5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 17 Fevereiro 2023

No dia em que a CGTP deve agendar novas formas de luta, que podem aumentar a contestação social no país, há novos dados sobre falências de empresas e um novo estudo sobre telecomunicações.

A degradação da situação económica, pressionada pelo contexto de inflação, está a aumentar as iniciativas de protesto, abrangendo vários setores e classes profissionais, e devem vir aí novas manifestações. Do crédito à habitação às insolvências, há novas estatísticas a sair em Portugal e lá fora uma reunião de credores internacionais que tem o FMI como anfitrião.

Novos dados sobre as falências em Portugal

Para esta sexta-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE) tem agendada a divulgação de diversos indicadores, como o índice de preços na produção industrial, as taxas de juro no crédito à habitação ou a síntese económica de conjuntura, todos relativos a janeiro. Mas o destaque irá para dados relativos às falências e insolvências de empresas em Portugal, no período entre 2015 e 2022.

CGTP decide sobre novas formas de luta

O conselho nacional da CGTP-IN reúne-se esta sexta-feira para “analisar a situação político-sindical, nomeadamente o agravamento das condições de vida e de trabalho, fazer o balanço das lutas em desenvolvimento e decidir sobre novas formas de luta”. As conclusões vão ser apresentadas em conferência de imprensa, ao final da tarde, na sede em Lisboa.

Comissário europeu avalia requalificação profissional em Portugal

O comissário europeu responsável pelo emprego e direitos sociais, Nicolas Schmit, vai estar em Portugal, onde se encontra com o presidente do IEFP. Com o Ano Europeu das Competências como pano de fundo, está agendada uma visita ao Hub Criativo do Beato, em Lisboa, para se familiarizar com o Programa UPSkill – Digital Skills and Jobs, de requalificação nas áreas das tecnologias de informação e comunicação. Segue depois para Santarém, onde vai conhecer projetos financiados pelo Fundo Social Europeu na área das competências e da inclusão social.

Estudo de qualidade de serviço das redes móveis

Ao final da manhã, no salão nobre da Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, será apresentado um estudo de qualidade de serviço das redes móveis da MEO, Nos e Vodafone, realizado pela Anacom. Neste encontro, que conta com a participação do presidente da entidade regular das comunicações, João Cadete de Matos, será ainda analisada a situação das redes fixas de alta velocidade e as suas perspetivas de desenvolvimento.

Reunião de credores internacionais

O Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e a Índia promovem uma reunião de credores internacionais, incluindo a China, para debater as lacunas no processo de reestruturação dos países com uma dívida insustentável, como Gana, Etiópia e Zâmbia. Do lado dos credores estão presentes representantes dos EUA, Reino Unido e Japão, bem como atores institucionais como o Instituto Financeiro Internacional, a associação global que representa a indústria financeira e os credores privados.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Calçado lança mega campanha para chamar jovens às fábricas

Com metade das empresas a precisar de contratar e pouca mão-de-obra disponível, setor do calçado prepara programa ambicioso para atrair jovens para a indústria. Vai da escola e dos pais até ao TikTok.

A indústria portuguesa do calçado vai lançar uma mega campanha para atrair os jovens para este setor de atividade e convencê-los a seguir uma carreira profissional na área. Com iniciativas que abordam os próprios estudantes, mas também as suas famílias, vai para o terreno no início do próximo ano letivo e terá a duração de três anos, adiantou ao ECO o porta-voz da associação setorial (APICCAPS), Paulo Gonçalves. No mais recente boletim trimestral de conjuntura, feito em parceria com a Universidade Católica, metade das empresas assume estar a precisar de contratar.

Concentrada nas zonas de forte concentração da indústria de calçado, como Guimarães, Felgueiras, Oliveira de Azeméis, São João da madeira, Santa Maria da Feira, e alargada também ao polo industrial da Benedita, no centro do país, esta nova campanha pretende atacar a escassez de mão-de-obra qualificada. Apesar de no último ano terem criado quase 1.500 postos de trabalho, o equivalente a um crescimento de 4,8% no emprego, os empresários precisam nesta altura de “mais umas centenas de novos colaboradores”. A Comissão Europeia alarga a estimativa a toda a fileira da moda, para meio milhão de pessoas em falta até 2030.

Levar os empresários de calçado para “fazer pedagogia” nas escolas, desde o nível primário, mas sobretudo no ensino secundário; organizar visitas de alunos às fábricas e mostrar-lhes no terreno o potencial do setor; realizar ações de sensibilização em “meios mais descontraídos”; “estar nos ambientes onde os jovens estão” – incluindo nas redes sociais, com destaque para o TikTok. Estas são algumas das iniciativas já planeadas para arrancar na segunda metade do ano “porque naturalmente há a necessidade de chegar às populações mais jovens”.

Vamos falar ao coração dos mais jovens e também para as suas famílias. Porque muitas das reservas até nem são dos próprios, mas dos pais, que em algum momento das suas vidas se cansaram de trabalhar na indústria.

Paulo Gonçalves

Porta-voz da associação industrial do calçado (APICCAPS)

A APICCAPS já ensaiou outras iniciativas do género no passado, mas “estas agora serão mais ambiciosas e prolongadas no tempo”. E vão alargar o âmbito às famílias. “Vamos procurar atuar a dois níveis: falar ao coração dos mais jovens e também para as suas próprias famílias. Porque a informação que temos é que muitas das reservas que existem até nem são dos próprios jovens, mas dos pais, que em algum momento das suas vidas se cansaram de trabalhar na indústria e redefiniram prioridades para a vida das suas famílias”, contextualiza Paulo Gonçalves.

E o que este setor, composto atualmente por 1.186 empresas e 32.292 trabalhadores, quer mostrar é que “esta é uma indústria de futuro”, mais qualificada e que recorre de forma crescente à tecnologia e às ferramentas digitais, que está atenta aos temas da sustentabilidade e é mais amiga do ambiente – a 24 de fevereiro vai assinar um Pacto Verde, subscrito já por mais de uma centena de empresas –, e que quer melhorar igualmente no plano da responsabilidade social, assumindo “outros compromissos com a própria sociedade”. Tudo argumentos com que espera captar – e numa segunda fase também reter – estas novas gerações de talento.

Paulo Gonçalves, diretor de comunicação da APICCAPS

“Quando se discutem os setores industriais fala-se muito de salários e pouco mais. E queremos que as empresas sejam globalmente mais atrativas, o que pode passar por assegurar que os trabalhadores e as famílias possam ter bolsas de estudo, por investirem em creches, trabalharem em benefícios como os seguros de saúde, ou no caso dos imigrantes de tratar do alojamento. No fundo, queremos que as pessoas se sintam em casa quando trabalham nas nossas empresas, até porque muitas das pessoas trabalham uma vida connosco”, completa o diretor de comunicação da associação empresarial liderada por Luís Onofre.

Evolução do número de empresas e do emprego no calçado

Segundo os dados mais recentes do Ministério do Trabalho, o ganho médio mensal dos trabalhadores do setor do calçado ascendia a 887,36 euros em 2020, que compara com 871,35 euros um ano antes. O valor é baixo, mas, ainda assim, uma subida face aos 733,19 euros que surgiam nos registos em 2015 e aos 665,12 euros em 2010. Já sobre a atração de imigrantes, Paulo Gonçalves lembra que o assunto faz parte do novo plano estratégico do setor, mas “dificilmente vai acontecer alguma coisa no primeiro semestre deste ano”. “Pressupõe trabalhar em rede com as autarquias, exige um trabalho muito sério. Quando o fizermos tem de ser de forma coerente e articulada”, acrescenta.

A par dos custos das matérias-primas que dispararam, o emprego é uma das maiores preocupações desta indústria que em 2022 viu o preço médio de venda dos sapatos para os mercados internacionais subir 8,7%, para 26,40 euros por par, contribuindo para o novo máximo histórico registado pelo cluster do calçado e artigos de pele. Com vendas totais de 2.347 milhões de euros no exterior – dos quais 2.009 milhões de euros em calçado, num total de 76 milhões de pares, uma quantidade 10,5% superior à do ano anterior –, no último exercício, o setor progrediu 22,2% em termos de valor exportado.

Evolução da produção e das exportações do calçado


Porém, “foi um ano mais complexo do que os números, à primeira vista, podem fazer adivinhar”. Entre as maiores perturbações, que se estão a manter no início deste ano, está o disparo na inflação que “retira poder de compra às famílias europeias, que têm de fazer opções”. Ao preterirem a compra de vestuário e de calçado, em relação a outras despesas básicas, como o aquecimento das casas, retraíram o consumo e fizeram abrandar o ritmo de encomendas às fábricas portuguesas. “O primeiro trimestre ainda vai ser de alguma contenção. Esperamos que depois de abril o negócio comece a animar um bocadinho”, prevê o responsável.

Nas exportações do cluster em 2022, a APICCAPS destaca, no setor do calçado, o crescimento em quase todos os mercados relevantes, como a Alemanha (11,7%, para 433 milhões de euros), França (15%, para 384 milhões) e Países Baixos (25%, para 306 milhões de euros), e o peso de 20% que os países extracomunitários já têm nas vendas. As componentes para calçado também aumentaram as vendas em 30,2%, salientando-se a categoria “solas e saltos”, enquanto os artigos de pele renderam receitas recorde de 273 milhões de euros, mais 37,4% do que em 2021.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Pires de Lima disponível para esclarecer venda da TAP no Parlamento

O antigo ministro da Economia está disponível para ir à Assembleia da República esclarecer a venda de 61% da TAP em 2015 à Atlantic Gateway de Neeleman e Pedrosa.

António Pires de Lima, que era ministro da Economia quando avançou a privatização da TAP em 2015, está disponível para ir ao Parlamento prestar esclarecimentos sobre o negócio com a Atlantic Gateway de David Neeleman e Humberto Pedrosa. A intenção de chamar o atual CEO da Brisa foi anunciada esta quinta-feira pelo líder do grupo parlamentar do PS. “Estou disponível para ir à Assembleia da República prestar os esclarecimentos que se julguem necessários aos senhores deputados”, afirmou António Pires de Lima ao ECO.

O Partido Socialista (PS) anunciou esta quinta-feira que vai chamar Pires de Lima e Sérgio Monteiro ao Parlamento para darem explicações sobre a compra de 61% da TAP pela Atlantic Gateway em 2015, recorrendo a fundos da Airbus.

“A direção do grupo parlamentar entendeu que é desde já o momento para endereçar convites à Comissão de Economia de personalidades para explicar este negócio. Vamos convidar o antigo ministro da Economia, Pires de Lima, e o secretário de Estado das Infraestruturas, Sérgio Monteiro”, afirmou Eurico Brilhante Dias, numa conferência de imprensa na Assembleia da República, referindo estarem em causa eventuais crimes de assistência financeira ilegal e gestão danosa.

Os 226,75 milhões de dólares em prestações suplementares que a Atlantic Gateway, de David Neeleman e Humberto Pedrosa, colocaram na TAP SGPS e que garantiram a privatização vieram diretamente da Airbus, como indica uma análise legal da Serra Lopes, Cortes Martins & Associados (SLCM) revelada pelo ECO.

O dinheiro terá sido entregue em contrapartida de um negócio de compra de 53 aviões ao fabricante europeu, fechado pelo próprio David Neeleman, e que segundo os advogados pôs a companhia aérea a pagar a sua própria capitalização, violando o Código das Sociedades Comerciais. O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) tem já a decorrer um inquérito com base nestes indícios.

António Pires de Lima era o ministro da Economia quando a AtlanticGateway foi selecionada como vencedora da privatização de 61% do capital da TAP, a 12 de junho de 2015. O processo foi conduzido por Sérgio Monteiro, seu secretário de Estado das Infraestruturas. A venda só se concretizou a 12 de novembro de 2015, já no segundo Executivo de Passos Coelho, era Miguel Morais Leitão ministro da Economia e Miguel Pinto Luz o secretário de Estado.

“Não excluímos que depois destas duas audições, para as quais contamos com a boa vontade das personalidades convidadas, que possamos fazer novos convites para que a comissão possa ouvir os participantes na assinatura do contrato de privatização”, afirmou o líder da bancada parlamentar socialista.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

As boas medidas, as más, as inócuas e as perigosas

As medidas anunciadas por António Costa para resolver os problemas na habitação justificam elogios e críticas dos economistas, que alertam para alguns efeitos indesejados.

Nem tudo é bom no pacote de medidas anunciado pelo Governo para a habitação, segundo os economistas consultados pelo ECO. Mas também nem tudo é mau. Os apoios às famílias e a simplificação dos licenciamentos merecem aplausos. Já as medidas para o alojamento local ou os limites às rendas nos novos contratos chumbam na avaliação. Há também anúncios inócuos e outros que trazem riscos.

Elogios para a simplificação

Pedro Brinca considera positivas as medidas de ajuda às famílias com quebra de rendimentos, como o apoio extraordinário ao pagamento de rendas e à subida das taxas de juro, que compensará metade dos juros pagos no crédito à habitação acima de 3%. Alerta, no entanto, para o impacto orçamental que esta última poderá ter. “A Euribor a 12 meses já está acima dos 3%. Há aqui alguma margem para um gasto elevado do Orçamento do Estado com esta medida”, considera o economista da Nova SBE. A bonificação é para famílias com rendimentos até ao sexto escalão. “Se for per capita apanha 90% das pessoas, se for por agregado familiar será uma medida mais de cariz social”, aponta, salientando que será necessário conhecer o detalhe das medidas.

Pedro Braz Teixeira, diretor do gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade, considera “muito boa a intenção de simplificação dos licenciamentos. Falta conhecer os detalhes, ver se funciona na prática, porque as câmaras têm demasiado maus hábitos”, ressalva. Outra “boa medida” é a intenção de facilitar a conversão de imóveis destinados ao comércio para habitação.

Pedro Brinca também aplaude a simplificação do licenciamento, com a aprovação dos projetos a ser feita com base nos termos de responsabilidade dos autores dos projetos. Vera Gouveia Barros, economista do ISEG, estende o elogio à criação de um regime de juros de mora que visa aplicar uma sanção pecuniária aos municípios e às entidades externas envolvidas que não cumpram os prazos legalmente estabelecidos.

O Estado vai assumir o pagamento da renda após o terceiro mês de incumprimento, ficando sub-rogado na posição do senhorio para recuperação das quantias em dívida, mediante execução fiscal, ou promoção do despejo – salvo se se verificar existência de um motivo socialmente atendível que determine a atribuição de prestação social ou realojamento. Para Pedro Brinca, a medida “traz uma segurança adicional a quem arrenda, podendo inspirar uma maior confiança” para colocar o imóvel no mercado. Alerta, no entanto, que o inquilino ficará sujeito à maior coercividade da Autoridade Tributária, que tende a abusar da litigância. “Acho irónico que o Governo diga que assegura o pagamento quando sabemos que como cliente paga tarde e a más horas”, comenta Vera Gouveia Barros.

Pedro Braz Teixeira saúda “o facto de ser uma proposta para discussão [estará em consulta pública] , sendo de aguardar se há uma procura genuína de ouvir os intervenientes no mercado”. Lamenta, no entanto, que “como vem sendo hábito, não há um documento de base, onde se deveriam alicerçar as medidas propostas”.

Medidas para o alojamento local “chumbam”

A economista do ISEG e especialista em habitação critica “o facto de se tomarem medidas na falta de um diagnóstico e serem implementadas ao arrepio do que a economia nos ensina sobre o comportamento dos agentes”. Vera Gouveia Barros dá como exemplo o limite de 2% de aumento nos novos contratos face aos anteriores para imóveis no mercado nos últimos 10 anos. “O arrendamento é feito não só em função da casa e do mercado, mas também em função do arrendatário específico que tenho à minha frente. Posso até ter simpatia com o arrendatário e achar que devo cobrar uma renda inferior, mas se eu souber que a simpatia que eu tiver hoje vai ser arrastada para o futuro já não o vou fazer”, diz. Pedro Braz Teixeira também considera negativo limitar a subida das rendas: “E se uma zona passar a ter metro à porta?”.

O diretor do gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade discorda da obrigação de arrendar casas “vagas”. “É preciso um estudo aprofundado sobre as verdadeiras razões que estão por trás de tantos fogos ‘vagos'”, defende. “Segundo o INE, dos 723.215 alojamentos vagos, 15,1% registavam necessidades de reparação profundas (108 919)”, aponta.

Vera Gouveia Barros também discorda dos intervalos para a redução de IRS nos arrendamentos de longa duração, que “fazem com que os proprietários façam os contratos sempre no limite mais baixo”. Se entre 5 e 10 anos a taxa de imposto vai baixar de 25% para 15%, os contratos tenderão a ser sempre de cinco anos. “O desconto tem de ser igual à duração”, aponta.

Uma das medidas anunciadas para o alojamento local é a isenção de imposto em sede de IRS para quem passe o imóvel para o arrendamento habitacional. Pedro Brinca acredita que pode ter algum efeito na oferta no prazo de um a dois anos, mas assinala que “ao proibir novas licenças o Governo cria um prémio para as existentes, valorizando o negócio”. O que significa que a mudança pode não compensar.

A especialista em habitação do ISEG também assinala que “não haver mais licença é proteger os que as têm da concorrência”. Critica também a avaliação que será feita em 2030 sobre a revalidação das já existente: “Há pessoas para quem é a atividade económica principal e que agora vêm um prazo” nesse sustento.

O economista da Nova SBE é muito crítico da contribuição extraordinária que passará a ser paga pelo alojamento local. “É o Estado a mudar constantemente as regras do jogo. A instabilidade legislativa constante afasta o investimento, numa altura em que o queremos atrair para a construção”. Para Vera Gouveia de Barros trata-se de “uma perseguição a um bode expiatório” e lembra um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos que conclui que “o alojamento local explica alguma variação dos preços, mas está longe de ser o grande fator”.

Duas medidas inócuas

“O fim dos Vistos Gold e a taxa fixa obrigatória são medidas inócuas”, aponta Pedro Brinca. “Embora concorde com o fim dos Vistos Gold por uma questão de moralidade fiscal, o impacto é nulo”, considera, sublinhando o peso muito reduzido do programa nas transações de imóveis. Em dez anos foram investidos cerca de sete mil milhões, dos quais 90% para o imobiliário. Só em 2021 houve 165 milhões em transações. Achar que isto tem impacto é heróico”.

A economista do ISEG também considera inócuo o fim dos Vistos Gold, que representam “uma fatia mínima no mercado em termos de transações“, embora perceba-a enquanto princípio. “Não devemos fazer distinção na concessão de vistos”, afirma Vera Gouveia Barros.

Pedro Brinca avisa que se o Estado não impuser regras “os bancos podem definir uma taxa fixa suficientemente alta para que não seja atrativa para ninguém”, frustrando a intenção da medida.

Riscos de favorecimento

A isenção de IRS sobre mais-valias na venda de imóveis ao Estado e aos municípios encerra riscos de favorecimento. “Há um potencial de abuso grande nessas medidas. Importa perceber de que forma esse abuso pode ser mitigado”, alerta o professor da Nova SBE. Vera Gouveia Barros expressa a mesma preocupação em relação ao subarrendamento de imóveis pelo Estado: “temos de garantir que o Estado não arrenda a uns amigos para depois subarrendar a outros amigos, com a diferença a ser suportada pelos contribuintes. Têm de haver mecanismos de fiscalização”.

“Tenho alguma esperança que sendo este pacote para consulta pública tenha algumas correções”, diz o economista da Nova SBE. Pedro Braz Teixeira lamenta ainda “a falta de metas quantitativas, para avaliar os resultados”. “Era necessário um compromisso quantificado de aumento da oferta, porque na última década, o número de alojamentos subiu apenas 1,7% contra 16,3% na década anterior (Censos 2011 e 2021)”, defende. Considera também que “faltam compromissos do Estado e das câmaras de aumentar a oferta social e intermédia”. Já Vera Gouveia Barros gostava de ter visto um alívio no IMT “para permitir a mudança de casa em função do ciclo de vida”.

“O Governo não parece acreditar que este aumento da oferta se traduza em descida do preço das casas nem das rendas. Das duas uma: ou não acredita na lei da oferta e da procura; ou não acredita que estas medidas produzam resultados significativos na expansão da oferta”, observa Pedro Braz Teixeira.

Pedro Brinca salienta a urgência das medidas face ao rumo da política monetária do BCE: “Em março vamos ter mais um aumento de 50 pontos base e os mercados antecipam que subam até aos 3,5% em junho. Convém que isto venha rápido“.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Do apoio nas rendas à bonificação dos juros, estas são as medidas do Governo para a habitação

  • Joana Abrantes Gomes
  • 17 Fevereiro 2023

Desde limites à subida de novas rendas à bonificação de juros, passando por uma taxa fixa no crédito à habitação e o fim dos vistos gold, veja aqui as 16 medidas do Governo para o setor da habitação.

O primeiro-ministro, António Costa (C), acompanhado pela ministra da Habitação, Marina Gonçalves, e pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, durante a conferência de imprensa no final da reunião do Conselho de Ministros, no Palácio da Ajuda, em Lisboa, 16 de fevereiro de 2023. ANTÓNIO COTRIM/LUSAANTÓNIO COTRIM/LUSA

O Conselho de Ministros desta quinta-feira foi exclusivamente dedicado à discussão de um pacote de medidas para a habitação, cujo valor estimado é de 900 milhões de euros (excluindo o custo com obras, compras ou rendas que venham a ser pagas pelo Estado) provenientes do Orçamento do Estado para 2023.

Em conferência de imprensa, o primeiro-ministro, António Costa, o ministro das Finanças, Fernando Medina, e a ministra da Habitação, Marina Gonçalves, apresentaram as 16 propostas que estarão em discussão pública durante um mês para serem votadas no Parlamento no dia 16 de março.

Fim da concessão de novos vistos gold

António Costa admitira a possibilidade na Web Summit, em novembro passado, mas só agora avançou com a medida: termina a concessão de novos vistos gold, um regime lançado em 2012 para atrair investimento estrangeiro – o que acabou por levar muitos estrangeiros a apostar no imobiliário português, principalmente em Lisboa. A proposta insere-se no pilar de combate à especulação imobiliária.

Os vistos já concedidos, caso sejam investimentos em imobiliário, passam a depender de pelo menos um de dois fatores para serem renovados: por um lado, tem de ser habitação própria e permanente do proprietário ou de descendente deste; ou se for colocado no mercado de arrendamento de forma duradoura.

Subarrendamento de casas de privados e pagamento de rendas em atraso

Uma das propostas para aumentar o número de casas no mercado de arrendamento é o Estado arrendar as casas disponíveis de proprietários privados a preços de mercado, por um prazo de cinco anos, desde que as possa subarrendar. O subarrendamento será feito pelo valor correspondente a 35% da taxa de esforço do inquilino, sendo que este será escolhido através de um sorteio que irá privilegiar “grupos mais vulneráveis” como jovens, famílias monoparentais e famílias com quebras de rendimento, segundo a ministra da Habitação.

Simultaneamente, para “reforçar a confiança” dos senhorios e fazer face aos receios destes relativamente ao incumprimento do pagamento da renda, o Governo pretende introduzir uma alteração para que todos os pedidos de despejo que deem entrada no Balcão Nacional de Alojamento, após três meses de rendas em dívida, o Estado passe a substituir o inquilino no pagamento ao senhorio, para que este não seja prejudicado.

“Não compete ao senhorio assegurar a política social; compete ao Estado e o Estado deve apoiar, seja no apoio à renda ou numa medida de realojamento”, declarou o primeiro-ministro. O Estado tentará perceber o motivo de o inquilino ter falhado o pagamento e, caso não haja uma justificação plausível para o incumprimento, procederá ao despejo.

Terrenos e imóveis de comércio e serviços vão poder servir para habitação

Como parte do eixo do programa relativo ao aumento da oferta de imóveis utilizados para fins de habitação, o primeiro-ministro disse que terrenos ou imóveis autorizados para comércio e serviços vão poder ser utilizados para construção ou convertidos em habitação sem alteração de planos de ordenamento do território ou licenças de utilização.

O Governo vai também lançar dois concursos especificamente para construção modular, técnica que António Costa destacou como “inovadora” no setor da construção e que “permite encurtar significativamente os prazos de construção, ao mesmo tempo que dá um contributo significativo para a melhoria da eficiência energética”.

Limite ao aumento de rendas em novos contratos

No que diz respeito às rendas, António Costa anunciou critérios que passam a limitar a sua subida no caso de novos contratos de arrendamento. “Para novos contratos, a nova renda deve resultar da soma da última renda praticada com as atualizações que poderiam ter sido feitas no período do contrato”, explicou.

Para contratos de arrendamento já em vigor, o Estado pretende atribuir um apoio até um máximo de 200 euros mensais, durante cinco anos, aos agregados com rendimentos até ao 6.º escalão (incluído) de IRS, quando a taxa de esforço for superior a 35%.

Porta 65 alargado a famílias com quebra de rendimento

O Porta 65, um programa que apoia o arrendamento por jovens até aos 35 anos, passará a incluir famílias monoparentais e famílias com quebra de rendimento, adiantou a ministra da Habitação, Marina Gonçalves. Desta forma, passará a funcionar como uma medida de apoio ao rendimento das famílias com contrato de arrendamento.

Imposto sobre as rendas baixa para 25%

A taxa geral de tributação sobre os rendimentos prediais – quando o senhorio não opta pelo englobamento dos rendimentos – descerá dos atuais 28% para 25%, conforme anunciou o ministro das Finanças, Fernando Medina, na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros.

Esta diminuição na taxa autónoma implica alterações também nas taxas mais baixas de IRS que são atribuídas aos contratos de maior duração: entre 5 e 10 anos, reduz de 23% para 15%; entre 10 e 20 anos, recua de 14% para 10%; e a mais de 20 anos, baixa de 10% para 5%.

Isenção de mais-valias para quem vender imóveis ao Estado…

Com o objetivo de aumentar a oferta de casas para o mercado de arrendamento acessível, o Governo propõe que os proprietários que vendam imóveis ao Estado ou aos municípios fiquem isentos de pagar imposto de mais-valias. A mais-valia imobiliária resulta da subtração do valor pelo qual foi comprada a casa (depois de aplicado o fator de correção monetária), dos encargos com a valorização (em caso de obras, por exemplo) e das despesas com a alienação e com a aquisição ao valor de venda do imóvel.

… e para amortização de crédito à habitação do próprio e de descendentes

Atualmente, só há isenção do imposto de mais-valias se a mais valia for aplicada no prazo de dois anos na aquisição de casa própria e permanente. Para efeitos de amortização do crédito, também passará a não ser cobrado imposto se for alienada uma segunda casa, para abater o crédito à habitação do próprio ou o crédito de um seu descendente.

Crédito à habitação passa a oferecer taxa fixa

Numa altura em que disparam as taxas Euribor, o Governo quer obrigar os bancos a disponibilizar uma taxa fixa na contratualização de crédito à habitação. “Sabemos que há bancos que não o estão a fazer”, afirmou António Costa. Atualmente, apenas três bancos oferecem soluções de taxa fixa para contratos a 30 anos, um número que sobe para quatro instituições no caso de contratos até 10 anos.

Estado bonifica subida de juros em 50% em empréstimos até 200 mil euros

Para famílias tributadas até ao 6.º escalão do IRS e com créditos à habitação até 200 mil euros, contratados depois de julho de 2018 e em que a taxa de esforço ultrapasse a taxa de juro “stressada” pelos bancos na contratualização do empréstimo, o Estado subsidiará metade do valor que ficar acima do aumento do valor da prestação. O apoio é de até 1,5 do Indexante dos Apoios Sociais (IAS), que se traduz num valor global de 760,65 euros.

Esta taxa de juro “stressada” é calculada pelos bancos no momento da celebração dos empréstimos para compra de casa com base na cotação do indexante do contrato nessa altura (Euribor a 6 ou 12 meses), acrescida de um “prémio” de três pontos percentuais.

Alojamento Local com taxa extraordinária e sem novas licenças

O Alojamento Local também foi tido em conta no pacote de medidas do Governo. Por um lado, os proprietários deste tipo de estabelecimentos passarão a pagar uma contribuição extraordinária, cuja receita será consignada ao Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) para, segundo António Costa, “financiar políticas de habitação e ter em conta as externalidade negativas que o Alojamento Local produz sobre o preço geral da habitação”.

Além disso, o Executivo vai proibir a emissão de novas licenças de Alojamento Local, com exceção dos alojamentos rurais em concelhos do interior do país, onde podem ser um “contributo importante” para dinamizar a economia local. As atuais licenças, por sua vez, serão sujeitas a reavaliação em 2030 e, a partir daí, de cinco em cinco anos.

Está ainda previsto um prémio fiscal para quem desistir deste regime e passar a arrendar o imóvel. “Iremos permitir aos proprietários que tenham fogos em regime de Alojamento Local e os transfiram para arrendamento habitacional conceder uma isenção e taxação zero em sede de IRC daqui até 2030, desde que optem por retirar a casa do alojamento local para arrendamento habitacional até ao final de 2024”, anunciou o chefe do Governo.

Simplificação dos licenciamentos municipais

O tempo de demora dos processos de licenciamento tem sido criticado pelos promotores, sobretudo pelos custos implicados nessa morosidade. Para simplificar, o Governo propõe que os projetos de arquitetura e de especialidades deixem de estar sujeitos a licenciamento municipal, passando a ser licenciados apenas com base no termo de responsabilidade dos projetistas.

As câmaras municipais ou as entidades públicas que não cumprirem os prazos previstos na lei para a emissão de pareceres sofrerão penalizações financeiras: passam a dever juros de mora ao benefício do promotor, que pode usar essas verbas para abater o custo da taxa de licenciamento ou para abater IRS ou IRC se ultrapassar ou valor da taxa.

Crédito de 150 milhões para municípios fazerem obras em casas devolutas

Há muitas décadas que as autarquias têm competência legal para proceder a obras coercivas de casas devolutas e com baixa qualidade de habitabilidade, mas “raramente recorrem a este mecanismo por dificuldades financeiras”, disse António Costa, na conferência de imprensa de apresentação do programa “Mais Habitação”.

Como tal, anunciou a criação de uma linha de crédito de 150 milhões de euros para financiar a realização de “obras coercivas por parte dos municípios” em casas devolutas e com baixas condições de habitabilidade.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Proprietários e inquilinos, de Vasco Gonçalves a Cristas

O Governo matou o mercado de arrendamento, atira Menezes Leitão, da Associação Lisbonense de Proprietários. Já Romão Lavadinho, dos Inquilinos, pede urgência na execução das medidas.

Os proprietários receberam em “pânico” as medidas anunciadas esta quinta-feira pelo Governo para agilizar a oferta de habitação em Portugal. Luís Menezes Leitão considera que o Executivo “matou o mercado de arrendamento durante décadas”, porque os proprietários, com medo de arrendamentos coercivos, vão retirar as suas casas do mercado. Já os inquilinos, segundo Romão Lavadinho, pedem urgência na implementação das medidas e vão sugerir ao Governo a revogação da chamada ‘Lei Cristas’.

Luís Menezes Leitão, bastonário da Ordem dos Advogados, em entrevista ao ECO/Advocatus - 07JAN20
Luís Menezes LeitãoHugo Amaral/ECO

O Governo anunciou no quadro do Programa Mais Habitação, que vai adotar um regime de “arrendamento compulsivo” das casas devolutas. “Iremos introduzir, em complemento às medidas que já existem de agravamento fiscal dos imóveis devolutos, um regime de arrendamento compulsivo das casas que estejam devolutas”, anunciou António Costa, na conferência de imprensa de apresentação do pacote de medidas adotado no Conselho de Ministros de quinta-feira, dedicado exclusivamente ao tema da habitação.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística, existem cerca de 730 mil casas devolutas em Portugal, mas a ministra da Habitação, Marina Gonçalves, recusou fixar uma meta de redução deste número através da obrigatoriedade de arrendamento do património devoluto por entidades públicas, com o respetivo pagamento de renda, para posterior subarrendamento. “Não temos meta”, frisou, destacando que o mecanismo pode ir evoluindo consoante as necessidades que forem surgindo. Caberá ao Estado ou ao município “pagar ao proprietário a renda que é devida” e cobrar “a renda que resulta do subarrendamento” que fará depois, explicou António Costa.

Para Menezes Leitão, é o regresso a uma medida que apenas tinha sido imposta em 1975 por Vasco Gonçalves e que deixou os proprietários “traumatizados”, já que muitos “apenas conseguiram reaver as casas arrendadas por preços miseráveis após a morte dos inquilinos”.

“Com este pacote de medidas que, ironicamente, o primeiro-ministro vendeu como se fosse para aumentar a confiança dos proprietários, o Governo conseguiu destruir o mercado de arrendamento”, disse o presidente da Associação Lisbonense de Proprietários, revelando que as medidas estão a “gerar pânico” e que “a maior parte dos proprietários vai retirar os imóveis do mercado quando terminarem os contratos de arrendamento”.

Romão Lavadinho

O presidente da Associação dos Inquilinos Lisbonenses não percebe as reticências dos proprietários, já que a proposta do Executivo é bastante vantajosa do ponto de vista fiscal. Romão Lavadinho considera que “a solução para o mercado de arrendamento não passa por construir novas casas, porque isso levaria oito a nove anos a resolver o problema”.

“Bastaria que 150 mil das casas devolutas fossem colocadas no mercado de arrendamento porque isso aumentaria a oferta e obrigaria os especuladores a baixar os preços“, sugere, lembrando que “cerca de 15 a 20% das casas devolutas estão em condições de habitabilidade”, precisando apenas de umas pequenas pinturas ou arranjos nas canalizações.

O documento estará agora um mês em consulta pública antes de se iniciar a discussão no Parlamento. Ambas as associações darão o seu contributo, mas a dos proprietários não acredita que “dê algum resultado”. “Andamos a dizer o mesmo há oito anos e o que antecipávamos aconteceu devido à cegueira ideológica brutal do Executivo”, sublinhou Menezes Leitão apontando o dedo ao facto de o Governo insistir em querer resolver o problema da habitação em Portugal através do arrendamento público, quando 98% do arrendamento no país é privado. “Só conseguirão um mercado de arrendamento público de 5%, destruindo o arrendamento privado”, desabafou.

Já a Associação dos Inquilinos Lisbonenses vai apresentar ao Governo um conjunto de 23 propostas que passam não só por um apelo à rápida entrada em vigor das medidas propostas, mas também pela sugestão de medidas para acabar com os arrendamentos ilícitos, “que o Governo não resolve”, pela introdução de medidas de apoio aos novos inquilinos, mas também a revogação da chamada Lei Cristas que define o aumento das rendas antigas por negociação com o senhorio ou com base em 1/15 avos do valor patrimonial do imóvel sendo que, caso não exista acordo, o contrato se considera celebrado com prazo certo por um período de cinco anos, mas que tem sido sistematicamente adiado. “Para nós é fundamental. Enquanto estiver em vigor mantêm-se os despejos e o aumento das rendas“, sublinha Romão Lavadinho.

Para aumentar a oferta de casas com um preço acessível, o Governo anunciou duas medidas: subarrendar casas a preços de mercado por um prazo de cinco anos, com uma taxa de esforço máxima de 35% do agregado familiar, e pagar a renda dos inquilinos que tenham mais de três meses de rendas em atraso. O Estado fica “sub-rogado na posição do senhorio para recuperação das quantias em dívida, mediante execução fiscal, ou promoção do despejo – salvo se se verificar existência de um motivo socialmente atendível que determine a atribuição de prestação social ou realojamento”.

Menezes Leitão considera que as medidas propostas “atentam contra o direito à propriedade e à iniciativa económica” e por isso são inconstitucionais. O ex-bastonário da Ordem dos Advogados critica ainda o limite nos preços dos novos arrendamentos. De acordo com a proposta do Governo, “nos imóveis que já se encontravam no mercado de arrendamento nos últimos dez anos, a renda inicial nos novos contratos não pode ultrapassar os 2% face à renda anterior”. Contudo, a “este valor podem acrescer os coeficientes de atualização automática dos três anos anteriores – se os mesmos ainda não tiverem sido aplicados, considerando-se que em 2023 esse valor foi de 5,43%”, como explicou o primeiro-ministro na conferência de imprensa.

Para que a medida seja considerada inconstitucional terá de ser o Presidente da República a enviá-la para o Tribunal Constitucional para ser alvo de uma fiscalização preventiva, uma hipótese que o presidente da Associação Lisbonense de Proprietários não descarta. “Vamos ver a reação a tomar junto do Presidente da República ou da Provedora de Justiça, tendo em conta a dureza das medidas para que venha a suscitar a inconstitucionalidade das mesmas”, disse recordando que “na pandemia o Governo também adotou medidas que depois acabaram por ser rejeitadas pelo Constitucional”.

Questionado sobre o risco de inconstitucionalidade da medida, António Costa, em entrevista à TVI, rejeita a ideia. “Não creio que haja inconstitucionalidade. As obras coercivas estão na lei há muitos anos e nunca foram consideradas inconstitucionais”, disse.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Genéricos dão poupança recorde de 509 milhões ao Estado e famílias em 2022

Entre 2011 e 2022, a utilização de medicamentos genéricos já permitiram gerar um poupança de 5.279 milhões de euros aos cofres do Estado e às famílias. Só em 2022, foram 509 milhões, um valor recorde.

No ano passado, os medicamentos genéricos vendidos nas farmácias permitiram poupar mais de 509 milhões de euros ao Estado e às famílias portuguesas, isto, é um aumento de 30,3 milhões de euros face ao período homólogo, segundo os dados da APOGEN – Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares e pela Associação Nacional de Farmácias (ANF). É o valor mais alto dos últimos 12 anos.

Em comunicado conjunto, estas associações revelam que só em 2022 os medicamentos genéricos geraram uma poupança “superior a 509 milhões de euros”, isto é, um aumento de 6,3% face aos 479 milhões de euros atingidos ao longo de 2021. Contas feitas, “a cada segundo que passa, 16,15 euros são poupados às famílias portuguesas e ao Estado” através da venda de medicamentos genéricos.

Este é, aliás, o montante mais elevado nos 12 anos de monitorização. No total, entre 2011 e 2022, os medicamentos genéricos permitiram gerar um poupança de 5.279 milhões de euros aos cofres do Estado e às famílias. Já no que toca a este ano e até esta quinta-feira, o contador online estima que tenham sido já poupados mais de 65 milhões de euros.

“A poupança com os medicamentos genéricos tem aumentado ano após ano, tendo, pela primeira vez, ultrapassando os 500 milhões de euros”, realça a presidente da APOGEN, citada na nota de imprensa. Maria do Carmo Neves nota ainda que esta tendência “evidencia o desempenho destes fármacos no acesso equitativo dos utentes à saúde e na prestação de melhores cuidados”, garantindo ainda “uma gestão equilibrada dos recursos a nível público e privado”.

O ano passado e o início deste ano está a ser marcado pela subida de preços da energia e matérias-primas, bem como da escassez de alguns medicamentos, que tem afetado alguns países da Europa, incluindo Portugal. Para colmatar a dificuldade no acesso de medicamentos e evitar ruturas de stock, o Governo avançou com a revisão dos preços dos medicamentos mais baratos.

Além disso, será criada uma lista de medicamentos essenciais críticos, “cuja disponibilidade será monitorizada de forma particular e em relação aos quais serão tomadas medidas específicas que podem incluir a revisão excecional de preço”. Paralelamente, o Infarmed tem ainda uma lista de medicamentos cuja exportação está suspensa temporariamente.

No ano passado, foram dispensadas cerca de 102 milhões de embalagens de medicamentos genérico, o que representa um aumento de 10,7% face ao período homólogo, segundo os dados da Health Market Research.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo estabelece regime de aplicação do PT2030

"Neste novo regime é privilegiada a orientação para resultados, incrementada a desmaterialização e simplificação dos procedimentos e introduzidos mecanismos para mitigação do risco de incumprimento."

O Conselho de Ministros aprovou esta quinta-feira o diploma que estabelece o regime de aplicação dos fundos europeus para 2021-2027, tendo por objetivo garantir a plena execução do Portugal 2030.

“Foi aprovado o decreto-lei que estabelece o regime geral de aplicação dos fundos europeus para o período de programação 2021-2027, que constitui mais um dos diplomas enquadradores do novo quadro de programação dos fundos europeus”, lê-se no comunicado do Conselho de Ministros.

“Neste novo regime é privilegiada a orientação para resultados, incrementada a desmaterialização e simplificação dos procedimentos e introduzidos mecanismos para mitigação do risco de incumprimento”, acrescenta a mesma nota.

Tal como o ECO avançou esta semana, com base numa versão preliminar do documento, é introduzido um artigo específico no qual é definida a orientação para os resultados e é criado um artigo específico a proibir o duplo financiamento com fundos europeus. Por outro lado, “os projetos passam todos a ter um adiantamento de 10% do apoio, desaparecendo assim a possibilidade de os projetos financiados através do Fundo Social Europeu (FSE) receberem à cabeça 15% das verbas comunitárias”.

O calendário anual dos avisos para a apresentação de candidaturas será atualizado pelo menos três vezes por ano e os beneficiários dos fundos com projetos com um apoio superior a 200 mil euros são obrigados a fazer um vídeo, “com uma duração não inferior a um minuto”, para “apresentação da operação.

Esta nova lei que surgirá com 16 meses de atraso quando comparada com a peça legislativa relativa ao Portugal 2020, mantém a obrigatoriedade de decidir candidaturas no prazo de 60 dias e prevê que “as informações necessárias à instrução dos processos de candidatura e das operações, bem como ao apuramento dos indicadores de realização e de resultado e à realização de exercícios de avaliação, que existam nas bases de dados da Administração Pública, são obtidas de forma oficiosa, com consentimento do candidato ou beneficiário, nos termos da lei, com recurso, sempre que possível, a interoperabilidade concretizada através da Plataforma de Interoperabilidade da Administração Pública”. Ou seja, os beneficiários não terão de prestar informações que já estão na posse do Estado.

Por outro lado, os projetos cujo apoio não exceda os 200 mil euros passam obrigatoriamente a ser financiados sob a forma de custos unitários, montantes fixos ou taxa fixa, exceto quando em causa está um auxílio de Estado ou se o financiamento é assegurado pelo Fundo de Coesão (FC) ou pelo Fundo do Mar. Isto representa uma duplicação do valor usado até aqui como baliza para os custos fixos, para os projetos com apoio do Feder ou do Fundo Social Europeu.

“Com este diploma, o Governo pretende estabelecer um regime geral que garanta a plena execução dos fundos do Portugal 2030, maximizando o contributo essencial que estes fundos representam para a transformação estrutural da economia do país e prosseguindo o caminho estratégico de afirmação de Portugal enquanto país mais justo, sustentável, coeso e competitivo”, sublinha ainda o comunicado do Conselho de Ministros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

PCP considera condecoração de Zelensky uma “afronta aos democratas”

  • Lusa
  • 16 Fevereiro 2023

O PCP dizem que o presidente ucraniano personifica "um poder xenófobo, belicista e antidemocrático, rodeado e sustentado por forças de cariz fascista e nazi".

O PCP considerou esta quinta-feira que a decisão do Presidente português de condecorar o homólogo ucraniano com a Ordem da Liberdade é uma “afronta aos democratas” porque Volodymyr Zelensky “personifica um poder xenófobo, belicista e antidemocrático”.

Numa nota enviada às redações, o PCP considerou que a decisão do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, de condecorar o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, com o Grande-Colar da Ordem da Liberdade, “constitui uma afronta aos democratas e uma decisão contrária à construção de um caminho de paz”.

Os comunistas criticam esta condecoração “em vésperas das comemorações dos 50 anos da Revolução libertadora de Abril”, acusando o Presidente ucraniano de personificar “um poder xenófobo, belicista e antidemocrático, rodeado e sustentado por forças de cariz fascista e nazi”.

A condecoração, para o PCP, “só pode ser recebida com indignação por todos quantos conhecem o valor da luta pela liberdade que o povo português travou ao longo de décadas contra o regime fascista”. Na quarta-feira, numa nota colocada no portal da Presidência na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou a condecoração do Presidente da Ucrânia, admitindo que antecipou o anúncio na sequência de uma “iniciativa parlamentar sobre esta matéria”.

“O Presidente da República tencionava anunciar no dia 24 deste mês, data em que se completa um ano sobre a agressão da Rússia contra a Ucrânia, a condecoração do Presidente Zelensky. Tendo em conta a iniciativa parlamentar sobre esta matéria, anuncia desde já que decidiu atribuir ao Presidente da Ucrânia o Grande-Colar da Ordem da Liberdade”, podia ler-se na nota.

De acordo com a edição do Público daquele dia, o PAN pretendia assinalar o primeiro ano da guerra com uma proposta de condecoração de Zelensky, o que levou o chefe de Estado português a antecipar o anúncio.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Casas subarrendadas pelo Estado vão ser sorteadas à classe média, diz Costa

  • ECO
  • 16 Fevereiro 2023

As casas subarrendadas pelo Estado destinam-se, por um lado, a famílias desfavorecidas e, por outro, à classe média. Neste último caso, a distribuição será feita mediante sorteio, segundo Costa.

O primeiro-ministro, António Costa, esclareceu esta quinta-feira que as casas que o Estado pretende arrendar a proprietários e depois subarrendar destinam-se, em parte, à classe média. “Por uma questão de justiça”, as casas subarrendadas serão sorteadas para os inquilinos, adiantou, em entrevista ao “Jornal das 8” da TVI, depois de ter apresentado o pacote de medidas “Mais Habitação”.

O arrendamento das casas disponíveis de proprietários privados a preços de mercado, por um prazo de cinco anos, para depois as poder subarrendar, é uma das propostas do Governo para aumentar o número de casas no mercado de arrendamento. O subarrendamento será feito pelo valor correspondente a 35% da taxa de esforço do inquilino.

À TVI, o líder do Executivo explicou que esta medida destina-se a dois programas. Um deles insere-se no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com o objetivo de construir 26 mil fogos para famílias desfavorecidas até dezembro de 2026. Em resumo, aquilo que antigamente se chamava “habitação social”, segundo Costa.

O subarrendamento de casas destina-se, por outro lado, a jovens e à classe média, mas neste caso no contexto de programas de arrendamento acessível. Ou seja, o Estado vai arrendar casas a privados e depois subarrendá-las a inquilinos, a quem serão atribuídas mediante inscrição num concurso e depois um sorteio.

Ainda assim, conforme a ministra da Habitação, Marina Gonçalves, explicou na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros em que foi aprovado o pacote de medidas para fazer face à crise na habitação, o sorteio irá privilegiar “grupos mais vulneráveis” como jovens, famílias monoparentais e famílias com quebras de rendimento.

Na entrevista, o primeiro-ministro justificou ainda a opção por obrigar os bancos a disponibilizarem uma taxa fixa no crédito à habitação, deixando a percentagem ao critério de cada um. A concorrência entre os vários bancos quanto ao valor da taxa fixa pode funcionar a favor dos clientes, que podem optar pelas soluções mais favoráveis, disse.

Costa defendeu mesmo que “é do interesse comercial da banca” disponibilizar uma taxa fixa competitiva e “ganhar clientes” com isso, indicando que já há uma instituição financeira a fazê-lo. “Tem de haver um equilíbrio entre aquilo que é a intervenção do Estado e o funcionamento do mercado”, argumentou o chefe de Governo.

Fora do bloco da habitação, o primeiro-ministro afastou, para já, a redução do IVA em bens essenciais como em Espanha. Costa acredita que, a avaliar pela experiência do país vizinho, são as superfícies comerciais quem mais beneficia com essa medida. “Não estou convencido que resulte”, disse.

Sobre o crescendo dos protestos na rua, o primeiro-ministro disse que “só por milagre” os portugueses fariam uma avaliação positiva do Governo num momento de grande inflação, admitindo que o “caldo social” não é favorável ao executivo. No caso dos professores, frisou, é “uma classe que acumulou 15 anos de frustrações”.

Costa lembrou que durante o seu mandato descongelou a carreira dos professores e questionou: “Acha justo e há alguma razão para que eu possa fazer por uma carreira específica o que não posso fazer por todas as carreiras?”. Se as demais carreiras tivessem o equivalente aos que os professores reivindicam, o chefe do Governo estimou que haveria um custo de “1.300 milhões de euros de despesa permanente para todo o país, todos os anos, não era só agora”.

 

(Notícia atualizada às 22h13)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Biden promete ‘abater’ qualquer objeto aéreo que ameace a segurança dos EUA

  • Lusa
  • 16 Fevereiro 2023

Os últimos três aparelhos voadores, que os EUA abateram, pertenciam possivelmente a empresas privadas e estavam a fazer trabalhos de investigação, disse o presidente dos EUA.

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assegurou esta quinta-feira que irá “derrubar” qualquer objeto aéreo que ameace a segurança do país, acrescentando que pretende falar com o homólogo da China, Xi Jinping, sobre o abate do balão chinês. “Se um objeto [voador] representar uma ameaça à segurança dos americanos, eu o derrubarei”, frisou o chefe de Estado norte-americano, durante um discurso televisionado, o primeiro desde que os Estados Unidos derrubaram um balão chinês e três objetos voadores não identificados que sobrevoavam a América do Norte.

Joe Biden revelou que estão a ser desenvolvidas “regras mais rígidas” para rastrear, monitorizar e potencialmente abater objetos aéreos desconhecidos. O Presidente norte-americano instruiu o conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan a liderar uma “equipe interagências” para rever os procedimentos dos EUA.

Biden apontou ainda que os últimos três aparelhos voadores, que os EUA abateram sobre o seu território e o Canadá, pertenciam possivelmente a empresas privadas e estavam a fazer trabalhos de investigação, não existindo provas de que estivessem ligados ao “balão-espião” chinês que Washington derrubou em 04 de fevereiro sobre as águas do Atlântico na costa da Carolina do Sul.

O democrata revelou também que está a pensar conversar com o Presidente da China, Xi Jinping, mas assegurou que não irá apresentar as suas desculpas pelo derrube do balão chinês, que os norte-americanos acusam de servir para vigilância. Biden criticou duramente o programa de vigilância da China, realçando que a “violação” da soberania dos EUA é “inaceitável”, embora pretenda manter as linhas de comunicação abertas.

“Não queremos uma nova Guerra Fria” e “vamos continuar conversando com a China”, vincou o Presidente norte-americano durante o curto discurso. “Espero poder falar com o Presidente Xi e chegar ao fundo deste assunto, mas não peço desculpas por derrubar este balão”, acrescentou.

As autoridades norte-americanas continuam a insistir na versão de que o objetivo abatido em 04 de fevereiro se tratava de um balão chinês equipado com material de vigilância, fazendo parte de um vasto programa global de espionagem da China, apesar dos desmentidos de Pequim.

O “balão-espião” chinês foi localizado no final de janeiro sobre o espaço aéreo dos EUA e abatido depois de dias a sobrevoar diversas áreas do país, como o Estado do Montana (nordeste), onde fica um dos três campos de silos de mísseis nucleares existentes nos Estados Unidos.

Na última semana, três outros objetos voadores também foram abatidos em território dos EUA e no Canadá, dos quais até o momento as autoridades norte-americanas não puderam confirmar a sua origem. Como resultado da crise e escalada de tensões, o secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken adiou a sua primeira viagem planeada à China, sem que tenha sido marcada uma nova data.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo aprova alteração ao regime de horas extraordinárias das urgências

  • Lusa
  • 16 Fevereiro 2023

O Conselho de Ministros aprovou o decreto-lei que altera o regime remuneratório aplicável à prestação de trabalho suplementar realizado por médicos nos serviços de urgência.

O Governo aprovou esta quinta-feira uma alteração ao regime de pagamento do trabalho suplementar realizado por médicos nas urgências, criado para estabilizar as equipas nesses serviços e que funcionará até julho.

Segundo o comunicado do Conselho de Ministros, “foi aprovado o decreto-lei que altera o regime remuneratório aplicável à prestação de trabalho suplementar realizado por médicos nos serviços de urgência, quer em resultado da necessidade de envolver a recentemente criada Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde, quer por forma a resolver alguns constrangimentos que a sua aplicação veio evidenciar. Este novo regime é prorrogado até final de julho”.

O regime de pagamento das horas extraordinárias era um dos pontos das negociações entre o Governo e os sindicatos médicos. Na quarta-feira, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) considerou “inaceitável” a proposta do Ministério da Saúde sobre grelhas salariais relativas ao trabalho suplementar em urgência.

A tutela reconhece que há uma insuficiência dos valores da proposta que nos fez inicialmente e que para a FNAM é totalmente inaceitável, uma vez que são valores extremamente baixos”, disse à Lusa a presidente da comissão executiva da FNAM, Joana Bordalo e Sá. De acordo com a presidente da comissão executiva da FNAM, os valores da proposta da tutela variam, dependendo da idade do médico, entre os 20 euros por hora e os 40 euros por hora.

O que vigorava até 31 de janeiro e foi prorrogado até 28 de fevereiro eram valores na ordem dos 50 euros por hora, 60 euros por hora, 70 euros por hora. O que eles nos apresentam agora são valores muito baixos”, indicou. Este regime transitório foi aprovado em julho de 2022 em Conselho de Ministros, com o objetivo de criar as condições de estabilização das equipas médicas das urgências dos hospitais, definindo um regime remuneratório específico para o trabalho suplementar.

Na ocasião, a ex-ministra da Saúde Marta Temido adiantou que o regime transitório estipulava o pagamento aos médicos de 50 euros por hora a partir da hora 51 e até à hora 100 de trabalho suplementar, 60 euros a partir da hora 101 e até à hora 150 e 70 euros a partir da hora 151 de trabalho suplementar.

A medida foi implementada numa altura em que os serviços de de obstetrícia e ginecologia e bloco de partos em vários pontos do país tiveram de encerrar por determinados períodos ou funcionaram com limitações, devido à dificuldade dos hospitais em completarem as escalas de serviço de médicos especialistas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.