ramo Vida e de -32,8 milhões na conta não técnica. Um múltiplo superior a 20, o que poderá ser muito para as avaliações do mercado, apesar de um valor de capitais próprios de 1.100 milhões de euros ser compatível com a estimativa apontada para a operação.

Na Europa, a Liberty reuniu o seu negócio em Espanha, em 2018, na Liberty International European Holdings, S.L.U. (LIEH). É esta a sociedade que está à venda. Dados oficiais de 2021, os últimos disponíveis, indicam que Espanha, através das marcas Liberty, Génesis e Regal – uma seguradora catalã -, representa 62% dos prémios emitidos pela LIEH, dos quais 66% dizem respeito ao ramo Automóvel, tendo ainda significado seguros Lar com foco nos Multirriscos (21%). Portugal, onde possui uma sucursal e usa como marcas a Liberty e a Génesis, representa 20% do negócio, metade resultante do ramo Automóvel, 15% de Multirriscos e 13% de Acidentes de Trabalho. A Irlanda, também com uma sucursal, representa 14% do total do negócio e o forte é o ramo Automóvel (84%). Finalmente, há ainda pequenas operações em LPS (livre prestação de serviços) no Reino Unido, com Automóvel e Táxis, na Irlanda do Norte, e na Áustria e na Alemanha, com algumas apólices Vida.

A LIEH ainda detém uma participação de 100% Liberty International Brasil Limitada que, através das marcas Liberty e Indiana, emitiu prémios de cerca de 820 milhões de euros em 2021, com pouco lucro, mas não consolida contas em Espanha. Por último, participa em 20% no capital da portuguesa Rede Nacional de Assistência (RNA) onde é parceira da CA Seguros e de profissionais como o seu presidente David Moita.

Embora a concentração europeia de negócios da Liberty em Espanha se ter realizado em 2018, o estabelecimento da seguradora no país aconteceu em 1964. A quota de mercado naquele país, em 2021, era de cerca de 2% nos ramos Não Vida.

Na Irlanda, onde a Liberty entrou em 2011, quando ganhou à Zurich a compra dos principais negócios da Quinn Insurance, terá, neste momento, 7% de quota de mercado nos ramos Não Vida.

Portugal, onde a Liberty está desde 2003, quando adquiriu a seguradora Europeia ao grupo Crédit Suisse, a quota de mercado, em 2022, situou-se nos 3,8% também em Não Vida, mas é a 6ª maior no ramo automóvel, com 6,3% do mercado. Por cá, a empresa comercializa seguros para particulares e empresas, dos ramos Vida e Não Vida, e conta, atualmente, com 533 colaboradores, distribuídos entre a sede, em Lisboa e o Polo Técnico no Porto. A Liberty está presente nas principais cidades existentes em todo o território nacional e ilhas, e conta com mais de 1550 agentes de seguros, que são o seu canal preferencial de distribuição.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Meta prepara serviço de subscrição para Facebook e Instagram

  • Lusa
  • 20 Fevereiro 2023

A empresa-mãe do Facebook, a Meta, está a preparar um serviço de subscrição, batizado Meta Verified, que incluirá vantagens e funções adicionais, incluindo os 'selos de verificação de conta'.

A empresa-mãe do Facebook, a Meta., está a preparar um serviço de subscrição, batizado Meta Verified, que incluirá vantagens e funções adicionais, incluindo os ‘selos de verificação de conta’, para quem pagar. A subscrição terá um custo mensal de 11,99 dólares (11,18 euros) ou 14,99 dólares (13,98 euros), caso seja comprada através da aplicação iOS, e dirige-se sobretudo a criadores de conteúdos.

Além do ‘selo de verificação de conta’, a subscrição inclui “proteção proativa da conta, acesso à assistência de conta e maior visibilidade e alcance”, de acordo com a Meta. A Meta vai começar a testar a subscrição na Austrália e na Nova Zelândia, na próxima semana.

O diretor executivo da Meta, Mark Zuckerberg, anunciou o novo produto através da sua conta no Instagram. A opção estará disponível tanto no Facebook como no Instagram, mas serão subscrições separadas.

As ofertas de subscrição tornaram-se populares para as empresas de redes sociais nos últimos anos, como forma de diversificação dos negócios, que dependem em grande parte de publicidade.

A Snap Inc. tem uma oferta chamada Snapchat Plus, e a Twitter Inc. também está a promover uma oferta de subscrição.

A Meta obtém quase todas as receitas de publicidade, mas é uma fonte de receitas inconsistente e dependente do estado da economia.

O aspeto mais ‘valioso’ da oferta de subscrição da Meta é o aumento da visibilidade, visto que destacar uma conta no Facebook ou no Instagram é mais difícil hoje em dia, mesmo entre os seguidores dessa conta.

De acordo com a empresa, uma maior visibilidade significaria maior “destaque em algumas áreas da plataforma, como a busca, comentários e recomendações”.

Além disso, ao contrário do Twitter, que não verifica a identidade de um utilizador através de assinatura, a Meta irá exigir aos utilizadores que confirmem a sua identidade com um documento de identificação oficial, de modo a poderem receber o ‘selo de verificação’.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Apollo associa-se à Moonrock para fornecer seguro de drones

  • ECO Seguros
  • 19 Fevereiro 2023

A Moonrock fornece serviços de drone a proprietários de pequenas empresas bem como a grandes frotas de drones numa variedade de setores, incluindo construção, agricultura, cinema e televisão.

A Apollo, uma empresa independente de resseguros, sediada em Londres, associou-se à Moonrock Drone Insurance para iniciar uma nova cobertura de seguros direcionada para o setor dos drones comerciais. A colaboração permitirá à Apollo fornecer capacidade à Moonrock.

Simon Ritterband fundou a Moonrock em 2016 para agilizar e melhorar o processo de encontrar um seguro adequado para drones. A Moonrock fornece serviços de drone a proprietários de pequenas empresas bem como a grandes frotas de drones numa variedade de setores, incluindo construção, agricultura, cinema e televisão.

O chefe de negócios de aviação da Apollo, Martin Jackson, afirmou: “a indústria dos drones é uma área excitante de inovação que pode conduzir a mudanças positivas na economia do Reino Unido, bem como oferecer benefícios ambientais, e é uma área de grande interesse para o governo. Temos trabalhado intensamente com a Moonrock para criar um produto de seguros se destina ao crescimento do negócio dos drones comerciais e estamos satisfeitos por estarmos a liderar a subscrição deste e de outros novos riscos em indústrias emergentes”.

Simon Ritterband, fundador e diretor-geral da Moonrock, afirmou: “se a indústria dos drones pretende libertar todo o seu potencial e atingir os objetivos de crescimento estimados em 45 mil milhões de libras até 2030 e mais de meio milhão de novos postos de trabalho, então o apoio a profissionais experientes em seguros de aviação é de importância vital”.

Em junho de 2020, Moonrock e SOARIZON by Thales, um fornecedor de tecnologia integrada de operações com drones, formaram uma aliança para oferecer serviços com descontos aos pilotos e operadores de drones.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Terramotos na Turquia custam às seguradoras 2,4 mil milhões de dólares, diz KCC

  • ECO Seguros
  • 19 Fevereiro 2023

As perdas totais da indústria de seguros e resseguros de propriedade resultantes dos sismos na Turquia estão estimadas em 2,4 mil milhões de dólares, de acordo com a Karen Clark & Company (KCC).

A empresa de simulação de catástrofes Karen Clark & Company (KCC) afirmou, na passada quinta-feira, que prevê perdas seguradas de 2,4 mil milhões de dólares decorrentes do duplo terramoto de Kahramanmaras, que atingiu a Turquia no início deste mês.

O número de mortes pelo terramoto aumentou para 36.187, segundo as autoridades. Prevê-se que o total das perdas patrimoniais decorrentes dos sismos de magnitude 7,8 e 7,5 se aproxime dos 20 mil milhões de dólares, disse a KCC.

O número de perdas cobertas analisadas pela empresa não inclui a Síria, onde a catástrofe agravou uma crise humanitária causada por 12 anos de guerra.

De acordo com o relatório, os terramotos destruíram ou danificaram mais de 41 mil edifícios em dez das 81 províncias da Turquia.

A catástrofe é o acontecimento de maior magnitude a ocorrer na Turquia desde o terramoto de Erzincan de 1939, disse a empresa de modelos.

Os custos diretos da destruição de estruturas físicas na Turquia poderiam ascender a 2,5% do produto interno em crescimento, ou 25 mil milhões de dólares, disse a JPMorgan na passada quinta-feira.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.