Lone Star sonda banca espanhola para vender Novobanco por dois mil milhões
Operação poderá arrancar ainda este ano ou no início de 2024. Santander e CaixaBank perfilam-se como principais candidatos a ficarem com o Novobanco. Em Espanha fala-se em negócio de dois mil milhões.
A Lone Star começou a sondar os grandes bancos espanhóis para vender o Novobanco, avança o jornal espanhol Vozpópuli (acesso livre/conteúdo em espanhol), citando várias fontes financeiras. O objetivo do fundo americano passa por vender o banco com uma avaliação de cerca de dois mil milhões de euros, embora algumas fontes considerem que terá de baixar a fasquia para menos de 1,5 mil milhões de euros para tornar a operação mais atrativa.
Confrontada pelo ECO, fonte oficial da Lone Star inicialmente não quis comentar, mas depois veio desmentir publicamente a notícia no dia seguinte: “Ao contrário do referido, a Lone Star não iniciou quaisquer contactos para vender a sua posição no Novobanco nem pretende iniciar um processo de venda este ano”.
O fundo comprou 75% do Novobanco em 2017, a troco de uma injeção de 1.000 milhões de euros. Os restantes 25% estão nas mãos do Fundo de Resolução e do Estado, com a Direção-Geral do Tesouro e Finanças a preparar-se para se tornar no segundo maior acionista por via da conversão de créditos fiscais, como o ECO revelou em primeira mão.
Estas movimentações surgem numa altura em que Bruxelas se prepara para dar por concluído o processo de reestruturação do Novobanco, que implicou que o Fundo de Resolução, financiado por contribuições da banca, tivesse de injetar 3,4 mil milhões de euros ao abrigo do mecanismo de capital contingente. O fim deste processo significa que o banco se liberta das amarras da DG-Comp, a autoridade da concorrência da União Europeia, incluindo a distribuição de dividendos ou a aquisição de outros bancos.
De acordo com o jornal espanhol, a Lone Star ainda se encontra a fazer os contactos preliminares através da banca de investimento. A venda poderá arrancar este ano ou nos primeiros meses de 2024.
Dentro do setor veem o CaixaBank (dono do BPI) e o Santander como os bancos com melhor perfil para ficar com o Novobanco, o quarto maior banco em Portugal. O banco liderado por Mark Bourke tem quase 47 mil milhões de euros em ativos e uma quota de mercado de depósitos e créditos acima de 9%. Para estes dois bancos, a aquisição do Novobanco representaria um salto expressivo no mercado nacional, praticamente duplicando a presença e superando o BCP.
Em relação ao Bankinter, que está em Portugal desde 2016, teria mais dificuldades em digerir a aquisição de um banco tão grande. Sempre que foi questionado sobre o tema, o banco afastou o interesse no Novobanco, apostando no crescimento orgânico. Quanto ao BBVA, mesmas fontes duvidam que tenha capacidade, depois de reduzir a presença no mercado português nos últimos anos.
Publicamente, o CEO do Novobanco tem referido que a estratégia do banco passa por se tornar “independente”, tendo Mark Bourke confidenciado, numa reunião interna com trabalhadores, que os planos incluiriam uma venda em bolsa (IPO).
O Novobanco apresenta as contas no próximo dia 9 de março, antes da abertura dos mercados. Vão ser resultados históricos. Até setembro registou um resultado de quase 430 milhões de euros, batendo toda a concorrência privada.
(Notícia atualizada às 17h08 do dia 23 de fevereiro com reação oficial da Lone Star)
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