Freguesias pedem respeito pelos projetos de reversão da lei Relvas

  • Lusa
  • 11 Fevereiro 2023

Mecanismo especial criado para reverter a chamada "lei Relvas" resultou em 167 processos, "o que implica que possam vir a ser criadas 207 freguesias", estima a associação liderada por Jorge Veloso.

O presidente da Associação Nacional de Freguesias (Anafre) disse este sábado que ainda aguarda que o Parlamento clarifique o prazo final para a reversão de freguesias e defendeu que os projetos de lei já entregues devem ser respeitados.

O Parlamento “ainda não se pronunciou, pelo menos para a Anafre, decidindo se o prazo fixado na lei, de 21 de Dezembro [de 2022], era para apresentação dos projetos na Assembleia da República (AR)” ou “para dar início ao processo na assembleia de freguesia”, afirmou o presidente da Anafre, Jorge Veloso.

O responsável, que falava à agência Lusa à margem da sessão que assinalou hoje o 34.º aniversário da associação, realizada na freguesia de Serra D’El-Rei, em Peniche (Leiria), acrescentou que, sem essa clarificação da AR, “não há muita novidade” em relação ao processo de reversão de freguesias.

O presidente da Anafre realçou que “o que deu entrada na AR, até 21 de dezembro, foram cerca de 167 processos ou projetos de lei para reversão das freguesias”. “O que implica que, nesses 167 processos, possam vir a ser criadas 207 freguesias, uma vez que algumas uniões de freguesia são constituídas por mais do que duas”, indicou.

Para a Anafre “é importante que sejam atendidos esses projetos de lei dessas freguesias”, que os apresentaram “justificando o porquê de se sentirem mal com o que existe agora”, defendeu o presidente do conselho diretivo da associação.

“Houve situações que não respeitaram a vontade própria das populações e até dos próprios executivos, em 2013. Portanto, os pedidos que deram entrada são um sinal evidente de que essas freguesias devem reverter para a posição anterior, a que existia em 2013″, insistiu.

Jorge Veloso, presidente da Associação Nacional de Freguesias (Anafre)Lusa

Em 22 de dezembro do ano passado, fonte parlamentar disse à Lusa que, até ao dia anterior, pelo menos 185 freguesias agregadas em 2013 tinham pedido ao parlamento para se desagregarem, no âmbito do mecanismo especial criado para reverter a chamada “lei Relvas”.

Na altura, Isaura Morais, presidente da comissão parlamentar que acompanha o Poder Local, afirmou que, “caso as propostas recebidas se realizem, acrescentarão 185 freguesias, às 3.091 existentes” atualmente, mas também acrescentou que seria efetuada uma segunda contagem no início de janeiro deste ano.

O Governo apresentou no final de 2020 ao Parlamento uma proposta de lei que permite reverter a fusão e a extinção de freguesias ocorrida em 2013, durante o Governo PSD/CDS-PP, a que se juntaram posteriormente propostas do PCP, do PEV e do BE. A reforma administrativa de 2013 eliminou mais de mil freguesias, estabelecendo o atual mapa com 3.092 destas autarquias.

O regime jurídico de criação, modificação e extinção de freguesias, que entrou em vigor em 21 de dezembro de 2021, prevê um mecanismo transitório que dava um ano às freguesias agregadas em 2013 para pedirem a reversão da fusão.

A lei previa que os pedidos de desagregação, depois de cumpridos formalismos nas Assembleias de Freguesia e Municipais, deveriam ser entregues no parlamento até 21 de dezembro de 2022, sendo aceites, posteriormente, processos em trânsito nos correios, desde que com carimbo de envio nessa data.

No entanto, em dezembro, a Anafre defendeu uma nova interpretação da lei com base em pareceres jurídicos que levam a outro entendimento sobre os prazos, disse à Lusa Jorge Veloso, na altura. Para a Anafre, o prazo estabelecido de um ano após a publicação da lei das freguesias pode referir-se ao início do processo e não à sua entrega na Assembleia da República.

Revisão ágil da Lei das Finanças Locais

O presidente da Anafre reclamou ainda agilidade na revisão da Lei das Finanças Locais, para que esta possa vigorar a tempo do Orçamento do Estado para 2024 (OE2024). “A Lei das Finanças Locais foi cumprida há dois anos e no ano passado, neste Orçamento do Estado para 2023 (OE2023), também foi comprida. Portanto, agora, tem que ser revisitada para poder ser alterada”, disse o presidente do conselho diretivo da Anafre.

Jorge Veloso explicou que a associação teve “a primeira abordagem” com o Governo, na terça-feira, sobre o processo de revisão da Lei das Finanças Locais. E o que a Anafre pretende é que esse processo “seja ágil, de modo a que, em 2024, ou para a apresentação do OE2024, já esteja em vigor a nova Lei das Finanças Locais”, assumiu o presidente.

Simultaneamente com a revisão desta lei, a Anafre pretende também que “seja revisitado o Estatuto do Eleito Local, que precisa urgentemente de ser clarificado e de ser atualizado, porque o que se encontra em vigor deixa ficar muito mal os eleitos de freguesia”, realçou Jorge Veloso.

Além destes temas, Veloso disse à Lusa ter abordado ainda outras questões, como a do acesso a fundos comunitários pelas freguesias. “A reivindicação é que seja rapidamente confirmado [com] o que as freguesias podem contar para conseguirem apresentar as suas candidaturas e [que estas sejam] elegíveis a fundos comunitários”, indicou.

A “problemática das despesas Covid” também não ficou de fora da sessão, com Jorge Veloso a explicar que a Anafre está “a apreciar a proposta apresentada pelo Governo” à associação. “Foi aprovada uma verba de cinco milhões de euros no OE2023 e, neste momento, estamos a iniciar o processo. Foi-nos apresentada uma proposta pelo Governo, que estamos a apreciar, para apresentarmos também os nossos contributos”, afirmou.

Segundo Jorge Veloso, “até final do ano” o processo vai ter que estar terminado: “Vamos ter que o conseguir fazer, de modo a que as freguesias possam ser ressarcidas desse valor. Pelo menos até aos cinco milhões de euros vamos ser ressarcidos, porque é quanto está devidamente cabimentado no OE”.

Em dezembro passado, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, e a presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Luísa Salgueiro, assumiram que, em 2023, vai ser criado um grupo de trabalho conjunto para a revisão da Lei das Finanças Locais.

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CR7 da cibersegurança “entra em campo” para proteger as PME

Startup de Coimbra fundada por André Baptista e Jorge Monteiro lança ferramenta para identificar vulnerabilidades nos sistemas informáticos das PME, que já são o alvo de 17% dos ciberataques.

Conhecido como “o Cristiano Ronaldo da cibersegurança” por já ter sido considerado o hacker mais valioso numa competição internacional realizada nos EUA em 2019, André Baptista é um dos fundadores da Ethiack, que está a lançar uma plataforma automática que faz testes de segurança às empresas e identifica as vulnerabilidades nos sistemas informáticos.

A empresa de Coimbra, que diz integrar a classe dos “hackers do bem”, aponta às pequenas e médias empresas (PME) — em 2022 foram as visadas em 17% dos ciberataques, segundo a Agência Europeia para a Segurança das Redes e da Informação (ENISA) — por não disporem de equipas próprias ou contratadas para detetar as fragilidades dos seus sistemas.

Jorge Monteiro e André Baptista, fundadores da Ethiack

“Durante um mês, a partir do momento de registo no site da Ethiack, as empresas aderentes poderão obter um relatório completo que agrega a descrição das suas vulnerabilidades e a sua severidade, incluindo guias para a mitigação dos problemas, e uma reunião de trabalho para esclarecimento de dúvidas e procedimentos”, sublinha em comunicado de imprensa.

Fundada por André Baptista e Jorge Monteiro, a empresa portuguesa acaba de ser selecionada para integrar o Xcelerator, financiado pelo banco de investimento italiano CDP (Cassa Depositi e Prestiti) e pelo fundo de investimento Startup Wise Guys. Focado em vendas e crescimento, visa posicionar as startups para levantarem a próxima ronda de financiamento.

O programa de cinco meses é realizado em Itália, em conjunto com outras seis jovens empresas, e inclui um investimento de 78 mil euros para cada startup, que “poderá ser amplificado em função do desempenho”. A avaliação é feita por peritos de entidades como o centro de pesquisa da NTT DATA (Universidade da Calábria), a gigante do setor aeroespacial e da defesa Leonardo, ou a empresa de distribuição de gás Italgas.

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Greve dos maquinistas parou 152 dos 337 comboios até ao meio-dia

  • Lusa
  • 11 Fevereiro 2023

greve de maquinistas da CP, iniciada na quarta-feira, levou hoje à supressão de 152 dos 337 comboios programados entre as 00:00 e as 12:00, tendo-se realizado os restantes 185.

A greve de maquinistas da CP, iniciada na quarta-feira, levou este sábado à supressão de 152 dos 337 comboios programados entre as 00h00 e as 12h00, tendo-se realizado os restantes 185, disse à agência Lusa fonte da empresa.

Num comunicado, a CP adianta que os comboios regionais e inter-regionais, com 66,4% de supressões, e os de longo curso, com 54,5%, foram os mais afetados, à frente dos urbanos do Porto (35,2%) e de Lisboa (30,5%).

No mesmo período, e em relação ao longo curso, segundo o comunicado, estavam programados 22 comboios, tendo sido suprimidos 12, enquanto nos regionais e inter-regionais, dos 113 previstos 75 foram anulados.

Também entre às 00:00 e as 12:00 de hoje, os comboios urbanos no Porto viram suprimidos 25 dos 71 comboios previstos, enquanto em Lisboa foram realizados apenas 40 dos 131 previstos.

A paralisação da CP começou no dia 8 de fevereiro e vai prolongar-se até ao dia 21, não havendo serviços mínimos agendados para esta paralisação.

“Por motivo de greves, convocadas pelos Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ), Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário (SNTSF) e Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), ocorrerão fortes perturbações na circulação de comboios, a nível nacional, no período entre as 00h00 do dia 8 de fevereiro de 2023 e as 24h00 do dia 21 de fevereiro de 2023”, lê-se no portal da CP.

O anúncio da greve dos trabalhadores da CP e da IP, devido à falta de resposta às propostas de valorização salarial, foi feito a 25 de janeiro pela Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans).

Em causa está a falta de resposta das duas empresas às propostas de valorização salarial. Para os sindicatos, as propostas entregues “ficam muito aquém” dos valores necessários para que seja reposto o poder de compra dos trabalhadores.

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Aulas vão entrar nos serviços mínimos da greve dos professores

  • ECO
  • 11 Fevereiro 2023

A partir de quinta-feira, as escolas vão ter de assegurar também um mínimo de três horas letivas diárias para a greve convocada pelo Stop, segundo um novo acórdão do colégio arbitral.

A partir da próxima quinta-feira, os professores terão de prestar três horas educativas (pré-escolar) ou letivas (1.º ciclo do ensino básico) em cada dia, “com termo no período de refeição”, enquanto nos 2.º e 3.º ciclos e no secundário tem de ser assegurada a “prestação de três tempos letivos (aulas) diários” por cada turma, assim como garantida “semanalmente a cobertura das diferentes áreas disciplinares / disciplinas / componentes de formação do currículo”.

A decisão do colégio arbitral, divulgada no blogue do professor Paulo Guinote e citada pelo Público, foi tomada na passada sexta-feira. Aplica-se às greves convocadas pelo Sindicato de Todos os Professores (Stop), liderada por André Pestana, e, pela primeira vez nesta vaga de protestos iniciada em dezembro do ano passado, são fixados serviços mínimos que abrangem também as aulas.

Mostra-se intolerável a desigualdade que se gera no âmbito do ensino público face ao ensino privado, com evidente prejuízo para os alunos mais desfavorecidos.

Acórdão do colégio arbitral para a greve do Stop

Para justificar a decisão, que teve o voto contra do representante dos trabalhadores, é argumentado que o efeito causado pela paralisação já “coloca em causa a satisfação de necessidades sociais impreteríveis”. Por outro lado, lê-se ainda no acórdão, que pondera os direitos fundamentais em contraposição (direito à greve e direito à educação), “mostra-se intolerável a desigualdade que se gera no âmbito do ensino público face ao ensino privado, com evidente prejuízo para os alunos mais desfavorecidos”.

A decisão é conhecida a poucas horas de os professores voltarem a participar este sábado em mais uma manifestação nacional, que Mário Nogueira acredita que poderá ser um dos maiores protestos de docentes de sempre, tornando o “Terreiro do Paço pequeno para tanta gente”. O protesto é organizado pela Fenprof, mas conta também com a participação da Federação Nacional de Educação (FNE) e de outras sete organizações sindicais.

O Ministério da Educação já tinha pedido que fossem garantidos serviços mínimos num número de horas diárias de aulas, mas essa parte não tinha sido aceite até agora. Na anterior decisão, os professores só tinham de assegurar apoios às crianças e alunos que beneficiam de medidas seletivas e adicionais, apoios aos estudantes sinalizados pelas Comissões de Proteção de Crianças e Jovens e aos alunos mais vulneráveis, e apoios terapêuticos prestados nas escolas e pelos Centros de Recursos para a Inclusão.

o pessoal não docente garante vigilância e controlo de acessos nas escolas, a disponibilização das refeições e a vigilância e segurança dos alunos nos estabelecimentos de ensino.

Manifestação de professores em frente ao Ministério da Educação - 20JAN23
André Pestana, coordenador do StopHugo Amaral/ECO

Os professores exigem ver recuperados os mais de seis anos de serviço congelados durante o período da troika, assim como o fim das vagas e quotas de acesso aos 5.º e 7.º escalões. Ao mesmo tempo que reivindicam direitos para quem está efetivo, também exigem melhores condições para quem ficou conhecido por “andar com a casa às costas”, com contratos consecutivos que os atiram de uma terra para outra.

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Matosinhos, Galp e APA procuram soluções para terrenos contaminados da refinaria

  • Lusa
  • 11 Fevereiro 2023

"Não há razão nenhuma para não acreditarmos que haverá entendimento entre todos", confia o ministro do Ambiente, referindo-se à Câmara de Matosinhos, à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e à Galp.

O ministro do Ambiente disse este sábado que a Câmara de Matosinhos, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a Galp estão a trabalhar para encontrar soluções para os terrenos considerados contaminados que iam ser cedidos à autarquia.

“Eu próprio participei numa reunião com a senhora presidente da Câmara de Matosinhos [Luísa Salgueiro], com a Galp e com a APA. As equipas estão a trabalhar para responder aos desafios para a compatibilização dos objetivos entre a verificação da contaminação [dos terrenos] e o que é necessário fazer para remover todos os riscos associados“, disse Duarte Cordeiro.

O ministro do Ambiente e da Ação Climática falava aos jornalistas, no Porto, à margem da apresentação da primeira carruagem da Metro do Porto, de um conjunto de 18 encomendado à chinesa CRRC Tangshan, tendo garantido que “tudo está a ser feito para compatibilizar objetivos”.

“As equipas estão a trabalhar para conseguir compatibilizar os objetivos. Não podemos ignorar que se os terrenos estiverem contaminados e não houver resposta adequada tem de se encontrar outras soluções. Mas não há razão nenhuma para não acreditarmos que haverá entendimento entre todos. Vamos dar espaço para que as equipas trabalhem”, disse o governante.

Na semana passada, a APA revelou que a parcela do terreno da antiga refinaria que a Galp pretende ceder à Câmara de Matosinhos para a Cidade da Inovação tem os solos e as águas subterrâneas contaminadas.

“Na sequência desta avaliação dos solos e águas subterrâneas concluiu-se pela existência de contaminação dos solos e das águas subterrâneas” na parcela em causa, referiu a APA, em resposta a questões colocadas pela Lusa. A entidade apontou que a Galp foi informada deste parecer.

A APA adiantou que a análise de risco efetuada pela Petrogal para o terreno sito entre a refinaria, encerrada em 2021, e a rua António da Silva Cruz, em Leça da Palmeira, determinou a existência de “risco inaceitável para os futuros utilizadores da parcela (considerando uma eventual utilização residencial ou industrial da mesma), situação a ultrapassar com medidas de gestão de risco adequadas”.

Na sequência desta notícia, a Câmara de Matosinhos (distrito do Porto) adiantou que apenas aceitará o terreno, aplicando nessa parcela o investimento disponível do Fundo para uma Transição Justa, após a garantia de que os riscos estão devidamente salvaguardados.

A Galp adiantou que era “expectável” que os terrenos tenham de ser “objeto de remediação” e, por seu lado, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR-N) revelou estarem a ser feitas medições e análises “com mais ou menos detalhe” sobre o nível de contaminação do terreno.

Em abril de 2022 foi tornado público que, dos cerca de 260 hectares que ocupava a refinaria, a Galp cedeu 40 hectares à autarquia para aí desenvolver projetos de utilidade pública e aplicar as verbas do Fundo para Uma Transição Justa.

Na ocasião, a presidente da autarquia, Luísa Salgueiro, ressalvou que a área cedida pela Galp se localiza no topo Norte e que, à partida, não precisaria de ser descontaminada porque não tinha equipamentos, nem atividade.

Nessa parcela, a autarquia pretende construir uma cidade da inovação ligada às “energias do futuro”, no âmbito de um protocolo de cooperação entre a Galp e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte.

A cidade da inovação pretende potenciar “um ecossistema urbano, social e ambientalmente sustentável, incluindo comércio e serviços, hotelaria, restauração, indústria 5.0, habitação, equipamentos culturais e de lazer, com destaque para um Green Park [parque verde]”.

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Duarte Cordeiro já “conduziu” o novo metro chinês do Porto

Após uma “intensa bateria de testes e ensaios”, o primeiro dos 18 veículos contratados à chinesa CRRC Tangshan foi apresentado este sábado na Estação da Trindade, onde pode ser visitado até dia 14.

Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente e da Ação Climática senta-se no lugar do condutor durante a apresentação do novo veículo da frota do Metro do Porto, na estação da TrindadeESTELA SILVA/LUSA 11 fevereiro, 2023

O ministro do Ambiente da Ação Climática, Duarte Cordeiro, acompanhado pelo secretário de Estado da Mobilidade Urbana, Jorge Delgado, experimentou este sábado o novo veículo da frota do Metro do Porto, de fabrico chinês, que estará ao serviço a partir de maio.

Este é o primeiro dos 18 veículos contratados à CRRC Tangshan. Chegou a Portugal em dezembro e nas últimas semanas tem sido “sujeito a uma intensa bateria de testes e ensaios”, de acordo com a transportadora liderada por Tiago Braga.

“Temos de fazer uma avaliação de segurança para submeter ao IMT [Instituto da Mobilidade e dos Transportes] para garantir a homologação do veículo. Depois entra para a rede sem qualquer distinção [entre linhas]”, disse aos jornalistas o presidente da Metro do Porto, citado pela Lusa.

Este é o primeiro dos 18 veículos contratados pela Metro do Porto à chinesa CRRC TangshanESTELA SILVA/LUSA

Os ensaios e testes vão ser feitos durante a madrugada (entre a 01h00 e as 06h00), uma “janela de tempo que é relativamente curta” e que “atrasa a colocação em serviço”, acrescentou o responsável. Para março está prevista a chegada de mais quatro carruagens. Outras cinco são entregues em julho e as restantes em setembro.

Temos de fazer uma avaliação de segurança para submeter ao IMT [Instituto da Mobilidade e dos Transportes] para garantir a homologação do veículo.

Tiago Braga

Presidente da Metro do Porto

Trata-se de um investimento de 49,6 milhões de euros, financiados pelo POSEUR e pelo Fundo Ambiental. Os novos veículos vão circular em todas as linhas da rede do Metro do Porto a partir do final da primavera, aumentado a frota da empresa para as 120 composições.

A frota da Metro do Porto, que opera em sete concelhos da área metropolitana com uma rede de seis linhas, 67 quilómetros e 82 estações, é constituída atualmente por 102 veículos: 72 do tipo Eurotram e 30 do tipo Tram-train. O novo modelo made in China é composto por quatro carruagens, tem capacidade para 244 passageiros (dos quais 64 sentados) e circula a uma velocidade máxima de 80 quilómetros por hora.

O novo modelo é composto por quatro carruagens e tem capacidade para 244 passageiros, dos quais 64 sentados.ESTELA SILVA/LUSA

Estas novas composições vão servir também as duas linhas em construção, para acrescentar seis quilómetros e sete estações à rede, num investimento global na ordem dos 300 milhões de euros: a Linha Rosa, entre São Bento e a Casa da Música, em que a construtora já pediu revisão do preço; e o prolongamento da linha Amarela, entre Santo Ovídio e Vila d’Este, em Vila Nova de Gaia.

O veículo que saiu da China em outubro de 2022 foi apresentado esta manhã na Estação da Trindade, num evento que suscitou curiosidade e em que estiveram presentes os representantes da fabricante chinesa. Vai ficar em exposição durante todo o fim de semana e até dia 14 de fevereiro, com vistas abertas a toda a população.

Tiago Braga, presidente da Metro do Porto, acompanhou Duarte Cordeiro na visita à nova composição.ESTELA SILVA/LUSA

“Está adaptado às avaliações [feitas] junto dos passageiros e dos trabalhadores”, disse Duarte Cordeiro, depois de espreitar a zona do motorista e de se sentar nos novos bancos da carruagem. “É moderno, responde às preocupações que a Metro do Porto tem relativamente a facilitar a manutenção e está mais adaptada para coisas que os passageiros iam dizendo, como ter mais sítios para agarrar. É uma composição que corresponde aos desafios que temos e para o serviço que queremos prestar”, elogiou o ministro Duarte Cordeiro.

Responde às preocupações que a Metro do Porto tem relativamente a facilitar a manutenção e está mais adaptada para coisas que os passageiros iam dizendo, como ter mais sítios para agarrar.

Duarte Cordeiro

Ministro do Ambiente e da Ação Climática

Fundada em 1881, a CRRC Tangshan é uma empresa chinesa com larga tradição na produção de comboios, comboios de alta velocidade e veículos de metro. É apresentada como a maior fabricante mundial de material circulante ferroviário, tem sede em Pequim e emprega mais de 180 mil trabalhadores, de acordo com dados oficiais.

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Sobe para 24 mil o número de mortos no sismo na Turquia e Síria

  • Lusa
  • 11 Fevereiro 2023

Mais de 24 mil pessoas morreram em consequência do violento sismo que abalou na segunda-feira o sul da Turquia e a Síria, segundo balanços oficiais divulgados hoje.

Mais de 24 mil pessoas morreram em consequência do violento sismo que abalou na segunda-feira o sul da Turquia e a Síria, segundo balanços oficiais divulgados este sábado

De acordo com a Afad, organismo de socorro turco, 20.665 cadáveres foram, até agora, retirados dos escombros na Turquia, e 3.553 corpos foram contabilizados na Síria, indica um balanço também oficial.

Estes números elevam para 24.218 o total de mortos nos dois países atingidos por um terramoto de magnitude 7,8 na escala de Richter, a que se seguiram várias réplicas, uma das quais de magnitude 7,5.

Equipas de emergência resgataram nas últimas horas várias pessoas que estiveram soterradas sob escombros, em diferentes cidades da Turquia, durante mais de 120 horas.

Masallah Çiçek, uma mulher de 55 anos, foi resgatada com vida esta madrugada das ruínas do seu apartamento em Diyarbakir, no sudeste da Turquia, 122 horas após o terremoto. A agência de notícias oficial turca Anadolu disse que a mulher estava ferida e foi hospitalizada, enquanto as equipas de resgate continuaram os trabalhos em busca de um outro possível sobrevivente sob os escombros do mesmo prédio.

Outro resgate foi transmitido ao vivo pelos canais de televisão turcos de madrugada, quando uma outra mulher, Violet Tabak, de 70 anos, foi retirada com vida de um prédio desabado em Kahramanmaras, no sul do país, 121 horas após o sismo.

No entanto, as esperanças de encontrar mais sobreviventes vão diminuindo a cada minuto que passa e os trabalhos de resgate já pararam em algumas áreas, com as equipas a começarem a remover os escombros.

A Afad, sob a tutela do Ministério do Interior da Turquia, indicou que cerca de 160 mil membros de equipas de busca e salvamento — incluindo equipas internacionais e ONG — estão a trabalhar nas áreas afetadas.

A equipa portuguesa de 53 elementos enviada para a Turquia já está a operar nas missões de busca e salvamento no país, avançou na sexta-feira o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro.

O subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários e Coordenador de Socorro de Emergência, Martin Griffiths, anunciou uma doação especial de 25 milhões de dólares (23,3 milhões de euros) para reforçar os esforços de socorro na Síria.

Os recursos, provenientes do Fundo Central de Resposta a Emergências das Nações Unidas, vão tentar responder às necessidades mais urgentes das centenas de milhares de pessoas afetadas pelos terremotos, disse a ONU num comunicado. Griffiths está em Gaziantep, no sul da Turquia, e desloca-se no domingo a Aleppo, no noroeste da Síria.

O Governo sírio anunciou na sexta-feira que vai aceitar ajuda internacional que será enviada para zonas controladas por forças rebeldes a partir de áreas sob o seu controlo.

Ajuda e equipas de salvamento ainda não chegaram às pequenas localidades na Turquia

Ajuda e equipas de salvamento concentraram-se nas grandes cidades turcas após o terramoto, mas há um grande número de pequenas localidades onde o apoio ainda não chegou, noticia este sábado a agência de notícias espanhola Efe.

O terramoto que na passada segunda-feira atingiu o sudeste da Turquia, numa área maior do que a superfície de Portugal, provocou um elevado grau de destruição, incluindo infraestruturas básicas, o que torna difícil a distribuição da ajuda.

O diário turco Hurriyet noticia que muitas das estradas que levam a aldeias rurais da região estão fechadas devido à queda de neve, enquanto o mau estado de muitas estradas de montanha, que já era assim antes do terramoto, complica as comunicações.

“Talvez seja insuficiente, mas a ajuda estatal e voluntária chegou às cidades, mas quase nada chegou a milhares de aldeias onde as pessoas lutam para sobreviver”, disse à EFE o médico especialista em emergência Yilmaz Kurt.

Yilmaz Kurt viajou esta semana para a província de Kahramanmaras – onde se situou o epicentro dos terramotos – e instalou sozinho um hospital de campanha na aldeia de Alçiçek, de onde descreveu a situação dramática em muitas pequenas aldeias.

“O maior luxo aqui é uma tenda, que as pessoas montam com tudo o que possam encontrar e põem um fogão dentro”, descreveu o médico, adiantando que o número de mortos nas aldeias mais pequenas pode ser menor porque as construções tradicionais resistem melhor a sismos, mas a situação pós-catástrofe entre os sobreviventes está a piorar de dia para dia devido à falta de apoio externo.

Em muitas localidades, as casas tornaram-se inabitáveis e alternativas como as tendas não chegam, sendo que a falta de água e comida também afeta os animais nestas pequenas aldeias agrícolas. “A maioria dos celeiros desmoronou-se. Embora as autoridades afirmem que não há grandes perdas de animais, a falta de água e de alimentos é um grande problema”, salientou.

O sismo afetou uma população de 13 milhões de habitantes em 10 províncias turcas, onde o acesso à água ainda está cortado ou restrito, na melhor das hipóteses, e há falta de alimentos e o frio também aumenta o risco de epidemias.

Embora mais de 100.000 socorristas e pessoal de emergência trabalhem na área, a sua enorme dimensão, o elevado grau de destruição, os mais de 1.000 tremores secundários registados e o frio complicam os trabalhos de auxílio às vítimas dos sismos.

 

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Governo “desvia” Fundo de Compensação do Trabalho para pagar despesas com habitação

  • ECO
  • 11 Fevereiro 2023

Com parte dos 570 milhões de euros do Fundo de Compensação do Trabalho, as empresas podem “apoiar rendas, o custo de um crédito ou investir em habitação própria”, diz secretário de Estado do Trabalho.

O Governo propôs aos parceiros sociais que o Fundo de Compensação do Trabalho, para o qual as empresas têm de descontar 0,925% da retribuição dos trabalhadores e que tem atualmente um valor global de 570 milhões de euros, possa ter “um destino diferente que não exclusivamente para pagar questões de rescisão de contrato”, ajudando a suportar custos com a formação profissional ou a “subsidiar os custos dos trabalhadores com a habitação, nomeadamente os mais jovens”.

Em entrevista à TSF, Miguel Fontes, secretário de Estado do Trabalho, explicou que “as empresas podem apoiar rendas, o custo de um crédito ou investir em habitação própria, como já aconteceu no passado, para pôr à disposição dos seus trabalhadores”. A proposta, ainda em cima da mesa em sede de concertação social, prevê um escalonamento em função dos montantes que cada empresa tenha constituído nas contas individuais dos trabalhadores.

As empresas podem apoiar rendas, o custo de um crédito ou investir em habitação própria, como já aconteceu no passado, para pôr à disposição dos seus trabalhadores.

Miguel Fontes

Secretário de Estado do Trabalho

“A ideia é que empresas que tenham lá um depósito até 10 mil euros tenham a possibilidade de fazer a mobilização num só momento, a acontecer a partir do segundo semestre de 2023 ou durante a vigência do acordo; entre 10 mil e 400 mil euros podem fazê-lo em dois momentos, neste ano e no ano subsequente; e as empresas que tenham valores superiores a 400 mil euros têm de o fazer, diria, em suaves prestações de 25% ao ano durante a vigência do acordo até final de 2026”, detalhou o governante.

O Executivo liderado por António Costa vai aprovar no Conselho de Ministros da próxima quinta-feira, 16 de fevereiro, um novo pacote legislativo sobre habitação. Uma das medidas, avançadas pelo Expresso, é um novo “mecanismo permanente de apoio à renda” para famílias com quebras de rendimentos. A ideia é garantir que nenhum jovem ou família, no balanço entre os rendimentos e a prestação da casa, veja disparar a sua taxa de esforço caso tenha uma quebra abrupta de rendimento motivada por situações como divórcio, desemprego ou doença.

Outras medidas em cima da mesa passam por estimular, através de incentivos fiscais, a colocação no mercado de arrendamento de casas até aqui destinadas a Alojamento Local e que estejam devolutas. Devem também avançar incentivos fiscais à construção ou reabilitação de habitação por privados, assim como permitir que solos e edifícios até aqui destinados apenas a comércio e serviços possam vir a ser usados pelos municípios para fins de habitação. O fim dos vistos gold também deve entrar neste pacote legislativo.

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ASAE instaura processos-crime contra gasolineiras por cobrarem impostos a mais

  • Lusa
  • 11 Fevereiro 2023

Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) instaura processos-crime contra alguns postos de abastecimento de combustíveis que não cumpriram a lei que obrigava à descida do ISP.

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) anunciou este sábado que instaurou processos-crime contra postos de combustível que estão a cobrar mais imposto do que deviam, obrigando os clientes a pagar mais.

Sem especificar o número de processos-crime instaurados, a ASAE afirma, em comunicado, que vai continuar a analisar os casos que lhe foram reportados, a instaurar processos-crime e a acompanhar a formulação dos preços dos combustíveis.

Em causa estão os postos de abastecimento de combustível que cobraram Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP) a mais aos seus clientes. “Na génese da instauração dos processos-crime está o facto de alguns postos de abastecimento de combustíveis não terem cumprido as disposições legais que obrigaram à descida do ISP”, refere a ASAE que tem realizado esta fiscalização, através da sua Unidade Nacional de Informações e Investigação Criminal (UNIIC).

Com este comportamento, alerta, “os postos de abastecimento de combustíveis visados e os seus responsáveis incorrem na prática de um crime de especulação por, no que toca à aplicação concreta da parcela do ISP na formulação do preço de venda ao público (PVP), terem mantido um valor de imposto superior ao fixado legalmente e, por conseguinte, terem cobrado um valor ou preço superior ao permitido pelo regime legal a que os combustíveis estão sujeitos”.

A ASAE salienta que continuará a acompanhar a formulação dos preços dos combustíveis, reforçando a papel de intervenção do Estado na racionalização dos circuitos de distribuição e na formação e no controle dos preços, a fim de combater práticas especulativas, conforme resulta do ordenamento jurídico nacional em matéria de infrações antieconómicas.

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Professores querem tornar Terreiro do Paço “pequeno para tanta gente”

  • Lusa
  • 11 Fevereiro 2023

Professores voltam a participar este sábado em mais uma manifestação nacional, que Mário Nogueira, líder da Fenprof, acredita que ficará "ao nível de 2008", quando visaram Maria de Lurdes Rodrigues.

Os professores voltam a participar este sábado em mais uma manifestação nacional, que a Fenprof acredita que poderá ser um dos maiores protestos de docentes de sempre, tornando o “Terreiro do Paço pequeno para tanta gente”. Vêm de todo o país e vão chegar a Lisboa em centenas de autocarros, mas também há quem venha de carro e até de barco, contou o secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira, na véspera da manifestação convocada por nove organizações sindicais.

O protesto desta tarde em Lisboa é organizado pela Fenprof, mas conta também com a participação da Federação Nacional de Educação (FNE) e outras sete organizações sindicais. O Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP), que ainda tem uma greve a decorrer nas escolas, não faz parte dos organizadores, mas já anunciou que irá estar presente. As duas últimas grandes manifestações em Lisboa aconteceram em janeiro e foram organizadas pelo STOP, levando milhares de docentes para as ruas gritar por “Respeito” e “Melhores Condições de Trabalho”.

Mário Nogueira acredita que o protesto de hoje poderá estar “ao nível de 2008”, quando mais de 100 mil docentes saíram à rua contra as políticas da então ministra Maria de Lurdes Rodrigues, realizando aquela que foi considerada a maior manifestação de professores todos os tempos. Sem avançar estimativas sobre quantas pessoas são esperadas hoje em Lisboa, Mário Nogueira disse apenas que “o Terreiro do Paço vai ser pequeno para acolher tanta gente”.

Por causa da manifestação, a PSP anunciou na sexta-feira que o trânsito vai estar condicionado a partir das 12:30 de sábado em várias zonas do centro de Lisboa, existindo algumas vias que vão estar mesmo interditas à circulação. Segundo o comando metropolitano de Lisboa da polícia (Cometlis), os professores vão concentrar-se a partir das 14:00 junto ao Marquês de Pombal e o início do desfile está previsto para as 15:30, entre a Praça Marquês de Pombal e a Praça do Comércio.

A polícia apela a que os cidadãos evitem a circulação nas imediações destas artérias para que não fiquem retidos nos congestionamentos de trânsito e aconselha que se desloquem para estes de transportes públicos, nomeadamente o Metropolitano de Lisboa.

“Não paramos” tem sido a frase mais ouvida nos protestos dos professores, que exigem ver recuperados os mais de seis anos de serviço congelados durante o período da troika, assim como o fim das vagas e quotas de acesso aos 5.º e 7.º escalões.

Ao mesmo tempo que reivindicam direitos para quem está efetivo, também exigem melhores condições para quem ficou conhecido por “andar com a casa às costas”, com contratos consecutivos que os atiram de uma terra para outra. Pedem “Respeito” e “Estabilidade”, lembram que são uma classe envelhecida – a maioria tem mais de 50 anos — e que é preciso tornar a carreira atrativa para conseguir travar a falta de profissionais que já se sente nas escolas.

No início do ano letivo, a tutela decidiu iniciar um processo negocial para rever o modelo de contratação e colocação de professores, mas algumas propostas deixaram os professores revoltados, como foi o caso da possibilidade de os diretores poderem escolher parte da sua equipa. Desde então, as negociações entre sindicatos e ministério têm decorrido em ambiente de forte contestação, com os professores a realizarem greves e manifestações.

Atualmente, uma das linhas vermelhas é a possibilidade de conselhos locais de diretores poderem colocar docentes numa qualquer escola dos futuros Quadros de Zona Pedagógica (QZP). Fora da agenda negocial estão reivindicações que os professores dizem que não vão abandonar, tais como a recuperação do tempo de serviço ou as progressões na carreira.

Há pouco mais de uma semana, na quarta ronda negocial, os sindicatos reconheceram que a tutela melhorou algumas das propostas, nomeadamente no que toca aos concursos e ao regime de vinculação, mas defenderam ser preciso alcançar um “acordo global”.

A plataforma sindical que organizou o protesto deste sábado prometeu que no final da manifestação serão apresentadas futuras ações de protesto. Entretanto, a Associação de Oficiais das Forças Armadas já anunciaram que iriam participar no protesto, assim como representantes da PSP. Além da Fenprof e da FNE, as outras sete organizações sindicais que convocaram a manifestação são a ASPL, PRÓ-ORDEM, SEPLEU, SINAPE, SINDEP, SIPE e SPLIU.

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Polícia italiana procura eurodeputado Cozzolino para o deter

  • Lusa
  • 10 Fevereiro 2023

O Parlamento Europeu retirou a imunidade parlamentar ao eurodeputado Andrea Cozzolino, suspeito de envolvimento no esquema de subornos em troca de influência política no hemiciclo.

A polícia italiana efetuou esta sexta-feira buscas na casa de Nápoles do eurodeputado Andrea Cozzolino, suspeito de participar no esquema de subornos no Parlamento Europeu com o Qatar e Marrocos, cumprindo um mandado de captura europeu, mas não o encontrou. Agentes da Guarda Fiscal (polícia especializada em crimes fiscais) deslocaram-se à sua residência, no bairro napolitano de Vomero, mas não o localizaram, noticiou a imprensa local.

Em declarações à agência Ansa, um dos seus advogados, Dezio Ferraro, indicou que Cozzolino está internado numa clínica devido a problemas de saúde. Andrea Cozzolino, de 60 anos e antigo membro do Partido Comunista Italiano, iniciou a sua carreira na Europa em 2009, nas fileiras do Partido Democrata – que lhe suspendeu a militância.

Na semana passada, o Parlamento Europeu retirou a imunidade parlamentar aos eurodeputados Marc Tarabella e Andrea Cozzolino, suspeitos de envolvimento no esquema de subornos em troca de influência política no hemiciclo europeu, presumivelmente protagonizado pelo Qatar e por Marrocos.

O escândalo foi denunciado em dezembro passado e afetou, em primeiro lugar, a então vice-presidente daquele órgão europeu, a social-democrata grega Eva Kaili, detida em flagrante delito e indiciada desde o momento das revelações e detenções.

Também detido foi o ex-eurodeputado socialista italiano Pier Antonio Panzeri, considerado o cabecilha do esquema de corrupção, mas este fez um acordo para colaborar com a investigação judicial belga como “arrependido”, em troca de uma redução da sentença.

A mulher e a filha de Panzeri, Maria Colleoni e Silvia Panzeri, foram colocadas em prisão domiciliária em Milão, no norte de Itália, a 10 de dezembro, acusadas de estarem a par das ações do então eurodeputado, mas, a 26 de janeiro, a Justiça italiana libertou-as, depois de a Bélgica ter desistido de pedir a extradição de ambas.

Além de Panzeri e Kaili, a polícia belga deteve o namorado da política grega, o assessor parlamentar Francesco Giorgi, e o lobista e secretário-geral da organização não-governamental No Peace Without Justice (Não Há Paz Sem Justiça, em tradução livre), Niccolò Figa-Talamanca, este último libertado na semana passada.

Em Bruxelas, o eurodeputado belga Marc Tarabella foi esta sexta-feira detido para interrogatório, ao mesmo tempo que foram feitas novas buscas no âmbito do escândalo de corrupção ‘Qatargate’, anunciou a Procuradoria-geral belga. Tarabella, a quem foi recentemente levantada a imunidade parlamentar, é suspeito de envolvimento no escândalo de corrupção e, segundo a imprensa belga, foi levado para interrogatório às 06:00 da manhã (05:00 em Lisboa), na qualidade de suspeito.

As buscas decorreram num cofre bancário em Liége (80 km a norte de Bruxelas), pertencente ao eurodeputado do grupo Socialistas & Democratas, e as instalações da Câmara Municipal de Anthisnes, a que Tarabella preside. Tarabella foi denunciado por Panzeri como tendo recebido cerca de cem mil euros para ‘suavizar’ as suas posições em relação ao Qatar e à organização do Mundial de futebol em 2022.

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É “bizarro” que Agenda do Trabalho Digno tenha tido voto contra do BE e PCP, diz Miguel Fontes

  • Lusa
  • 10 Fevereiro 2023

O secretário de Estado do Trabalho afirmou ser “muito, muito irónico que uma agenda tão progressista quanto esta não tenha merecido o voto dos partidos à esquerda do hemiciclo”.

O secretário de Estado do Trabalho, Miguel Fontes, considerou “irónico” e “bizarro” que os partidos à esquerda do PS não tenham sido favoráveis à Agenda do Trabalho Digno, sobre a qual se congratulou. Em declarações à Lusa, no dia em que a Assembleia da República aprovou na globalidade a Agenda do Trabalho Digno, o secretário de Estado afirmou ser “muito, muito irónico que uma agenda tão progressista quanto esta não tenha merecido o voto dos partidos à esquerda do hemiciclo”.

Acho mesmo uma situação um pouco, no mínimo, diria bizarra, porque acho que é indesmentível que esta agenda consagra mais direitos aos trabalhadores”, disse, quando questionado sobre as críticas dos ex-parceiros de ‘geringonça’. As alterações laborais da Agenda do Trabalho Digno foram esta sexta-feira aprovadas em votação final global com os votos favoráveis apenas do PS, a abstenção do PSD, Chega, PAN e Livre e votos contra do BE, PCP e IL.

Para Miguel Fontes, a Agenda “tem um conjunto de matérias que manifestamente são matérias que historicamente tanto o Bloco de Esquerda, como o PCP sempre reivindicaram, como, por exemplo, o combate à precariedade”. “Numa altura em que o Governo apresenta uma proposta que se transforma em lei pela mão dos deputados, que consagra precisamente esses instrumentos… é, no mínimo, bizarro que não tenha o voto desses partidos”, realçou.

O governante argumentou que no que respeita, por exemplo, às plataformas, “consagra de uma forma clara esta ideia do princípio da laboralidade e o princípio da dupla responsabilidade, ou, se quiser, uma responsabilidade solidária entre as próprias plataformas e o empregador intermediário, quando exista no caso, nomeadamente do negócio habitualmente dos TVDE”.

Aponta ainda as alterações no “limite das renovações do trabalho temporário, a proibição do ‘outsourcing’ a seguir a um processo de despedimento coletivo, a proibição de renovações sucessivas para o mesmo posto de trabalho”, como algumas das medidas mais emblemáticas. É, neste sentido, que defende que a Agenda permite um “avanço muito significativo” em várias matérias que dizem respeito à “valorização do mundo do trabalho e dos mais jovens”, através de “mais de 70 medidas”.

“É dia muito significativo pelo avanço que representa num conjunto de matérias”, salientou, acrescentando: “Eu costumo dizer que nada contra a flexibilidade, mas tudo contra a precariedade”.

Para Miguel Fontes, “não há razão nenhuma para se oferecer, nomeadamente a um jovem, um contrato a termo quando este vai exercer funções que manifestamente não são temporárias e, portanto, não se trata” de tornar mais rígido o mercado de trabalho, mas, pelo contrário, “de que as diferentes figuras que nós temos sejam exatamente para enquadrar as diferentes situações que dizem respeito a, nomeadamente, trabalhadores e, neste caso, aos mais jovens”.

O Secretário de Estado revelou ainda que Portugal assinou esta sexta na Conferência de Ministros do Trabalho do Espaço Ibero-Americano uma Declaração em que os países se comprometem a atender a alguns destes temas, nomeadamente através de que políticas públicas podem promover “um trabalho mais digno”.

A proposta do Governo que altera a legislação laboral, no âmbito da Agenda do Trabalho Digno, entrou no parlamento em junho, sem o acordo da Concertação Social, tendo sido aprovada na generalidade em 08 de julho com votos favoráveis do PS, abstenção do PSD, Chega, BE, PAN e Livre e contra da IL e PCP.

O início da discussão na especialidade arrancou em 29 de novembro de 2022 e terminou no início de fevereiro deste ano, tendo a proposta do Governo sofrido alterações, com a inclusão de algumas iniciativas dos partidos, estando a entrada em vigor das novas regras laborais prevista para o início deste ano.

Entre as alterações previstas na Agenda estão o alargamento do teletrabalho a pais com filhos com deficiência, doença crónica ou com doença oncológica, independentemente da idade, bem como a fixação de um valor, no contrato, para despesas adicionais com este regime, ficando por definir um limite de isenção de imposto para estas despesas.

Prevê ainda a possibilidade de os pedidos de baixas por doença de até três dias serem feitos através do serviço digital do Serviço Nacional de Saúde (SNS24), com limite de duas por ano, e também que a licença parental obrigatória do pai passe dos atuais 20 dias úteis para 28 dias seguidos ou interpolados.

A nova legislação define ainda que o valor das compensações por despedimento coletivo e por extinção de posto de trabalho vai passar dos atuais 12 dias de retribuição base e diuturnidades por ano para 14 dias por ano, a partir da entrada em vigor da lei (sem retroatividade) e as indemnizações por cessação dos contratos a termo dos atuais 18 dias para 24 dias.

Quanto às plataformas digitais, a proposta prevê a presunção de laboralidade entre o trabalhador e a plataforma, que à partida será feita diretamente com as empresas, como a Uber, a Bolt ou a Glovo, e não com intermediários, mas deixa a decisão final sobre a vinculação aos tribunais.

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